Assim que as palavras foram ditas, pai e filha ficaram surpresos, e Vic exclamou espantada:— Poli, você está no seu período menstrual e ainda assim está cuidando de mim?Poliana rapidamente balançou a cabeça.— Não, naquela hora ainda não tinha vindo, só começou a me incomodar depois que você dormiu.Ela contou uma mentira. Mas por que mentiu? Talvez porque achasse que Vic era muito sensível e temesse que Vic se sentisse culpada por ela estar doente e ainda assim cuidando dela. Ou talvez, mesmo que Vic não fosse pobre, por não ter mãe desde pequena, Poliana sentia uma profunda compaixão por ela.Vic também se aproximou e segurou a mão dela.— Então, Poli, você precisa descansar. Vou pegar um copo de água quente para você, espere um momento.Depois de passarem a noite juntos, até dividirem a mesma cama e conversarem sobre muitas coisas de meninas, já não havia mais nenhuma sensação de estranheza entre eles. Poliana abraçou Vic carinhosamente e disse a Marcelo:— Tio Marcelo, estou bem,
O contato repentino de momentos atrás havia atiçado os instintos masculinos de Marcelo. Ele estava demorando para se acalmar.Depois de fechar os olhos e respirar fundo por alguns momentos, pegou o celular e continuou a ligar para Gustavo. Poliana se recusava a ir ao hospital, então chamar Gustavo de volta era a melhor opção no momento. Agora, finalmente, o número de Gustavo estava disponível.Neste momento, um carro estava dirigindo sob a chuva que aumentava cada vez mais, sem um destino específico, pela estrada sinuosa. Gustavo estava sentado no banco de trás com os olhos fechados, uma mão apertando o nariz e a outra segurando o celular quando atendeu a ligação:— Tio Marcelo, por que ainda não está dormindo?Sua voz era serena, sem mencionar o fato de ter desligado o telefone de Marcelo antes, o que fez a raiva de Marcelo subir. — Onde você está? — Marcelo começou, sua voz tingida de frieza.Gustavo perguntou:— O que aconteceu?Marcelo estabilizou suas emoções e disse:— A Poli es
Gustavo dirigiu seu carro para longe, espirrando lama nela enquanto partia.Ela, desamparada e em desespero, se agarrou ao retrovisor do carro dele, correndo atrás e gritando:“— Não me deixe aqui, estou com medo! Por favor, me dê uma carona, prometo que nunca mais vou te procurar!”Naquela epóca, ela não conseguia aceitar o rompimento abrupto com Gustavo, mas também não podia brincar com sua própria segurança, ainda tinha uma mãe com uma doença terminal para cuidar.Aquela área era extremamente isolada, cercada por hortas, e ela, sozinha ali, estava aterrorizada.Mas Gustavo, furioso, parecia não se importar com isso. Quando suas mãos perderam a força e soltaram o carro, ele pisou no acelerador e a deixou completamente sozinha.Depois, ela ficou com muito medo, correndo e chorando na chuva por muito tempo.Correu até anoitecer, quando alguns amigos de Gustavo, com quem ele costumava sair, apareceram de carro.Eles não sabiam exatamente o que havia levado ela e Gustavo àquele ponto, ma
Vic ainda não havia voltado, e Marcelo a encontrou na cozinha. Ela estava pegando água quente. Ao ver sua filha tão atenciosa, o humor de Marcelo melhorou bastante, mas ao perceber que Vic havia pegado apenas um copo para Poliana, ele também pegou mais um.— Beba um pouco também.Vic sorriu para o pai, e os dois caminharam juntos em direção ao quarto. Poliana já estava deitada na cama e, ao ver Marcelo e Vic entrarem juntos, se levantou rapidamente. Naquele momento, sua camisola estava um pouco desalinhada, revelando a clavícula direita. A luz do abajur ao lado da cama iluminava exatamente onde ela estava, destacando uma beleza frágil em meio ao seu aspecto ligeiramente abatido. Marcelo parou abruptamente ao ver essa cena. Embora o constrangimento anterior tivesse desaparecido após uma ligação com Gustavo, a proximidade inadvertida com Poliana havia causado um grande impacto nele. Neste momento, uma agitação invadiu seu coração novamente. Era como se, naquela noite, seu coração ti
A dor no abdômen vinha em ondas, fazendo com que ela se encolhesse e ficasse imóvel. Enquanto lutava contra a dor, acabou adormecendo em um sono inquieto.Mas como alguém poderia dormir bem se sentindo tão mal? Na segunda metade da noite, a chuva caiu ainda mais forte. Ela adormeceu com sentimentos de irritação, caindo em um sonho após o outro.As primeiras cenas dos sonhos eram confusas e indistintas. No entanto, a última parte do sonho era clara, como se ela estivesse revivendo o passado.Ela se viu em uma sala de cirurgia. Estava deitada sobre uma mesa de cor azul-escura, ao lado dos remédios e instrumentos que seriam usados. Os suportes prateados ao redor e o cheiro de desinfetante no ar a faziam se sentir gelada.Tremia de medo e dor, seus olhos inchados de tanto chorar. Segurava o celular como se fosse sua única salvação, a tela mostrava que estava em uma chamada. Com a voz entrecortada, ela dizia:“— Gugu, Gugu, neste procedimento é permitido ter alguém junto. Estou com mui
A voz dela ainda estava carregada de um tom de choro.Recém-desperta do sonho, suas emoções estavam presas ao passado.O passado onde dependia do Gustavo e não queria se separar dele.Embora sua razão lhe dissesse que agora não era como nos quatro anos atrás, as experiências do passado ainda eram muito profundas, e ela não conseguia digerir as emoções trazidas do sonho em tão pouco tempo.Por isso, embora falasse com calma, seu coração estava inquieto.E o tom choroso da mulher era comovente. Gustavo se virou para olhá-la, pensando que ela estava chorando.Poliana realmente queria chorar. Seus sentimentos reprimidos e tristes não podiam ser liberados, e isso a sufocava por dentro.Quatro anos atrás, quando começava a chorar, não conseguia parar.O término com Gustavo e a perda do filho foram sentimentos que, para ela, não diferiam da morte repentina de um ente querido.Mas no passado, ela já havia chorado o suficiente e agora conseguia se controlar.Mesmo assim, sua aparência demonstra
Poliana falou rapidamente:— Você deveria dormir em outro quarto, estou no meu período menstrual.O homem, que estava tirando a camisa, parou por um momento e, surpreendentemente, riu. Ele jogou o paletó que acabava de tirar, acertando ele perfeitamente na cabeça de Poliana. Quando ela, irritada, retirou o paletó, Gustavo já estava desabotoando a camisa. A clavícula e o peito levemente arfante começaram a se revelar diante dos olhos de Poliana. Quando suas pupilas se contraíram, ele levantou levemente o queixo e sorriu ao falar:— E o que tem se você está no seu período? Se eu quiser dormir com você, eu vou dormir com você.Poliana engoliu em seco.— Você não pode ser um pouco mais racional? Você sabe o quanto isso pode prejudicar meu corpo!Os músculos definidos do abdômen dele também ficaram à mostra.— Não sei, contanto que não me machuque, está tudo bem.Assim que ele terminou de falar, a camisa foi retirada. Gustavo ergueu o braço, e a camisa pousou sobre a cabeça de Poliana.Ex
A palma da mão do homem estava quente.O calor trouxe um alívio momentâneo ao desconforto no baixo-ventre de Poliana, fazendo com que a respiração agitada em seu peito se solidificasse de imediato."Então é isso que ele quis dizer com dormir juntos?"Seus pensamentos ficaram ainda mais complicados. Aqueles que já se debateram entre o amor e o ódio entenderiam a sensação de uma mudança emocional tão brusca, quase como uma divisão da alma. Um instante que lhe trazia desgosto, junto com análises racionais de terceiros, fazia com que ela pensasse o pior de Gustavo. No entanto, uma pequena semelhança com momentos felizes do passado a fazia fraquejar e recordar os bons momentos vividos ao lado dele.Era como antes.Não apenas a mão de Gustavo aliviava a dor em seu ventre, mas suas costas também estavam pressionadas contra o torso dele, trazendo-lhe uma sensação de calor. Suas pernas estavam entrelaçadas às dele, e seus pés frios descansavam sobre suas panturrilhas.Dormir com ele era reconf