Gustavo já havia fechado a porta e seguia a passos rápidos em direção à multidão. Ao passar por Guilherme, que estava ao lado de Otávio e Bárbara, ele lançou-lhe um olhar frio. Sua expressão trazia apenas indiferença, sem qualquer traço de ressentimento.Gustavo se aproximou de Edmar, varrendo o local com o olhar. — Onde ela está?Mal havia terminado de falar quando passos apressados ecoaram pelo ambiente. Todos olharam na direção do som e viram uma das garotas que havia acompanhado Naomi ao banheiro correr até eles, cobrindo metade do rosto e gritando, aflita:— A Naomi pulou na piscina de novo!O alvoroço se instalou entre os presentes, e alguns seguranças correram apressadamente na direção da piscina.Alguém perguntou para a garota:— O que aconteceu? Como ela foi parar na água de novo?A jovem explicou, sem fôlego:— Levamos a Naomi até a porta do banheiro e a soltamos. Eu, preocupada se ela ia conseguir entrar sozinha, estava prestes a perguntar algo a ela, mas então ela me deu
Ele já não confiava mais nela, acreditando que ela o havia traído com Adílson. ...Depois de um tempo, seu corpo não suportou mais o cansaço das idas e vindas, e ela foi internada no último hospital que visitaram. Ao se deitar na cama e ser conectada ao soro, ele, de repente, abandonou aquela postura de sofrimento que havia mostrado antes. Cuidadosamente, ajeitou o cobertor sobre ela, arrumou seu cabelo e, com um sorriso suave, falou gentilmente:— A partir de hoje, eu não vou mais estar ao seu lado. Daqui para frente, você vai viver sozinha, ou quem sabe ao lado do Adílson. Se cuide bem.Dito isso, ele se foi sem hesitar, e durante os dois anos seguintes ela não o viu mais. Até que a mãe dela finalmente fez com que os dois se casassem. Mas, mesmo depois do casamento, ele a deixou novamente, sumindo por outros dois anos. ...Durante esses quatro anos de separação, o que a sustentou foi a memória dos outros quatro anos em que estiveram juntos. Agora, aquele desespero e a sensação de a
Assim que Poliana começou a entender o que estava acontecendo, o carro já havia arrancado, e Gustavo se virava, se afastando com passos largos. O rosto dela empalideceu de imediato. Parecia não perceber que o carro avançava; segurou a maçaneta da porta com força e começou a puxá-la desesperadamente.O motorista, apenas se dando conta da situação, não teve tempo de reagir antes que Poliana conseguisse abrir a porta. O carro estava a uma velocidade baixa, pouco mais de 10 km/h, mas seu tornozelo direito estava torcido e doía intensamente, impedindo que ela mantivesse o equilíbrio como de costume. Ao dar um passo para fora, seu corpo perdeu o apoio e ela despencou, rolando para longe do carro por mais de um metro.Um grito de dor escapou de seus lábios. O carro parou de imediato, e Gustavo se virou.Os olhos de Poliana se arregalaram.Caída no chão, ela tentava se levantar, mas suas pernas fraquejavam. Após três tentativas frustradas, cada uma mais desastrosa que a outra, Poliana esta
Poliana sentiu como se a última esperança em seu coração se desfizesse. Abriu a boca, ficando paralisada por alguns segundos.Quando quatro lágrimas caíram de seus olhos, ela soluçou e, com muita cautela, perguntou:— Gustavo, você... — Sua voz falhou, os lábios se moveram por um longo tempo, e seus olhos estavam arregalados ao máximo, até conseguir articular as palavras que tanto desejava dizer. — Você ainda me ama?O peito de Gustavo se contraiu lentamente.— O que é que você quer que eu ame em você?Poliana ficou com a boca aberta, os músculos da mandíbula tensionados, a língua formigando e ficando rígida. Seu peito parecia apertado, como se estivesse sufocando, até as pontas dos dedos estavam dormentes.Ao vê-la tão abalada, Gustavo franziu a testa, estendeu a mão e, com um movimento fácil, segurou o queixo dela com os dedos de uma só mão.— Poliana Mendonça!Gustavo ainda se preocupava que ela desmaiasse, como na última vez.— Não faça isso... — Ele a tocou suavemente, tentando fa
Ela soluçou com força por muito tempo até conseguir acalmar um pouco as emoções e finalmente atendeu o telefone.Mas a dor, tão profunda e avassaladora, não era algo que se pudesse controlar facilmente. Quando a voz clara e doce de Vic soou do outro lado da linha, Poliana não conseguiu evitar os novos soluços.Quando alguém estava com um outro alguém por tanto tempo e decidia se separar, não era só o fim entre os dois que doía, mas tudo o que vinha junto com essa ruptura, tudo o que precisava ser deixado para trás.Se realmente se divorciasse do Gustavo, ela sabia que não poderia mais ver a Vic e o Marcelo com a mesma frequência. Esse pensamento a sufocava.Ela ficou em silêncio por um bom tempo, sem conseguir encontrar palavras. Vic, preocupada, perguntou novamente:— Poli, você está aí?Poliana levou a mão até a boca, tentando conter os soluços para não chorar ainda mais alto.Vic, percebendo o silêncio, repetiu o nome dela e, de repente, exclamou, preocupada:— Papai, você pode ver
— Eu, eu... Poliana de repente sentiu novamente aquela sensação de paralisia nos braços e pernas, com dificuldade para respirar. Suas pupilas se dilataram, e ela começou a se concentrar, tentando controlar suas emoções. A vida adulta era repleta de impotência. Mesmo para desabafar, não se podia fazer isso livremente. Ela queria tanto chorar de maneira incontrolável, gritar até perder a voz na calada da noite, gritar até enlouquecer. Mas o motorista à frente estava dirigindo com o GPS ligado, e o destino era uma casa de repouso. Ela não poderia se entregar a esse impulso. Ainda tinha responsabilidades. Precisava cuidar de sua avó. Assim, ela tentou a todo custo controlar suas emoções e disse: — Eu estou no carro, acabei de sair do Resort N. Ele está me levando de volta para o centro... Porém, se fosse possível controlar completamente as emoções, ela não teria agido de forma tão impulsiva. Depois de falar essas palavras, ela sentiu uma dor aguda no peito, como se não
Ela então encontrou o número de Marcelo e ligou para ele. Do outro lado, a ligação foi atendida imediatamente:— Poli!— Tio, desculpe. — Ela levantou a mão e esfregou as pálpebras inchadas de tanto chorar, com a voz suave e humilde. — Eu fui muito impulsiva antes e acabei transmitindo minhas emoções negativas para você.Marcelo ficou em silêncio por um momento e então perguntou:— Poli, você está se sentindo mal agora?Poliana não tentou esconder:— Sim, eu fiquei muito agitada antes e não consegui me acalmar rapidamente.— Então, você pode me ouvir por um momento?— Pode falar.— Quando chegar na Rodovia N, espere lá por meia hora.Poliana ficou um pouco confusa:— Por que, tio?— Apenas faça o que eu disse.— Tá bom.Marcelo, receoso de que ela não fosse ouvir, insistiu:— Agora avise ao motorista.Poliana levantou a voz e disse ao secretário:— Depois vamos parar na Rodovia N e esperar por meia hora.Ao ouvir isso, Marcelo imediatamente completou:— Se você não estiver se sentindo
Quando Poliana ficou paralisada, o sorriso suave de Marcelo se alargou, iluminando seu rosto. No instante seguinte, Poliana recobrou a consciência e, apressada, abriu a porta do carro. O som da porta ecoou para fora, e Marcelo, já atento, segurou a maçaneta, ajudando ela a abrir. Assim que a porta se abriu, ele viu o rosto dela e, de repente, seu sorriso desapareceu, dando lugar a uma expressão de preocupação. Antes, Poliana estava maquiada, mas depois de tanto chorar, as marcas de lágrimas ficaram visíveis, quatro linhas nítidas desenhadas em seu rosto. Seus olhos, que estavam avermelhados e inchados, já haviam desinchado, mas o olhar, sempre profundo, agora estava ainda mais intenso, mais brilhante e, de alguma forma, mais triste.O casaco dela, grande e bonito, exalava classe, mas a saia estava um desastre: suja com lama da chuva e com alguns respingos de sangue. A parte da saia que se abria ao redor de suas pernas revelou seus joelhos. As meias estavam rasgadas, com fios puxad