Quando Poliana ficou paralisada, o sorriso suave de Marcelo se alargou, iluminando seu rosto. No instante seguinte, Poliana recobrou a consciência e, apressada, abriu a porta do carro. O som da porta ecoou para fora, e Marcelo, já atento, segurou a maçaneta, ajudando ela a abrir. Assim que a porta se abriu, ele viu o rosto dela e, de repente, seu sorriso desapareceu, dando lugar a uma expressão de preocupação. Antes, Poliana estava maquiada, mas depois de tanto chorar, as marcas de lágrimas ficaram visíveis, quatro linhas nítidas desenhadas em seu rosto. Seus olhos, que estavam avermelhados e inchados, já haviam desinchado, mas o olhar, sempre profundo, agora estava ainda mais intenso, mais brilhante e, de alguma forma, mais triste.O casaco dela, grande e bonito, exalava classe, mas a saia estava um desastre: suja com lama da chuva e com alguns respingos de sangue. A parte da saia que se abria ao redor de suas pernas revelou seus joelhos. As meias estavam rasgadas, com fios puxad
Desta vez, a ligação para o Edmar foi atendida.A voz de Edmar soou cortês e humilde:— Presidente Matos.Naquele momento, Poliana, já trocada, também saiu do carro. Ela usava um belo casaco de plumas, com um estilo elegante e na cor branca como a neve. O casaco tinha um colarinho alto e uma capucha, e a barra chegava até os seus tornozelos, cobrindo completamente o joelho machucado.Simultaneamente, a voz de Marcelo se fez ouvir, fria e cortante:— Onde está o Gustavo?Poliana sentiu uma dor aguda no tornozelo e, por isso, não avançou mais, ficando encostada à porta do carro. Agora, ela estava a pouco mais de dois metros de Marcelo, o que a permitia ouvir claramente o que se passava na linha.Após ouvir alguns ruídos abafados, a voz tranquila de Gustavo surgiu:— O que aconteceu, tio?Marcelo questionou, com uma ponta de preocupação:— Por que seu celular estava desligado?— A bateria acabou.Marcelo virou um pouco o corpo, e Poliana conseguiu ver o perfil do rosto dele. O homem, no
Gustavo disse, com a voz calma:— Pode falar.Marcelo respondeu, a voz grave e séria:— Eu estou agora na Rodovia N, encontrei a Poli aqui. A situação dela realmente não está boa. Se a levarmos para o centro de reabilitação, isso só vai aumentar a preocupação dos nossos mais velhos. E se a deixarmos voltar sozinha para a sua casa, também não me sinto seguro. A Vic quer muito ver a Poli e até fazer um bolo com ela. Eu pensei em levá-la para minha casa. Você concorda?Gustavo quase não hesitou antes de responder.— Embora ainda não estejamos divorciados, a Poliana não é minha propriedade. Se ela quiser ir para algum lugar, isso não diz respeito a mim, ela é quem deve decidir.Marcelo, porém, manteve o tom firme:— Eu até gostaria de perguntar diretamente o que ela pensa, mas pela forma como a vejo, parece que ela se importa profundamente com a sua decisão.Poliana sentiu uma leve inquietação dentro de si. Era como se Marcelo, com sua voz séria, estivesse transmitindo, de forma sutil, qu
Ao ver aquela cena, Poliana prendeu a respiração.De repente, ela sentiu que aquele homem encantador, com seu jeito imponente, irradiava uma aura extremamente cativante. "Ele é realmente tão bom..."Com a lembrança da sua voz suave e da maneira como ele havia se preocupado, até o secretário parecia mais alegre, exibindo um sorriso iluminado no rosto.— Certo, Presidente Matos, vou lembrar disso.O secretário seguiu dirigindo, e Marcelo manteve os olhos fixos na estrada. Só quando o carro saiu da Rodovia N e entrou na outra rodovia, ele se virou, sorrindo para Poliana.— Agora, nós também precisamos partir. Vamos de helicóptero ou de carro?— Carro? — Perguntou Poliana, surpresa.Marcelo soltou um sorriso ainda mais radiante.— Sim, considerando que você talvez não esteja acostumada com o helicóptero, comprei um carro novo antes de virmos.Enquanto falava, Marcelo apontou para o lado direito da Rodovia N, onde um carro novinho estava estacionado.Poliana sentiu a aura de Marcelo brilha
Marcelo não esperava que Poliana fosse dizer isso de repente, mas o homem não demonstrou muita surpresa. Após lançar um rápido olhar para ela, ele sorriu de forma tranquila e respondeu:— Já pensei nisso, mas foi só um pensamento.Poliana entendeu o que ele queria dizer.Ou seja, de vez em quando surgia essa ideia, mas nunca passava disso, sem nenhuma ação concreta. E a razão pela qual ela havia se perguntado sobre isso não tinha outra explicação, senão o fato de que ela estava imersa em sentimentos, e agora seus pensamentos estavam todos voltados para questões relacionadas ao amor.Poliana refletiu por um momento e, após pensar, acenou com a cabeça, dando continuidade à conversa:— Como assim?Marcelo apertou ligeiramente os olhos.— Eu não quero testar a natureza humana.Uma frase leve e simples, mas que fez Poliana se surpreender. No entanto, foi essa mesma frase que a fez sentir um vazio ainda maior.— Tio, depois dos trinta anos, é realmente difícil encontrar o amor? Poliana nã
Poliana engoliu em seco, as bochechas corando levemente, mas com um semblante profundamente sério, ela disse:— O senhor é realmente uma pessoa maravilhosa, e não só comigo, é sempre tão atencioso. Não importa a idade da mulher, o que ela mais deseja é compreensão, carinho, e cuidados.Ao ouvir essas palavras, Marcelo sorriu ainda mais contente, e seu peito se encheu de uma sensação agradável, a ponto de suas orelhas ficarem discretamente coradas.— Você me elogia tanto, fico até sem graça.— Não tem motivo para se sentir sem graça, o senhor é realmente ótimo. Se realmente gostar de alguém, vá atrás dessa pessoa, com certeza vai ter sucesso! Marcelo balançou a cabeça, e, olhando pelo retrovisor e vendo que não havia nenhum carro atrás, além de o caminho à frente estar livre, ele desviou o olhar para Poliana, observando ela com um leve sorriso, que agora parecia ainda mais suave.— Você ficou feliz em falar sobre isso comigo? — Ele mudou de assunto de forma direta.Poliana também solto
— Sua boa intenção, eu já recebi, obrigado. — Gustavo recusou educadamente. — Agradeço muito.Marcelo não insistiu.— Está bem.Depois de desligar o telefone, Marcelo se virou para olhar para Poliana.A expressão relaxada da mulher se transformou em uma sobrancelha franzida, e os cantos dos seus lábios caíram.Os olhos de Marcelo se escureceram lentamente, como se algo estivesse prestes a ser dito.Após um longo momento, ele parecia ter algo a dizer, mas acabou permanecendo em silêncio.— Poli.Poliana se virou para ele, forçando um sorriso.Marcelo também sorriu de volta.— O casamento é diferente de um namoro, o divórcio não é tão simples, os pais do Gustavo não conseguem te deixar ir.Poliana respirou fundo.— Tio, eu não estou tão afetada por isso.— Que bom.O carro continuou seu caminho por mais dez minutos, mas, para surpresa deles, à frente, o trânsito estava parado.Quando o carro começou a andar devagar, Poliana, com o movimento, sentiu novamente aquele mal-estar, como se fos
— Você confia em mim, eu estou bem. Se eu quisesse ser impulsiva, teria ficado no Resort N e não teria voltado. Essas palavras fizeram Marcelo ficar sem resposta. Ele pensou por um momento e seguiu em direção à casa, decidindo que, se ela não queria ir ao hospital, o médico poderia ir até lá. Depois disso, Poliana não vomitou mais, permaneceu com os olhos fechados, imóvel, enquanto Marcelo dirigia concentrado, na velocidade mais rápida possível dentro do limite. Vinte minutos depois, finalmente chegaram ao bairro onde ele e Vic estavam morando. Com medo de causar mais desconforto a Poliana, Marcelo não a levou até a garagem e, ao entrar no condomínio, estacionou o carro. A noite estava fria, mas o ar estava fresco. Respirar um pouco de ar puro parecia aliviar. Quando estacionou, Marcelo pegou o celular e, apressado, saiu do carro pela porta do motorista. Contornou o veículo e abriu a porta do passageiro, se abaixando para desatar o cinto de segurança de Poliana. Com voz