Com o gesto carinhoso da amiga, Poliana sentiu uma onda de emoção, e seus olhos se encheram de lágrimas ao pegar as coisas de Bárbara.Bárbara passou por ela, entrou no quarto e deu uma olhada ao redor. — Onde está o Gustavo?Poliana, que havia acabado de se virar, parou por um momento ao ouvir a pergunta. Sua expressão foi novamente tomada pela melancolia. Ela caminhou até a mesa, colocou a bolsa sobre ela e, enquanto abria o zíper, de costas para Bárbara, disse: — Ele disse que ia reservar outro quarto. Bárbara apoiou o rosto em uma das mãos e observou o perfil de Poliana. — Por que você, de repente, decidiu voltar a morar com o Gustavo?Poliana hesitou um instante com as mãos no zíper. — Eu conversei com ele. Bárbara assentiu. — Eu vi vocês dois cochichando antes.Poliana continuou: — Ele me explicou que nada aconteceu entre ele e a Fernanda. Ele se aproximou dela porque suspeita que ela foi a pessoa que me armou aquela armadilha anos atrás. Também disse que não te
Bárbara ficou sem palavras diante da resposta de Otávio. Poliana, por sua vez, sentindo que sua aparência naquele momento não era a melhor para estar em companhia, pegou sua bolsa e foi para o banheiro. Enquanto isso, ela tentou afastar os pensamentos sobre sua situação com Gustavo e, ao invés disso, sentiu uma curiosidade crescente sobre o que poderia acontecer entre Bárbara e Otávio. Sem resistir à tentação, ela não fechou completamente a porta do banheiro, deixando uma pequena fresta aberta, esperando ouvir a conversa entre eles.Mas, para sua surpresa, os dois permaneceram em silêncio.Otávio estava encostado no batente da porta, distraído com o celular, enquanto Bárbara se sentou mais ereta, esfregando as mãos inquietas sobre os joelhos. Embora seus olhos parecessem fixos no vazio à frente, ela não conseguia evitar lançar olhares furtivos para o homem de vez em quando.Antes de chegar ao hotel, quando recebeu a ligação de Poliana pedindo sua bolsa, Bárbara estava bebendo. Assi
Bárbara quase perdeu o fôlego.O que Otávio estava tentando fazer? Falar com Breno usando o celular dela? Otávio não chegou a fazer isso. Quando a ligação foi atendida, ele colocou o celular na frente de Bárbara. Era evidente que ele queria escutar o que Breno tinha a dizer para ela. As mãos de Bárbara ficaram geladas. Enquanto tentava acalmar seu coração atordoado, a voz de Breno saiu primeiro pelo celular:— Já são onze horas, por que você ainda não voltou?Mesmo através do telefone, aquela voz parecia fria e imponente. Bárbara ficou momentaneamente atordoada e de repente sentiu que algo estava errado. Breno sempre foi arrogante e, além disso, tinha dito que não iria mais procurá-la. Mas agora ele estava ligando para ela? E pela forma como ele falou, parecia que, para ele, o que aconteceu durante o dia foi apenas uma pequena briga, e não o fim do relacionamento. Ao pensar nisso, o coração de Bárbara começou a disparar de ansiedade. Não podia ser, certo? Antes, qua
Essas palavras, porém, fizeram Bárbara sentir medo. Por que Otávio estava tão interessado em saber se Breno ainda tinha sentimentos por ela? Será que ele queria usá-la como uma peça para enfrentar Breno?Percebendo isso, Bárbara soltou uma risada sarcástica e disse: — Eu não quero saber nem um pouco. Os olhos de Otávio se estreitaram. — Você ficou com ele por dois anos e não quer saber? — Exatamente. — Bárbara assumiu um ar despreocupado, se recostando mais confortavelmente. — Mesmo que o Breno se importe comigo, do que isso adiantaria? Ele se importa, e eu sou sua amante; ele não se importa, e eu continuo sendo sua amante. No fim das contas, é melhor cada um seguir seu caminho. Quando o sentimento entra na equação, as coisas ficam complicadas.A expressão de Otávio se tornou ainda mais sombria. — Esse é realmente o seu pensamento? Bárbara sorriu e perguntou: — Então, Sr. Otávio, me diga uma coisa: se uma mulher se declarasse apaixonada por você, dizendo que o ama mui
Poliana sorriu levemente e, em voz baixa, disse: — É a primeira vez que você encontra o Presidente Otávio, então talvez não o conheça bem. O Presidente Otávio é uma boa pessoa. Bárbara arregalou os olhos. — Ele é uma boa pessoa? Mas pelo que o Breno falou, ele não tem nada a ver com ser bom. Poliana deu de ombros. — E você? Na boca de muita gente, você também não tem nada a ver com bondade, mas você acha que é tão detestável assim? Bárbara ficou momentaneamente surpresa. Realmente, fazia sentido. — Então, quando foi que você beijou o Presidente Otávio? — Isso... Enquanto as duas falavam em segredo, Otávio mexia no celular de Bárbara, imerso em seus pensamentos. No segundo seguinte, a porta da frente foi subitamente aberta, fazendo Otávio voltar à realidade e, instintivamente, levantar o olhar. Foi então que seus olhos se encontraram com os de Gustavo. Gustavo franziu as sobrancelhas, e seu rosto calmo logo transpareceu uma expressão de cautela. Avançando, ele perg
O coração de Bárbara batia cada vez mais descompassado e acelerado, enquanto aquela sensação inexplicável de medo crescia dentro dela. Ela podia perceber claramente que Otávio, com suas palavras, estava perguntando se ela queria ou não confirmar um relacionamento com ele. Sem dizer nada, Bárbara aproveitou um momento de distração dele, soltou sua mão com força e se virou, correndo em direção ao quarto de Poliana. Otávio não a seguiu. Apenas observou suas costas se afastando e disse: — Minhas palavras te colocaram tanta pressão assim? Nem quer mais voltar para casa? Bárbara parou por um momento. — Não vou, a Poli e o Gustavo vão mudar de lugar, e o sofá aqui é bem confortável. Vou dormir aqui hoje à noite. Enquanto falava, Bárbara se lembrou de quando foi buscar a bolsa de Poliana mais cedo e viu que a mala e os charutos ainda estavam ali. Ela começou a suspeitar que aquelas coisas pertenciam ao Otávio, e o temor de que ele pudesse tentar seduzi-la naquela noite, depois de t
Poliana não era assim normalmente, mas e se, por estar convivendo muito com Bárbara, acabasse pegando os defeitos dela? Essas preocupações, no entanto, ele não se atrevia a compartilhar com Poliana. Vendo a expressão de Gustavo ainda mais sombria do que antes, Poliana começou a imaginar, aflita: "Será que eu disse algo errado? Ou fiz algo que o incomodou? Mas, devo perguntar? Se eu perguntar, não estarei me rebaixando de novo?"Com esses pensamentos, ela decidiu esperar para ver como Gustavo agiria mais tarde.Pouco tempo depois, os dois pegaram suas bagagens e chegaram ao quarto recém-aberto. Como havia muitas pessoas hospedadas no hotel dessa vez, não restava mais quartos de cama de casal, apenas quartos com duas camas de solteiro. As camas de solteiro não eram pequenas, com um metro e meio de largura, o que seria confortável para uma pessoa dormir sozinha, mas se duas pessoas dormissem juntas, pareceria um pouco apertado.Gustavo estava muito indisposto e, assim que entrou no quar
Quando ela estava precisando urgentemente de dinheiro, Gustavo, para aliviar o peso sobre ela, trabalhou como operário durante o verão.O jovem, de pele clara, em apenas três dias já havia mudado de cor devido ao sol intenso, e sua pele, queimada, chegou a descascar. Mas, como o salário na obra era bom, ele continuou mesmo sem aguentar o ritmo do trabalho. Até adoeceu e não contou a ninguém. Uma noite, quando voltou à casa dela, estava tão exausto que desabou direto na cama dela.Na época, o coração dela se apertou de tanta preocupação. Tentou ajeitá-lo na cama para que descansasse melhor, mas ele explicou que seu pai tinha problemas cardíacos, e, embora ele não tivesse herdado a doença, também tinha algumas complicações.Ele era alérgico a muitas coisas e evitava tomar remédios. Além disso, quando ficava muito doente, seu coração disparava, e ele se sentia melhor deitado de bruços.O jovem que, no passado, havia se dedicado a ela com tanta sinceridade, apareceu em sua mente, e o coraç