Na noite anterior, Gustavo já havia vomitado algumas vezes. Hoje, ele mal teve apetite e só comeu um pouco durante o jantar para acompanhar o álcool.Agora, não havia mais nada para vomitar.No entanto, o desconforto de vomitar a ponto de sentir o estômago doer, e a dor se espalhando para os outros órgãos, foi o que o fez escapar temporariamente do pavor que o consumia.Quando a náusea finalmente passou, ele se agachou na beira da estrada e pegou o celular para ligar para Edmar.Edmar estava no quarto em frente ao dele, tomando banho e jogando no celular. Quando viu a chamada inesperada, fez uma careta de desagrado.Ele realmente não queria atender.Mas, apesar do incômodo, atendeu imediatamente.— O que foi agora?— Eu não estou bem...A voz do homem, normalmente arrogante, soava fraca, como se fosse um sussurro de alguém em delírio.Edmar se levantou de repente da banheira. Seu corpo musculoso, geralmente escondido sob ternos elegantes, exibia cicatrizes impressionantes que contrasta
Edmar deu de ombros inocentemente.— Não sei, não consegui descobrir o motivo exato.A voz do outro lado continuou:— A crise dele hoje à noite não foi causada apenas pelo que aconteceu hoje, mas é resultado de uma série de fatores. Ele voltou para tentar se reconectar com Poliana. Me conta o que aconteceu entre eles recentemente.Edmar lançou um olhar para Gustavo. Embora seu rosto não demonstrasse preocupação, ele perguntou primeiro:— Isso tudo é muita coisa para explicar... Não deveríamos nos preocupar primeiro com o Gustavo, que está desmaiado?A voz do outro lado respondeu com firmeza:— Fica tranquilo, ele não vai morrer.— Eu sei, mas... — Edmar suspirou antes de continuar. — Desde que voltou, na primeira noite já houve um desentendimento. Ele bebeu.A reação do outro lado foi imediata:— Ele bebeu?! Eu avisei inúmeras vezes que ele não pode beber por causa da condição física dele!— Sim, e esta noite também bebeu.A pessoa do outro lado ficou em silêncio, claramente frustrada.
— Mas quando ele estava de mau humor, acabava se lembrando de todas as coisas boas da Poliana e pensava: e se ele realmente a tivesse interpretado mal? Ela seria tão infeliz e solitária, e ele seria um grande idiota. Então, seu coração amolecia novamente. Esse estado de espírito instável se repetia constantemente, formando um ciclo vicioso. Naquela época, quando a Poliana passou pela cirurgia, até dava para entender por que ele não apareceu. Ele estava devastado, acreditava que a Poliana e o Adílson já tinham uma criança, o que significava, para ele, que a Poliana havia escolhido o Adílson completamente. Ele achava que a cirurgia da Poliana não era da sua conta, que o Adílson resolveria tudo. Mas quem poderia imaginar que a Poliana nem sequer chamou o Adílson? E ele, por teimosia, também se recusou a aparecer. A pobre mulher acabou enfrentando sozinha as complicações da cirurgia.No momento em que Poliana começou a ter uma hemorragia grave, o amor em seu coração superou o ódio. Ele, en
Do outro lado, alguém suspirou e perguntou: — Ele trouxe a boneca?Edmar respondeu com um tom de pesar: — Não.Se seguiu um longo silêncio do outro lado. — Preste mais atenção no Gustavo. Acho que a ansiedade dele, provocada por um medo específico e outras questões, está ficando cada vez mais grave. Ele pode acabar tendo problemas mentais.Edmar imediatamente ficou sério. — Como assim? — Antes, ele apenas olhava calmamente para aquelas bonecas feitas com a aparência da Poliana. Mas um dia, eu o vi falando com uma delas.Edmar franziu as sobrancelhas. — Talvez ele estivesse de bom humor, falando consigo mesmo?— Não! As frases dele eram desconexas, como se, na cabeça dele, a boneca estivesse respondendo. Suspeito que ele tenha tido alucinações, mas quando perguntei de forma sutil, ele não quis admitir. Talvez tenha medo que eu não o deixe voltar.As sobrancelhas de Edmar se franziram ainda mais. — Entendi. — Fique de olho nele. Quando ele desmaia, parece ser algo parecid
Com o gesto carinhoso da amiga, Poliana sentiu uma onda de emoção, e seus olhos se encheram de lágrimas ao pegar as coisas de Bárbara.Bárbara passou por ela, entrou no quarto e deu uma olhada ao redor. — Onde está o Gustavo?Poliana, que havia acabado de se virar, parou por um momento ao ouvir a pergunta. Sua expressão foi novamente tomada pela melancolia. Ela caminhou até a mesa, colocou a bolsa sobre ela e, enquanto abria o zíper, de costas para Bárbara, disse: — Ele disse que ia reservar outro quarto. Bárbara apoiou o rosto em uma das mãos e observou o perfil de Poliana. — Por que você, de repente, decidiu voltar a morar com o Gustavo?Poliana hesitou um instante com as mãos no zíper. — Eu conversei com ele. Bárbara assentiu. — Eu vi vocês dois cochichando antes.Poliana continuou: — Ele me explicou que nada aconteceu entre ele e a Fernanda. Ele se aproximou dela porque suspeita que ela foi a pessoa que me armou aquela armadilha anos atrás. Também disse que não te
Bárbara ficou sem palavras diante da resposta de Otávio. Poliana, por sua vez, sentindo que sua aparência naquele momento não era a melhor para estar em companhia, pegou sua bolsa e foi para o banheiro. Enquanto isso, ela tentou afastar os pensamentos sobre sua situação com Gustavo e, ao invés disso, sentiu uma curiosidade crescente sobre o que poderia acontecer entre Bárbara e Otávio. Sem resistir à tentação, ela não fechou completamente a porta do banheiro, deixando uma pequena fresta aberta, esperando ouvir a conversa entre eles.Mas, para sua surpresa, os dois permaneceram em silêncio.Otávio estava encostado no batente da porta, distraído com o celular, enquanto Bárbara se sentou mais ereta, esfregando as mãos inquietas sobre os joelhos. Embora seus olhos parecessem fixos no vazio à frente, ela não conseguia evitar lançar olhares furtivos para o homem de vez em quando.Antes de chegar ao hotel, quando recebeu a ligação de Poliana pedindo sua bolsa, Bárbara estava bebendo. Assi
Bárbara quase perdeu o fôlego.O que Otávio estava tentando fazer? Falar com Breno usando o celular dela? Otávio não chegou a fazer isso. Quando a ligação foi atendida, ele colocou o celular na frente de Bárbara. Era evidente que ele queria escutar o que Breno tinha a dizer para ela. As mãos de Bárbara ficaram geladas. Enquanto tentava acalmar seu coração atordoado, a voz de Breno saiu primeiro pelo celular:— Já são onze horas, por que você ainda não voltou?Mesmo através do telefone, aquela voz parecia fria e imponente. Bárbara ficou momentaneamente atordoada e de repente sentiu que algo estava errado. Breno sempre foi arrogante e, além disso, tinha dito que não iria mais procurá-la. Mas agora ele estava ligando para ela? E pela forma como ele falou, parecia que, para ele, o que aconteceu durante o dia foi apenas uma pequena briga, e não o fim do relacionamento. Ao pensar nisso, o coração de Bárbara começou a disparar de ansiedade. Não podia ser, certo? Antes, qua
Essas palavras, porém, fizeram Bárbara sentir medo. Por que Otávio estava tão interessado em saber se Breno ainda tinha sentimentos por ela? Será que ele queria usá-la como uma peça para enfrentar Breno?Percebendo isso, Bárbara soltou uma risada sarcástica e disse: — Eu não quero saber nem um pouco. Os olhos de Otávio se estreitaram. — Você ficou com ele por dois anos e não quer saber? — Exatamente. — Bárbara assumiu um ar despreocupado, se recostando mais confortavelmente. — Mesmo que o Breno se importe comigo, do que isso adiantaria? Ele se importa, e eu sou sua amante; ele não se importa, e eu continuo sendo sua amante. No fim das contas, é melhor cada um seguir seu caminho. Quando o sentimento entra na equação, as coisas ficam complicadas.A expressão de Otávio se tornou ainda mais sombria. — Esse é realmente o seu pensamento? Bárbara sorriu e perguntou: — Então, Sr. Otávio, me diga uma coisa: se uma mulher se declarasse apaixonada por você, dizendo que o ama mui