Ele sempre foi assim, exigindo que ela usasse roupas grossas, enquanto, nos dias mais frios, se recusava a vestir calças térmicas, alegando que, se cobrir a barriga, não havia risco de ficar resfriado. Era preciso que ela fizesse uma cena para convencê-lo a usar essas calças.Nesse momento, um garçom entrou no salão de reuniões e perguntou o que ela gostaria de beber. Poliana, ainda se recuperando de seus pensamentos, ouviu Gustavo dizer:— Um copo de água quente.Durante o período menstrual, Poliana costumava beber água quente para aliviar os desconfortos. O garçom se afastou, e Poliana, com a cabeça baixa, revirava os dedos, sem saber como apaziguar seus sentimentos complicados. Gustavo, por sua vez, desviou o olhar e continuou a conversar com Hélder.Um tempo depois, a porta do salão se abriu novamente, e Otávio entrou, seguido de seu assistente, que trazia Bárbara logo atrás. Aqueles que testemunharam o beijo entre eles não reagiram, afinal, esse tipo de coisa era comum e não c
Assim que as palavras de Gustavo se dissiparam, Poliana levantou o braço para apoiar a cabeça. Em comparação com a fala de Otávio, a dele parecia desnecessária.Hélder soltou algumas risadinhas e olhou para ela.— E você, Poli, o que pensa?Poliana exibiu um sorriso que misturava constrangimento e educação e respondeu:— Acho que a ideia do professor é ótima. Alguns dos personagens são mais jovens e têm uma personalidade ingênua e pura. Podemos escolher alguns novatos encantadores, jovens, que tragam uma vitalidade única. Mas também não precisamos usar apenas novatos; ainda existem muitos artistas no mundo do entretenimento que são ótimos e que perseguem seus sonhos de maneira séria. Eles só precisam de uma oportunidade. Talvez possamos gastar um tempo para selecionar cuidadosamente; certamente iremos descobrir talentos brilhantes.Hélder sorriu suavemente, e Gustavo apoiou o queixo com um olhar profundo, onde havia um brilho de orgulho.Logo, alguns outros empresários começaram a elog
Poliana, irritada, ignorou Gustavo e se aproximou de Hélder, movendo a cadeira. Gustavo rapidamente se aproximou dela.Poliana revirou os olhos.Com um semblante sério, virou a cabeça e falou em voz baixa:— Você não queria admitir nosso casamento, mas não está com vergonha agora?Gustavo apoiou as mãos na mesa, se inclinando para olhar para ela com preocupação:— Nos últimos dois anos, você tem sido uma diretora?— E o que você esperava? Que eu ficasse em casa, vendo você se casar novamente com outra?Gustavo franziu a testa.— Você pode falar de um jeito mais civilizado?— Estou falando de forma civilizada! A dicção está boa e a entonação é rica.Gustavo ficou sem palavras.Mas, ao ver as expressões variadas dela, ele acabou sorrindo, sem conseguir ficar irritado. Desde que voltaram, a atmosfera entre eles parecia mais leve.Mais de uma hora depois, a reunião chegou ao fim, e era hora de jantar.Assim que saíram da sala de reuniões, Gustavo, de repente, disse em um tom severo:— Esta
O jantar foi alegre, e Hélder sugeriu ir para o bar ao lado fazer uma festa. O bar, tranquilo, tinha karaokê, pista de dança e instrumentos, perfeito para eles, que eram trabalhadores da arte. Poliana, ao se levantar, sentia os pés um pouco leves. Essa leve intoxicação era agradável; ela se encostou em Bárbara e seguiu em frente. Seu consumo de álcool, aprimorado nos últimos dois anos com a amiga, a tornava bem consciente de seu estado. Depois de beber mais um pouco de água e ir ao banheiro, essa leveza desapareceria, e ela ainda queria tomar mais um gole. Queria um pouco mais de embriaguez, aquela sensação de mente vazia e corpo relaxado, que lhe garantiria uma boa noite de sono.Entretanto, naquele momento, precisava desacelerar. Ao chegar ao bar, se acomodou no canto mais escuro e discreto, fechando os olhos para descansar. Não demorou muito...Poliana sentiu como se o chão ao seu redor de repente descesse, e, ao mesmo tempo, uma fragrância de perfume com notas de couro a en
Poliana franziu a testa e disse:— Como assim eu não sou razoável?— Tudo bem. — Respondeu Gustavo, com os lábios levemente curvados, enquanto continuava a encará-la. — Nos últimos dois anos, você ficou em casa. É verdade que eu não voltei, mas você nunca pensou em ir me buscar no exterior?O ressentimento surgiu em Poliana.— Você me bloqueou, como eu poderia te procurar?— Então você poderia trocar de número e me ligar.Gustavo parecia absurdamente ferido. Poliana também se sentia injustiçada.— E se eu trocasse de número e você me bloqueasse novamente?— Mas você nem tentou! Como pode saber o que eu faria? — As lágrimas começavam a brilhar nos olhos de Gustavo. — Às vezes, sinto que você é uma pequena trapaceira. Você consegue passar dois anos sem me ver, mas agora que estou de volta, diz que seu corpo e alma são meus.— Eu não entrei em contato porque, durante aqueles dois anos de separação, fiz de tudo para te manter, usei todas as palavras que pude, e você foi firme em sua decisã
Gustavo, impaciente, queria uma resposta e a abraçou ainda mais forte.— Não fuja. Me dê uma resposta; mesmo que seja um não, precisa ser clara.Poliana abriu os olhos, perdida e confusa.— Eu não estou fugindo, só... Não sei como te dar uma resposta.Gustavo insistiu:— Então me diga, o que você está pensando?Poliana, que nunca foi de guardar sentimentos, começou a formular uma comparação para explicar seu estado de espírito.— Para ser sincera, estou com um pouco de medo. Sabe, Gustavo, quando o vidro se quebra, eu realmente tenho medo de ter que juntá-lo de volta. Ao tentar pegar os cacos, posso me cortar, e os pedaços de vidro podem entrar na pele, causando dor e sangrando, é tão doloroso que chega a fazer chorar.Gustavo compreendeu suas palavras. Era um amor que deveria trazer felicidade, mas se transformou em espinhos, ferindo ambos. Nessa situação, ninguém queria se machucar novamente.Seus olhos se umedeceram, e ele sorriu, assentindo.— Então eu vou juntar os cacos por você
Gustavo, preocupado ao se lembrar do desmaio de Poliana, rapidamente tentou ajudá-la a regular a respiração.— Não chore, só pense em mim. Sou o dono de uma empresa agora, chorar aqui não é apropriado, certo?Poliana continuava a soluçar, e o medo no rosto de Gustavo aumentava. As lágrimas em seus olhos se tornavam mais visíveis. Sem saber como parar as lágrimas, ele segurou o rosto dela, engasgando:— Querida, não chore mais. Eu não estou em uma situação muito melhor, acredite...No instante seguinte, Poliana parou de respirar, e Gustavo, temendo que ela estivesse passando mal novamente, viu seu rosto pequeno se contorcer em um misto de mágoa. Ela prendeu a boca e, agarrando a roupa dele, enterrou o rosto em seu peito, tremendo intensamente.As notas da música pairavam no ar, seguidas por gritos de apoio de outras pessoas.Gustavo ficou momentaneamente paralisado, mas, em seguida, abriu os braços e a abraçou apertado, enquanto suas próprias lágrimas escorriam pelo canto dos olhos.— Q
Da dureza e frieza à ternura e ao acolhimento, sem palavras excessivas, tudo isso quebrou completamente a defesa psicológica de Poliana, que só conseguia ofegar, sem conseguir pronunciar nada.Gustavo a segurou em seu colo, uma mão acariciando suas costas, enquanto a outra a ajudava a relaxar. Temia que ela chorasse como da última vez, e, na verdade, não havia se passado muitos dias desde então. Mas agora ele estava muito mais paciente, embora ainda não tivesse ouvido de Poliana as palavras que desejava.Não sabia se era por causa do álcool que havia ingerido, mas, de repente, Poliana começou a ter cólicas intensas na barriga, se curvando e segurando o abdômen com as duas mãos. Gustavo sentiu seu coração apertar.— O que aconteceu? — Ele perguntou.— Estou com dor na barriga...— Foi a bebida, não foi? A dor súbita a tornou pálida, e ela respondeu:— Não sei.Gustavo franziu a testa, pegando rapidamente o casaco que Poliana havia tirado e ajudando ela a vestir novamente.— Vamos par