— Então, não se divorciar é proteger minha integridade! Poliana ficou sem palavras. A lógica de Gustavo sempre ultrapassava os limites da imaginação dela. No entanto, ao ver a expressão furiosa e ao mesmo tempo perfeitamente justificada dele, Poliana meio que fechou os olhos, incapaz de controlar uma dúvida que crescia em seu coração. "Será que ele realmente não me traiu?" Assim que pensou nisso, uma rajada de vento gelado soprou, e o frio dissipou rapidamente seus pensamentos. Tudo o que conseguia sentir agora era o quanto estava com frio. Seu corpo começou a tremer involuntariamente. Gustavo percebeu e, sem hesitar, tirou o casaco molhado dela e o jogou de lado. — Vá se trocar logo! Ao terminar de falar, ele girou nos calcanhares e deu uma olhada ao redor do grande quarto, notando que uma das janelas estava aberta. Ele caminhou até lá e a fechou, depois procurou o controle do ar-condicionado e o ligou. Enquanto isso, Poliana já estava na porta, tirando as roupas m
Afinal, Gustavo não foi ao banheiro apenas para secar o cabelo, mas também para secar a blusa. Poliana segurava a blusa masculina, agora quente e macia, em suas mãos. Apenas tocá-la já fazia com que sentisse o calor que ela proporcionaria ao vestir. No entanto, ainda estava surpresa e confusa. Ela simplesmente não entendia o que se passava na cabeça de Gustavo. Por que ele, de repente, estava sendo tão gentil com ela? Gustavo conseguiu completar a ligação e, sem querer encostar o telefone no ouvido, colocou no viva-voz. Do outro lado, sua secretária atendeu: — Chefe. — Mande minha mala para cá. Com essa breve ordem, ele desligou. Quando levantou o olhar e percebeu que Poliana o encarava com uma expressão atônita, seus olhos compridos se estreitaram. — O que foi? Está esperando que eu vista a blusa em você? Instintivamente, Poliana abraçou a blusa contra o peito. — Eu ainda pensei em cantar uma música. Quer ouvir? Gustavo franziu a testa, confuso: — O quê?
Aquela sensação era como uma fina corrente elétrica percorrendo seu corpo. Poliana imediatamente sentiu todo o seu corpo formigar e ficou imóvel.A secretária, com uma expressão impassível como se não estivesse vendo ou ouvindo nada, abriu a mala de Gustavo. De dentro, ela tirou primeiro um casaco cinza-claro de plumas e o colocou sobre a cama.Só então ela levantou a cabeça e olhou para Gustavo.— Chefe, qual conjunto o senhor vai usar?Gustavo olhou para a mala, que A secretária havia organizado de maneira impecável.— Pegue a camisa de manga longa com o cachorro estampado.A secretária foi pegar imediatamente.Poliana, ao ver isso, ficou furiosa novamente.Era uma camisa preta de manga longa, com a estampa de um cachorrinho branco usando uma coleira de cerejas nas costas.— Você é bem mesquinho, hein!Ela se contorceu novamente, lançando um olhar de soslaio para ele.Gustavo desviou o olhar.— Contanto que seja confortável, está bom.Poliana ficou sem palavras.Ignorando seu choque,
Gustavo arqueou as sobrancelhas e pressionou a língua contra a bochecha, soltando uma risada. Continuou limpando a água da chuva que molhava sua jaqueta de couro e disse:— Agora não estou com vontade de te beijar.Poliana franziu suas delicadas sobrancelhas, sem saber como responder. Gustavo jogou o papel que usou no lixo e, ao erguer os olhos, deu mais uma olhada para ela.— Você pode tentar me seduzir. Se eu ficar animado, posso te beijar mais um pouco, e te garanto que seu rostinho vai ficar bem vermelhinho.Essas palavras eram ousadas demais. O rosto de Poliana ficou vermelho de vergonha, e ela soltou um resmungo.— Não precisa me falar! Nem estou tão interessada em saber! — Com um pouco de irritação, ela tirou a bolsa com um movimento brusco e colocou o casaco de plumas dele. — Não importa o que você pensa, vou usar, sim!Assim que terminou de falar, ela saiu do quarto. A secretária havia recolhido o guarda-chuva do Gustavo e o deixado do lado de fora da porta, e Poliana o levou
Aquelas eram as palavras que Poliana havia se esforçado para sustentar anteriormente. Ela segurava o guarda-chuva, parada, observando o perfil dele, que se encurvava sob o frio. Seu coração se apertou levemente, uma dor sutil brotando de sua sensibilidade. Nos quatro primeiros anos de amor, tudo era doce; depois, dois anos de saudade intensa, e, por fim, dois anos de solidão e frieza na união. Ao todo, foram oito anos, repletos de lágrimas e sorrisos gerados pelo amor, mas a decisão de se separar também era, de certa forma, uma consequência desse amor que se tornou podre.Essa dor no coração era real, mas após alguns segundos, ela fechou os olhos com determinação e se afastou para ficar sob uma árvore alta, esperando que Gustavo se afastasse. Enquanto esperava, seu olhar se perdeu, e sua mente estava repleta de imagens confusas. De repente, ouviu:— Srta. Mendonça, o que você está fazendo aqui?Poliana voltou a si e viu Otávio, com uma mão no bolso, parado em um pequeno caminho nã
— Isso é o que o Sr. Otávio comprou? — Perguntou ela, observando o homem que, com o queixo apoiado na mão, sorria ao olhar para a bela que saía do banho.— Quando você estava dormindo no carro.A lembrança veio à mente de Bárbara; realmente, o carro havia parado por cerca de dez minutos. Ela sentiu, mas não abriu os olhos para conferir. Ao olhar novamente para aquele homem que não apresentava nenhuma expressão de severidade, ela recordou o beijo inesperado que ele lhe deu em público. Seu coração disparou, e após uma breve reflexão, perguntou:— O Sr. Otávio estava pensando em me manter quando eu entrei no seu carro?— Falar sobre isso não tem sentido. — Respondeu Otávio, sem responder diretamente à sua pergunta. — O presidente Denis me disse que você é uma quadrinista e que seus direitos autorais foram vendidos para a minha empresa, mas o seu trabalho, o mais valioso, não passa de três milhões de reais.Bárbara franziu a testa.— O que o Sr. Otávio quer dizer com isso?Otávio batia o
Mas logo, Otávio assumiu o controle, desatando o cinto de seu roupão. O ar-condicionado tornou o ambiente aconchegante, e, assim que o roupão deslizava suavemente pelos ombros brancos de Bárbara, a mão dele, com dedos angulosos, se movia debaixo de seu braço, repousando nas costas dela. Contudo, a manga de sua camisa começou a roçar delicadamente sua pele.— Hmm... — Bárbara não conseguiu evitar o gemido suave que escapou de sua garganta.Isso foi um convite irresistível para Otávio, e logo o ar se encheu com seu ofegar profundo....Em poucos momentos, Bárbara sentiu suas emoções se embaralharem, mergulhando em um mar de confusão. Jamais imaginou que um beijo pudesse ser tão envolvente. O beijo se prolongou até que, para respirar, Otávio finalmente a soltou. Com os sentidos turvos, Bárbara buscou seus lábios, mas ouviu a pergunta dele:— O Sr. Breno nunca a beijou?— Beijou, mas pouco. — Bárbara envolveu o rosto do homem com as mãos. — Ele é um pouco sem graça.Otávio riu novament
Contudo, ela não era uma pessoa que não se amava. Apenas havia despertado um desejo por Otávio, e por isso foi tão calorosa momentos atrás. Os homens podiam se interessar pelas mulheres por causa da beleza e do corpo delas, e as mulheres também podiam nutrir pensamentos sobre os homens por conta de suas aparências e formas. Não havia nada de errado nisso.As palavras de Otávio a fizeram sentir que ele achava que ela estava se esforçando para agradá-lo apenas por causa daquele emprego.Enquanto Bárbara retirava as roupas da sacola de compras uma a uma, pensou novamente, esboçando um sorriso amargo, com lágrimas se formando em seus olhos.Desde a noite há seis anos, quando caiu repentinamente de uma posição de nobreza para a de mendiga, ela enfrentou preconceitos demais.Ela não se importava com isso antes, apenas queria ganhar dinheiro para quitar suas dívidas e se libertar. Mas, naquele momento, ouvir Otávio dizer aquilo parecia extremamente falso. Era como um lobo faminto que, ao