Os cílios de Poliana tremeram levemente. — Avô, pai, mãe, hoje eu vim aqui justamente para falar sobre isso. É verdade. — Ela respirou fundo e levantou o rosto. — Ele não só tem uma mulher lá fora, como também já teve um filho com ela. Eu não consigo aceitar isso e quero me divorciar. Sérgio e Vânia imediatamente mostraram expressões de desconforto, mas o semblante de avô Delfim ficou ainda mais sombrio. — Se você quer se divorciar do Gugu, deveria falar isso com ele. — Eu já falei com ele. — Poliana respondeu rapidamente. — Ele se recusou, dizendo que a divisão de bens seria complicada... Avô Delfim a interrompeu: — Então é por isso que você veio aqui? Quando o patriarca da família, a pessoa com mais poder, não lhe concedeu nem o respeito mais básico, interrompendo ela e mostrando um desdém em sua expressão fria, a linha dos lábios de Poliana se apertou. Ela sentiu uma profunda aversão à atitude de avô Delfim.Embora o ancião diante dela fosse poderoso e influente, Pol
Após terminar de falar, avô Delfim, para reafirmar sua posição de autoridade, jogou a tigela no chão, em direção a Vânia. O silêncio que se seguiu era tão profundo quanto a morte.Poliana não demonstrava nenhuma expressão, apenas sentia um frio intenso percorrer seu corpo.As palavras de avô Delfim não estavam erradas. Na época em que Sérgio estava à beira da morte por causa de um problema cardíaco, com os recursos da família Codelle, não seria difícil encontrar um coração para ele. Quando soube do plano de sua mãe, Poliana também achou que ela estava sendo impulsiva e pensou que tudo era muito simplista.No entanto, as coisas tomaram um rumo que ela não conseguia compreender; Vânia realmente havia aceitado o pedido de sua mãe.Até hoje, ela não sabia o que Vânia estava pensando naquela época e não ousava perguntar.E aquela frase, se casar com Gustavo foi um ato de grande caridade para ela, também era verdadeira. Dois anos atrás, quando Gustavo quis o divórcio, o acordo de separaçã
Após terminar de falar, Vânia a olhou, e seus olhos se encheram de lágrimas. Era uma mistura de dor e pesar.Sérgio desviou o olhar por um instante, pegou o celular e saiu da sala de jantar. Vânia o acompanhou com o olhar enquanto ele saía, e também pegou o próprio celular. Ao desbloquear a tela, abriu o histórico de chamadas recentes, que estava quase todo preenchido com tentativas de contato com o filho. Mas todas as ligações não haviam sido atendidas.Ela tentou ligar para Gustavo novamente, mas o resultado foi o mesmo. O som mecânico que indicava que havia sido bloqueada ecoou pelo ambiente silencioso:"— Desculpe, o número que você está tentando chamar está ocupado."Aquela voz era inconfundível no silêncio absoluto.O Avô Delfim a olhou de relance, enquanto acariciava o anel em seu polegar direito, e riu:— Muito bem, se é assim, então vá em frente e siga com o processo online. Eu farei o possível para ajudar você a se divorciar rapidamente.— Obrigada. — Poliana respondeu educa
Se ela, para se vingar de Fernanda, revelasse publicamente seu relacionamento conjugal com Gustavo, fazendo com que tanto Fernanda quanto Gustavo tivessem suas reputações prejudicadas, será que Gustavo, por orgulho, não se vingaria dela, expondo os mal-entendidos entre ela eAdílson Vilas? E Fernanda, será que descobriria e tornaria esse assunto público?Nesse caso, embora ela tivesse ferido os outros, também teria se ferido profundamente.— Entendido... — Respondeu ela, debilitada, pois logo em seguida um sentimento profundo de desespero a envolveu.O avô Delfim havia fechado todas as suas saídas, então como poderia ela lutar por justiça para si e para sua avó?Poliana sempre teve uma vida difícil, mas nunca, nem por um dia, havia sentido tão intensamente que ela era apenas uma formiga insignificante.Uma formiga que vivia no nível mais baixo da vida, carregando uma concha nas costas.O status de esposa de Gustavo, tão nobre, era como um vento que a havia soprado até o ponto mais alto.
Ela rapidamente entrou no carro. O empregado, pensando que ela estava com pressa, sorriu e acenou:— Tudo bem, cuidado na estrada.A porta do carro se fechou, e o veículo começou a se mover. O empregada acenava para ela do lado de fora, enquanto ela olhava através da janela. Quando o empregada desapareceu de sua visão, seus olhos voltaram para o caderno em suas mãos. Sua mão começou a tremer levemente, e ela abriu a primeira página. No segundo seguinte, sua mão trêmula se estendeu para pressionar o botão que ativava a divisória de privacidade dentro do carro. Quando a divisória se fechou completamente, isolando o compartimento traseiro, toda a força que ela tentava manter desmoronou, e ela desabou em lágrimas. Quando descobriu que estava grávida, antes mesmo de ter certeza, ela começou a se sentir diferente, mais sensível, insegura, e até mesmo mais desconfiada. Ela sabia que Gustavo estava muito ocupado com trabalho, às vezes passava o dia inteiro em reuniões ou encontrando clien
O silêncio tomou conta do ambiente por alguns segundos. Vânia soltou uma risada feliz e rapidamente se serviu de uma tigela de sopa.— Bem feito!O rosto do avô Delfim ficou sombrio.— O que você disse?Sérgio pegou o celular, abriu um vídeo de vigilância e o entregou ao avô Delfim.No vídeo, mostrava o corredor do hospital privado K. Duas enfermeiras corriam apressadas empurrando Fernanda em direção à sala de cirurgia. Mesmo com a imagem borrada, era possível ver uma grande mancha de sangue vermelho no lençol branco da cama.A expressão do avô Delfim se tornava cada vez mais chocada, enquanto Sérgio, com um tom frio, disse:— Se você acha que esse vídeo foi forjado por mim em apenas cinco minutos, se sinta à vontade para chamar alguém para verificar.Ao ouvir isso, o avô Delfim fechou os olhos, extremamente desapontado. Ele sabia que, por mais capaz que Sérgio fosse, não teria conseguido falsificar um vídeo de vigilância em tão pouco tempo.O celular foi entregue de volta pelo avô De
O motorista ficou um pouco surpreso. Só podia dizer que, de fato, seu chefe era extremamente atento e cuidadoso. Em seguida, ele foi recolher os pedaços do caderno que Poliana havia rasgado, enquanto Marcelo, disfarçadamente, seguiu Poliana pelas sombras.De longe, ele viu Poliana, com o rosto coberto de lágrimas, parar ao lado de um gramado recém-construído. Ela virou a cabeça, aparentemente fixando o olhar em um aspersor que lançava água sobre o gramado.Marcelo franziu levemente a testa, achando estranho. Talvez ela não estivesse realmente olhando para o aspersor. Afinal, o que havia de interessante nisso?Enquanto ele ponderava, Poliana deu alguns passos em direção ao gramado. Segundos depois, sua ação deixou Marcelo chocado.Poliana se posicionou diretamente sob o aspersor, deixando que a água que jorrava caísse sobre ela como uma chuva intensa. A temperatura naquela noite de outono estava baixa, e quando a água a encharcou completamente, ela estremeceu de frio. Mas, em seguid
De repente, os olhos de Poliana brilharam.Em pouco tempo, Marcelo desligou o aspersor, e a água começou a jorrar das duas mangueiras. Poliana mal havia segurado sua mangueira quando Marcelo, com um sorriso, avisou:— Vou começar a atacar!Assim que Poliana levantou a cabeça, um jato de água atingiu seu braço. Marcelo estava levando o jogo a sério, sem qualquer traço de hesitação, completamente empenhado.Poliana, instintivamente, se virou para desviar, mas não conseguiu conter o riso. Em seguida, apontou a mangueira para Marcelo.— Agora é minha vez de contra-atacar!Marcelo fingiu desviar, mas deixou que ela o atingisse.Naquele ambiente tranquilo e isolado, o único som que se ouvia no gramado era o da água, as vozes deles e as risadas de Poliana.Era incrível como a relação entre duas pessoas poderia se aproximar rapidamente em meio a brincadeiras.Logo, a voz sorridente de Poliana ecoou novamente:— Tio Marcelo, qual é o seu signo?Marcelo respondeu:— Não sei. Meu aniversário é em