O motorista ficou um pouco surpreso. Só podia dizer que, de fato, seu chefe era extremamente atento e cuidadoso. Em seguida, ele foi recolher os pedaços do caderno que Poliana havia rasgado, enquanto Marcelo, disfarçadamente, seguiu Poliana pelas sombras.De longe, ele viu Poliana, com o rosto coberto de lágrimas, parar ao lado de um gramado recém-construído. Ela virou a cabeça, aparentemente fixando o olhar em um aspersor que lançava água sobre o gramado.Marcelo franziu levemente a testa, achando estranho. Talvez ela não estivesse realmente olhando para o aspersor. Afinal, o que havia de interessante nisso?Enquanto ele ponderava, Poliana deu alguns passos em direção ao gramado. Segundos depois, sua ação deixou Marcelo chocado.Poliana se posicionou diretamente sob o aspersor, deixando que a água que jorrava caísse sobre ela como uma chuva intensa. A temperatura naquela noite de outono estava baixa, e quando a água a encharcou completamente, ela estremeceu de frio. Mas, em seguid
De repente, os olhos de Poliana brilharam.Em pouco tempo, Marcelo desligou o aspersor, e a água começou a jorrar das duas mangueiras. Poliana mal havia segurado sua mangueira quando Marcelo, com um sorriso, avisou:— Vou começar a atacar!Assim que Poliana levantou a cabeça, um jato de água atingiu seu braço. Marcelo estava levando o jogo a sério, sem qualquer traço de hesitação, completamente empenhado.Poliana, instintivamente, se virou para desviar, mas não conseguiu conter o riso. Em seguida, apontou a mangueira para Marcelo.— Agora é minha vez de contra-atacar!Marcelo fingiu desviar, mas deixou que ela o atingisse.Naquele ambiente tranquilo e isolado, o único som que se ouvia no gramado era o da água, as vozes deles e as risadas de Poliana.Era incrível como a relação entre duas pessoas poderia se aproximar rapidamente em meio a brincadeiras.Logo, a voz sorridente de Poliana ecoou novamente:— Tio Marcelo, qual é o seu signo?Marcelo respondeu:— Não sei. Meu aniversário é em
Poliana se sentia agora não apenas bem, mas também intrigada, com uma sensação de confusão que não conseguia definir completamente. Embora fosse de conhecimento geral que Marcelo era uma pessoa de bom caráter, ela começou a se perguntar se ele sempre era tão atencioso e cuidadoso com os outros.Apesar de sua confusão, ela expressou sinceramente:— Obrigada, tio Marcelo, de verdade.Marcelo ajeitou sua roupa, ainda úmida.— Agora, você quer ficar mais um pouco aqui fora ou prefere voltar para o hospital?Poliana hesitou por um momento.— Eu quero passar na casa da minha avó.— Certo, vou te levar até lá.Os dois começaram a caminhar lado a lado.Enquanto segurava o paletó de Marcelo, Poliana não conseguia parar de pensar.— Quando te deixei lá, você ainda não estava tão abatida. Conversou sobre algo com sua família que possa compartilhar? — Marcelo perguntou de repente.Poliana afastou as dúvidas de sua mente, sendo puxada de volta para os acontecimentos na mansão da família Codelle.
— Minha amiga, Wanessa Campos.Marcelo disse:— Ah, é sua amiga? Vocês se conhecem há muito tempo?O olhar de Poliana se suavizou, e a alegria em seus olhos se intensificou. Só de observar sua expressão, era evidente que ela e Wanessa tinham uma relação muito próxima.— Sim, nós duas não temos pai e crescemos juntas no mesmo lugar. Desde que me lembro, estávamos sempre brincando juntas. — Ao falar de Wanessa, o olhar de Poliana ficou ainda mais terno.Apenas observando sua expressão, era fácil perceber o quão profunda era a ligação entre ela e Wanessa, e, de fato, era assim.Marcelo nem precisou perguntar mais; Poliana, espontaneamente, acrescentou:— A Wanessa é uma pessoa maravilhosa, é linda, tem um coração puro e sempre me ajuda! Mas depois ela saiu da Cidade Bellafoz para seguir seu caminho, então acabamos nos vendo menos. Porém, mesmo sem nos encontrarmos, nossa amizade continua forte.Marcelo observava o semblante de Poliana, que já não escondia mais a tristeza, e seus lábios ma
Gustavo ignorou Edmar completamente, se apressando para frente. A longa capa preta que ele vestia, que chegava até os tornozelos, balançava ao ritmo de seus passos, emanando uma aura tensa e sombria. As pessoas que vinham em sua direção instintivamente se afastavam, dando-lhe mais espaço.Os dois entraram em um carro. Edmar colocou o pacote de brinquedos com cuidado, franzindo as sobrancelhas enquanto observava Gustavo ao seu lado. Gustavo mantinha uma expressão impassível, sem revelar qualquer emoção. Ele retirou dos colarinhos de seu casaco o fone de ouvido que usava pendurado no pescoço, colocou ele nos ouvidos e pegou seu celular.Desbloqueando o telefone, ele abriu um aplicativo de mensagens que exibia um chat já aberto. No topo, o contato estava salvo como "Fernanda", e a pequena foto ao lado era uma imagem bem conhecida de Fernanda.Havia várias novas mensagens recebidas havia cerca de meia hora:[Presidente Codelle, onde você está? A Fê está em apuros!][O Gonçalo é um louco
Poliana abriu a porta, e as duas entraram na casa.– Não, eu só dei uma surtada. – Enquanto trocava de sapatos, Poliana levantou a cabeça e sorriu timidamente para Wanessa.Wanessa balançou a cabeça.– Foi a Bárbara que te levou de novo, não foi? Poli, acho que você deveria se afastar um pouco da Bárbara, esse tipo de pessoa pode acabar te influenciando de forma negativa.– Não foi ela, fui eu mesma. – Poliana olhou seriamente para Wanessa. – Wanessa, a Babi não é tão ruim quanto você pensa, ela é uma boa pessoa.Wanessa terminou de trocar os sapatos, foi até o sofá e se sentou, cruzando as pernas.– Aquilo é só um defeito? Ela abandonou o namorado da escola, que pagava os estudos dela, e foi ser amante de um homem rico para ganhar dinheiro. Eu vou continuar desprezando esse tipo de gente, não importa o que você diga.Poliana franziu a testa, visivelmente incomodada, querendo defender Bárbara, mas sem saber exatamente como.Wanessa continuou:– Deixe para lá, já que ela não te prejudic
Poliana apenas tomou um banho rápido e logo terminou. Quando o som de movimento veio do banheiro, Wanessa piscou e arregalou os olhos, mas logo voltou à sua expressão inocente de sempre. Ela rapidamente pegou um copo na mesa para encher de água.Poliana parou e a observou. Durante a caminhada, o problema não era tão perceptível, mas quando Wanessa começou a correr, sua perna direita demonstrava uma leve claudicação.Wanessa encheu o copo com água quente e voltou a se sentar.— Poli, venha tomar um pouco de água quente!Poliana se aproximou, se sentou ao lado dela e pegou o copo naturalmente, mas seus olhos revelaram um toque de compaixão.— Você passou tanto tempo no exterior para se tratar, mas sua perna ainda não melhorou?Wanessa ficou surpresa e abaixou o olhar:— Ainda dá para perceber?Poliana respondeu com honestidade:— Dá, quando você corre é possível notar, mas não é muito evidente.Wanessa mordeu levemente os lábios, exibindo um sorriso amargo.— Daqui a algum tempo, precis
Fernanda estava com o rosto pálido, quase azulado, usando uma máscara de oxigênio sobre o nariz e a boca, enquanto uma agulha em seu braço administrava uma transfusão de sangue.Tudo aconteceu cinco minutos antes de Gustavo receber a mensagem que Isabela enviou em nome de Fernanda. Naquele momento, Poliana também estava na Mansão da família Codelle, conversando com os membros da família.Fernanda havia retornado ao quarto. Logo depois, Gonçalo apareceu.Ele estava com o rosto lívido, visivelmente fraco, e disse que queria ver Fernanda uma última vez. Fernanda, inicialmente, se recusou, mas quando Gonçalo se ajoelhou do lado de fora da porta, ela acabou cedendo.Ninguém sabia o que foi dito entre os dois. De acordo com o relato de Isabela à polícia, ela ouviu os gritos de Fernanda do lado de fora.Mas a porta estava trancada por dentro, e Isabela não conseguiu abri-la. Quando ela finalmente chamou os seguranças do hospital para arrombarem a porta, a cena que encontrou quase a fez desmai