Capítulo 0003
Roberto estava de pé diante do casal, enquanto Daniela olhava para baixo, tomada pelo desespero.

Então, a voz profunda de Roberto ecoou lentamente:

— José, diga ao seu avô que eu não voltarei.

— Certo. — José sorriu e respondeu.

Roberto acenou levemente com a cabeça, e seu olhar se deteve no rosto de Daniela por um instante, ela parecia... Aliviada?

Embora um pouco confuso, ele não se aprofundou mais na questão e saiu apressadamente.

Daniela entrou no carro, e José, ao dirigir, observava pelo retrovisor o rosto ainda levemente pálido de Daniela. Com um sorriso, perguntou:

— Você está com medo do tio?

Daniela confirmou com um "sim".

Sobre aqueles rumores a respeito dele... Por exemplo, que ele matava sem hesitar, atravessando as fronteiras do certo e do errado, quem não teria medo?

E ainda teve o que aconteceu na noite passada...

José soltou uma risada e comentou casualmente:

— Desde que a relação esteja em ordem, tá tranquilo. Ele não é uma boa pessoa, é melhor manter distância dele no dia a dia.

Os membros mais velhos da família Silva não se importavam com Daniela, que estava cheia de mágoa e sem ninguém para desabafar.

Esse provavelmente era o amargo fruto de não se encaixarem bem.

No caminho da família Silva para a empresa, José suspirou e pediu desculpas a Daniela:

— O que minha mãe fez foi realmente exagerado, não era minha intenção te deixar sem apoio. Você sabe que meus pais têm um relacionamento complicado; meu pai não volta pra casa há muitos anos. Se minha mãe perceber que estamos muito próximos, tenho medo de que ela te coloque em uma situação difícil da próxima vez.

— O fato de seus pais não se darem bem não é culpa minha. Ela pode descontar a raiva no seu pai ou em você, mas não tem o direito de descontar em mim. — Daniela, com os olhos vermelhos, respondeu.

Quando ainda o amava, achava melhor evitar conflitos.

Agora que não o ama mais, percebe o quanto foi injustiçada no passado.

Além disso...

Quando se sentia injustiçada, José nunca dizia uma palavra em sua defesa!

José franziu a testa e olhou para Daniela pelo espelho retrovisor:

— Daniela, antes do casamento você era atenciosa, educada e compreensiva. Por que, no primeiro dia de casados, você está sendo tão agressiva?

Daniela riu de raiva e respondeu sarcasticamente:

— José, você é meu marido, a única pessoa que pode mediar a relação entre eu e sua mãe. Quando minha sogra me trata mal, você não diz nada e ainda espera que eu tenha compreensão por ela? José, quem está se preocupando comigo?

José parou o carro na beira da estrada e disse:

— Daniela, você pode tentar ver as coisas do meu ponto de vista? Eu já tenho bastante trabalho e estresse todos os dias. Você não pode, pelo menos, tentar lidar com essas questões de família?

Ele estava um pouco irritado.

Daniela estava em casa todos os dias, por que não podia encontrar um tempo para agradar sua mãe?

As mulheres precisam ser acalmadas.

As mulheres mais velhas também.

A atmosfera dentro do carro estava tensa.

José reclinou-se pesadamente no assento e pressionou a têmpora com a mão.

Nesse momento, seu telefone tocou.

José atendeu rapidamente:

— Giovana, o que aconteceu?

Os olhos de Daniela se moveram levemente.

Não sabia o que Giovana havia dito, mas José respondeu em um tom reconfortante:

— Giovana, estou indo para aí.

Após encerrar, José respirou fundo, ajustou suas emoções e acariciou o cabelo de Daniela.

Com uma voz suave, disse:

— Foi tudo culpa minha. Eu peço desculpas. Vou chamar um táxi para te levar à empresa, tudo bem?

Um sorriso sarcástico se formou no rosto delicado e bonito de Daniela:

— José, no primeiro dia de casados, você deixa sua esposa à beira da estrada para ir atrás da sua amiga?

José fez um som de desaprovação e, com uma voz mais sedutora, disse:

— Dani, eu vejo a Giovana apenas como uma irmã com quem cresci. Além disso, se não fosse para evitar desconfiança, ela não teria se casado com alguém só para te deixar tranquila e acabar sofrendo abuso. Ela veio me pedir ajuda; eu não poderia recusar. Mesmo sem a ligação de infância, ainda temos os laços familiares.

— Eu não a forcei a se casar; não tenho nenhuma responsabilidade nisso e não aceito nenhum tipo de manipulação emocional. — Daniela soltou uma risada fria.

Dizendo isso, ela empurrou a porta do carro e saiu.

A janela do carro desceu.

— Daniela, não faz birra. Eu volto assim que resolver isso. — José olhou para Daniela com um olhar de desânimo.

Após dizer isso, o carro prateado se afastou.

Daniela ficou sozinha na beira da estrada.

Ela estava um pouco atordoada.

Então, era assim que funcionava o casamento.

No segundo dia após o casamento, já se deparava com um monte de problemas.

Se soubesse que seria assim, nem teria casado.

Os saltos altos combinavam bem com a saia.

Bela, graciosa, com um jeito elegante que fazia qualquer um não conseguir desviar o olhar.

Mas para quem os usava, era uma tortura, em pouco tempo, os pés de Daniela já estavam cheios de bolhas.

Ela estava angustiada, com dor nos pés, e sentia uma dor interior, tudo isso a deixava péssima.

Ao longe, um imponente carro preto começou a se aproximar lentamente.

— Parece que é a Sra. Daniela. Ela não estava com o Sr. José indo para a família Silva? O que ela está fazendo sozinha aqui? — Rubens avistou Daniela na beira da estrada.

O homem falou em um tom grave:

— Dê uma carona para ela.

Rubens olhou surpreso pelo espelho retrovisor para Roberto.

O que aconteceu com ele? A bondade estava despertando?

O carro parou lentamente ao lado da estrada.

Rubens abaixou a janela do carro e disse:

— Sra. Daniela, aqui não é fácil pegar um táxi. O Sr. Roberto pediu para você entrar e dar uma carona.

Era Roberto de novo!

Daniela estava tentando evitar ele a todo custo.

Assim, imediatamente recusou:

— Obrigada, tio, mas meu táxi já está quase chegando.

Muito bem.

A boa intenção do Sr. Roberto falhou antes mesmo de começar!

No banco de trás, uma voz profunda e inesperada soou, como se tivesse acidentalmente tocado as cordas de um violoncelo, suave e arrastada:

— O que foi? Tem medo de que eu te ataque?

Daniela ficou sem palavras.

Naquele tom suave, Daniela percebeu um forte cheiro de perigo.

Ela só conseguiu agradecer com dificuldade e, em seguida, abriu a porta do carro e se sentou ao lado de Roberto.

A presença dele era avassaladora.

Assim que Daniela entrou no carro, foi envolvida pelo fresco e cortante aroma de cedro, o mesmo cheiro da noite passada.

— Cadê o José?

Daniela percebeu que Roberto estava falando com ela e imediatamente respondeu:

— Ele teve que ir embora por causa de um compromisso.

Roberto fez um som baixo de desprezo, sem mostrar emoção.

Rubens, na hora certa, perguntou:

— Sra. Daniela, para onde você gostaria de ir?

— Pode me deixar perto da empresa OEC. — Daniela respondeu prontamente.

— Claro, se não estou enganado, fica na parte da Rua Augusta...

Enquanto Rubens falava, parecia estar um pouco distraído.

O carro de repente disparou em direção ao canteiro central, e Rubens rapidamente fez uma curva brusca.

A traseira do carro quase saiu do chão, e Daniela foi arremessada para fora.

No instante em que sua testa estava prestes a colidir com a porta do carro, uma mão quente agarrou seu braço e a puxou com força.

Daniela, atordoada, foi puxada de volta.

Com o impulso, ela se sentou abruptamente no colo de Roberto.

Suas mãos pressionaram contra o peito dele.

A posição dos dois... Do ponto de vista de um homem adulto e uma mulher adulta, era excessivamente sugestiva, como uma faísca prestes a incendiar.

Daniela estava sentada em seu colo, bem apertada.

A presença dele era intensa, especialmente em relação à sua virilidade.
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