Capítulo 0004
Isso era muito absurdo.

Daniela se apressou para sair do carro.

Em meio ao desespero, a cabeça de Daniela bateu forte no teto do carro, fazendo com que ela ficasse tonta e confusa, não conseguindo se controlar e sentando-se novamente nos braços de Roberto.

Ao perceber a mudança súbita em seu comportamento, Daniela sentiu uma vontade intensa de chorar.

— Desculpe, tio.

Ela se moveu lentamente, finalmente conseguindo deslizar para fora dos braços dele.

No momento em que tocou o assento de couro genuíno, sentiu como se tivesse morrido um pouco e renascido.

Na OEC, , embaixo do prédio.

Rubens parou o carro tremendo de medo. Um pequeno imprevisto durante o trajeto o deixara nervoso, e ele mal se atreveu a fazer barulho ao respirar.

O carro estacionou na calçada.

Daniela também abriu a porta do carro apressadamente.

— Obrigada, tio! Obrigada, Rubens!

Após dizer isso, ela saiu correndo, sem olhar para trás, e entrou no prédio.

Rubens, ansioso, perguntou:

— Sr. Roberto, vamos para a empresa?

Roberto abaixou os olhos e olhou para si mesmo.

Cruzou as pernas delicadamente, tentando esconder a situação embaraçosa que enfrentava.

Aquela parte dele já era bem considerável, e, considerando o estado em que se encontrava, como poderia ir para a empresa?

A expressão de Roberto estava sombria, e sua voz, impaciente:

— Vamos para a Mansão Kam Fai.

Rubens acenou com a cabeça e dirigiu-se para lá.

O olhar de Roberto se desviou do prédio enquanto perguntava em voz baixa:

— Você conseguiu contato com a mulher de ontem à noite?

Rubens apressou-se a responder:

— Ainda estamos tentando entrar em contato.

Roberto fez um som afirmativo e fechou os olhos, tentando relaxar.

Em seus ouvidos, parecia que ecoava novamente o gemido daquela mulher da noite passada.

Suave, delicada, com uma sedução inocente.

A excitação começou a surgir, fazendo com que ele perdesse o controle, levando-a a momentos intensos, repetidos várias vezes.

Num momento de reflexão, uma sombra surgiu nos olhos de Roberto. Sua expressão tornou-se afiada ao perceber que aquela voz se sobrepunha ao rosto de Daniela.

Droga!

Seria que ele estava há muito tempo sem contato com mulher?

Na OEC.

Daniela foi diretamente ao escritório do gerente do departamento de vendas para perguntar sobre seu trabalho.

O gerente, Vinicius Freitas, também veterano na OEC, conhecia Daniela.

— Sra. Daniela, por favor, sente-se.

— Não precisa. Estou aqui para trabalhar. Não vamos nos alongar em lembranças, apenas me diga o que fazer. — Respondeu Daniela.

Vinicius hesitou um pouco. Após refletir, decidiu ser honesto:

— Sra. Daniela, o departamento de vendas já passou por uma grande mudança. Além de mim, ninguém sabe que você é a esposa do Sr. José. Na minha opinião, é melhor você não expor sua identidade.

— Isso é o mais certo a fazer. — Daniela concordou animadamente.

Vinicius respirou aliviado e continuou:

— O trabalho no departamento de vendas não é tão simples como a Sra. Daniela imagina. Eu espero que você se integre aos demais e trabalhe duro conosco para alcançar grandes conquistas. Acabei de conversar com a gerente Luiza Barreto, e você deve começar a trabalhar com ela.

— Então eu vou agora. — Disse Daniela.

Vinicius acompanhou Daniela até a porta.

Assim que fechou a porta, recebeu a ligação do José.

— Como está?

Vinicius apressou-se a dizer:

— A Sra. Daniela acabou de sair, Sr. José. Eu a deixei sob os cuidados da nossa famosa "mestre da extinção". Ela não sabe quem é a Sra. Daniela e a tratará com a mesma rigidez que um funcionário qualquer. Acredito que, em dois dias, a Sra. Daniela pedirá demissão por conta própria.

— Muito bem. Se Daniela desistir sozinha, eu não vou deixar você sem recompensa. — José elogiou em voz baixa.

Vinicius exclamou, bajulando:

— É uma honra ajudar o Sr. José.

José encerrou a ligação.

Vinicius sorriu com desdém.

De que adiantou ter amado tanto no passado?

Agora, não estavam vivendo em mundos diferentes, mesmo compartilhando a mesma cama?

Vinicius balançou a cabeça.

Após deixar o escritório de Vinicius, Daniela seguiu até o escritório de Luiza, seguindo o cartão de visita na porta.

Daniela bateu na porta e, ao ouvir um “pode entrar”, empurrou a porta e entrou.

Luiza olhou para Daniela, fixando o olhar em seu rosto deslumbrante por um bom tempo, e perguntou em voz baixa:

— Você é a Daniela, certo?

— Sim, diretora Luiza. Espero contar com sua orientação daqui para frente. — Respondeu Daniela.

Luiza, com uma voz formal e fria, respondeu rapidamente:

— Você é bem bonita. Para ser sincera, isso pode te ajudar nas vendas, mas não vou te tratar de forma diferente por causa disso. No departamento de vendas, o desempenho sempre é prioridade. Aqui está um documento da Empresa UFC. Quero que, antes das cinco e meia da tarde, você organize as propostas de colaboração da UFC dos últimos cinco anos e me entregue.

Daniela pegou o documento e respondeu com entusiasmo:

— Tudo bem.

Ela começou a trabalhar arduamente.

No amor e na carreira, não se pode ter tudo ao mesmo tempo.

Ao lado da estação de trabalho de Daniela, havia uma jovem chamada Melissa Garcia, uma recém-formada que acabara de ser efetivada. Assim que Daniela chegou, Melissa lhe presenteou com um conjunto de quatro peças de um pequeno deus da riqueza de acrílico.

— Deus da riqueza! É bom rezar de vez em quando, a sorte financeira virá naturalmente.”

— Obrigada.

— Você é tão bonita! Quantos anos você tem?

— Vinte e quatro.

— Eu tenho vinte e dois. Você se chama Daniela, eu vou te chamar de Dani, e você pode me chamar de Melissa.

— Certo!

— Dani, você acabou de chegar. Não hesite em me perguntar se tiver dúvidas. Embora eu também possa não saber, já estou aqui há mais tempo e conheço muitas pessoas. Posso perguntar para você.

— Obrigada.

Melissa era muito boa em aproveitar o tempo, fazendo isso sem ser percebida.

Ela até tentou puxar Daniela para a mesma, mas Daniela recusou educadamente.

Faltavam apenas dez minutos para o fim do expediente.

Finalmente, Daniela se levantou de meio a uma pilha de documentos, massageou o pescoço e os ombros doloridos e levou os arquivos organizados para o escritório de Luiza.

Quando saiu, a maioria dos colegas já tinha ido embora, e Melissa chamou Daniela de forma amigável para que fossem juntas de metrô.

No entanto, assim que saíram do saguão do prédio, elas se depararam com José, que estava chegando de carro para pegar Giovana, que o aguardava na calçada.

Daniela se esquivou instintivamente.

Afinal, ainda não era a hora de romper com José. Ela conhecia pouco sobre a empresa e precisava evitar que José transferisse os ativos antecipadamente.

Assim que o carro da Mercedes se afastou, Melissa suspirou:

— Estou tão invejosa, Dani! Você sabia? Aquela mulher de seios grandes que acabou de passar é a secretária do Sr. José, mas na verdade ela é a mulher dele.

— Secretária?

Daniela franziu a testa, nem sabia que Giovana estava trabalhando na OEC!

Melissa confirmou com a cabeça e começou a fofocar sobre sua chefe:

— Da última vez, eu acidentalmente os encontrei se beijando no escritório. Era um beijo bem intenso, parecia que, se eu não tivesse ido entregar o relatório mensal, eles teriam se jogado um no outro ali mesmo.

A jovem era corajosa, com uma personalidade franca, falava o que pensava, sem se importar em esconder nada.

Nem mesmo tinha vergonha.

Daniela sentiu uma dor aguda no coração, como se uma onda de amargura a envolvesse.

Ela nunca havia imaginado que o amor que a acompanhou durante toda a sua juventude terminaria de uma maneira tão humilhante.

Ela se tornou uma piada.

Na Mansão Imperial, apartamento grande.

Daniela chegou em casa.

Pensou que naquela noite José e Giovana estivessem saindo novamente, mas, para sua surpresa, ele estava em casa.

— Querida, já são seis e cinquenta. Hoje é nosso primeiro dia de casados, e a casa está fria e sem comida. Nós nem conseguimos comer uma refeição quente. Você realmente está disposta a continuar assim? — Suspirou José.

Enquanto trocava de sapatos, Daniela respondeu:

— Não sou uma empregada para cozinhar. Se você quer comida quente, podemos contratar uma babá.

José se aproximou e a abraçou, sua voz se tornando suave:

— Querida, eu só quero comer a comida que você mesma faz.

Daniela se desvencilhou do abraço e foi até a cozinha pegar um copo de água.

— José, nenhuma mulher gosta de passar a vida inteira em volta do fogão, se sujando com fumaça de óleo. Antes, quando eu passava horas fazendo uma refeição para você, era só porque eu gostava de você.

José ficou surpreso e deu uma risada.

— Querida, olha o que você está dizendo. Você não gosta mais de mim agora?

— E você ainda gosta de mim? — Respondeu Daniela.

José riu e balançou a cabeça.

— Dani, o que está acontecendo com você? Desde ontem, você está estranha. É claro que eu gosto de você, você é a mulher que eu mais amo nesta vida. Peço desculpas por ter te deixado esta manhã. A Giovana está passando por um momento difícil antes do divórcio, e aquele ex-marido dela é um idiota que não a deixa em paz. Nós crescemos juntos, e eu não posso simplesmente ficar de braços cruzados enquanto ela é maltratada.

Daniela soltou uma risada sarcástica.

— José, você já teve relações com a Giovana?
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