Capítulo 0005
José negou com firmeza:

— Claro que não, eu e Giovana somos completamente inocentes. Somos apenas amigos de infância.

Daniela questionou em um tom suave:

— Se vocês são tão inocentes, por que você escondeu que ela entrou na OEC?

José ficou em silêncio por um momento, caminhando até o sofá.

Sentou-se ao lado de Daniela, passando o braço pela cintura dela, sentindo sua suavidade e delicadeza, como se mal pudesse segurá-la:

— Eu só não queria que você pensasse demais.

Daniela olhou nos olhos dele, percebendo uma pitada de culpa:

— Se você não quer que eu pense demais, deveria me contar essas coisas abertamente. Sua sinceridade é o que me dá segurança.

José franziu as sobrancelhas e disse:

— Daniela, a Giovana está passando por um momento muito difícil agora. Naquela época...

Daniela se levantou rapidamente, interrompendo José antes que ele pudesse continuar:

— Não fale mais sobre isso, eu não quero ouvir essas histórias antigas que não têm nada a ver comigo.

Dizendo isso, ela voltou para o quarto.

Não demorou para que um som estrondoso de uma porta sendo batida ecoasse, fazendo até o quadro da foto de casamento pendurado na cabeceira da cama tremer.

Daniela fechou os olhos, limpando a umidade dos cantos.

Respirou fundo, pegou o celular, encontrou um número e ligou:

— É o detetive Ivan? Gostaria de contratar seus serviços para encontrar provas de que meu marido está me traindo...

Logo após encerrar a ligação com o detetive Ivan, Daniela recebeu uma ligação de Luiza.

O tom de Luiza era urgente, mas suas palavras eram claras e objetivas:

— De acordo com o padrão, no seu primeiro dia de trabalho não deveríamos te passar tarefas muito pesadas. Mas o diretor Vinicius acabou de nos impor o prazo de dois projetos, e eu estou em uma negociação com o pessoal da UFC. Quero que você e Melissa vão até lá. O contrato já está fechado, vocês só precisam fazer uma visita de cortesia, agradar o cliente e conseguir a assinatura.

Daniela concordou imediatamente:

— Entendido, diretora Luiza.

Em seguida, ela entrou em contato com Melissa.

No meio dos inflamados protestos de Melissa contra os capitalistas, as duas se encontraram na entrada do clube.

Apesar das reclamações, Melissa também sabia ser profissional.

Assim que entraram na sala reservada, ela deixou de lado a postura hostil e assumiu uma expressão simpática.

Com um sorriso educado no rosto angelical, ela e Daniela entraram juntas, uma atrás da outra.

No ambiente, alguns empresários estavam acompanhados de garotas de relações públicas, todas vestidas de maneira provocante.

Daniela semicerrava os olhos.

Quando os empresários notaram a chegada das duas jovens, a surpresa foi evidente. A mais alta era incrivelmente deslumbrante, mas até a mais baixa parecia muito mais pura que as mulheres ao lado deles, provocando sorrisos imediatos nos rostos dos homens.

De repente, as acompanhantes que estavam em seus colos já não pareciam tão atraentes.

“Esse Vinicius realmente sabe agradar!”, pensaram.

Daniela colocou o contrato e o planejamento sobre a mesa:

— Sr. Raul, Sr. Pedro, aqui estão os planejamentos finais do contrato. Se estiver tudo em ordem, poderíamos assinar ainda hoje?

Raul Sandro pegou os dois planos que estavam sobre a mesa e os jogou de lado sem cerimônia. Seus olhos fixaram-se intensamente em Daniela, com um olhar lascivo que tornava o ambiente desconfortável:

— O contrato? Isso é fácil. Se eu ficar satisfeito, assino na hora. Vamos tomar uns drinques primeiro, fortalecer nossa relação. Teremos muitas oportunidades de trabalhar juntos, e qualquer projeto que eu liberar vai fazer vocês ganharem tanto que ficarão exaustas de tanto contar o dinheiro.

Daniela forçou um sorriso, sem demonstrar muita simpatia:

— Sr. Raul, eu realmente não sei beber. Mas, já que o senhor é tão generoso, permito-me brindar com suco em vez de álcool.

O sorriso no rosto de Raul desapareceu instantaneamente. Ele começou a bater os dedos no vidro da mesa, com um tom de ironia:

— Então... Não vai dar o respeito por mim?

Daniela e Melissa trocaram um olhar silencioso...

José estava deitado em uma chaise longue, com a cabeça apoiada no colo de mulher. Giovana o alimentava com uvas, dizendo:

— Fica tranquilo, já falei com o diretor Vinicius. Pedi apenas para o Sr. Raul e os outros darem um susto na sua esposa. Ela vai perceber que os caras com quem se lida em uma mesa de negócios são todos uns cretinos. Com certeza, ela vai desistir sozinha, vai pedir demissão e nunca mais vai querer voltar para a empresa.

José engoliu a uva e mordeu levemente a ponta dos dedos de Giovana.

— Hum. — Parece que a mordida a fez cócegas. Giovana riu, com uma voz manhosa. — Ah, que chato você é, por que está me mordendo? José, você realmente trata bem sua esposa. Se um homem fosse tão dominador e generoso comigo assim, eu não teria vontade de trabalhar. Eu ficaria em casa cuidando bem dele todos os dias. Sua esposa tem tanta sorte e não sabe aproveitar; vai culpar quem? É tudo culpa sua por mimá-la tanto!

Os longos cílios de José tremeram levemente:

— Eu mimei ela?

Giovana concordou lentamente:

— Quem mais poderia ser? Você a trata como se fosse de cristal, com medo que ela se quebre. Praticamente só falta dar sua vida por ela. José, você sempre se coloca em segundo plano. Com o tempo, as pessoas começam a achar que isso é normal.

Um brilho sombrio passou pelos olhos de José.

Será que era isso?

Ele não tinha certeza.

Ele se lembrava de quando se apaixonou pela primeira vez. A pessoa por quem se encantou foi Daniela, e por ela fez tudo o que achava possível.

Desde o início, ele já havia se colocado em uma posição inferior.

E foi por isso que Daniela se aproveitou de seu afeto e se tornou arrogante.

Qual esposa, na noite de núpcias, se recusaria a ser tocada pelo marido?

Ao pensar na noite passada...

José sentiu um certo ressentimento, além de um toque de irritação.

Ele puxou Giovana para mais perto.

Naquele momento, experimentou um prazer que só um homem poderia sentir.

Algo que o amor platônico nunca pôde oferecer a ele.

Mas, no fim das contas, que diferença isso fazia?

Ele estava apenas em busca de prazer.

Era como beber, fumar, jogar bilhar ou golfe, apenas um passatempo para seu próprio deleite. Enquanto não se apaixonasse por outra pessoa, não poderia ser considerado traição.

Do começo ao fim, o único amor de sua vida era Daniela.

Sempre foi só ela.

No clube, Melissa levantou o copo e disse:

— Sr. Raul, minha amiga realmente não pode beber. Eu vou brindar em nome dela, e espero que o senhor possa entender e relevar.

Ela tomou tudo de uma só vez, até se engasgando, deixando seu rosto vermelho. Virando o copo de cabeça para baixo, ela mostrou:

— Sr. Raul, não sobrou uma gota. Agora, que tal discutirmos o contrato? Mantivemos o conceito da última versão, com foco na sustentabilidade e apoiado em big data...

O Sr. Raul riu e disse:

— Não ouvi direito. Chega mais perto pra me explicar.

Melissa se aproximou um pouco:

— Com base em big data, nós...

De repente, o Sr. Raul levantou a mão e agarrou o braço de Melissa. Com um puxão forte, a menina magra foi arrastada para o colo dele:

— Você cheira tão bem, deixa eu ver se o cheiro vem de dentro também?

Com seu hálito desagradável, ele tentou enfiar o rosto no pescoço de Melissa.

O rosto dela ficou pálido, e pela primeira vez, se viu vítima de assédio no ambiente de trabalho, completamente perdida:

— Me solta, seu desgraçado!

O Sr. Raul tentou rasgar a gola da blusa de Melissa.

Daniela imediatamente se levantou, pegou uma garrafa da mesa e disse:

— Sr. Raul, solte-a agora.

Os outros empresários presentes olharam para Daniela, sorrindo de forma maliciosa e cheia de segundas intenções:

— Essa tem um temperamento forte, que tal se a gente se juntar?

Daniela lançou a eles um olhar frio.

Em um movimento rápido, ergueu a mão e desferiu um golpe certeiro.

A garrafa quebrou sobre a cabeça do Sr. Raul.

O sangue espirrou no ar, respingando no rosto pálido de Daniela, como pequenas flores vermelhas desabrochando em um campo coberto de neve branca.

Daniela puxou Melissa para cima, ainda segurando o cabo da garrafa quebrada, cujos cacos brilhavam ameaçadoramente:

— Saíam, saiam daqui! — Ela gritou, brandindo a garrafa.

Os empresários mais velhos recuaram dois passos, intimidados.

Aproveitando o momento, Daniela agarrou Melissa e as duas saíram correndo. Enquanto isso, Sr. Raul, com a mão pressionando a testa ensanguentada, gritou furioso:

— Vão atrás delas, agora! Eu vou acabar com essas duas hoje, que se dane!
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