Capítulo 0006
Daniela puxou Melissa para fora.

No entanto, logo se depararam com os seguranças do Raul, que as interceptaram. Melissa empurrou Daniela:

— Não podemos acabar aqui! Vou distraí-los, você precisa ir chamar ajuda!

Daniela sabia que aquele não era o momento de ser teimosa.

Ela decidiu buscar socorro, talvez ainda houvesse uma chance.

Se ficasse, ambas estariam perdidas.

Daniela olhou para Melissa com profundidade, seus olhos transbordando sinceridade e determinação.

Elas só tinham se conhecido por um dia, mas Melissa confiava, inexplicavelmente, que Daniela a salvaria.

Daniela levantou o pé, prestes a correr, quando o Sr. Raul a agarrou pelos cabelos que vinham logo atrás.

O puxão fez com que uma dor intensa se espalhasse pelo couro cabeludo, e lágrimas escorregaram involuntariamente de seus olhos.

O Sr. Raul xingava, misturando insultos sobre seus pais e partes íntimas, enquanto a empurrava contra a grade.

Seus olhos eram lascivos, avaliando a curva considerável que se formava em seu peito.

O olhar era tão explícito que quase parecia despir Daniela com os olhos.

Ela se agachou, e o movimento fez com que o Sr. Raul sentisse dor.

Furioso, ele desferiu um tapa forte em Daniela.

Em seguida, ele olhou para os seguranças ao redor. Quatro homens altos e robustos correram, prensando Daniela contra a grade.

Ela ficou em uma posição vulnerável, como se estivesse à mercê deles.

O Sr. Raul arrancou a gravata:

— Porra! Você não quis levar em consideração o que eu disse, então hoje eu vou acabar com você aqui.

O corredor estava cheio de pessoas passando.

A situação era como uma cena de um filme de máfia, ninguém se atrevia a se aproximar, com medo de se envolver em problemas.

O Sr. Raul, cada vez mais descontrolado, estendeu a mão para puxar a calça de Daniela. Quando a tocou na cintura, Daniela sentiu seu corpo todo estremecer.

Ela mordeu o lábio e, ao olhar ao redor, percebeu que estava no segundo andar, se pulasse, não morreria.

Daniela fechou os olhos e se inclinou para trás com toda a força.

Os seguranças seguravam Daniela com força, mas, ao ver o Sr. Raul puxando suas roupas, acabaram relaxando a pressão.

Eles nunca imaginaram que Daniela tivesse coragem de saltar.

Com os olhos fechados e a cabeça inclinada para trás, ela abraçou a própria cabeça.

A dor que esperava não veio, em vez disso, caiu em um amplo abraço com o aroma de madeira de cedro.

Daniela, incrédula, levantou a cabeça e viu…

Roberto!

Roberto tinha uma expressão fria, e ao olhar para ela, seus olhos pararam por um momento em seu rosto inchado.

— Desça. — Disse ele.

Daniela despertou de seu transe.

Imediatamente se afastou dos braços de Roberto e implorou em um tom baixo:

— Tio... Você pode me ajudar? Minha amiga ainda está lá em cima.

Roberto afastou os braços.

Rubens percebeu claramente que seu comportamento estava estranho.

Provavelmente, ele havia machucado o braço ao tentar pegar a Sra. Daniela.

Ele não tinha percebido o que estava acontecendo.

Quando finalmente reconheceu o rosto da pessoa que caía como sendo o de Daniela, já era tarde demais.

Ele não esperava que o Sr. Roberto estendesse a mão.

O proprietário do clube ao lado estava tão assustado que suava frio nas costas:

— Sr. Roberto, você está bem?

Roberto falava em um tom baixo, sua voz soando rouca, perigosa e autoritária:

— O Sr. Rodrigo está administrando um clube ou uma casa de prostituição?

Ele não deixou espaço para a outra pessoa se defender.

Rodrigo Rosário, pálido como um pano, imediatamente chamou as pessoas ao seu redor para resgatar Melissa.

Os olhos de Daniela tremiam levemente.

Suas longas pestanas pareciam as asas de uma borboleta vibrando, bonitas e delicadas, e seu rosto pálido refletia o alívio de ter sobrevivido.

Ela olhou seriamente para o rosto encantador de Roberto:

— Obrigada, tio, por me ajudar.

— Que incômodo. — Roberto a olhou com desprezo e jogou o casaco para ela.

Daniela, envergonhada, ficou com o rosto vermelho ao olhar para o dano em seu peito. Cuidadosamente, colocou o casaco sobre si. Sua voz rouca tinha um toque de vulnerabilidade:

— Desculpe.

Roberto franziu a testa, a linha de seu queixo rígida e fria, e saiu em passos largos.

Melissa voltou em segurança para o lado de Daniela. A jovem estava realmente assustada, e sua maquiagem havia borrado com as lágrimas:

— Dani.

Daniela deu uma leve tapinha no ombro dela, como uma forma de consolo.

Melissa enxugou as lágrimas:

— O contrato está perdido.

Daniela apenas ficou em silêncio.

No dia seguinte, Raul e outros foram levados pelas autoridades devido a vários crimes, como sonegação fiscal, manipulação e falsificação de documentos.

Isso aliviou as consequências para Daniela e Melissa, que não conseguiram fechar o contrato.

Melissa confidenciou a Daniela:

— Eu passei a noite passada xingando aquele velho tarado. Não sei qual santo ouviu minhas reclamações, mas ele logo deu as caras. Acho que vou acender uma vela para ele.

Daniela sorriu levemente.

— O que aconteceu depois que você caiu ontem à noite? — Perguntou Melissa.

Daniela, é claro, não podia revelar sua identidade. Inventou uma desculpa:

— Eu acabei esbarrando no dono do clube, e ele, com medo de problemas, logo chamou as pessoas para te resgatar.

Melissa suspirou aliviada.

Quando estava prestes a falar novamente, o chamado de Luiza interrompeu-as.

Melissa fez uma careta e disse:

— Parece que vão nos colocar em apuros.

Daniela não disse nada.

As duas entraram no escritório, uma na frente da outra.

Luiza entregou a elas duas pastas, uma sobre o Grupo BF e outra sobre o Grupo HX. Olhando para as duas, Luiza franziu a testa e disse:

— Vamos deixar o que aconteceu na noite passada para trás. Vocês perderam um grande cliente e devem se redimir. Os dois casos mais importantes a seguir, vejam qual vocês querem assumir.

Daniela revisou os documentos.

Ela sabia que o responsável pelo Grupo BF era Roberto, enquanto o presidente do Grupo HX era Bruno Dantas.

Após pensar um pouco, ela disse, sem hesitação:

— Eu fico com o caso HX.

Luiza se apoiou na cadeira, reclinando-se levemente para trás, com as mãos cruzadas:

— O Sr. Bruno, do HX, é realmente mais charmoso e fácil de lidar do que o Sr. Roberto. Mas o Sr. Roberto é parente do Sr. José, então, de alguma forma, ele pode ser mais receptivo.

Daniela sorriu levemente e respondeu:

— Se o Sr. José descobrir que o projeto foi conquistado por favores, ele certamente não ficará feliz.

Anos atrás, os dois começaram a empreender juntos.

O fundo inicial era quase todo emprestado.

José sempre quis provar seu valor porque foi zombado devido à posição humilde de seu pai.

Luiza pareceu refletir sobre isso, concordando com a escolha de Daniela:

— Vocês vão em frente e façam planos. Se conseguirão ganhar uma posição no departamento de negócios depende deste projeto.

Daniela levou o projeto para casa e começou a trabalhar nele.

Às onze da noite, José chegou em casa embriagado:

— Amor? Dani? Daniela! — Ele empurrou a porta do escritório, cambaleando. — O que você está fazendo aqui? Eu bebi demais e não estou me sentindo bem. Você pode fazer um prato de macarrão para mim?

Daniela fechou o caderno e se levantou.

Quando passou na frente de José, que exalava o cheiro de álcool, ele agarrou o braço de Daniela e a forçou a se sentar em seu colo.

Ele apoiou o queixo no ombro de Daniela e, em um tom de voz manhoso, perguntou:

— Amor, o que está acontecendo com você? Você tem estado tão fria comigo ultimamente. Eu fiz algo que te deixou brava? Diga-me, eu prometo que vou mudar, tudo bem?

Ele olhou para baixo, exatamente como antes.

Mas, desta vez, era um erro de princípio, um erro que Daniela não podia tolerar.

Ela não sabia como lidar com José, diante da enorme fissura que se estendia entre os dois.

Dizer que não estava triste seria uma mentira.

Ela conhecia José há oito anos e o amava há seis.

Dos dezoito aos vinte e quatro anos, a melhor fase da vida de uma garota foi dedicada a amá-lo. Como poderia se libertar disso?

José continuou:

— A empresa está um pouco ocupada ultimamente. Assim que essa fase passar, vamos fazer a lua de mel. Ah, e amanhã vamos ao hospital ver minha mãe, e à noite jantaremos na casa da minha avó. Tudo bem? Por favor, não fique assim comigo, meu coração está doendo. Venha, toque aqui, toque…

Ele segurou a mão de Daniela e a pressionou contra seu peito.

Sob a palma da mão de Daniela, ela pôde sentir o forte batimento cardíaco dele.

— José, você está bêbado! Me solta! — Daniela franziu a testa, lutando.

Ele a segurou de lado, meio abraçado, pressionando Daniela contra o tatame e tentando beijar seus lábios.

Daniela rapidamente virou o rosto.

O beijo caiu em sua bochecha.

José não se importou; seu gemido tornou-se progressivamente sedutor e libertino:

— Querida, que tal compensarmos a noite de núpcias de hoje?

Ele deslizou uma mão pela barra do roupão de Daniela.
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