A cena era assustadora. O carro de Melissa estava estacionado, mas parecia que ela havia saído de repente, sem deixar pistas. As chaves, caídas no chão ao lado do veículo, eram o único sinal de que algo tinha acontecido. Mike e Afonso se entreolharam, ambos com uma sensação crescente de que não era uma simples perda ou abandono. O silêncio ao redor parecia abafado, como se o próprio lugar estivesse escondendo algo.— Ela não teria deixado as chaves no chão assim..., Mike murmurou, analisando as chaves. —Há algo errado.Afonso, mais calmo, se aproximou do carro e olhou para dentro. — Não há sinais de luta, não há marcas de pneus... Nada que indique que ela foi forçada a sair do carro. Mas o que aconteceu com ela?Afonso franziu a testa enquanto dava mais uma olhada no carro. Mike estava parado ao seu lado, observando com atenção cada detalhe, mas ainda parecia tão perdido quanto Afonso.— Talvez ela tenha saído por vontade própria — sugeriu Mike, sem grande convicção na voz. — Mas, ain
O som do telefone tocando trouxe Afonso de volta à realidade. Ele pegou o celular, já pressentindo quem estava do outro lado. A voz de Cloé não demorou a ecoar, gelada e cheia de poder, como se estivesse controlando cada movimento.— Afonso. — A voz dela soou calma, mas com um tom ameaçador, como se soubesse exatamente o efeito que causaria nele. — Fico feliz que tenha decidido me atender.Afonso engoliu em seco, sentindo a pressão aumentar a cada palavra. Ele não queria mostrar fraqueza, mas sua mente estava em turbilhão, pensando em Melissa, onde ela poderia estar, o que Cloé poderia estar fazendo com ela.— O que você quer, Cloé? — sua voz soou firme, mas ele sabia que não conseguia esconder o desespero que começava a tomar conta dele.Cloé soltou uma risadinha baixa e cruel.— Eu quero que você seja um bom menino e siga as instruções. Tenho um lugar onde você pode encontrar Melissa. Se você se apressar, ainda poderá salvá-la. Eu vou te mandar a localização em breve, mas ouça bem:
O carro parou com um leve arranco. Mike deu uma olhada rápida para o painel e desligou os faróis, deixando o ambiente mergulhado na escuridão. Afonso sentiu o peso de cada segundo se arrastando enquanto o carro permanecia parado no limite da estrada. Ele olhou para fora pela janela, os olhos fixos no local à frente. Nada parecia fora do lugar, mas algo no ar dizia a ele que a qualquer momento algo poderia acontecer. O silêncio era absoluto, apenas o som suave do motor desligado quebrava a quietude.Foi então que ele percebeu. Lá, nas sombras da noite, quase invisível entre as árvores e a vegetação rasteira, uma figura se movia com a leveza de quem já estava esperando. Afonso quase não acreditou no que estava vendo. Ele esfregou os olhos, apenas para ter certeza de que estava vendo corretamente.Lá estava Tomasi, tão discreto quanto uma sombra, se movendo silenciosamente como um espectro da noite. Sua presença era quase imperceptível, mas, de alguma forma, Afonso sabia que era ele. Ao
O som de um gemido ecoou pelo galpão vazio, baixo, quase como um suspiro perdido na escuridão. Afonso parou imediatamente, o coração batendo forte, a sensação de pavor tomando conta dele. Um frio percorreu sua espinha, e por um momento, o mundo ao seu redor pareceu desacelerar. Ele fechou os olhos por um instante, pedindo a Deus, em um suspiro silencioso, que não fosse Melissa.Mas, à medida que o som se repetia, uma parte de sua mente sabia que não havia mais tempo para dúvidas. Ele respirou fundo, forçando-se a agir, e caminhou rapidamente em direção ao fundo do galpão. O ar estava denso, a escuridão espessa, mas ele se manteve focado no único objetivo que importava naquele momento: Melissa.Então, seus olhos se ajustaram à penumbra e, à medida que avançava, uma silhueta familiar começou a tomar forma à sua frente. Lá, em um canto sombrio do galpão, estava ela. Melissa.A visão o fez parar no meio do caminho, e um nó se formou na garganta de Afonso. Ela estava caída no chão, com as
Afonso sentiu o peso das palavras de Cloé como um soco direto no peito. O veneno, a ameaça de que Melissa morreria em 24 horas, fazia seu coração acelerar a ponto de doer. O desespero se espalhou por seu corpo, e ele sentiu o mundo ao seu redor começar a desmoronar. A decisão parecia impossível, mas ele sabia que, no fundo, havia apenas uma escolha que poderia fazer.Ele olhou para Melissa, ainda fraca e semiconsciente, os olhos de Cloé fixos nele, esperando. Cada segundo parecia uma eternidade, e ele sentiu o calor de sua respiração apertada e pesada. O medo de perder Melissa era insuportável. A pressão da situação era esmagadora. Ele sabia que, se não tomasse uma atitude agora, poderia ser tarde demais. Mas a raiva e a impotência ainda queimavam em seu peito, e a ideia de ceder a Cloé o fazia sentir uma repulsa profunda.Mas, ao olhar para Melissa — pálida, débil e frágil — ele sentiu uma onda de tristeza e desespero que o fez tomar a decisão, talvez a mais difícil de sua vida.— Cl
Afonso fez uma última reverência a Melissa, tentando não mostrar o quão devastado estava por dentro. Ela estava ali, frágil e semiconsciente, mas ao menos havia uma chance, uma pequena esperança de que Cloé cumprisse sua parte. Mesmo que fosse difícil admitir, ele sabia que não tinha escolha. Ele precisava ganhar tempo. A vida de Melissa dependia disso.Com o coração apertado e a mente em conflito, Afonso deu um passo atrás e se afastou. Cloé, com seu sorriso arrogante e uma postura de quem já havia vencido, fez um gesto para ele segui-la. Seus capangas começaram a se mover, mantendo distância, mas claramente observando cada movimento dele.Afonso olhou para eles brevemente, depois fixou os olhos em Cloé. Ela caminhava à frente, sua postura arrogante e confiante, como se tivesse tudo sob controle. Mas ele sabia que não podia confiar nela. A decisão de seguir Cloé não vinha de um lugar de confiança, mas de uma necessidade desesperada de salvar Melissa. E isso o consumia.Eles caminhara
Tomasi segurou Melissa com cuidado nos braços, agora mais leve, pois o antídoto parecia estar começando a fazer efeito. A respiração dela estava mais estável, mas ele sabia que ela ainda estava frágil e que precisaria de cuidados médicos urgentes. Com um olhar rápido ao redor, ele sabia que o tempo estava se esgotando. Cloé ainda estava em movimento, e Afonso ainda estava sob sua manipulação. Ele não tinha muito tempo, mas Melissa era sua prioridade agora.Ele caminhou rapidamente para fora do galpão, seu coração acelerado não só pela tensão da situação, mas também pela urgência em garantir que Melissa fosse levada para segurança. Quando viu o carro de Mike estacionado, Tomasi acelerou o passo, fazendo o máximo para ser discreto. Mike estava pronto, aguardando com o motor ligado, a expressão grave no rosto. Ele sabia o que estava acontecendo, e o olhar preocupado que lançou a Tomasi indicava que ele estava ciente de que a situação ainda não estava resolvida.Tomasi entrou no carro e,
Cloé estava com a mente tranquila, acreditando que estava no controle da situação. Ela acelerou, dirigindo com confiança, enquanto o som do motor preenchia o silêncio ao seu redor. A estrada à sua frente era deserta, a escuridão da noite tornando tudo ao seu redor ainda mais isolado. Ela sabia exatamente onde estava indo — para o esconderijo seguro que havia preparado, longe de qualquer perigo, onde poderia finalmente manter Afonso seu prisioneiro.Mas, de repente, algo chamou sua atenção. Um carro. Ela percebeu pela retrovisor que estava sendo seguida. Um leve arrepio percorreu sua espinha. Ela não havia notado antes, mas agora parecia claro. Havia alguém atrás dela, a uma distância razoável, mas não o suficiente para ser ignorado.Cloé apertou o pé no acelerador, aumentando a velocidade. O carro que a seguia também acelerou, como se estivesse determinado a continuar a perseguição. Seu coração bateu mais forte, mas ela não se deixaria abalar tão facilmente. Cloé era inteligente, caut