O som de um gemido ecoou pelo galpão vazio, baixo, quase como um suspiro perdido na escuridão. Afonso parou imediatamente, o coração batendo forte, a sensação de pavor tomando conta dele. Um frio percorreu sua espinha, e por um momento, o mundo ao seu redor pareceu desacelerar. Ele fechou os olhos por um instante, pedindo a Deus, em um suspiro silencioso, que não fosse Melissa.Mas, à medida que o som se repetia, uma parte de sua mente sabia que não havia mais tempo para dúvidas. Ele respirou fundo, forçando-se a agir, e caminhou rapidamente em direção ao fundo do galpão. O ar estava denso, a escuridão espessa, mas ele se manteve focado no único objetivo que importava naquele momento: Melissa.Então, seus olhos se ajustaram à penumbra e, à medida que avançava, uma silhueta familiar começou a tomar forma à sua frente. Lá, em um canto sombrio do galpão, estava ela. Melissa.A visão o fez parar no meio do caminho, e um nó se formou na garganta de Afonso. Ela estava caída no chão, com as
Afonso sentiu o peso das palavras de Cloé como um soco direto no peito. O veneno, a ameaça de que Melissa morreria em 24 horas, fazia seu coração acelerar a ponto de doer. O desespero se espalhou por seu corpo, e ele sentiu o mundo ao seu redor começar a desmoronar. A decisão parecia impossível, mas ele sabia que, no fundo, havia apenas uma escolha que poderia fazer.Ele olhou para Melissa, ainda fraca e semiconsciente, os olhos de Cloé fixos nele, esperando. Cada segundo parecia uma eternidade, e ele sentiu o calor de sua respiração apertada e pesada. O medo de perder Melissa era insuportável. A pressão da situação era esmagadora. Ele sabia que, se não tomasse uma atitude agora, poderia ser tarde demais. Mas a raiva e a impotência ainda queimavam em seu peito, e a ideia de ceder a Cloé o fazia sentir uma repulsa profunda.Mas, ao olhar para Melissa — pálida, débil e frágil — ele sentiu uma onda de tristeza e desespero que o fez tomar a decisão, talvez a mais difícil de sua vida.— Cl
Afonso fez uma última reverência a Melissa, tentando não mostrar o quão devastado estava por dentro. Ela estava ali, frágil e semiconsciente, mas ao menos havia uma chance, uma pequena esperança de que Cloé cumprisse sua parte. Mesmo que fosse difícil admitir, ele sabia que não tinha escolha. Ele precisava ganhar tempo. A vida de Melissa dependia disso.Com o coração apertado e a mente em conflito, Afonso deu um passo atrás e se afastou. Cloé, com seu sorriso arrogante e uma postura de quem já havia vencido, fez um gesto para ele segui-la. Seus capangas começaram a se mover, mantendo distância, mas claramente observando cada movimento dele.Afonso olhou para eles brevemente, depois fixou os olhos em Cloé. Ela caminhava à frente, sua postura arrogante e confiante, como se tivesse tudo sob controle. Mas ele sabia que não podia confiar nela. A decisão de seguir Cloé não vinha de um lugar de confiança, mas de uma necessidade desesperada de salvar Melissa. E isso o consumia.Eles caminhara
Tomasi segurou Melissa com cuidado nos braços, agora mais leve, pois o antídoto parecia estar começando a fazer efeito. A respiração dela estava mais estável, mas ele sabia que ela ainda estava frágil e que precisaria de cuidados médicos urgentes. Com um olhar rápido ao redor, ele sabia que o tempo estava se esgotando. Cloé ainda estava em movimento, e Afonso ainda estava sob sua manipulação. Ele não tinha muito tempo, mas Melissa era sua prioridade agora.Ele caminhou rapidamente para fora do galpão, seu coração acelerado não só pela tensão da situação, mas também pela urgência em garantir que Melissa fosse levada para segurança. Quando viu o carro de Mike estacionado, Tomasi acelerou o passo, fazendo o máximo para ser discreto. Mike estava pronto, aguardando com o motor ligado, a expressão grave no rosto. Ele sabia o que estava acontecendo, e o olhar preocupado que lançou a Tomasi indicava que ele estava ciente de que a situação ainda não estava resolvida.Tomasi entrou no carro e,
Cloé estava com a mente tranquila, acreditando que estava no controle da situação. Ela acelerou, dirigindo com confiança, enquanto o som do motor preenchia o silêncio ao seu redor. A estrada à sua frente era deserta, a escuridão da noite tornando tudo ao seu redor ainda mais isolado. Ela sabia exatamente onde estava indo — para o esconderijo seguro que havia preparado, longe de qualquer perigo, onde poderia finalmente manter Afonso seu prisioneiro.Mas, de repente, algo chamou sua atenção. Um carro. Ela percebeu pela retrovisor que estava sendo seguida. Um leve arrepio percorreu sua espinha. Ela não havia notado antes, mas agora parecia claro. Havia alguém atrás dela, a uma distância razoável, mas não o suficiente para ser ignorado.Cloé apertou o pé no acelerador, aumentando a velocidade. O carro que a seguia também acelerou, como se estivesse determinado a continuar a perseguição. Seu coração bateu mais forte, mas ela não se deixaria abalar tão facilmente. Cloé era inteligente, caut
A estrada estava ficando mais apertada, as árvores se fechando cada vez mais, e ela sabia que estava se distanciando da rota que levaria ao seu esconderijo seguro. Mas, para Cloé, nada parecia mais importante do que se livrar de quem quer que a estivesse seguindo.Ela sentiu uma pontada de pânico. Estava ficando encurralada.Aquela estrada, que a princípio parecia ser uma boa ideia para escapar, agora parecia um labirinto. As árvores se fechavam ao redor dela, as curvas traiçoeiras tornavam a direção ainda mais arriscada. Ela sabia que não poderia continuar por ali por muito tempo. O carro de Tomasi estava se aproximando rapidamente, e ela, sem querer, estava indo para um terreno mais incerto.Ela precisava de uma solução. Precisava de uma distração. Algo para desviar a atenção, algo que a permitisse escapar. Mas, para isso, precisava pensar rápido. Ela não poderia mais correr riscos.Cloé levou a mão dentro de sua blusa e sacou uma arma, com o rosto contorcido pela raiva, ergueu a ar
Afonso sentiu uma onda de compreensão invadir sua mente, e foi como se uma chave fosse virada dentro dele. Ele sabia que a única maneira de escapar de Cloé, de virar o jogo a seu favor, era usar a manipulação dela contra ela mesma. Ela queria controle, queria poder sobre ele, mas ele sabia que se conseguisse se render de maneira convincente, ela acreditaria que estava ganhando. E isso, por mais contraditório que fosse, poderia ser a brecha que ele precisava.Ele inspirou fundo e, com um movimento lento e deliberado, abaixou a cabeça. As palavras que sairiam de sua boca precisavam ser calculadas, precisavam fazer Cloé acreditar que ele estava se entregando a ela, que ele finalmente aceitava o papel que ela o queria impor. Ele precisava dar a ela o que ela queria — mas apenas como uma estratégia, uma maneira de manipular a situação a seu favor.Com um sorriso sutil, quase imperceptível, Afonso olhou para Cloé. A tensão no ar ainda estava palpável, mas ele precisava dar um passo atrás pa
Afonso sentiu um alívio imediato quando viu que Cloé estava começando a baixar a guarda, seus olhos cheios de incerteza e emoção. Ele havia conseguido. Ela estava desarmada, vulnerável. A tensão que dominava o carro, o medo de ser descoberto, começava a se dissipar, e ele sentia que finalmente havia conquistado o controle da situação. Ou pelo menos, isso era o que ele queria acreditar.Mas, no instante seguinte, algo aconteceu que cortou esse alívio como uma faca afiada.Cloé, com a expressão ainda tensa, olhou para o espelho retrovisor. Seus olhos se estreitaram, e a expressão em seu rosto se transformou, como se algo dentro dela tivesse mudado. Ela viu o carro de Tomasi. O mesmo carro que a seguia, ainda à distância, mas claramente em movimento, confirmando que ele não havia parado, como ela pensava.A mudança foi instantânea. A raiva tomou conta dela de maneira avassaladora, visível nas veias que pulsavam no pescoço e nas mãos que se cerraram em punhos. Seus olhos, antes marejados