Mike a observava, uma expressão de dor e cansaço no rosto. Ele sabia que a explicação de Melissa não poderia apagar o que aconteceu, mas ele também sabia que ela estava tentando ser honesta.Os olhos de Mike estavam fixos nos de Melissa— Você me abandonou no altar, Melissa. Não foi só uma fuga qualquer. Eu estava lá, esperando por uma vida ao seu lado, e você simplesmente virou as costas. Isso não é algo fácil de lidar. E, sinceramente, não sei se posso esquecer isso.Melissa sentiu o peso daquelas palavras. A dor no rosto de Mike era visível, e ela sabia que, de alguma forma, aquele momento ainda era um reflexo do que havia acontecido entre eles. Mas ela não podia negar o que ele estava sentindo.— Eu entendo a dor que você está sentindo. Não tenho o direito de pedir perdão, mas quero que você saiba que... Melissa suspirou, tentando encontrar as palavras certas... — Eu nunca quis te magoar. Eu estava perdida, e não sabia como lidar com os meus próprios sentimentos. Eu te amava, Mike
Melissa sentia o peso da decisão em seu peito, como se cada passo fosse mais difícil do que o anterior. Ao sair do café e caminhar em direção ao seu carro, seu pensamento estava em Afonso e nos próximos passos que teria que dar para resolver o mistério de sua perda de memória. No entanto, uma sensação desconfortável começou a crescer dentro dela, como se estivesse sendo observada. Seus olhos se moviam de um lado para o outro, tentando identificar qualquer pessoa suspeita, mas as ruas estavam vazias. A sensação não a abandonava, e o pânico começou a crescer dentro dela.Ela acelerou o passo, o som de seus próprios passos ecoando na calçada, mas a sensação de estar sendo seguida não a deixou. Ela olhou para trás de novo, e dessa vez, viu uma sombra rápida se movendo. Seu coração disparou, e ela não hesitou. Correndo, Melissa tentou chegar rapidamente ao carro, suas mãos tremendo enquanto procurava a chave na bolsa.Quando ela alcançou a porta do carro, sentiu uma pressão em seu ombro, e
O choque nas palavras de Cloé fez com que um medo profundo tomasse conta de Melissa. Ela tentava juntar suas forças, mas sabia que estava à mercê de uma mulher que conhecia todos os seus pontos fracos, que sabia onde apertar para fazer tudo desmoronar.Enquanto Cloé falava, o homem que a acompanhava permaneceu em silêncio, observando a cena com uma calma inquietante. Melissa não conseguia entender quem era ele, mas sabia que estava ali para garantir que nada saísse do controle. Eles haviam planejado tudo, e Melissa estava agora no centro desse jogo perigoso, com Cloé como sua controladora.A sensação de impotência era esmagadora, e a única coisa que restava a Melissa era a luta interna para se manter consciente, para encontrar uma brecha, qualquer oportunidade de escapar dessa situação antes que fosse tarde demais. Ela não sabia como, mas não poderia ceder. Não agora. Cloé poderia ser uma psicopata, mas Melissa era forte, e enquanto houvesse uma centelha de esperança, ela lutaria.A t
Afonso não conseguia mais ficar parado. O peso da incerteza o consumia, e ele sabia que precisava agir rápido. Melissa estava desaparecida, e a angústia em seu peito aumentava a cada minuto. Com a mente tomada pela necessidade de encontrar uma solução, ele decidiu que a única coisa a fazer era procurar ajuda.Com os nervos à flor da pele, ele saiu de casa decidido e se dirigiu até a delegacia. A cidade estava quieta, as ruas desertas e escuras, como se o mundo inteiro estivesse assistindo sua aflição. Quando finalmente chegou ao prédio, ele quase correu até a recepção, o peso da preocupação estampado no rosto.— Eu preciso registrar uma ocorrência. Minha esposa desapareceu. — Sua voz estava rouca, tensa. Ele tentou não demonstrar o pânico, mas não conseguiu esconder a gravidade da situação.O policial na recepção olhou para ele por um momento, parecendo fazer uma avaliação rápida. Depois, suspirou e se inclinou um pouco para frente, ajustando os óculos.— A senhora desaparecida está f
Afonso estava praticamente desmoronando na cadeira do carro quando o telefone tocou. A luz da tela brilhou na escuridão, e o nome de Melissa apareceu. Aquele nome foi como um farol na escuridão, uma luz de esperança que instantaneamente fez seu coração disparar. Ele apertou o botão para atender, com a respiração entrecortada, mal acreditando no que estava acontecendo.— Melissa! — Ele disse, a voz trêmula e ansiosa. — Finalmente, você me ligou, eu estava te procurando em todo lugar! Onde você está? Está tudo bem?Mas antes que ele pudesse continuar, uma risada fria e maquiavélica interrompeu suas palavras. Era uma risada que ele jamais esqueceria, uma risada carregada de malícia. Afonso ficou em silêncio, seu corpo paralisado de medo. O som ecoava pelo telefone, cruel e ameaçador, e ele soube instantaneamente quem era.— Ah, Afonso, sempre tão ansioso... — A voz de Cloé soou do outro lado da linha, sua tonalidade suave e venenosa. — Finalmente você percebeu, não é?O sangue de Afonso
A cena era assustadora. O carro de Melissa estava estacionado, mas parecia que ela havia saído de repente, sem deixar pistas. As chaves, caídas no chão ao lado do veículo, eram o único sinal de que algo tinha acontecido. Mike e Afonso se entreolharam, ambos com uma sensação crescente de que não era uma simples perda ou abandono. O silêncio ao redor parecia abafado, como se o próprio lugar estivesse escondendo algo.— Ela não teria deixado as chaves no chão assim..., Mike murmurou, analisando as chaves. —Há algo errado.Afonso, mais calmo, se aproximou do carro e olhou para dentro. — Não há sinais de luta, não há marcas de pneus... Nada que indique que ela foi forçada a sair do carro. Mas o que aconteceu com ela?Afonso franziu a testa enquanto dava mais uma olhada no carro. Mike estava parado ao seu lado, observando com atenção cada detalhe, mas ainda parecia tão perdido quanto Afonso.— Talvez ela tenha saído por vontade própria — sugeriu Mike, sem grande convicção na voz. — Mas, ain
O som do telefone tocando trouxe Afonso de volta à realidade. Ele pegou o celular, já pressentindo quem estava do outro lado. A voz de Cloé não demorou a ecoar, gelada e cheia de poder, como se estivesse controlando cada movimento.— Afonso. — A voz dela soou calma, mas com um tom ameaçador, como se soubesse exatamente o efeito que causaria nele. — Fico feliz que tenha decidido me atender.Afonso engoliu em seco, sentindo a pressão aumentar a cada palavra. Ele não queria mostrar fraqueza, mas sua mente estava em turbilhão, pensando em Melissa, onde ela poderia estar, o que Cloé poderia estar fazendo com ela.— O que você quer, Cloé? — sua voz soou firme, mas ele sabia que não conseguia esconder o desespero que começava a tomar conta dele.Cloé soltou uma risadinha baixa e cruel.— Eu quero que você seja um bom menino e siga as instruções. Tenho um lugar onde você pode encontrar Melissa. Se você se apressar, ainda poderá salvá-la. Eu vou te mandar a localização em breve, mas ouça bem:
O carro parou com um leve arranco. Mike deu uma olhada rápida para o painel e desligou os faróis, deixando o ambiente mergulhado na escuridão. Afonso sentiu o peso de cada segundo se arrastando enquanto o carro permanecia parado no limite da estrada. Ele olhou para fora pela janela, os olhos fixos no local à frente. Nada parecia fora do lugar, mas algo no ar dizia a ele que a qualquer momento algo poderia acontecer. O silêncio era absoluto, apenas o som suave do motor desligado quebrava a quietude.Foi então que ele percebeu. Lá, nas sombras da noite, quase invisível entre as árvores e a vegetação rasteira, uma figura se movia com a leveza de quem já estava esperando. Afonso quase não acreditou no que estava vendo. Ele esfregou os olhos, apenas para ter certeza de que estava vendo corretamente.Lá estava Tomasi, tão discreto quanto uma sombra, se movendo silenciosamente como um espectro da noite. Sua presença era quase imperceptível, mas, de alguma forma, Afonso sabia que era ele. Ao