" Eu não aceito dinheiro , somente você."
Catherine ficou confusa por um instante , talvez até tenha entendido errado .
— O quê ? Eu …como assim ? — perguntou ela perdida.Queria formular uma frase coerente , porém o medo a fez travar .
— O que raios aquele homem queria com ela afinal?
Jaewon olhava atento para ela , a expressão de confusão lhe fez dar uma curta risada .
Ele devagar deu a volta na mesa pondo a arma sobre ela e sentando -se em sua cadeira .
— Levem ele daqui .—ordenou
— Por favor , espere! — Catherine falou agarrando o terno do irmão .
— Ora , deixe dessa choradeira eu apenas quero conversar com você a sós . Agora levem ele daqui. — Seu tom de voz mudou de sarcasmo para firme em segundos .
Catherine ainda estava de joelhos no chão chorando quando a porta foi fechada. Não podia acreditar que tal coisa pudesse estar acontecendo. Sua vida havia se tornado um buraco sem fundo de problemas , e agora isso?
— Venha , sente -se na cadeira por favor—Uma voz suave a tirou de seu torpor , olhou para cima vendo uma mão estendida para si e olhos gentis .— Por favor .— Pediu Mi-Jun.
Ela pegou sua mão e levantou sentando-se na cadeira em frente a mesa do homem que a encarava , ela podia sentir o olhar dele sobre ela como se estivesse a averiguando com cuidado . Catherine sentiu-se um tanto desconfortável.
— Saia você também, Mi-Jun.— Disse Jaewon apontando a porta.
— Jaewon …— Falou Mi-Jun implorando com o olhar .
— Saia ,por favor . Eu preciso falar com ela a sós .
Catherine olhou para o homem ao seu lado que sorriu para ela antes de sair . A porta novamente fez o ' click ' quando fechou e agora estava sozinha com Jaewon . Ela não o via há tanto tempo , ele era tão diferente do menino raquítico de óculos que ela costumava brincar na infância .
— Olhe para mim , gosto de pessoas educadas .— Disse em seu tom casualmente áspero.
Catherine passou o dorso da mão em suas lágrimas que insistiam em cair .
— Por que está chorando ? Alguém por acaso aqui lhe fez algum mal ?— a pergunta dele soou tão sarcástica quanto maldosa .
— Ameaçou matar meu irmão bem na minha frente e ainda me pergunta isso?—Ela disse e o olhou firme e Jaewon pela primeira vez encarava o olhar sobre o dele,penetrante e desafiador.
“ Olhos azuis como um céu no verão”
Pensou ele ao encarar as orbes azuis molhadas por lágrimas.
—Bom, desculpe se a assustei . Mas tempos críticos exigem medidas drásticas e para ser bem sincero eu não curto muito matar pessoas. Mas novamente digo que não posso deixar passar batido uma dessas coisas dentro de um dos meus cassinos e ainda mais entre meus funcionários.
Catherine ficou surpresa ao saber que o irmão trabalhava para ele ,mas deteve a questão por hora.
— Então , diga quanto é a m*****a dívida e eu pago .— Disse ela .
Ahh ! Ele estava adorando esse lado corajoso dela .
— Já disse , o preço é você. — Ele disse vendo a postura dela novamente baixar ,a confusão não estava mais ali e sim o medo .
— Eu …eu não entendi aonde quer chegar.
— Pois eu vou lhe explicar .Eu perdoo a dívida do seu irmão , a ousadia dele de me roubar e ainda de brinde ele fica com o cérebro intacto e você casa comigo .
“Casar ?
Ela realmente estava ouvindo certo?”
— Eu não vou me casar com você. — Ela disse apertando a bolsa no colo.
Ainda que sua voz estivesse firme , seu corpo estava rígido com o impacto que aquelas palavras causaram . O homem ali em sua frente , um velho amigo de infância agora um mafioso , estava a pedindo em casamento. Não , ele não estava pedindo . Ele estava dizendo o que queria ,mas por quê? Porquê justamente logo ela.
Jaewon riu , gargalhou como se ela tivesse contado uma piada . Mas por ironia aquela situação era uma piada infame e amarga do destino.
— Aí , Catherine não me lembrava de você assim tão engraçada. Veja só …— Ele abriu uma caixinha que estava ao lado do telefone e tirou de lá um charuto pondo na boca. — Eu realmente não estou pedindo sua aprovação ou isso sequer é um pedido formal . — acendeu um e soltou a fumaça para cima no ar .
— Seja lá como for , eu não vou me casar com um homem que mal conheço ainda mais um do seu tipo.— Catherine cuspiu as palavras .
Jaewon levantou-se devagar , deu a volta na mesa e ficou atrás da cadeira de Catherine que subitamente sentiu um frio na barriga . Ele em um único movimento girou a cadeira e pós seus braços no encosto , abaixando o corpo ficando cara a cara com ela que estava petrificada de medo em seu lugar. Jaewon tirou o charuto da boca e soprou a fumaça no rosto dela que fechou os olhos.
— Vou ser um pouco mais claro com você, lindeza . Ou você casa comigo ou seu irmão vai visitar Hades no inferno.
Catherine engoliu em seco sentindo o nó se formar em sua garganta . Ela abriu os olhos e deu de cara com a face do homem ainda perto da sua , tão perto que a respiração dele batia contra a dela . Jaewon era um homem alto e corpulento , analisou a face por instante vendo o quão bonito ele realmente era , o braço esquerdo repleto de tatuagens e as mãos grandes que seguravam os lados da cadeira.
— Ok…— Disse por fim, baixando o olhar.
— Muito bem , é uma mulher inteligente .— Ele disse e saiu de perto dela indo até sua mesa pegando o celular .
— Agora pode ir .
— Onde está meu irmão ?— Ela levantou-se sentindo um aperto no peito e desespero.
— Em um lugar seguro. — Ele respondeu dando um meio sorriso para ela .
— Mas … eu achei que …
— Achou errado. Ele fica até o casamento acontecer e depois eu vou resolver o que faço. Agora vá para sua casa, eu entro em contato.
Ela sentiu as lágrimas insistentes ardendo nos olhos e virou-se para sair .
— Espere vou pedir para meu motorista a levar.
— Não precisa eu sei muito bem como ir sozinha.
— A partir de hoje minha noiva não anda sozinha por aí . — Ele levantou o dedo indicador para ela . — Por favor Do-yun, leve a senhorita Prescott para a sua casa.—Desligou o celular ainda a olhando.
— Não precisa chorar, não é como se estivesse indo para a forca .— Disse ele
— Casar sem amor é pior que isso.— Ela o olhou .— É uma prisão sem grades .
Houve uma batida na porta e essa foi aberta.
— Com licença , senhor.
— A leve até em casa como já lhe disse.
— Por favor , senhorita. — O segurança e motorista a estendeu a mão para que passasse.
— Tenha bons sonhos , Catarina.— Disse Jaewon com um aceno.
— Boa noite, senhor .— o motorista falou ao sair atrás de Catarina.
Jaewon se jogou em sua cadeira quando a porta foi fechada .
“ Casar sem amor …”
As palavras de Catherine ficaram ecoando em sua cabeça . Mas o que ele tinha a perder?
Eram apenas negócios afinal. Pegou o telefone .
— Mi-Jun, prepare tudo para o casamento.
…
Catherine olhava mais uma vez no espelho naquele quarto de hotel ao qual estava.
“ Como ? Como que sua vida chegou àquele ponto ?”
A dúvida persistia em pairar em sua cabeça . Estava a para se casar com um homem que nem conhecia ,ele era apenas um borrão em suas memórias de infância. Jaewon não era mais o mesmo .
— Meu Deus ! Você está lindíssima , querida.— Olhou para a mulher mais velha atrás dela no espelho , era a governanta de Jaewon a que ele pediu que a ajudasse . Eram pessoas estranhas, mas aquela senhora parecia realmente gentil.
— Obrigada .— Disse Catherine em um sussurro.
— Eu sabia que esse modelo ia ficar perfeito.— Disse a senhora alegre olhando para o vestido.
— É bem bonito mesmo.
— Agora , falta um detalhe especial.— A mulher sorriu indo até uma das caixas brancas que estavam em cima da cama e retirou uma tiara brilhante.— Vai realçar o penteado.— Colocou o objeto na cabeça de Catherine — Agora sim está pronta para o casamento.
Catherine sentiu o ar lhe falta , seus olhos encheram-se de lágrimas e o nó voltou em sua garganta. Em apenas três dias ela estava noiva e agora seria a raposa de um mafioso ,um homem que com certeza não tinha um mínimo de escrúpulos .
— Eu …eu não posso …— Falou com a voz embargada retirando o objeto da cabeça e o jogando na cama .
— O que houve? —A mulher mais velha foi até ela que correu até o banheiro.
— Eu não posso…eu não posso fazer isso…—disse em meio às lágrimas. Agarrou-se às bordas da pia do banheiro soltando o choro.
—Querida , não fique assim, isso não é tão ruim…
— A senhora sabe o que isso significa?—perguntou virando se de frente para ela.
— Sei…
— Então como ousa me dizer que isso não é tão ruim assim ?Eu não posso me casar com ele …me ajude , me ajude a fugir e a salvar meu irmão.—Catherine segurou os braços da mulher implorando .
— Não peça isso , não vou trair Jaewon .
Catherine abaixou o olhar e a soltou sentada no chão do banheiro.
— Olha , eu sei que a situação não é das melhores, mas eu posso lhe garantir que casar com Jaewon não será tão ruim assim. — A mulher abaixou-se em frente a ela .— Ele …bom, ele não é homem tão ruim quanto você pensa.
Catherine a olhou .
— Ele apontou uma arma para a cabeça do meu irmão.
A mulher suspirou .
— Algumas coisas são inevitáveis de acontecer . Mas ele deu a você e a seu irmão essa chance , certo? Então apenas faça. Agora já está quase na hora .—
Catherine pensou um instante e com a ajuda da mulher levantou retornando ao quarto .
— Como é mesmo o nome da senhora?— Perguntou vendo novamente colocar a tiara sobre sua cabeça.
— É Si-u. Min Si-u.
— Senhora Si-u, diga a seu senhor Jaewon que não vou me casar com ele.— Disse Catherine firme olhando nos olhos dela .
— Como quiser, senhorita. Com licença.— Disse a mulher e retirou-se do quarto.
Catherine sentiu seu estômago esfriar , só de pensar no que ele faria . Mas , não iria ter medo, iria ser corajosa e dar um fim nisso.
…
— Finalmente ! Onde está ela,Si-u?—Jaewon disse levantou-se de uma das poltronas no salão que estava .
— Ela ainda está no quarto .
— Então a traga aqui , sim ? Já estamos atrasados a mais de 20 minutos.
— Calma Jaewon , noivas demoram é quase um clichê necessário para o dia do
casamento.— Disse Mi-Jun ao seu lado .
— Mas só há um problema.— A senhora falou ,ambos a olharam imediatamente.
— Diga logo Si-u, pare de suspense .
— Ela pediu para dizer-lhe que não irá se casar .
— Como é? —Jaewon indagou desacreditado. — Si-u suba lá e a traga aqui agora . — Ordenou .
— Já tentei , mas ela está irredutível.Desculpe mas ela disse que não virá.
— Pois , eu mesmo vou lá e trazer ela nem que seja pelos cabelos.— Jaewon disse caminhando até a porta .
— Jaewon espere, eu posso ir lá e falar com ela. — Mi-Jun o segurou pelo braço .
Jaewon puxou seu braço o encarando.
— Não , fique aqui e mantenha tudo sob controle. Eu vou falar com ela pessoalmente e talvez lhe dar um incentivo maior e mais convincente.
Jaewon saiu do elevador no décimo andar e caminhou a passos largos até o quarto . Parou em frente a porta totalmente afobado e pegou na maçaneta pronto para girar e entrar ali , pegar aquela garota petulante e a arrastar porta afora . Afinal, como ela ousava o desafiar assim? A não ! Isso não iria ficar assim . Porém, parou no minuto seguinte e respirou um pouco , talvez ela só estivesse com medo dele . “Claro , você apontou uma arma para o irmão dela .” O pensamento gritou o fazendo xingar baixinho . Ele era um chefe da máfia , não um ditador . — Bons modos , Jaewon …bons modos . — falou baixinho para si mesmo . Bateu então na porta e não obteve uma resposta, bateu novamente e nada , bateu a terceira e dessa vez girou a maçaneta e entrou . — Com licença,estou entrando .— Disse ele de certa forma cauteloso. Catherine estava olhando pela janela quando o ouviu e virou rapidamente travando no lugar olhando para a figura do homem parado a poucos passos , a cama fazia
“Lua de Mel…”Aquelas três palavras cantarolando na mente de Catherine enquanto Kim abriu um sorriso ao ver o rosto dela ficar vermelho. Ela desviou o olhar, observando as mãos que ainda seguravam o buquê, sentindo-se constrangida e vulnerável.— Quer jogar? — Jaewon olhou para Catarina.— O quê? — Ela o olhou um tanto confusa, tentando entender a súbita mudança de assunto. — O buquê. Não é assim que funciona? Depois do casamento, a noiva joga o buquê para uma sortuda pegar. — Jaewon sabia mesmo mudar de personalidade de maneira súbita, oscilando entre a ternura e a frieza.Catherine se pegou pensando que ele não era um assassino sem escrúpulos, mas sim um homem de personalidades conflitantes, o que o tornava ainda mais perigoso.— E quem o pegaria? — Ela olhou ao redor, vendo apenas uma moça servindo bebidas para aqueles homens, todos imponentes e ameaçadores. — A pergunta foi —você quer jogar?— Se sim, deixe comigo.— ele disse a encarando, bebendo de uma vez o restante do champa
Seul, Coreia do Sul, primavera .— Compreendo, senhor, mas é que…— Já disse, senhorita Prescott, não há mais nada que possa fazer pela senhorita. São mais de quatro meses com a hipoteca atrasada, sem contar o aluguel que está se acumulando.— disse o gerente do banco.— Senhor Pyon, eu realmente estava com o dinheiro, mas é que houve uma emergência em família. Minha tia ficou gravemente doente e…— Senhorita Prescott... — O gerente a cortou, fechando a pasta com os documentos. — Estou apenas cumprindo meu dever. Um mês, ou terei que pedir que se retirem do imóvel....— Mas que inferno... —praguejou baixinho ao tentar mais uma vez a ligação que insistia em cair na caixa postal.— Alô!!— O que foi agora?— Perguntou o irmão com a voz aflita .— Mário, pelo amor de Deus! Como teve coragem de gastar novamente o aluguel?— Do que está falando, maninha?— Mário, não se faça desentendido.Você está jogando novamente, não é? —Perguntou Catherine aflita.— Olha, eu só peguei emprestado, ok? Eu