Seul, Coreia do Sul, primavera .
— Compreendo, senhor, mas é que…
— Já disse, senhorita Prescott, não há mais nada que possa fazer pela senhorita. São mais de quatro meses com a hipoteca atrasada, sem contar o aluguel que está se acumulando.— disse o gerente do banco.
— Senhor Pyon, eu realmente estava com o dinheiro, mas é que houve uma emergência em família. Minha tia ficou gravemente doente e…
— Senhorita Prescott... — O gerente a cortou, fechando a pasta com os documentos. — Estou apenas cumprindo meu dever. Um mês, ou terei que pedir que se retirem do imóvel.
...
— Mas que inferno... —praguejou baixinho ao tentar mais uma vez a ligação que insistia em cair na caixa postal.
— Alô!!
— O que foi agora?— Perguntou o irmão com a voz aflita .
— Mário, pelo amor de Deus! Como teve coragem de gastar novamente o aluguel?
— Do que está falando, maninha?
— Mário, não se faça desentendido.Você está jogando novamente, não é? —Perguntou Catherine aflita.
— Olha, eu só peguei emprestado, ok? Eu vou resolver, tá bom?
Catherine suspirou, fechando os olhos por um instante.
— Eu tenho que trabalhar agora, mas à noite conversamos melhor. Tchau.—Desligou o aparelho celular saindo do banco.
A chuva começou a cair copiosamente, seus passos ficaram apressados. Amaldiçoou-se mentalmente por esquecer o guarda-chuva, mas agradeceu por trabalhar a uma quadra dali. No entanto, antes de virar a próxima esquina, um carro preto e luxuoso passou em alta velocidade, a ensopando completamente.
— Mas... mas que inferno! —Disse sacudindo os braços em protesto.
...
— Mais devagar, por favor, Do-yun.
— Desculpe-me, senhor kim.
—Ela deveria usar uma capa de chuva—pensou, olhando pela janela, ao ver a mulher mostrar-lhe o dedo do meio junto a um xingamento que não ouviu. Achou a mulher um tanto familiar, mas não se ateve a isso, endireitando-se no banco do carro.
— Alo!? Alô Jaewon!
— Sim, estou aqui, Mi-Jun.
— Você ouviu o que eu disse?
Rolou os olhos em desdém.
— Sim, mas não entendo porque tanto alvoroço. Sabemos que Ye-jun não tem como tomar meu posto, já estou como chefe a anos.
— Olha, chegue logo. O senhor A estará aqui em breve, e a reunião já irá começar. Agora tenho que ir, e por favor, não se atrase.— Disse o amigo e assistente afoito do outro lado da linha .
— Certo, eu não irei.
Desligou o telefone.
Ye-jun não teria como convencer o conselho a depô-lo, ou teria? O pensamento fez sua calma se esvair por um instante.
— Chegamos, Senhor Kim. — Avisou o motorista ao estacionar o carro.
— Obrigada, Do-yun. —disse saindo do carro.
Ajeitou o terno caro que usava e entrou no hotel, passando pelas grandes portas giratórias, indo diretamente para o saguão luxuoso.
— Bom dia, senhor. Em que posso lhe ajudar? — perguntou a recepcionista.
— Bom dia, eu sou o convidado do senhor Kim Mi-Jun. Ele está me esperando no décimo andar.
— Oh sim, a quem devo anunciar?
— Kim Jaewon —Sorriu de lado para a mulher que sorriu em resposta.
— Um minuto por favor.
A mulher discou o número do quarto ou da sala, visto que o hotel possuía salas comerciais.
— Sim, o Senhor Kim Jaewon está aqui, senhor Mi-Jun. Claro, certo... obrigada, senhor.— Desligou o telefone olhando-o. —Pode subir, senhor.— Disse ela com um sorriso nos lábios finos
— Obrigada.
…
Subiu para o décimo andar e ao sair do elevador andou pelo corredor vasto até a porta que havia logo à frente, onde um homem alto, de terno e óculos escuro, a esperava.
— Kim Jaewon — Falou, e o homem abriu a porta, dando-lhe espaço para passar.
— Finalmente! Podemos começar agora.— Falou o amigo com um ar de alívio.
— Saudades de mim, Mi-Jun?
— Jaewon... os anciãos do conselho estão aqui... — Disse perto do ombro do amigo que olhou atrás de si, vendo os outros presentes.
— Me desculpem! Não vi que já haviam chegado senhores. — Disse sorrindo.
— Senhor Kim, sente-se, por favor. Temos um assunto a tratar e tenho alguns compromissos logo mais.— Disse o homem mais velho , seu semblante sério, porém um sorriso de canto nos lábios atento aos dois jovens na sala .
— Bom, podem falar. — Sentou-se Jaewon cruzando as pernas.
— Senhor Kim, vou ser direto. O senhor Ye-jun está reivindicando seu lugar na casa japonesa que pertence à família Kim de seu pai há três gerações, mas a família Tanaka era a família original dona da casa.
— Sim, mas essa história todos nós já sabemos e o porquê eu não entendo…— Disse Jaewon tentando controlar a falta paciência
— Por favor, senhor Kim. — Levantou uma mão, interrompendo-o. — Peço que não me interrompa, sim? Como eu disse, meu tempo é curto, e o senhor A não pode vir aqui nesse exato momento porque está na festa de um ano de sua netinha. Mas como braço direito, eu vou falar o que tem que ser falado, e depois irei dizer o que irá acontecer.—
— Me desculpe, senhor Ito. O Jaewon não irá mais interrompê-lo.— Disse Mi-Jun sorrindo para Jaewon logo em seguida, lhe mandando ficar quieto em um sussurro.
— Você fuma, senhor Kim ?
— Às vezes.
— Então experimente esses cubanos, são maravilhosos, e seu avô adorava o cheiro deles.— Falou o homem velho abrindo uma caixa de charutos .
Jaewon sorriu ao lembrar do avô e do cheiro que ele tinha de fumo e nicotina.
— Obrigada, senhor. — Disse, pegando um charuto na caixa.
— Enfim, soubemos que o senhor tem desfrutado de uma vida bem agitada, especificamente mais à noite.—
— Sim, eu…
— Entretanto, seu estilo de vida tem chamado atenção indesejada para nossos negócios, e senhor Kim, isso não é nada bom. A casa exige um chefe responsável e que se mantenha na linha. Um bom chefe de família é um homem exemplar nos negócios.— Falou o mais velho baforando uma nuvem de fumaça espessa.
— Chefe de família?—Indagou confuso.
— Sim, soubemos que está noivo e vai se casar no fim de semana, não é mesmo? —Disse o homem baforando uma nuvem de fumaça mais uma vez , um sorriso estampou seu rosto o encarando.
Jaewon olhou para Mi-Jun, que estava de cabeça baixa.
— Oh sim. Uma mulher encantadora e belíssima — Sorriu para o homem mais velho que fumava. — O amor da minha vida.—
— Ótimo, senhor Kim. Espero conhecê-la daqui uma semana na nossa festa social anual nas Bahamas.
— Sim, claro senhor, certamente estaremos lá.—
— Então, estaremos lhe esperando para conhecer a senhora Kim. Agora tenho que ir, foi um prazer revê-lo, e esperamos que o senhor se torne realmente um chefe exemplar.— O homem levantou o comprimentando.
…
3 horas depois, Cassino dos Kim.
—NOIVA??? VOCÊ ENLOUQUECEU?— Gritou Jaewon para o amigo a sua frente do outro lado da mesa de seu escritório.
— Mas o que diabos queria que eu dissesse?
— Não sei, mas uma noiva? E ainda por cima que vou casar no fim de semana.
Jaewon sentou-se na cadeira de couro vinho escuro ,colocando as mãos no rosto.
— O que faremos?— Perguntou agora mais calmo, olhando para o amigo como se ele fosse seu mago dos problemas.
— Podemos contratar uma garota de programa e depois dizer que ela morreu em um trágico acidente.— Sugeriu Mi-Jun com um sorriso de canto a canto .
— Nem pensar, não vou sujeitar meu sobrenome a uma garota que dormiu com a cidade inteira.
— E tem ideia melhor? — Mi-Jun rebateu.
— Me diga você, ora. Não foi sua ideia brilhante me casar sem meu consentimento?
— Ok! Então vamos esperar um milagre a tempo. — Mi-Jun disse rindo sem humor se sentando na cadeira à sua frente.
Jaewon batucou a caneta na mesa, olhando para Mi-Jun, que estava de braços cruzados. Uma batida na porta quebrou o silêncio.
— Com licença, senhor, temos um problema.— Disse um segurança ao entrar .
…
Catherine estava terminando de lavar a pilha de louça do restaurante em que trabalhava quando seu telefone tocou em seu bolso. Não iria atender, mas o toque insistente a fez ficar ansiosa.
— Alô?
— Katy... por favor, me ajuda…
— Mário?... O que aconteceu?
— Estão... vão me matar…
Catherine sentiu o ar faltar por um instante.
— QUEM??— Olhou para a pilha de louças a sua frente, a água e a espuma borbulhando por cima .
— Por favor, Katy, venha aqui no Mastoso... o Kim Jaewon.
— Mário? Mário? Mário?
Olhou para o telefone vendo a ligação encerrada. Catherine pegou sua bolsa e saiu o mais rápido possível, pegou um táxi e chegou ao Mastoso.
— O que deseja, senhorita?—Uma mulher elegante a recebeu na entrada.
— Eu... eu quero falar com o senhor Park, por favor.— Disse com certo receio.
— Só um minuto, eu vou saber se o senhor Kim pode recebê-la.— Disse a mulher olhando de um jeito estranho de baixo para cima.
A mulher saiu e voltou logo depois acompanhada de um dos seguranças.
— Por favor, me acompanhe, senhorita.— Ele pediu educadamente.
Catherine o seguiu até o andar superior, onde parou em frente a uma porta de madeira polida em tom escuro. O segurança abriu a porta, e lá estavam dois homens, um dos quais ela já conhecia de sua infância.
— Catherine , quanto tempo.— Disse Jaewon.
— Onde está meu irmão?
A porta foi fechada, e ela se sentiu nervosa sob o olhar daquele homem que apenas a observava com um sorriso maroto.
— Sente-se por favor — O homem ao seu lado lhe ofereceu a cadeira.
— Obrigada, mas eu só quero saber onde está meu irmão.— Ela não tirava os olhos do homem do outro lado a encarando.
— Peçam para trazê-lo aqui.— Jaewon suspirou pedindo ao amigo que acenou pegando o celular.
Catherine sentiu um frio na barriga ao ouvir o tom de voz frio e o olhar sem emoção a encarar enquanto mexia com uma caneta entre os dedos. Catherine olhou para trás quando a porta se abriu, e dois homens puxavam um homem encapuzado.
— O QUE? — Perguntou horrorizada olhando para a cena.
— Katy …—
— O meu Deus... Mário! — Agachou-se ao lado do homem que estava de joelhos no chão. — O que aconteceu? — Perguntou ao tirar o capuz vendo o rosto inchado e cortado do irmão.
— Que lindo, reunião em família. Mas vamos ao que interessa.— Jaewon falou sem emoção.
— O que houve? Por favor, me diga o que aconteceu.—Olhou para Jaewon.
— Bom, eu vou explicar, seu irmão achou que poderia me roubar e passar a perna em mim. Acredita?
— Não, Mário nunca faria isso. — Disse ela em meio ao choro.
— Catarina, seu irmão é um gatuno safado, e eu não permito que ninguém me roube, muito menos meus empregados. Acha mesmo que vou deixar isso passar batido? Com que cara vou ficar?— Disse ele apontando para si mesmo como em um deboche.
— Jaewon... por favor, somos amigos de infância... eu... — ela levantou-se colocando as mãos sobre a mesa o encarando.
— Amigos de infância? — Indagou ele rindo alto — Acha mesmo que isso é o bastante?—Levantou-se indo até Mário, pegou uma arma que estava na mão de um dos seguranças e a engatilhou apontando para a cabeça de Mário que chorava de cabeça baixa.
— OH MEU DEUS!! EU PAGO! PELO AMOR DE DEUS JAEWON .FALE QUANTO É E EU PAGO! —Catherine ajoelhou-se implorando , juntando as mãos olhando para Jaewon.
Jaewon a olhou e retirou a arma da cabeça do rapaz, uma ideia,ou melhor uma solução de um problema passando em sua mente .
— Eu não aceito dinheiro, apenas você.
" Eu não aceito dinheiro , somente você."Catherine ficou confusa por um instante , talvez até tenha entendido errado .— O quê ? Eu …como assim ? — perguntou ela perdida.Queria formular uma frase coerente , porém o medo a fez travar .— O que raios aquele homem queria com ela afinal?Jaewon olhava atento para ela , a expressão de confusão lhe fez dar uma curta risada .Ele devagar deu a volta na mesa pondo a arma sobre ela e sentando -se em sua cadeira .— Levem ele daqui .—ordenou— Por favor , espere! — Catherine falou agarrando o terno do irmão .— Ora , deixe dessa choradeira eu apenas quero conversar com você a sós . Agora levem ele daqui. — Seu tom de voz mudou de sarcasmo para firme em segundos .Catherine ainda estava de joelhos no chão chorando quando a porta foi fechada. Não podia acreditar que tal coisa pudesse estar acontecendo. Sua vida havia se tornado um buraco sem fundo de problemas , e agora isso?— Venha , sente -se na cadeira por favor—Uma voz suave a tirou de seu
Jaewon saiu do elevador no décimo andar e caminhou a passos largos até o quarto . Parou em frente a porta totalmente afobado e pegou na maçaneta pronto para girar e entrar ali , pegar aquela garota petulante e a arrastar porta afora . Afinal, como ela ousava o desafiar assim? A não ! Isso não iria ficar assim . Porém, parou no minuto seguinte e respirou um pouco , talvez ela só estivesse com medo dele . “Claro , você apontou uma arma para o irmão dela .” O pensamento gritou o fazendo xingar baixinho . Ele era um chefe da máfia , não um ditador . — Bons modos , Jaewon …bons modos . — falou baixinho para si mesmo . Bateu então na porta e não obteve uma resposta, bateu novamente e nada , bateu a terceira e dessa vez girou a maçaneta e entrou . — Com licença,estou entrando .— Disse ele de certa forma cauteloso. Catherine estava olhando pela janela quando o ouviu e virou rapidamente travando no lugar olhando para a figura do homem parado a poucos passos , a cama fazia
“Lua de Mel…”Aquelas três palavras cantarolando na mente de Catherine enquanto Kim abriu um sorriso ao ver o rosto dela ficar vermelho. Ela desviou o olhar, observando as mãos que ainda seguravam o buquê, sentindo-se constrangida e vulnerável.— Quer jogar? — Jaewon olhou para Catarina.— O quê? — Ela o olhou um tanto confusa, tentando entender a súbita mudança de assunto. — O buquê. Não é assim que funciona? Depois do casamento, a noiva joga o buquê para uma sortuda pegar. — Jaewon sabia mesmo mudar de personalidade de maneira súbita, oscilando entre a ternura e a frieza.Catherine se pegou pensando que ele não era um assassino sem escrúpulos, mas sim um homem de personalidades conflitantes, o que o tornava ainda mais perigoso.— E quem o pegaria? — Ela olhou ao redor, vendo apenas uma moça servindo bebidas para aqueles homens, todos imponentes e ameaçadores. — A pergunta foi —você quer jogar?— Se sim, deixe comigo.— ele disse a encarando, bebendo de uma vez o restante do champa