“Lua de Mel…”
Aquelas três palavras cantarolando na mente de Catherine enquanto Kim abriu um sorriso ao ver o rosto dela ficar vermelho. Ela desviou o olhar, observando as mãos que ainda seguravam o buquê, sentindo-se constrangida e vulnerável.
— Quer jogar? — Jaewon olhou para Catarina.
— O quê? — Ela o olhou um tanto confusa, tentando entender a súbita mudança de assunto.
— O buquê. Não é assim que funciona? Depois do casamento, a noiva j**a o buquê para uma sortuda pegar. — Jaewon sabia mesmo mudar de personalidade de maneira súbita, oscilando entre a ternura e a frieza.
Catherine se pegou pensando que ele não era um assassino sem escrúpulos, mas sim um homem de personalidades conflitantes, o que o tornava ainda mais perigoso.
— E quem o pegaria? — Ela olhou ao redor, vendo apenas uma moça servindo bebidas para aqueles homens, todos imponentes e ameaçadores.
— A pergunta foi —você quer jogar?— Se sim, deixe comigo.— ele disse a encarando, bebendo de uma vez o restante do champanhe em sua taça.
Catherine sempre sonhou em se casar em uma linda praia, em uma cerimônia simples com muitos amigos. Imaginava as madrinhas todas com vestidos lilás, ao seu lado um homem que amava profundamente. E depois, só depois da valsa, jogar o buquê para as moças ali pegarem.
“Sonhos não se realizam” pensou, olhando o buquê com tristeza.
— Ora, se não quer, então vamos. — Jaewon pegou seu pulso esquerdo, a firmeza em seu toque contrastando com a suavidade de suas palavras.
— Não! Espere... — Ele parou ao ouvir seu protesto.
— Eu... eu quero. — Ela disse, quase sem acreditar no que estava dizendo.
— Está bem. — Ele desviou o olhar dela, agora olhando para o amigo ali perto .— Mi-Jun, reúna as moças, todas as que trabalham aqui no hotel , minha esposa quer jogar o buquê.
Minha esposa...
Catherine sentiu um arrepio ao ouvir isso, mas não era algo ruim, era apenas diferente. A palavra —esposa— parecia estranha, quase surreal.
…
Um tempo depois
Estavam no carro luxuoso indo para a mansão de Jaewon . Ele estava ao telefone, do lado da janela esquerda, falando sem parar em japonês. Catherine entendia muito bem o coreano, mas era péssima em japonês. Aprendeu um pouco de tailandês na faculdade, mas como foi apenas um período, sabia somente o básico.
Olhava pela janela, observando a paisagem das ruas que ficavam cada vez mais espaçadas e chiques, claramente de classe alta. Havia muitas casas enormes e carros luxuosos passando de um lado para o outro, um mundo tão diferente do que ela estava acostumada.
— Gostou da paisagem? — A voz dele finalmente a tirou de seus pensamentos.
— É bonito. — respondeu ela quase de maneira automática.
— Desculpe ter que passar a noite de núpcias em casa, mas prometo que vamos viajar.
noite de núpcias
A frase piscava em sua mente em alerta vermelho. O que ela iria fazer? Sair correndo quando o carro parasse? Não, seu irmão morreria. Talvez inventar que tinha alguma doença contagiosa? Ou se trancar no quarto. Meu Deus! Ele iria tirar sua pureza à força. O pensamento a fez se encolher ainda mais no canto da janela direita.
— Chegamos, senhor. — O motorista avisou.
— Finalmente, estou tão cansado. — Jaewon disse despreocupado.
Meu Deus, me ajude...
Catherine implorou em sua mente, temendo que ele fosse violento com ela e tirasse sua dignidade como tirou sua liberdade. Grandes portões de ferro se abriram, e o carro seguiu por um extenso caminho de pinheiros de ambos os lados. Havia alguns homens armados, e logo chegaram à mansão branca e imponente, com mais homens armados à espreita.
Já eram por volta das sete da noite, mas viu um belo jardim ao redor, com muitas rosas brancas e vermelhas. Jaewon foi o primeiro a sair, e sua porta foi aberta pelo motorista. Seu marido já estava ali com a mão direita estendida para ela.
— Vamos.
Como não havia nada que pudesse ser feito, Catherine resolveu aceitar seu destino, ao menos naquela noite. Pegou na mão dele e saiu do carro, sentindo a brisa fresca da primavera dar-lhe boas-vindas. Entraram na grande casa, que era exatamente como ela havia imaginado no caminho: bem decorada, com tudo muito fino e bonito. Observou os móveis, dedilhando a ponta dos dedos da mão direita pelo couro bege.
— Gostou? — A voz de Jaewon a assustou, e por um momento ela esqueceu a situação em que estava.
— Sim, é macio. — Disse, engolindo em seco e baixando o olhar quando ele tirou o terno, jogando-o na poltrona ao lado e caminhou até ela, afrouxando a gravata.
— Deve estar querendo um banho. — Jaewon falou próximo a ela, que nada disse. — Venha, vou lhe mostrar o quarto.—
— Se me disser, posso ir sozinha. — Disse ela esperançosa que pudesse ficar sozinha e se trancar .
— Eu estou subindo também, vamos. — Ele pegou sua mão direita, levando-a escada acima.
A cada degrau, o coração de Catherine errava mais as batidas. Ela estava um poço de nervosismo, afinal, nunca esteve com um homem antes e não sabia como agir. O que deveria fazer? Talvez ficar imóvel, esperando que tudo acabasse.
— Aqui. — Ele pegou na maçaneta, mas parou e olhou para ela, que estava atrás dele. — Você terá apenas cinco minutos, ouviu bem? — Disse com a voz firme e o olhar sério.
Cinco minutos? Seria assim tão rápido?Ela nem estava preparada, na verdade estava com tanto medo. Mesmo assim balançou a cabeça positivamente, mas e se dissesse que era virgem? Talvez ele não fosse tão rude.
— Eu tenho algo para dizer…— Começou quase num sussurro.
— Depois conversamos, entre logo. — Jaewon a cortou .
— Mas eu... — Ela calou-se quando ele abriu a porta e viu seu irmão Mário sentado na beirada da cama.
— Lembre-se, apenas cinco minutos.
Catherine mal podia acreditar no que estava vendo, era seu irmão ali, olhando para ela. A porta foi fechada, e ela correu até ele, que se levantou para abraçá-la.
— Catarina!
— Mário!
— Me desculpe... — Ele balbuciou um pouco, chorando. — Eu não deveria ter feito isso com você...
—Está tudo bem, ok? Eu fico feliz que esteja vivo.
— Ele te machucou? — Mário desfez o abraço, pegando nos braços dela e a examinando com o olhar.
— Não, não aconteceu na... — sua voz sumiu quando ela deu por conta que ele estava a segurando com ambas as mãos.
— Katy? O que foi? — Mário a olhou preocupado.
— Meu Deus! Você está com as duas mãos! — Ela disse feliz .
— Sim, estou. — Ele disse desconfiado.
— Oh meu Deus! — Ela pegou nas mãos dele, olhando de perto.
— Por quê isso?
— Eu pensei que ele tinha cortado uma delas. — Ela disse em misto de alívio.
— Nossa, que horror! — Mário puxou as mãos e ela riu.
— Longa história, depois eu te conto. Mas agora... — ela olhou para a porta e abraçou-o novamente. — Agora temos que pensar em como fugir... — Ela disse baixinho no ouvido dele.
— Está louca?
— Mário, temos que pensar em algo…— Catherine disse em apelo e desespero.
Mário afastou-se, olhando nos olhos dela e cochichou.
— Eles são da Yakuza... se fizermos isso e nos encontrarem, seremos mortos Katy…—Ele disse apavorado.
— Mário! Eu não posso ficar casada com ele, o que vai ser de mim? Você pensa em mim? — Ela deixou as lágrimas rolarem, sentindo a aflição do que estava para acontecer.
— Katy, eu não posso... você casou com ele e estou bem. Bom, eu creio que agora ele não vá mais me matar. — Deu de ombros.
— E quanto a mim? E a mim? — Ela bateu nele, chorando.
— Katy, pare, por favor... eu…— Mário tentou segurar em seus braços tentando lhe explicar.
A porta foi aberta por Jaewon .
— A reunião familiar acabou. Podem levá-lo, que quando eu voltar de viagem eu resolverei o que vou fazer. — Disse Jaewon para dois homens altos .
— Sim, senhor. — Eles responderam entrando no quarto .
— Espere, Jaewon , eu... — Ela segurou no braço de Mário quando dois homens o pegaram, levando-o para fora.
— Eu disse, apenas cinco minutos.—Jaewon a olhou sério.
— Eu te odeio! — Ela esbravejou, sentando na cama e chorando.
— Entre na fila, Jagir. — (Jagir - Querida em coreano) Ele retirou-se saindo logo atrás dos homens e trancou a porta deixando Catherine sozinha em meio a soluços e lágrimas .
Seul, Coreia do Sul, primavera .— Compreendo, senhor, mas é que…— Já disse, senhorita Prescott, não há mais nada que possa fazer pela senhorita. São mais de quatro meses com a hipoteca atrasada, sem contar o aluguel que está se acumulando.— disse o gerente do banco.— Senhor Pyon, eu realmente estava com o dinheiro, mas é que houve uma emergência em família. Minha tia ficou gravemente doente e…— Senhorita Prescott... — O gerente a cortou, fechando a pasta com os documentos. — Estou apenas cumprindo meu dever. Um mês, ou terei que pedir que se retirem do imóvel....— Mas que inferno... —praguejou baixinho ao tentar mais uma vez a ligação que insistia em cair na caixa postal.— Alô!!— O que foi agora?— Perguntou o irmão com a voz aflita .— Mário, pelo amor de Deus! Como teve coragem de gastar novamente o aluguel?— Do que está falando, maninha?— Mário, não se faça desentendido.Você está jogando novamente, não é? —Perguntou Catherine aflita.— Olha, eu só peguei emprestado, ok? Eu
" Eu não aceito dinheiro , somente você."Catherine ficou confusa por um instante , talvez até tenha entendido errado .— O quê ? Eu …como assim ? — perguntou ela perdida.Queria formular uma frase coerente , porém o medo a fez travar .— O que raios aquele homem queria com ela afinal?Jaewon olhava atento para ela , a expressão de confusão lhe fez dar uma curta risada .Ele devagar deu a volta na mesa pondo a arma sobre ela e sentando -se em sua cadeira .— Levem ele daqui .—ordenou— Por favor , espere! — Catherine falou agarrando o terno do irmão .— Ora , deixe dessa choradeira eu apenas quero conversar com você a sós . Agora levem ele daqui. — Seu tom de voz mudou de sarcasmo para firme em segundos .Catherine ainda estava de joelhos no chão chorando quando a porta foi fechada. Não podia acreditar que tal coisa pudesse estar acontecendo. Sua vida havia se tornado um buraco sem fundo de problemas , e agora isso?— Venha , sente -se na cadeira por favor—Uma voz suave a tirou de seu
Jaewon saiu do elevador no décimo andar e caminhou a passos largos até o quarto . Parou em frente a porta totalmente afobado e pegou na maçaneta pronto para girar e entrar ali , pegar aquela garota petulante e a arrastar porta afora . Afinal, como ela ousava o desafiar assim? A não ! Isso não iria ficar assim . Porém, parou no minuto seguinte e respirou um pouco , talvez ela só estivesse com medo dele . “Claro , você apontou uma arma para o irmão dela .” O pensamento gritou o fazendo xingar baixinho . Ele era um chefe da máfia , não um ditador . — Bons modos , Jaewon …bons modos . — falou baixinho para si mesmo . Bateu então na porta e não obteve uma resposta, bateu novamente e nada , bateu a terceira e dessa vez girou a maçaneta e entrou . — Com licença,estou entrando .— Disse ele de certa forma cauteloso. Catherine estava olhando pela janela quando o ouviu e virou rapidamente travando no lugar olhando para a figura do homem parado a poucos passos , a cama fazia