Capítulo 5 – Elise

O peso daquelas palavras ainda pairava sobre Elise, que tentava, com toda a força de sua vontade, encontrar uma maneira de romper o silêncio sufocante que se formara entre ela e os reis. Sua garganta estava apertada, os olhos marejados, e tudo o que ela queria era gritar que não era a verdadeira filha da família Delacroix, que ela era uma impostora, uma simples peça nesse jogo de poder que não compreendia.

Ela respirou fundo, tentando reunir coragem, mas antes que pudesse abrir os lábios para falar, um som estridente cortou o ar, vindo de fora do salão. O alarme soou estridente. Como o som de guerra, de algo que se aproxima, algo que fez o coração de Elise disparar de imediato.

“Invasão!”

A palavra ecoou em sua mente como um pesadelo que se tornou realidade.

Os olhos dos reis se fixaram instantaneamente na porta, e uma tensão palpável se instalou entre eles. Astor, normalmente tão calmo e imperturbável, foi o primeiro a se mover. Seus passos, rápidos e pesados, levaram-no até o centro da sala, fazendo sinal com a mão, sinalizando silêncio absoluto. O som do alarme reverberava nas paredes, aumentando a pressão na sala.

— Isso não é bom. — A voz de Astor era firme, mas algo nela traía um fio de preocupação. — Eles chegaram mais rápido do que esperávamos.

Lucian, que permaneceu ao lado de Elise, imediatamente assumiu uma postura altiva. Seus olhos, normalmente serenos, estavam agora alertas, com um brilho predador que ele que ele antes parecia esconder. Ele se aproximou de Astor, conversando com ele em voz baixa, mas Elise ainda podia ouvir fragmentos de suas palavras.

— Não temos tempo. O castelo precisa ser protegido. — Lucian já estava tomando providências, seus olhos se voltando para os guardas. — Preparem-se! Todos os postos de segurança precisam ser reforçados imediatamente. Protejam Elise com suas vidas!

Elise sentiu seu estômago revirar ao ouvir isso. Ela não conseguiu entender o que estava acontecendo. O pânico, o caos, os gritos de comando, e os passos apressados ​​dos guardas que se afastaram, deixaram tudo ao seu redor turvo e distante. Ela, por um momento, se sentiu esquecida, como uma peça inanimada em um jogo que não sabia jogar.

Astor, no entanto, não a deixou em paz. Ele virou-se lentamente, seus olhos dourados fixos nela com uma intensidade que fez Elise estremecer.

— Agora não é o momento, Elise. — Ele disse, a voz mais fria do que nunca. — Deixe os guardas cuidarem de você. Nossa noite de núpcias deverá ser adiada por conta deste contratempo.

Ela não sabia o que dizer, mas aquilo não fazia sentido. O que acontecia fora do castelo foi mais importante do que a sua presença? Mais importante do que a ameaça que ela sentia crescendo dentro de si? Ela queria gritar, queria dizer que não era quem eles pensavam que era, mas as palavras se perdiam na garganta, engolidas pelo barulho das armaduras e passos apressados.

Lucian, no entanto, não pareceu ter tempo para se explicar. Ele a agarrou pela mão com firmeza, seus dedos envolvendo os dela com uma possessividade que não deixava espaço para objeções.

— Venha. — Ele murmurou. — Você estará mais segura nos aposentos.

A ideia de ser isolada no momento mais tenso de sua vida fez o sangue ferver em suas veias. Elise queria contestar, queria lutar, mas o olhar de Lucian, que agora era frio e calculista, a paralisou. Ele não estava brincando. E ela sabia que não tinha escolha. Olhando para trás ela já não via mais a Astor.

O som da invasão fora de suas paredes agora era mais do que real. O castelo estava sob ataque, e o poder dos reis lycans era a única garantia de que ela sairia dali com vida. A realidade de que ela era uma peça nesse tabuleiro estava se tornando mais clara a cada segundo. Mas uma dúvida ainda persistia em sua mente. Se ela era a chave para salvar o reino de Vittoria, o que realmente esperavam dela?

Elise ouviu Lucian, que a guiava pelos corredores escuros do castelo. Cada passo parecia ser uma eternidade, e os sons da invasão eram cada vez mais próximos. Seus olhos estavam vidrados, mas sua mente corria em turbilhão. Ela não conseguia pensar em mais nada além de uma única pergunta:

“Por que estou aqui?”

Ela se lembrou da sensação estranha de algo se agitando dentro de seu peito, um poder que ela não podia controlar. Mas o que seria aquilo? Algo além do simples desejo de sobrevivência. Algo que ela ainda não queria entender.

Lucian parou abruptamente, virando-se para ela com uma expressão sombria.

— Não olhe para os guardas. Não confie em ninguém além de mim e Astor. — Sua voz era baixa, mas havia uma urgência nela que Elise não podia ignorar.

Aqueles olhos escuros como a noite, fixos nela, brilhavam como se soubessem algo que ela ainda não havia descoberto. Elise engoliu em seco e olhou para baixo, seus dedos ainda tremendo, mas ela sabia que não poderia demonstrar fraqueza. Não agora.

A porta do aposento se abriu, e Lucian a empurrou suavemente para dentro, fechando a porta atrás de si. Elise se virou, sentindo uma dor crescente no peito. Ela estava isolada, mas ainda podia ouvir os gritos vindos dos corredores. A guerra estava se aproximando, e sua própria luta, uma luta interna, parecia mais difícil a cada instante.

Ela caminhou até a janela e olhou para fora, vendo o castelo sendo cercado por sombras e figuras alheias. As estrelas estavam escondidas por nuvens pesadas, e o vento gélido fazia com que as árvores ao redor se balançassem como espectros. Algo se aproximava, algo bem mais terrível do que uma simples invasão.

Lucian apareceu atrás dela, quebrando o silêncio com sua presença.

— Você está se perguntando o que está acontecendo, não está? — Ele disse, o tom de sua voz mais suave agora, mas carregado de um significado que Elise não conseguiu captar.

Ela se virou, sua expressão imperturbável, mas o turbilhão dentro dela se fazia mais presente.

— Eu não entendo. Tudo isso… tudo o que você e Astor disseram. O casamento, a ameaça… o poder. Não sei mais quem sou. — Sua voz tremia, mas ela tentou manter a compostura.

Lucian a olhou com um olhar que parecia entender mais do que deveria.

— Nem todos têm as respostas, Elise. Mas em breve você entenderá. — Ele disse, seu olhar fixo na jovem com uma intensidade que a deixava inquieta. — O castelo está em perigo, mas o que realmente nós importa está dentro de você. Não se esqueça disso.

Ela engoliu em seco. Não sabia se o que estava ouvindo fazia algum sentido. Mas algo dentro dela se rebelava contra aquelas palavras, uma vontade crescente de descobrir o que realmente estava acontecendo, de ir além daquilo que os reis lycans disseram que ela deveria ser.

O som de passos rápidos ecoou no corredor, interrompendo o momento. Lucian deu um último olhar para Elise, seus olhos como lâminas afiadas, e então se afastou.

— Fique aqui. Não saia até um de nós dois voltar. — Sua ordem foi clara, sem espaço para dúvidas.

Ela ficou em silêncio, os olhos fixos na porta que se fechava atrás dele.

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