Elise estava sentada no centro de seus aposentos, os dedos trêmulos apertando o tecido do vestido. O confronto com os reis ainda ressoava em sua mente como um eco implacável. Seu peito subia e descia de maneira irregular, a respiração presa entre o medo e a raiva. Ela não suportava a ideia de estar encurralada, de ser apenas uma peça dentro do jogo político e da profecia que parecia girar ao seu redor.Um soluço escapou de seus lábios, e ela se levantou de súbito, caminhando pelo quarto com passos agitados. Precisava pensar. Precisava se controlar e não agir como uma menininha assusta o tempo todo, e sim encontrar uma forma de recuperar o controle sobre sua própria vida. Mas como? Sua mente girava em um turbilhão de possibilidades, e, então, sentiu de novo aquela estranha sensação.Desde o ritual de casamento, algo dentro dela parecia diferente. Como se houvesse uma energia latente em suas veias, pulsando de forma sutil, quase imperceptível, mas ainda ali. Era a ligação com os reis se
Elise despertou com o primeiro raio de sol atravessando as cortinas pesadas de seu quarto. O sono tinha sido inquieto, mas a certeza de que possuía um plano lhe dava um mínimo de controle sobre a situação. Quando a criada entrou em seus aposentos, carregando uma pequena bolsa de ervas, Elise se sentou rapidamente na cama.— Conseguiu? — perguntou em um tom contido, observando a jovem com atenção.A criada, uma moça de aparência delicada e olhos tímidos, assentiu e colocou a bolsa sobre a mesa.— Fiz como pediu, alteza. As ervas estavam no estoque da cozinha. Ninguém perguntou nada.Elise esboçou um pequeno sorriso, pegando o saquinho e o apertando entre os dedos. Era um passo pequeno, mas essencial.— Fez bem. Pode ir.A jovem se retirou, e Elise foi até o aparador onde descansava uma jarra de água fresca. Pegou uma xícara e começou a preparar o chá, misturando cuidadosamente as ervas. Sabia que a dose deveria ser precisa; qualquer erro poderia ser fatal. A lembrança de sua mãe prepar
Elise despertou com a luz suave do amanhecer filtrando-se pelas cortinas pesadas de seus aposentos. A rotina que havia estabelecido desde a conversa com os reis se tornara quase automática: levantar, manter uma postura confiante, esconder sua impaciência e, antes de qualquer outra coisa, beber o chá que garantiria que seu plano seguisse intacto.Ela caminhou até a pequena mesa perto da janela, onde a infusão de ervas já a aguardava. Pegou a xícara com ambas as mãos, observando o líquido escuro por um instante antes de levá-lo aos lábios. O sabor amargo não a incomodava mais; pelo contrário, era um lembrete de que, apesar das circunstâncias, ainda havia algo sobre o qual mantinha controle.Após terminar o chá, vestiu-se adequadamente para a manhã que lhe aguardava. As aulas sobre etiqueta e deveres reais começariam naquele dia, e a instrutora designada pelo conselho já era um nome conhecido por toda a corte: Lady Geneviève Bellerose.Lady Geneviève era uma mulher imponente, de expressã
Elise sentia o peso do dia assim que os primeiros raios de sol atravessavam as cortinas de seu quarto. Seu corpo já dava sinais do cansaço acumulado: ombros doloridos, cabeça latejando, e uma exaustão mental que ameaçava dominá-la. Todos os dias pareciam os mesmos. Contudo, ela não tinha tempo para fraquezas ou se lamentar. As aulas de etiqueta começavam logo cedo, e a Lady Geneviève não era conhecida por sua paciência.Sentia que a sua investigação estava empacada, mal tinha tempo entre as aulas de etiqueta que praticamente tomavam o seu dia todo. Suspirou conternada.Sentada à penteadeira, Elise observava a criada preparar o chá que ela secretamente solicitara. Aquela mistura era sua única segurança contra os planos do conselho e dos reis. Enquanto a jovem derramava o líquido fumegante na xícara, Elise perguntou com desinteresse fingido:— Alguém viu você trazendo essas ervas?A criada ergueu os olhos rapidamente e balançou a cabeça.— Não, minha senhora. Fiz como pediu. Ninguém sus
Astor observava o castelo da janela de seus aposentos, os olhos fixos no horizonte enevoado. O peso do silêncio parecia crescer ao seu redor, mas ele não era do tipo que se incomodava com isso. Preferia a calma, o controle. No entanto, desde que Elise havia entrado em suas vidas, parecia que o equilíbrio estava constantemente por um fio.— Você está inquieto. — A voz de Lucian veio de algum lugar atrás dele, quebrando o silêncio. Astor não precisou se virar para saber que o irmão o estudava com aquele olhar analítico de sempre. — Algo te preocupa?Astor cruzou os braços, a expressão impassível. — Elise. — A palavra foi dita com um peso que parecia preencher o quarto. — Ela é… imprevisível.Lucian se aproximou, parando ao lado dele. — Imprevisível, sim. Mas também interessante. Você viu como ela lidou com Lady Geneviève ontem?Astor bufou, franzindo a testa. — Lady Geneviève não é um problema. Elise, por outro lado, pode ser. Ela finge aceitar nossas condições, mas algo nela… é como um
Astor despertou com o primeiro raio de sol atravessando as pesadas cortinas de seu quarto. Ele não costumava dormir muito, nem tampouco de forma tranquila. Seus pensamentos eram sempre um mar revolto de estratégias, responsabilidades e o peso de decisões que moldariam o futuro do reino. Contudo, naquela manhã, sua mente estava ocupada por algo que não era tão comum: Elise.Ele ficou deitado por um momento, encarando o teto, tentando organizar os pensamentos. Havia algo em Elise que o inquietava profundamente. Não era apenas a relutância dela em aceitar sua posição – isso era esperado, até compreensível. Mas sua determinação, aquela chama que ele via em seus olhos, era algo que ele não sabia se admirava ou temia. Ela não era como as outras mulheres que cruzaram seu caminho. Elise era um enigma, e Astor odiava enigmas.Quando finalmente se levantou, sentiu o frio do chão de pedra sob seus pés descalços. Preparou-se rapidamente, vestindo uma túnica escura que refletia seu humor matinal.
Os dias se arrastavam como um nevoeiro denso, sufocando Elise com o peso de sua nova realidade. Durante as aulas impostas pela Lady Geneviève, ela mantinha a fachada de uma aluna disciplinada, mas em seu interior, a mente trabalhava em um ritmo frenético. Entre os compromissos e os olhares atentos, Elise encontrava brechas para perseguir seu verdadeiro objetivo: desvendar os segredos do palácio.Em seus momentos de liberdade, ela caminhava pelos corredores, observando atentamente as tapeçarias, os brasões e os livros antigos que adornavam a biblioteca. Haviam volumes pesados e empoeirados que pareciam não ser tocados há anos. Sentada em uma mesa de madeira maciça, rodeada por velas tremulantes, Elise folheava as páginas com cuidado. Procurava qualquer indício de profecias, lendas ou registros sobre a linhagem real. Cada palavra parecia carregada de mistério, mas a maior parte dos textos apenas alimentava sua frustração.Em uma dessas tardes, Elise foi surpreendida por passos firmes qu
Os passos de Elise ecoavam pelo corredor enquanto ela seguia em direção aos aposentos reais, o coração batendo com uma intensidade que quase fazia seus joelhos fraquejarem. Apesar de todo o seu preparo mental, de todas as camadas de autodefesa que havia construído ao longo da semana, a ideia de compartilhar a noite com os reis era insuportável. Não pelo ato em si, mas pelo simbolismo. Era uma rendição. Um reconhecimento de que, por mais que tentasse, estava encurralada.Havia passado o dia anterior tentando se convencer de que não tinha outra escolha. Repassara as ameaças veladas, os olhares carregados de julgamento do conselho e os sussurros incessantes que circulavam pelo palácio. Mesmo o leve consolo do chá que tomava diariamente para inibir uma possível gravidez não era suficiente para acalmar o turbilhão em sua mente.Ao passar pelas portas maciças que levavam à câmara principal, foi recebida por um serviçal silencioso que indicou onde deveria esperar. A sala era ampla, com uma l