Elise sentia o peso do dia assim que os primeiros raios de sol atravessavam as cortinas de seu quarto. Seu corpo já dava sinais do cansaço acumulado: ombros doloridos, cabeça latejando, e uma exaustão mental que ameaçava dominá-la. Todos os dias pareciam os mesmos. Contudo, ela não tinha tempo para fraquezas ou se lamentar. As aulas de etiqueta começavam logo cedo, e a Lady Geneviève não era conhecida por sua paciência.Sentia que a sua investigação estava empacada, mal tinha tempo entre as aulas de etiqueta que praticamente tomavam o seu dia todo. Suspirou conternada.Sentada à penteadeira, Elise observava a criada preparar o chá que ela secretamente solicitara. Aquela mistura era sua única segurança contra os planos do conselho e dos reis. Enquanto a jovem derramava o líquido fumegante na xícara, Elise perguntou com desinteresse fingido:— Alguém viu você trazendo essas ervas?A criada ergueu os olhos rapidamente e balançou a cabeça.— Não, minha senhora. Fiz como pediu. Ninguém sus
Astor observava o castelo da janela de seus aposentos, os olhos fixos no horizonte enevoado. O peso do silêncio parecia crescer ao seu redor, mas ele não era do tipo que se incomodava com isso. Preferia a calma, o controle. No entanto, desde que Elise havia entrado em suas vidas, parecia que o equilíbrio estava constantemente por um fio.— Você está inquieto. — A voz de Lucian veio de algum lugar atrás dele, quebrando o silêncio. Astor não precisou se virar para saber que o irmão o estudava com aquele olhar analítico de sempre. — Algo te preocupa?Astor cruzou os braços, a expressão impassível. — Elise. — A palavra foi dita com um peso que parecia preencher o quarto. — Ela é… imprevisível.Lucian se aproximou, parando ao lado dele. — Imprevisível, sim. Mas também interessante. Você viu como ela lidou com Lady Geneviève ontem?Astor bufou, franzindo a testa. — Lady Geneviève não é um problema. Elise, por outro lado, pode ser. Ela finge aceitar nossas condições, mas algo nela… é como um
Astor despertou com o primeiro raio de sol atravessando as pesadas cortinas de seu quarto. Ele não costumava dormir muito, nem tampouco de forma tranquila. Seus pensamentos eram sempre um mar revolto de estratégias, responsabilidades e o peso de decisões que moldariam o futuro do reino. Contudo, naquela manhã, sua mente estava ocupada por algo que não era tão comum: Elise.Ele ficou deitado por um momento, encarando o teto, tentando organizar os pensamentos. Havia algo em Elise que o inquietava profundamente. Não era apenas a relutância dela em aceitar sua posição – isso era esperado, até compreensível. Mas sua determinação, aquela chama que ele via em seus olhos, era algo que ele não sabia se admirava ou temia. Ela não era como as outras mulheres que cruzaram seu caminho. Elise era um enigma, e Astor odiava enigmas.Quando finalmente se levantou, sentiu o frio do chão de pedra sob seus pés descalços. Preparou-se rapidamente, vestindo uma túnica escura que refletia seu humor matinal.
Os dias se arrastavam como um nevoeiro denso, sufocando Elise com o peso de sua nova realidade. Durante as aulas impostas pela Lady Geneviève, ela mantinha a fachada de uma aluna disciplinada, mas em seu interior, a mente trabalhava em um ritmo frenético. Entre os compromissos e os olhares atentos, Elise encontrava brechas para perseguir seu verdadeiro objetivo: desvendar os segredos do palácio.Em seus momentos de liberdade, ela caminhava pelos corredores, observando atentamente as tapeçarias, os brasões e os livros antigos que adornavam a biblioteca. Haviam volumes pesados e empoeirados que pareciam não ser tocados há anos. Sentada em uma mesa de madeira maciça, rodeada por velas tremulantes, Elise folheava as páginas com cuidado. Procurava qualquer indício de profecias, lendas ou registros sobre a linhagem real. Cada palavra parecia carregada de mistério, mas a maior parte dos textos apenas alimentava sua frustração.Em uma dessas tardes, Elise foi surpreendida por passos firmes qu
Os passos de Elise ecoavam pelo corredor enquanto ela seguia em direção aos aposentos reais, o coração batendo com uma intensidade que quase fazia seus joelhos fraquejarem. Apesar de todo o seu preparo mental, de todas as camadas de autodefesa que havia construído ao longo da semana, a ideia de compartilhar a noite com os reis era insuportável. Não pelo ato em si, mas pelo simbolismo. Era uma rendição. Um reconhecimento de que, por mais que tentasse, estava encurralada.Havia passado o dia anterior tentando se convencer de que não tinha outra escolha. Repassara as ameaças veladas, os olhares carregados de julgamento do conselho e os sussurros incessantes que circulavam pelo palácio. Mesmo o leve consolo do chá que tomava diariamente para inibir uma possível gravidez não era suficiente para acalmar o turbilhão em sua mente.Ao passar pelas portas maciças que levavam à câmara principal, foi recebida por um serviçal silencioso que indicou onde deveria esperar. A sala era ampla, com uma l
O sol da manhã penetrou pelas cortinas pesadas, iluminando os aposentos de Elise em tons dourados. Ela estava sentada na beira da cama, os dedos entrelaçados sobre o colo, enquanto fitava o chão de pedra com uma expressão indecifrada. A noite anterior ainda pesava em sua mente. Cada palavra, cada toque, cada silêncio compartilhado entre ela, Astor e Lucian parecia ter deixado marcas invisíveis em sua pele e em sua alma.O cheiro sutil do chá que havia tomado mais cedo ainda pairava no ar. Elise não se esquecia de sua rotina: garantir que não houvesse um herdeiro. O pensamento era sua única ancora, o único lembrete de que ainda possuía algum controle sobre o caos em que sua vida havia se tornado.Ela inspirou profundamente e levantou-se, caminhando até o espelho. Seus olhos estavam cansados, mas havia algo ali que se recusava a quebrar: sua determinação. "Não vou ceder mais do que o necessário", murmurou para si mesma, ajeitando os cabelos com dedos firmes. Precisava manter as aparênci
O amanhecer trouxe consigo uma luz pálida que mal conseguia atravessar as pesadas cortinas do quarto de Elise. Ela estava acordada há horas, encarando o teto ornamentado, os pensamentos girando em sua mente como folhas em um redemoinho. A noite anterior a havia deixado marcada, mas não da maneira que os reis ou o conselho esperavam. Seu corpo podia ter cedido, mas sua mente permanecia intacta, firme na determinação de escapar daquela prisão dourada.Levantou-se lentamente, os movimentos calculados. Ainda havia o chá para tomar. Com mãos experientes, preparou a infusão, o aroma das ervas familiares enchendo o quarto. Sentada à beira da cama, ela bebeu o líquido quente em pequenos goles, como se cada um deles reforçasse sua resistência interna. "Não vou ceder", murmurou para si mesma, como um mantra silencioso.A manhã prometia ser longa. A convocação do conselho ecoava em sua mente como um tambor incessante. Eles exigiriam respostas, controle, submissão. Elise sabia que aquele era um j
Lucian estava sentado em uma das varandas do castelo, a luz dourada do amanhecer banhando sua figura com um calor que ele raramente sentia. Sua mente, no entanto, estava longe de qualquer sensação de tranquilidade. As palavras ditas no conselho na noite anterior ecoavam em sua mente como uma melodia dissonante que ele não conseguia ignorar. Elise, a rainha que deveria trazer estabilidade ao reino, parecia ser tanto uma solução quanto um problema em potencial.Ele tamborilava os dedos contra o braço da cadeira, observando os jardins abaixo. Havia algo intrigante nela, algo que ele não conseguia desvendar completamente. Desde o início, a postura de Elise era desafiadora, mas também estratégica. Ela não era apenas uma jovem assustada jogada em um ninho de cobras; era alguém com um propósito. E esse propósito o preocupava tanto quanto o fascinava.Astor entrou na varanda com passos firmes, interrompendo os pensamentos de Lucian. O irmão, como sempre, parecia uma força da natureza, carrega