Ivy Hunter –Meus olhos estavam nele.O homem que tantas vezes me tirou do eixo, que me fez sentir tanto em tão pouco tempo.Agora estava aqui, bem na minha frente se declarando.Cansei de fugir. Não vou mais esperar.Meu peito subiu e desceu em um suspiro contido antes que eu tomasse a única decisão que fazia sentido para mim.Me joguei nos braços dele, encostando minha cabeça em seu peito enquanto seus braços me apertavam com força. Como se fosse impossível me deixar ir.Fechei os olhos, sentindo seu cheiro, sua presença, sua segurança.Christian era rude, implacável, impiedoso com o mundo. Mas comigo… comigo, ele era meu lar.Senti a mão dele afanar meus cabelos e então, levantei meu olhar, encontrando o dele.— Posso mesmo te amar? — Minha voz saiu como um sussurro, carregada de tudo o que eu sentia.Os lábios dele se curvaram em um riso baixo e rouco e sua mão veio até minha bochecha, acariciando meu rosto com uma ternura que só ele sabia esconder tão bem.Meu coração saltou, e a
Ivy Hunter –Eu estava vivendo um conto de fadas.De repente, depois daquela confissão em público, pensei que tudo ia ficar pior, mas por incrível que pareça, as coisas melhoraram.Minha convivência com os outros na empresa, o meu trabalho deslanchou, tudo parecia estar indo bem.Tão bem, que chegava a me preocupar.O dia do baile chegou. E com ele a minha ansiedade e o medo de não ser totalmente aceita pela família de Christian, mas só de ele estar do meu lado falando que enfrentaria tudo e todos por nós, eu já me sentia bem.Respirei fundo e vi a porta do closet ser aberta, com Amanda saindo de lá.—E aí? Como estou? – Perguntou ela dando uma volta.—Está linda! – Falei a vendo apontar para o closet.—Vai. É a sua vez!Respirei fundo e finalizei a minha maquiagem, indo para lá colocar o vestido.Ele era um vermelho modelo sereia, cheia de pequenas gotinhas de brilho dourado. Seu decote era em V, realçando ainda mais os meus seios que já estavam enormes devido a gravidez.Me olhei de
Ivy Hunter-Olhei para os lados e respirei fundo, a seguindo.Andressa me levou até o banheiro e assim que passamos pela porta, ela a trancou, se virando para mim com um semblante escurecido.—Por quê? Por que você entrou nas nossas vidas e o tirou de mim? – Perguntou ela me fazendo vincar as sobrancelhas.—Calma Andressa, vamos conversar.—Conversar? – Perguntou ela soltando um riso. —Não temos nada para falar. Você precisa desaparecer.—O quê? - Perguntei desacreditada a vendo olhar para a tela do celular, voltando a me encarar.—É um seguinte...Você pode polpar tudo isso. Você, essa criança e ele. E eu te darei uma chance a mais. Se você abandonar Christian, vive você e a criança. Se não, saiba que tem homens meus para todos os lados. Se eu estalar os dedos, nós duas ficamos sem ele.—Você só pode estar doente. Que tipo de loucura é essa? – Perguntei a empurrando e fazendo menção de sair, mas de repente, ouvi um barulho de uma arma engatilhando.—Ivy eu falei sério. – Disse ela apon
Ivy Hunter –Senti minha cabeça latejar.Meus olhos se abriram lentamente e então, senti o carro balançando me causando desconforto enquanto a escuridão do lugar me cobria.O cheiro de couro e cigarro misturado à gasolina fez meu estômago revirar. Eu estava deitada no banco de trás e ao tentar me mexer, senti minhas mãos presas por algo que me apertava firmemente.Aos poucos, minha visão ficou nítida. Dois homens estavam na frente, discutindo.— Você devia ter dopado ela mais! Agora vai acordar e começar a gritar! — rosnou um deles, o que estava no banco do passageiro.— E você acha que sou babá dessa vadia? Estamos quase no destino, cala a boca! — o outro rebateu, o que dirigia.Engoli em seco, sentindo meu coração martelando contra as costelas. Destino? Para onde estavam me levando?Foi então que o homem no passageiro recebeu uma notificação no celular. Ele franziu a testa e abriu um vídeo.— Ótimo. Agora temos que mostrar isso pra ela.Meu sangue gelou quando ele virou o celular na
Christian Müller –A festa estava de acordo com o que planejei.Todos estavam bem-vestidos, a música estava suave ao fundo e o clima agradável.Comecei a conversar com alguns empresários; alguns eu conhecia, outros eram do círculo de amizade de Richard e Jonathan. – Compreensivo, já que a festa era dos três grupos dessa vez.Varri os olhos procurando por ela. A mulher que tem feito dos meus dias os mais doces e agradáveis.Assim que a avistei, sorrindo de leve para mim. Notei que seus olhos pareciam tristes, algo aconteceu. Guardei as minhas mãos no bolso da calça e ameacei ir até ela, mas ao me mover, alguém tocou meu braço.Assim que me virei para olhar, vinquei as minhas sobrancelhas e respirei fundo, tentando não estragar tudo.— O que diabos você está fazendo aqui? — Perguntei o encarando com frieza.Ele sorriu, aquele maldito sorriso presunçoso que sempre me irritou.— Ora, Christian, essa não é forma de cumprimentar seu velho pai. Vamos conversar! – Disse ele dando alguns passos
O caos se espalhava pela festa como um incêndio descontrolado.O som das sirenes já ecoavam do lado de fora, misturado ao burburinho dos convidados, que tentavam entender o que estava acontecendo.Meu sangue fervia e cada músculo do meu corpo estava tensionado.Ivy estava desaparecida.Não havia espaço para dúvida. Não havia tempo para hesitação.— Quero todas as saídas da cidade fechadas! Aeroportos, rodovias, ferrovias, tudo! — rosnei para um dos seguranças, que já estava no telefone coordenando as ordens. — Verifiquem as câmeras da cidade, rastreiem qualquer carro suspeito que tenha saído daqui. E ativem nossos contatos na polícia. Eu não me importo com o custo, eu quero Ivy de volta.O chefe da segurança assentiu e saiu apressado, já transmitindo as ordens. Mark estava ao meu lado, com o celular no ouvido, lidando com outra parte das buscas. Amanda tremia, as mãos tapando a boca, os olhos arregalados.Eu precisava manter o controle.O ar ao meu redor parecia rarefeito, minha respir
Christian Müller –Desci do carro e corri até o lugar, ignorando qualquer pedido para que eu parasse.—Senhor, não pode ultrapassar! – Disseram.—Ele é o marido da vítima! – Disse Mark, vindo atrás de mim.Meu peito subia e descia em uma respiração pesada. O vento quente bateu contra meu rosto, mas eu não senti nada.Porque ali, diante dos meus olhos, estava o carro onde Ivy deveria estar. Ou melhor, o que restou dele.O veículo estava irreconhecível. A lataria completamente amassada, carbonizada. As chamas já haviam consumido quase tudo.Não havia corpo. Não havia nada. Apenas cinzas.Mark parou ao meu lado, ofegante. Seu rosto estava endurecido, como se tentasse processar a cena diante de nós.— Ela pode ter saído antes da explosão… — Ele disse tentando ser positivo, mas sua voz soou incerta.E então, um dos policiais se aproximou.— Fizemos a busca no perímetro. Não há rastros de saída. A explosão foi instantânea. Não teria havido tempo.Minha mandíbula travou.Aquela era a confirm
Christian Müller - O céu cinzento parecia refletir o que eu sentia por dentro. A chuva fina que começava a cair não era nada comparada à tempestade que devastava minha alma.Parecia um reflexo perfeito do que eu sentia por dentro uma escuridão densa e sufocante.A mídia já havia estampado manchetes sobre o caso. “Esposa do CEO Christian Müller morre em trágico acidente”, diziam os jornais. “Herdeira da Müller & Co. sofre destino fatal”.Repórteres tentavam capturar cada expressão minha, como se esperassem que eu desmoronasse em frente às câmeras.Mas eu não desmoronei.Eu fiquei ali, parado diante do caixão fechado, vestido de preto dos pés à cabeça, com as mãos enfiadas nos bolsos do paletó e os olhos fixos para o nada.Porque não havia corpo.Não ouvi o que o padre disse. Não ouvi os soluços das pessoas ao meu redor. Tudo o que ecoava em minha mente era o som dos tiros naquele vídeo maldito e a visão do carro carbonizado.Ivy estava morta. E eu a perdi.Prometemos nunca nos deixar