Mounir estava distraído, começou a conversar com a moça, gostou muito dela, já de início, ela estava usando um vestido longo, amarelo com bordados de rendas preta, muito bem maqueada, sem usar o hijab, o cabelo dela era muito cheio, estava em um coque daqueles feitos em salão em beleza, ela era elegante, sorridente e muito educada, enquanto se cumprimentavam, já era nítido, que ela era bastante instruída, respeitosa.
Ela começou a falar com ele, alternando inglês, árabe e português, já sabia da boa fama, da família dele, e quando ele foi respondendo igualmente em um tom descontraído, ela ficou bastante intrigada.Foi logo ao ponto, disse que ficou muito confusa, sem entender porque ele estava querendo se casar tão rápido, se era recém casado, os dois estavam indo para dentro da casa, ele disse que não estava contente e iria se divorciar, para dar a segunda esposa, o direito de se tornar a primeira, porque ele gostava de seguir os costumes e sabia, que a primeira, sMounir estava balançando a cabeça que não, percebeu para onde ela estava levando a conversa, achou que ia expor o acordo deles, interrompeu — Inaya, já chega. Pare sua serpente, mentirosa, você vive tomada por um gênio ruiim.— Sempre diz e fala coisas, que não deveria.— A família dela, não lhe ensinou nada meu tio.Ela se alterou— E você é como um jinn, com mil faces. — Não sou mentirosa, você não quer ter um casamento abençoado e nem me dar filhos.— Que alá diminua os seus dias. — Ele disse que quer me ver morrer seca sozinha, porque eu mereço ser sacrificada como um carneiro.— Me obriga usar o véu e estava lá, dando presentes a aquela magricela que se mostra toda. Mounir respondeu que era mentira, Halim interrompeu pensativo — La, la, la. — Vocês estão fazendo tudo errado.— O casal tem que sentar e conversar, entender o lado um do outro. I
Ela continuou quieta, cabisbaixa, ele ia deixá-la se divorciar, já que queria tanto, sem dar satisfação, ele saiu novamente, voltou mais tarde com uma doméstica que Jamila indicou, Inaya estava deitada no quarto, ele mostrou a casa toda, explicou o que ela deveria fazer e vigiar, era uma das coisas. Ele deu a lista de compras, um cartão de crédito, a mandou ir ao mercado sozinha, Farrah nem chegou a ver Inaya.Mounir foi fazer a mala para viajar a trabalho, colocou na sala, estava pronto para sair, bateu na porta do quarto e abriu, Inaya se sentou com cara de choro, que na verdade era cara de doente, ficou calada o olhando, ele falou mexendo no celular — Estou indo viajar, você vai ficar aqui e não sair por nada.— Contratei uma senhora, para te ajudar com a casa.— A Farrah é conhecida da minha família, ela foi fazer as compras e vai vir alguns dias, na semana.— Graças ao seu péssimo comportamento, a minha irmã, não quer vê-l
Mounir chegou de viagem e encontrou a casa em um silêncio incomum, tudo excessivamente arrumado, estranhou a ausência de Inaya, imaginando que ela poderia ter saído. Na cozinha notou algumas poucas louças sujas na pia, um indício de que ela esteve ali recentemente, uma apreensão começou a crescer em seu peito enquanto subia as escadas. Ele esperava encontrar Inaya, talvez para mais uma discussão, um acerto de contas, ao se aproximar da porta do quarto e chamá-la, o silêncio persistiu. Bateu hesitante duas vezes, o medo o invadiu com força, uma angústia o atingiu, a terrível possibilidade de que, em seu desespero, Inaya pudesse ter feito algo contra si mesma o paralisou por um momento.Desesperado Mounir entrou no quarto, ao vê-la caída no chão, correu em seu socorro, a ergueu com cuidado e colocou na cama. O desespero em sua voz era notável, enquanto a chamava repetidamente, tentando trazê-la de volta, Inaya despertou lentamente, com os olhos semicerrados e a voz fraca, pedindo po
Mounir nasceu no Egito e foi morar no Brasil ainda criança. Quando seus pais morreram, Halim, seu tio, acolheu ele e sua irmã. Ele teve uma criação rígida baseada nos costumes e na religião. Sua família é tradicional, ainda que dividida entre o Egito e o Brasil. Ele sempre se esforçou muito. Quando atingiu a maioridade, foi estudar fora, na Europa. Na primeira oportunidade, retornou e virou ceo na rede de hotéis de seu tio, que já de idade avançada, queria vê-lo casado de qualquer forma.Quando ninguém via, ele não seguia a religião de fato e, ainda que com medo, às vezes cometia vários haram. Foi bastante influenciado pelos anos longe de casa, mas respeitava muito o tio, como se fosse um pai. Halim ficava nervoso só de imaginar que seu sobrinho não era um verdadeiro exemplo de homem.Halim estava fazendo vista grossa para a enrolação de Mounir em se casar e construir uma família. Usando a doença, arrumou várias pretendentes para ele. O chamou para ir viajar com a família e, ao notar
Ela começou rir envergonhada, ele acenou para o tio e o futuro sogro, falou baixinho só para ela ouvir- Então, está verdadeiramente interessada em se casar comigo?Ela ficou desconcertada séria, sem querer parecer desesperada- Como vou saber?- Não te conheço.Ele disse rindo, que também não sabia, perguntou se ela era apaixonada pelo ex noivo, pareceu debochado desrespeitoso, como se soubesse da história dela e o Rashid, muito nervosa, ela se afastou sem responder, o deixou falando sozinho.Depois ficaram trocando olhares curiosos o resto da festa, ela estava sem saber como se sentia referente a ele, sua irmã Baya ficou eufórica com a beleza e simpatia dele.Ela queria muito casar e por isso, insistia para a irmã casar logo, começou dar bons motivos para Inaya casar logo e se conformar com a sorte, porque ele era rico, bonito, educado e com certeza em algum momento iriam se amar.Mounir estava reunido com a família, comentou com o tio, que a achou a pretendente muito jovem, Halim s
Aproveitando para apressar as coisas, Halim convidou Mustafa e a família para jantarem oficializando tudo, era praticamente o noivado e os noivos nem sabiam muito bem como as coisas seriam.Inaya não tinha muitas roupas bonitas adequadas, sua futura cunhada quem lhe deu o vestido, mandou entregar, com sapatos novos, Baya se deslumbrava ao ver a " sorte " da irmã, Inaya adorava maquiagem, mas não sabia se maquiar muito bem e seu pai implicava também.Ao ficar pronta, ela colocou os sapatos, era um scarpin de bico fino, que até era seu número, mas ficou apertado, mal dava para andar e ela não tinha outro calçado que combinasse.Mounir saiu sem avisar, queria conversar com o primo, e não o encontrou, quando seu tio sentiu sua falta, começou ligar várias vezes, Mounir estava voltando, ignorou as chamadas, quando chegou levou xingo, os convidados já tinham chegado, e estavam fazendo comentários maldosos sobre a noiva.Halim o mandou ir se arrumar, para receber a noiva, entregar os present
Jamila disse que ia resolver aquilo, fechou a porta e o mandou ir para a sala, falou que logo, iriam comprar muitos calçados novos, Inaya falou que não precisava de muito, demonstrou humildade, comentou que gostava de se vestir com modéstia.Todos se reuniram na sala, Mounir deu um colar de ouro para Inaya, levou um cutucão do tio, que mandou ele colocar, se aproximou dela sentindo o cheiro do perfume, pode sentir seus cabelos compridos volumosos, ela estava extremamente envergonhada, ficou com o rosto corado e as mãos trêmulas.Ele colocou o colar, falou para todos ouvirem- Está muito zwina!Ela só sorriu, sem nem conseguir agradecer, ele a beijou na testa, como demonstração de respeito e carinho, estavam em um teatro perfeito.A noite estava tranquila, a família se reuniu ao redor de uma mesa enorme, tipicamente coberta por uma toalha decorada com intrincados padrões geométricos e vibrantes cores.Sobre a mesa, tinha uma variedade de pratos saborosos, exalando o cheiro deixando tud
Ele começou a olhar o cardápio, por se sentir constrangido de lhe fazer uma proposta tão " indecente "- Não temos tempo pra pensar!- Isso é muito sério.- Porque o casamento vai acontecer.- Só quero ser honesto com você antes.- E se contar a alguém, sobre a minha proposta, vou dizer que é mentira.- Ninguém vai querer se casar com você, caso eu desfaça tudo.- Sua família vai ser humilhada, de novo.- Pensa bem Inaya.Ela ficou nitidamente chateada, se sentindo coagida- Não é justo isso!- Vocês são todos iguais, ardilosos.Ele chamou a atendente, sério- Você prefere um noivo velho?- Que vai te m altratar? Te obrigar a ter muitos filhos?- Você é muito bonita, mas não é alguém com quem eu ficaria.- Isso é um favor maior pra você, do que para mim.- Só temos que esperar um ano, depois te dou o divórcio e estaremos livres.- Sua irmã já vai estar casada, com filhos.Ele fez mais um pedido, ela ficou visivelmente triste- Não quero me casar com você.- Que sorte triste a minha.