Me afastando de seu toque com a expressão vazia, sento na cama, e olho ele agora colocar o seu relógio de ouro no pulso.
— Então eu tenho que escolher entre você e a minha liberdade e meus sonhos papai? Isso continua sendo injusto para mim, porque eu amo todos. — Digo triste. Papai enfim me olha e então vejo compaixão em seu semblante antes de me responder. — Fernanda, eu estou velho, sua mãe internada em uma clínica. Se eu morrer amanhã minha filha, quero que esteja segura com alguém que nunca te faça mal algum. eu vi como Augusto é cuidadoso com a mãe, e também com a irmã mais nova. a maneira dele as tratar, me convenceu que ele era o adequado para você. Tenho medo de não conhecer um homem para qual se entregará no futuro. Não poderei descansar no meu túmulo, se você estiver sofrendo. Então me dê essa paz. — Papai se levanta e continua. — Pense, é como eu disse, se for me dar um sim, apareça no jantar.
Depois disso ele sai do quarto me deixando com os olhos cheios de lágrimas. — Augusto, seu mentiroso idiota... papai acordou cheio de disposição, e foi ele quem brigou comigo, vou me vingar de você.
Digo para mim mesma chorando, deixando enfim as lágrimas descerem pelo meu rosto.
— Senhorita Fernanda? Desculpe. Não vi que estava aqui. Achei que tinha ido tomar café da manhã, porque vi o seu pai saindo, aí aproveitei e vim arrumar o quarto. — Eloisa tentou se explicar sem graça ao me ver chorando no quarto. Imagino o choque, já que ninguém havia me visto chorar antes. Limpo minhas bochechas molhadas rapidamente e me recomponho. Abrindo um sorriso largo para ela a respondo.
— Não se preocupe Eloisa, eu estava chorando de felicidade. Bom, vou embora porque tenho uma reunião importante de última hora. Eu lamento por não poder ficar para o café. — Sem deixar ela me impedir de ir, saio do quarto do meu pai e vou para o meu pegar a minha bolsa que havia deixado lá, em seguida saio o mais breve possível desta mansão sufocante.
No trabalho, as coisas andam bem. Tive sorte em remarcar minha reunião mais importante, o cliente que nos financia em uma boa parte do projeto atual, teve uma viagem inesperada, mas logo voltará. Olhando o porta-retrato onde está eu, minha mãe e meu pai e meu irmão já falecido, sinto meu peito devastado. Eu sei que prometi a ele que estaríamos sempre juntos em família, mas me casar a troco disso? Esse é o único caminho para que eu possa manter minha promessa? Estou tão confusa, que parece que vou enlouquecer.
— Você mentiu para mim Oliver, me fez prometer que estaríamos sempre juntos, unidos, mas partiu primeiro. Você é o culpado sabia? Porque você se foi! — Grito com a foto, dentro do meu escritório chamando a atenção de todos os funcionários que estão trabalhando no lado de fora da minha sala.
— Fernanda, você está bem? — Rose entra após algumas batidas, preocupada. Eu então percebo que passei dos limites, e ficar aqui dentro não vai me fazer bem, não agora.
— Eu acho que não. Desculpa Rose, tenho que tomar um ar fresco ou vou acabar em um manicômio usando camisa de força.
Depois de alguns Minutos dirigindo, chego aonde eu queria estar no alto da montanha preferida de Oliver. Ele me trazia aqui e me dizia o quanto amava essa vista da cidade, principalmente no fim do dia ao pôr do sol. Enfim posso respirar novamente. Sinto o vento bater no meu cabelo longo e a brisa me acalmar. É como se Oliver estivesse aqui, na verdade eu acho que eu o sinto realmente aqui. Dou alguns passos mais à frente, levada pela sensação gostosa. Oliver tinha 22 anos quando morreu em um acidente de carro. Sua morte foi imediata. Uma carreta bateu no seu carro enquanto ele voltava para casa. Todos nós ficamos desesperados, eu tinha apenas 9 anos na época, foi um ano antes de me traumatizarem com a minha festa de aniversário. Oliver sempre foi o mais brincalhão e sorridente dentre nós. Sinto falta dele correndo pela casa, a Mamãe rindo conosco e o papai como sempre, resmungando se fazendo de difícil, como se fosse de Ferro. Mas com Oliver eu via em seu rosto um resquício de sorriso e tranquilidade nele, mesma a casa estando uma bagunça, era o nosso caos de felicidade. Com os olhos ainda fechados sussurro: — eu ainda o sinto, Oliver. Obrigada por estar comigo neste momento. Estendo minhas mãos para cima, ainda sentindo o vento que passa pelo meu corpo.
— Espera Fernanda! Não faça isso!
De repente, mãos me agarram e me puxam me tirando do meu momento relaxante. Assustada eu abro meus olhos e então vejo Augusto, que amorteceu a minha queda sobre o chão com o seu corpo, ao me tirar da beirada do abismo. Nossos olhares se encontram e nossos corpos alinhados parecem haver ondas de choque.
Sem dizer uma palavra eu me levanto rapidamente sentindo minhas bochechas ficarem rosadas. “Que emoção é essa? Estou me sentindo atraída por Augusto? Não! Impossível!” penso ao sacudir a cabeça de um lado para o outro. Logo em seguida a voz de Augusto me tira do restante do transe.— VOCÊ ESTÁ LOUCA MULHER ?? QUERIA MESMO TIRAR SUA VIDA POR CAUSA DE UM CASAMENTO? — Ele claramente diz alterado, enquanto passa uma de suas mãos pelo cabelo preto ao se levantar também.— Do que está falando? Me matar? Você que está ficando louco Augusto! Eu nunca que cometeria tal ato, apesar de sentir somente repulsa por você e nada mais. — De um jeito descarado cruzo os braços e lanço um sorriso ao continuar a falar, o provocando. — Além disto... em breve estarei livre deste noivado fajuto. Não tenho com o que me preocupar.— Eu pensei que você... estava.... quer saber? Esquece. Você é muito egocêntrica mesmo pra cometer tal coisa. E pode ir tirando esse seu sorrisinho do rosto porque em breve, será min
Como era de se esperar, eu estava na casa do meu pai aguardando o que ele tinha a me falar já que eu havia viajado por três meses o deixando meio desnorteado. Meu pai é um cirurgião bem reconhecido no mundo da medicina, conhecido pelo seu incrível talento de ter as mãos Mágicas para transformar as pessoas com cirurgias plásticas de diversas maneiras.– Fernanda, você já tem 25 anos minha filha. Quero que se case o mais rápido possível. Por isso marquei um jantar para amanhã com um dos solteiros mais cobiçados e de valor da cidade. Esteja aqui. — Ele disse curto e grosso, enquanto arrumava suas pastas em sua gaveta no escritório. — Papai, eu não posso me casar agora! Estou com muitas metas diferentes para minha vida e uma delas não é estar amarrada a uma pessoa que eu não vou estar nem apaixonada. Isso é loucura! Esqueça essa péssima ideia. — Retruco, me levantando da cadeira para ir embora. Não aceitando esse casamento arranjado.— Metas... é sério isso Fernanda? Eu estou aqui, preoc
Horas depois, estava na minha casa, já havia me maquiado e vestido as roupas as quais Rose me arrumou. Pelo que aconteceu mais cedo, eu estava com sangue nos olhos, nada, exatamente nada, poderia me parar. Estava pronta para envergonhar meu pai e acabar com esse casamento arranjado. Desci do carro assim que cheguei na casa dele. Papai já havia me mandado uma mensagem de texto dizendo para não faltar a esse jantar. Espero que ele esteja preparado porque vou causar. As luzes do saguão estão acesas, tudo indica que eles estão no Jardim. Como não poderiam estar?! Papai não perderia a chance de mostrar aquelas estátuas caras de coleção limitadas. (Reviro os olhos) ao passar por elas. Em seguida, vejo que cheguei numa hora mais que boa, pois o escuto me mencionar ao tal pretendente a meu noivo.— Por favor, me desculpem pelo o atraso da minha filha. Ela é muito vaidosa, com certeza está escolhendo a roupa mais elegante para comparecer bem aos seus olhos. Todos na mesa riem em compreensão, a
— Pai! Não pai, levanta! — Grito eufórica, sem saber o que fazer. — Com meu pai em meu colo, Augusto que já estava ligando para ambulância deixa o celular de lado ao ver o meu desespero. — Calma Fernanda, seu pai vai ficar bem.Assim que desliga o celular, Augusto começa a ferir o pulso do papai, em seguida ele abre os olhos dele examinando as pálpebras. Papai de repente começa a tremer e a entortar sua língua. Augusto imediatamente enfia o seu dedo indicador na boca dele, quase que no céu da boca, evitando com que sua língua enrolasse por completo. Logo após ele o vira de lado e coloca uma almofada da cadeira abaixo de sua cabeça, se afastando e me puxando com ele contra a minha vontade. — para, eu quero ficar com meu pai! Me solta! — Grito enfurecida, tentando me libertar. No entanto os braços fortes de Augusto me mantém parada, não consigo nem se quer me mover um pouco de onde estou. Poxa, que humilhação. Então ele me vira de frente para ele enquanto choro, sentindo seu peitoral no
Eu fico desconcertada pela falta do seu toque. Meu Deus, que homem... que homem.— Se já terminou com essa tentativa frustrante, gostaria de poder descansar um pouco, amanhã tenho reuniões importantes que foram desmarcadas hoje, por sua causa.Me recomponho deste pequeno surto me fazendo de difícil. Não posso deixa-lo ver que me desestabilizou, mas mesmo assim eu tentando esconder, Augusto parece notar e me lança um sorriso meio que traiçoeiro.— Vou embora, mas não porque me pediu e sim para você não ficar vermelha ainda mais, bonequinha. Aliás, sobre o seu pai, deixe ele descansar, ele pode acordar meio atordoado, então tenha paciência com ele e evite brigas no momento. — Depois disso, Augusto caminha até a porta e vai embora, juntamente com sua mãe que estava com a feição preocupada.Começo a olhar por onde eles se foram e sinto um alívio tomar de conta de mim. Por que estou tão nervosa? Augusto me deixou assim pela sua atitude repentina. Só pode ser de susto, eu preciso descansar.