Oito.

O seu dia foi mais exaustivo do que ela imaginou. Quando Ryan chegou em casa, casado do trabalho, viu Kristin dormindo no sofá. Ele a pegou nos braços e a levou para o quarto. Ela estava tão cansada que nem notou que estava sendo carregada, apenas se aconchegou mais ao corpo de Ryan. Ele achou irônico, no caminho ele esbarrou com alguns empregados. Ele se perguntou quem, diabos, contratou tantas pessoas? Ryan entra no quarto, ele a deita na cama, fecha a porta e a cobre. Em seguida, vai para o banheiro e começa a se despir. Ele olha-se no espelho por alguns segundos, questionando se vale a pena fazer aquilo tudo por uma briga insignificante. Andou até o box, ligou o chuveiro e entrou embaixo da água morna. Tomou um longo banho. Ele ainda pensava no que Kristin quase fez por ele. Eles não se davam bem, porque ela iria se jogar em alto mar, um medo que ela tem para tentar de alguma forma salvá-lo? Não conseguia compreender, afinal, eles não eram um casal e não havia paixão envolvida nesse relacionamento. Mal se toleravam, não eram nem amigos, eram inimigos declarados. Ele sabia que havia sido o responsável por esse problema, mas ele pensou que seria engraçado irritar a irmã mais nova de seu antigo amigo. Há quanto tempo ele havia se afastado para evitar qualquer desentendimento entre eles? Dois anos? Ele parou para relembrar o motivo de ter indo embora repentinamente. Adorava irritá-la e, de repente, apenas a deixou em paz. Nunca mais a alfinetou com palavras rudes e comportamentos que a desconfortava. Ele apenas a deixou em paz por esse tempo, não entendia o porquê disso.

Após desligar o chuveiro, pegou a toalha, se enxugou e, ao ouvir o celular tocando, saiu do banheiro para atendê-lo, sem verificar quem era atendeu. Se o celular continuasse tocando, Kristin logo acordaria e como ela parecia cansada, ele não queria que isso acontecesse. Se arrependeu imediatamente por não ter olhado o identificador de chamadas.

N: Por que não está respondendo as minhas mensagens?

R: Você tem acompanhado a minha vida certo? Você sabe que eu estou casado agora.

N: Éramos felizes antes dessa garota, mas você terminou comigo do nada, Ryan! - Ele respirou fundo, olhando para Kristin, que dormia feito um anjo na cama.

R: Kristin está na minha vida há mais tempo que você. O que tivemos foi bom, mas foi apenas um momento e, desde o início, fui claro em relação às minhas intenções, que não incluíam assumir um compromisso com você. Não me ligue novamente.

Desligou a chamada, suspirou irritado, deixou o celular no lugar onde estava e foi até o closet.

— Problemas no paraíso? — Ryan se assustou antes de entrar no closet. Ela não estava dormindo há poucos segundo atrás? Ele se virou para olhá-la e o sorriso estupido que estava nos lábios dela desapareceu de imediato. O pior havia acontecido: a toalha ficou presa a porta do closet que ele havia fechado no susto e Kristin acabou vendo o que não queria. Ela cobriu os olhos com raiva. — Porra!

— Isso é o que acontece quando se escuta a conversa dos outros.

— Cobre isso!

— Por que eu faria? Estou na minha casa, no meu quarto, com a minha esposa. — Ela se deita na cama de bruços, escondendo o rosto no travesseiro. Ele riu indo até o closet para se vestir.

Quando voltou ao quarto Kristin procurava algo. Ela não ficou surpresa quando ouviu sua voz, pois havia escutado a porta sendo aberta e fechada. No entanto, teve um susto quando percebeu que ele estava perto demais, com a mão sob seu quadril, que estava praticamente descoberto pela blusa que usava. — O que tá procurando?

— Não li nada no meu Kindle desde ontem e estou atrás dele. Você por acaso o viu por aí?

— Está na sua sala de estudos. — Ela se vira para ele sem entender. — Vem. — Ele sai do quarto e, apesar de receosa, ela o segue. Eles caminham pelo corredor e sobem a escada que tem na sala, aquela que ela ficou curiosa para subir, mas não o fez. — Meu escritório, sua sala de estudos. — Ele indica e abre a porta a esquerda. Ela entra e percebe que a sala é grande e que é de seu gosto.

— Quem decorou isso?

— Talvez o homem que você seja casada? — Ele pergunta como se fosse óbvio. — O meu trabalho é proporcionar o melhor resultado para os meus clientes. A sua mãe me deu algumas informações sobre as suas preferências, e dessa forma tive a certeza que você é realmente chata, mas aqui está o resultado final. Aceitou um beijo como pagamento. — Ele sorriu galanteador. Kristin revirou os olhos e se afasta do mesmo caminhando pela sala, que era enorme e as paredes eram todas estantes de livros. O chão é de madeira polido, uma mesa com o seu laptop, computador novo de marca e alguns objetos de estudos, duas cadeiras a frente da mesa e uma atrás, e uma janela atrás da cadeira maior. Do outro lado da sala havia um sofá branco, uma mesa de centro onde o seu Kindle se encontrava, ela andou até lá para pegá-lo. — O que achou?

— A minha opinião realmente importa?

— Claro, essa sala foi feita especificamente para você.

— Agradável, organizado e sem muitos objetos. Acho ótimo que você pediu para que os livros fossem separados por gênero e colocados em ordem alfabética. Você até que não é ruim, mas as pessoas que te ajudaram são melhores que você. — Ele não admitiria que tudo aquilo, dos assoalhos de madeira muito bem colocados até a arrumação dos livros, tivesse sido feito por ele sozinho. Ninguém mais além dele entrou nesse sala para projetá-la da maneira que ele mesmo idealizou. — Aprovado. 

Ele ficou contente ao perceber que ela havia realmente gostado da sala: ele havia pensado em cada detalhe e saber que a "cliente" havia gostado fazia seu trabalho vale apena, mesmo sendo Kristin a cliente. Parecia que sendo ela, ele se sentia até mais satisfeito, pois ela detestava tudo que ele fazia. Eles permaneceram em silêncio por alguns segundo, apenas se olhando de forma estranha, como se esperassem que algo acontecesse do nada. Kristin foi a primeira a tomar uma atitude.

— Bom, achei o Kindle, acho que vou ler no quarto. — Ele não disse nada, apenas balançou a cabeça para concordar. Ela saiu da sala. Ele ficou por alguns segundos e logo em seguida saiu, fechando a porta atrás de si.

Ele ao invés de ir para o quarto, ele foi para o seu escritório, estava muito pensativo e precisava colocar a cabeça em ordem e não seria ficando perto de Kristin que isso ia acontecer, era mais fácil só piorar, pois a sua confusão era exatamente por conta dela.

Enquanto ele estava em seu escritório, Kristin resolveu tomar um banho, precisava aliviar o corpo, pois parecia que ela estava carregando uma tonelada nas costas, depois do banho, se vestiu com as roupas ridículas que a sua mãe havia comprado e se deitou, pegou seu Kindle e iniciou a leitura.

Ela soube quando Ryan entrou no quarto, ela sentiu o Kindle ser tirado de suas mãos, seu corpo ser coberto e a cama afundar do outro lado da cama, sentiu seu corpo se deixar levar pelo sono que tanto lutava para continuar lendo. Essa era praticamente a rotina deles durante duas semanas, onde eles mal se comunicavam e só fingiam ter algo fora daquele quarto, dentro dele eles eram estranhos que se alfinetavam uma vez ou outra. Hoje Kristin iniciaria o seu curso, e estava animada, Ryan e até os empregados (que haviam sido reduzidos, incluindo a "secretária" de Kristin) podiam dizer com toda certeza que nunca haviam visto ela tão animada como está hoje. Ela estava vestida com uma calça preta, tênis branco, cropped também preto, uma jaqueta jeans multicolor, bege e rosa em degrade, uma toca preta e seus óculos de grau, raramente os usava. Ela estava concentrada em ler enquanto comia, mas Ryan já tinha falado trezentas vezes que não podia ter nada na mesa além da comida. Ryan pegou o Kindle dela e colocou na cadeira oposta a ela. Kristin o olhou com raiva, mas ele a ignorou e voltou a tomar seu café da manhã.

— Ryan! — Ele a olha sem expressão, ela sorrir e faz bico, ele revira os olhos como se aquilo fosse funcionar com ele. — É sério, falta pouco.

— Não!

— Por favor, cara. — Ele nega com a cabeça. 

— Vai ficar sem ele até quando eu quiser.

— Só pode ser brincadeira.

— Nunca falei tão sério na minha vida, termina de comer, não quero me atrasar.

— E o que tenho a ver com isso?

— Vou te levar para a universidade, é caminho para a empresa.

— Hum... pode devolver meu Kindle?

— Come Kristin. — Ela fica emburrada, mas volta a comer, depois ambos saem juntos, entram no elevador um do lado do outro, como mal saía do apartamento estranhou que no caminho todo até o estacionamento não entrou ninguém naquele horário, Ryan percebeu sua confusão. — Esse elevador é apenas da cobertura.

— Rico em. — Ele não diz nada e assim que a porta se abre, eles saem, ele anda até a sua vaga, era o Tesla que os levou até o aeroporto em Los Angeles, Kristin entrou. — Por que mesmo está levando o meu Kindle para o seu trabalho?

— Para você não ler é óbvio, coloca o cinto.

O caminho até a universidade foi quieto, Kristin até considerou colocar uma música, mas desistiu, pois viu que já estava na frente do campus, foi até rápido. Ela tirou o cinto, mas Ryan segurou o seu pulso antes que ela saísse do carro. Ele indicou os seus lábios com o dedo e fez um beicinho. Ela até achou engraçado e se inclinou para o beijar rapidamente, ela já estava se acostumando com isso, mas tinha limite. Desceu do carro e adentrou o campus. Acenou para ele que soltou um beijinho no ar e uma piscadela e foi embora logo depois.

Ela observou o campus, onde algumas pessoas caminhavam conversando, enquanto outras apenas estavam sentadas na grama. Iniciou a sua caminhada até a entrada, precisava passar na gestão para saber qual era o horário de estudos, mas, como não tinha ideia de onde ficava, teria que perdi informação, assim fez, mas a garota não soube lhe informar corretamente. Estava completamente perdida quando um garoto apareceu do nada na sua frente, o que a assustou.

— Kristin, vem! — Ele disse todo sorridente, ela ficou confusa como ele sabia seu nome. — Sou Ícaro, o veterano que será responsável por você no seu primeiro ano. — Ele sorriu. Ela pensou: "Oh, ele gosta de sorrir". Sua mente a alertou o quanto ela parecia amarga ao achar que sorrir era algo ruim. — Ah, sim, a gestão entrou em contato com você, mas não conseguiram resposta, aconteceu algo?

— Fui roubada na minha lua de mel.

— Mas o quê? Lua de mel? Tipo aquilo que acontece depois de um casamento, é isso?

— Se tiver alguma coisa que tenha esse nome e não seja isso, não sei. — Ele pegou o tablet vendo a ficha dela que estava na sua tela, olhou parra ela novamente e voltou a ficha, fez isso umas 4 vezes. — Acho que a sua idade está bem errada, vou falar com gestão para mudar, qual sua idade?

— 18 anos. — Ícaro direcionou o olhar para ela sem acreditar.

— Diz que está me zoando?

— Não. — Mostrou a aliança de noivado e a aliança de casamento, que eram douradas e continham uma pedra de diamante de não sei quantos quilates na mão esquerda. Ele ficou boquiaberto.

— Você é só 3 anos mais nova que eu, garota, então por que diabos está casada?

— Eu amava de mais o meu namorado, engravidei, e aproveitamos para casar.

— Vou morrer encalhado, eu não estou bem. — Ele voltou a andar sem acreditar no que havia acabado de ouvir. — Ela está grávida. Tem apenas 18 anos e já é casada, ela é casada e está grávida. Minha nossa, garota, você é casada e está grávida.

— Acho que eu já sei sobre isso. — Ela riu da cara do rapaz a sua frente, ele estava indignado e ela achava graça.

Ícaro mostrou todo o campus para ela, e sempre que podia tocava no assunto sobre a sua gravidez e do seu casamento, ela sempre respondia com um meio sorriso porque era engraçado ver a indignação do mesmo.

— Então o sobrenome do seu marido é Prescott? Quantos anos ele tem?

— É O'Neill na verdade, vou ter que mudar isso depois, ele tem 25 anos.

— Vocês namoram desde que idade? Como se conheceram?

— Estou começando a achar que você é um jornalista.

— Futuro advogado, mas me conta aí.

— Nos conhecemos há muito tempo, acho que começamos o nosso relacionamento a cerca de 1 ano e meio mais o menos. Ele é melhor com datas do que eu, quando percebemos, já era tarde demais, estávamos muito envolvidos e não queríamos desistir do que tínhamos. Um tempo depois descobrimos a gravidez. A minha mãe estava suspeitando e me obrigou a fazer o teste. Conseguimos organizar um casamento em tempo recorde. Me marca quando for posta no blog.

— Pode deixar Gatinha, qual o nome do seu marido rico?

— Ryan O'Neill.

— Nome de cara insuportável. — Kris gostou que Ícaro aparentemente não conhecia Ryan. — Como imagino que seu marido seja um chato, vou te salvar dele às vezes, sexta terá uma festa aqui, quero te ver gatona.

— Eu não sou muito de festas.

— Tá idai, gata, você é casada com 18 anos, tem que aproveitar a vida enquanto essa criança não nasceu, claro que eu não vou deixar você beber, mas você vai se divertir, de quantos meses está, dois?

— 13 semanas e alguns dias.

— Isso seria quantos meses 6? Não parece.

— 4 meses.

— Oh, legal, só vamos tomar cuidado, compre uma fantasia sexy.

— Fantasia, ah, não.

— Ah sim! — Ele a lembrava de seu melhor amigo Felipe, o irmão mais velho de Ryan. Ele sempre a protegeu de tudo, até do seu próprio irmão, ela sentiu falta dele no dia mais infeliz de sua vida. — Amanhã podemos pegar o metro e ir no centro, me passa seu número novo, já adiciono aqui na sua ficha e salvo no meu celular.

— Eu ainda estou sem celular.

— Seu marido é um idiota mesmo, não gostei dele.

— Às vezes nem eu gosto.

— Se você que é casada com ele e diz que o ama tanto não gosta, não serei eu a gostar. — Ele dá de ombros, ele olha para uma garota que está conversando com um grupo. — Que isso fique entre nós gatinha, mas eu descobrir que aquela dali, a Charlie, trepou com um professor, engravidou e abortou, nada contra ela ter abortado, eu não tenho útero, não posso opinar, mas ela transou com um cara casado então.

Kristin não podia acreditar que tinha feito amizade com o fofoqueiro da universidade.

— Você, então é fofoqueiro?

— Fofoqueiro não? Eu sei informações e repasso. — Kristin o olhou. — Relaxa, Gatinha, eu fui com a sua cara, você vai saber tudo sobre todo mundo, mas ninguém vai saber nada sobre você.

Passaram horas conversando, pois era o primeiro dia de Kristin. Ela não teve aula, foi mais uma familiarização com o campus. Já Ícaro perdeu a aula, mas poderia usar a desculpa que havia combinado com a caloura, parece que esses dois serão grandes amigos.

Kristin estava pensando em como iria para casa, Ícaro estava ao seu lado esperando qualquer que fosse o plano dela, achava perigoso ela sair andando por aí sozinha, até que o carro de Ryan parou na frente dela.

— Caralho, que carro. — Ícaro disse admirando o carro, Ryan desceu do carro e parou do lado passageiro, olhou para o rapaz sério e olhou para Kristin com as sobrancelhas erguidas em questionamento.

— Ícaro, esse é o Ryan-

— Marido da Kristin. — Ele a interrompeu. Ela o fitou, incrédula, quando percebeu que ele estava fazendo uma cena. Ele estendeu a mão. O mais novo apertou, segurando o riso. — Vamos Amor, não quero me atrasa para sua, ultrassom.

— Bom Gatinha, como seu marido chegou, eu vou indo, te vejo amanhã. — Deu um beijo na bochecha da mais nova e foi embora, deixando Kristin e Ryan ficaram um pouco em choque.

— Gatinha?

— Não fode cara, ele já sabe que sou casada Ryan e sabe da gravidez também. — Ela revirou os olhos indo abrir a porta do carro, mas ele fez isso por ela e antes que ela entrasse no carro, ele a puxou para um beijo. Ela sabia que tudo aquilo era uma cena, e era ridículo.

— Entra no carro Gatinha. — Mesmo surpresa, ela não deixou de rir da cena, entrou no carro revirando os olhos, e escutou ele fechar a porta, ele entrou, fechou a porta com força e dirigiu.

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