Nove.

Kristin achou Ryan estranho, mas decidiu ignorar. Eles já estavam se deitando para dormir, ela havia passado o dia todo ocupada lendo, depois, com mais leitura. Ryan havia devolvido seu Kindle e voltado para a empresa, eles haviam jantado juntos e, agora, estavam se preparando para dormir.

— Amanhã de manhã, publicarei uma foto e contarei sobre a perda do nosso filho. — Ela olhou para ele, eles decidido depois da festa ridícula que a mãe de Kris resolveu fazer, em contar o mais rápido possível da perca do bebê.

— Ainda não entendo a necessidade de ficar postando tudo na internet!

— Você não entende porque você não trabalha com isso, eu tenho meu público lá, sempre publiquei de tudo, publiquei sobre nosso casamento, sobre a gravidez, eles são como meus amigos íntimos.

— Então pública sobre o contrato e veja o que eles vão achar. — Ela diz irritada, se ajeita na cama para dormir. — Aposto que vai dizer que isso não os interessa, assim como todas as outras merdas não os interessam.

— É diferente. — Kristin o olha.

— Claro que é, agora eu não vou a uma festa porque você é um idiota.

— Festa? Que festa?

— Ícaro me convidou para uma festa na universidade.

— Seu novo amigo? — Ele perguntou em tom desdenhoso.

— É acho que é o único que eu conheço. — Ela voltou a ficar de costas para ele e fechou os olhos para dormir, mas Ryan não deixa, algo que a irrita.

— Posso postar semana que vem para você ir à festa se quiser, vai desorganizar todo meu cronograma, mas-

— Você está falando sério, Ryan? Levarei a culpa, pense no que as páginas de fofocas vão dizer. "A esposa do empresário e influencie Ryan O'Neill perdeu o filho após uma festa na universidade. Alguns fãs especulam que ela deve ter bebido e isso afetou a gestação. Pessoas que estavam presentes na festa disseram que ela estava acompanhada por outro homem, fazendo os fãs acreditarem em uma possível traição." Não quero mais drama para a minha vida. — Ela diz sem olhá-lo. — Enfim, terei que fingir que estou super triste amanhã. Então faça o favor de não morrer, ou a minha reação será contrária.

— Kristin!

— Olha, eu já sou obrigada a fingir toda essa merda, eu só queria viver a minha vida cara, sem ter que bancar a atriz. — Ela diz irritada.

Ele não respondeu, apenas se virou para dormir.

Na manhã seguinte, eles não se falaram, Kristin não olhou na cara dele, nem na hora do café da manhã, ela acabou não dormindo muito bem, chorou boa parte da noite, seu rosto estava levemente inchado.

— Kris!

— Não estou para papo hoje, apenas não fale comigo. — Ela diz levantando da mesa, as empregadas ficaram em choque, ela não era de responder Ryan naquele tom. Ele a viu sair da sala de jantar e a seguiu, ela foi em direção ao quarto deles, ele entrou assim que ela fechou a porta. — Pode me deixar em paz, droga!

— Se não quiser ir para a aula hoje, tudo bem, fique em casa e descanse um pouco. — Ela estranhou seu comportamento, mas Ryan sabia que como eles não estavam sorridentes e declarando amor eterno com pequena farpas como todos os dias, isso traria ouvidos curiosos. — Amor, sei que é difícil, estou sofrendo também, mas aconteceu, somos jovens, podemos tentar novamente daqui a um tempo.

— Quero que fique em casa comigo. — Como Ryan não havia fechado a porta por completo, deixando uma pequena fresta, ela pode ver duas sombras, ela odiava não ter privacidade nenhuma, e ter que fingir isso até quando estava no próprio quarto.

— Tudo bem. — Kristin, que estava sentada na cama, caminhou até ele enlaçando seu pescoço com os braços e voz baixa e chorosa o xingando de todos os xingamentos possíveis. — Quer que eu publique? — Ela o encarou sem acreditar, ele ainda não havia publicado sobre a perca do bebê.

— Não, agora, quero que fique comigo, estou destruída por dentro, como fui perde nosso filho? Que tipo de mãe eu sou?

— Não foi sua culpa, você ouviu o que o médico disse, ele era de risco, sabíamos que isso poderia acontecer uma hora o outra, só esperávamos que não fossem. — Ele disse a abraçando, ela sentiu os lábios de Ryan sobre os seus delicadamente. — Vamos conseguir, quando menos esperarmos você estará grávida novamente, construiremos nossa família, o maior passo já demos, que foi nos casar, agora é só esperar, teremos nosso filho, talvez agora não tenha sido a hora.

Ryan tirou o blazer, levou Kristin até a cama, se deitou a fez deitar com a cabeça sobre seu peito, ele começou a acariciar os cabelos ruivos. Em um momento como aquele um beijo apaixonado e cheios de promessas seria o ideal, mas Kristin já havia dormido, ele também não demorou muito para dormir.

Kristin acordou com Ryan falando ao telefone, ele estava estressado, isso era notável, ela ergueu o corpo levemente apenas para avisar que estava acordada e que não era obrigada a escutar sua conversa. Assim que ele nota que ela acordou, ele a cumprimenta com um aceno e desliga a chamada.

— Me ligaram de uma página de fofoca, curiosamente vazou a notícia que você perdeu o bebê, falaram que uma pessoa do hospital informou. Publiquei um texto falando sobre isso, apenas confirmando, minha assessoria me intimou a dar as notícias sempre a eles primeiro.

— Hum! — Ela levanta da cama e vai para o banheiro, lava o rosto, secou e saiu do banheiro, estranhou ver uma caixa de celular em cima da mesinha de cabeceira.

— É seu. — Ela até pensou em negar, mas tirou isso da cabeça quase que imediatamente, não perderia a oportunidade de ter um celular só porque Ryan que havia dado.

— Obrigada. — Ela agradece sem jeito e abre a caixa tentando controlar a sua euforia, mais alguns dias faria 1 mês que ela estava sem celular.

— Por nada, imagino que seu amigo vai ter vontade de manter contato com você e, se você não tiver celular, isso pode ser interpretado como uma inconsistência no nosso relacionamento, como se eu fosse tóxico, o que não sou.

— Pensando bem, você é meio tóxico sim.

— Como?

— Você é tão toxico, que me obrigou a casar com você.

— Você não foi obrigada a casar comigo, aceitou o meu pedido de casamento de imediato porque não vive sem mim e me ama mais-que-tudo na sua vida.

— Alguém deve ter me drogado, pois, se estivesse sã, não teria aceitado. — Ele riu e se aproximou dela, Kristin ficou assustada, a porta estava fechada, ele não precisaria, ele parou na frente dela ainda sorrindo.

— Sra.O'Neill, não tem como fugir mais de mim.

— Vou morrer tentando Sr.O'Neill. — Foi a vez dela se aproximar dele, ela olhou para os olhos esverdeados do moreno, ele devolveu o olhar, ambos estavam se encarando. — Acho que só vou voltar a universidade semana que vem... preciso digerir tudo, sabe.

— Sei, não se preocupe, ficarei em casa com você, se quiser posso dispensar os empregados e ficamos só nós dois.

— Seria uma boa, dessa forma podemos ter um pouco de privacidade. — Ela sorriu e fez cara de nojo, fingindo que iria vomitar.

— Certo meu amor, estamos mesmo precisando de um tempo para nós, principalmente depois disso tudo. — Ele diz revirando os olhos, eles estavam tão próximos que podiam sentir suas respirações se misturando. Aquilo poderia ser confundido com um flerte nada discreto, mas os sorrisos em seus lábios diziam outra coisa. Eles teriam uma semana inteira sem ter que fingir essa palhaçada, e estavam aliviados com isso. Kris se sentou na cama e abriu a caixa, vendo seu celular novo, ela sorriu animada e Ryan se pegou admirando aquele sorriso que ele nunca via, era muito diferente do que ele estava acostumado, era verdadeiro, gostou de ser o motivo mesmo que indiretamente. Kristin dormiu até tarde porque ficou até altas horas da madrugada configurando o celular, restaurando tudo com o laptop. Já havia bloqueado o outro celular e apagado todos os dados no dia do roubo. Não imaginava que o teria de volta, mas torcia para que a sorte de uma vez por todas lhe ajudasse, algo que não aconteceu. Ela saiu do quarto sem se importar muito, usando a roupa que havia dormindo na noite anterior, um conjunto cinza muito curto que deixava a sua barriga à mostra, seios elevados e coxas fartas à vista, embora não quisesse. Ela dependia de Ryan completamente, já estava até acostumada com ele para não se importar com as roupas, afinal, ele não tinha e não, teria qualquer interesse nela. Mas para a sua surpresa na sala estava Austin e alguns outros homens que a olharam assim que a viram adentrar o local, Ryan que estava de costas para o corredor se virou vendo ela.

— Eu ia te avisar, mas você estava dormindo. — Ele levantou quase correndo indo na direção dela, ficando na frente da mesma para esconder o corpo semi exposto.

— Vou me banhar e me vestir adequadamente, seus amigos não deveriam está me vendo assim.

— Deveria ter avisado, me desculpe. — Ele dá um selinho nos lábios dela e a ver voltar para o quarto, ele se vira para seus amigos. — Podem ir tirando a imagem da minha esposa da cabeça de vocês.

— Ela é mais gata pessoalmente. — Saulo disse. — Com todo respeito, meu amigo.

— Enfiei seu respeito no cu, não ouse falar sobre ela novamente.

— Ele tem um ciúme doentio pela linda esposa dele. — Austin diz sorrindo, Ryan o olha sério.

Kristin foi direto para o closet, pegou a primeira roupa que viu e foi tomar seu banho, escovou os dentes, se vestiu com um short de tecido leve, uma blusa de Ryan e saiu do quarto indo finalmente cumprimentar os amigos do marido. 

— Pessoal essa é a Kristin, Amor, esses são meus amigos, Saulo, Paul, Derek e o Austin você já conhece. — Eles a cumprimentaram com um "oi" simultaneamente.

— Oi, é um prazer conhecer vocês, Austin é bom te ver de novo. — Austin se levanta e se aproxima dela e a abraça, Kristin fica levemente surpresa, sobretudo pela beijo que recebeu na bochecha. Ryan observa a cena, dando um sorriso sarcástico, aquilo não era engraçado, ele passa a mão sobre a boca. Na verdade, ele não gostou nem um pouco da aproximação do amigo com a sua esposa, ele trinca o maxilar irritado. Kristin percebe e acha graça, então se afasta do outro.

— É bom te rever, precisamos marcar outro jantar como aquele.

— Ah, sim, você poderia levar sua namorada.

— Eu não namoro Kris, não consigo me ver em um relacionamento.

— Vai se ver quando encontrar a mulher certa.

— Talvez eu já tenha a encontrado.

— Não foi tão difícil foi. — Ela sorriu fraco.

— Eu soube do que aconteceu, sinto muito por sua perda. — Ele diz a olhando, Ryan a abraça pelo ombro a puxando para perto de si ainda sério, Austin sorrir achando graça da cena de ciúme do amigo.

— Estamos indo, imagino que queiram ficar um tempo a sós.

— Não precisa, eu vou comer algo e vou volta para o quarto.

— Não quero que fique o tempo todo trancada no quarto Kristin. — Ryan fala a olhando, ela revira os olhos e recebe um olhar repreensivo do marido. — É sério, não vai te fazer bem.

— Não quero discutir sobre isso na frente de seus amigos. — Ela diz irritada, se afasta de Ryan. — Fiquem a vontade rapazes, licença. — Ela vai para a cozinha, prepara dois sanduíches com patê de frango, pega um copo com suco de laranja e volta para o quarto vendo que a sala está vazia, ela passa na frente da sala de jogos e pode escutar a voz de Ryan.

— Ela está bancando a forte, mas é triste vê-la dessa forma.

— Não consigo nem mesmo imaginar o que vocês estão passando no momento, mas deve ser mais difícil para ela do que para você e eu não estou dizendo que você não sente o mesmo, mas é diferente. Ela estava carregando aquele bebê, e perdê-lo deve ter sido um grande baque para ela. Ela precisará de muito mais tempo para voltar a ser a Kristin que você conheceu, dê esse tempo a ela. — Era Paul que estava falando. Ele era o mais esperta do grupo. Sempre dava bons conselhos e tentava fazer com que os outros pensassem antes de serem impulsivos. Kristin desistiu de ir para o quarto e foi para a sua sala de estudos, como passaria alguns dias sem frequentar a universidade, teria que estudar de qualquer forma, ela apenas foi para o quarto para pegar o celular e depois foi para a sala. Ela estava lendo um livro enquanto escutava música quando viu a porta da sala abrir, ela olhou para o endivido que entrava, Austin sorriu, ela tirou os fones de ouvido. Ele é um homem bonito, faria seu tipo, mas ela é uma mulher casada e mesmo que quisesse beijar aqueles lábios bem desenhados do rapaz, se comportaria. Ele tem um rosto em formato triangular, cabelos castanhos quase avermelhados, maxilar torneado, olhos pequenos e arqueado da cor âmbar, boca fina com uma barba recém feita no rosto, ele é bonito.

— Atrapalho?

— Não! — Ela se endireita no sofá, ele fecha a porta e vai até ela.

— Queria saber como você está?

— Estou bem, apenas tentando seguir. — Ela fala deixando o livro de lado, ele se senta ao lado dela.

— Kris, eu sou amigo do Ryan e quero ser seu amigo também, pode me contar o que quiser.

— É apenas difícil, tudo é meio complicado, sabe.

— Entendo. Você vai conseguir superar isso, e se me der a chance de ser seu amigo, estarei ao seu lado para passar por esse momento. — Ele tocou a mão dela acariciando o local com carinho, ela sorriu, a porta da sala foi aberta por Ryan, que os olhou sério, Austin levantou. — Se quiser conversar me ligue. — Ele entrega um cartão a ela, ele passa por Ryan com um sorriso estupido nos lábios, sorriso esse que não foi visto por Kristin que havia voltado a ler. — Tchau, Kristin. — Ryan e acompanhou até a porta.

— Qual o seu problema? — Ryan pergunta irritado, os outros três sabem onde isso vai dar. — Fique longe da minha esposa, somos amigos de longa data e eu não quero colocar a nossa amizade em risco. Apenas, fique longe dela.

— Por que está tão inseguro amigo? Só quero ser amigo dela.

— Eu não estou inseguro, apenas te quero bem longe da minha esposa.

Após os rapazes irem embora, Ryan subiu as escadas quase correndo, encontrou Kristin ainda lendo.

— Não quero que fique com gracinhas com Austin.

— Não estava com gracinhas com ele, apenas conversávamos, ou melhor, nem conversamos direito.

— Você não o conhece, não deve confiar nele.

— Você confia.

— Sei lidar com ele, olha pode parecer implicância, mas é sério, ele não é um dos melhores caras para você me trair, tente outro.

— Não seja idiota, não vou te trair com ele, não se preocupe, ele só que ser meu amigo.

— Você é tão bobinha que dá pena. — Fala rindo sem achar graça. — Fique longe dele, para o seu bem-estar. 

— Você sabe que não manda em mim, certo?

— Sei disso, mas peço que me escute uma única vez, ele não é isso que ele parece. — Ela não respondeu, Ryan suspira, ciente de que não adiantaria nada. Eles ficaram próximos, que ele quisesse ou não, principalmente agora que ele disse a Kristin para ficar longe. Isso seria o motivo ideal para ela se aproximar do outro, apenas para irritá-lo e ir contra o seu aviso.

A casa estava em silêncio total quando Kristin saiu da sala de estudos. Ela não pensou em procurar Ryan, preferia ficar sem ele por perto por mais algum tempo. Como já era noite, ela revolveu fazer a sua própria janta, estrogonofe, arroz, purê de batata e ervilhas. Para beber, ela optou pelo suco de uva. Fez a quantidade exata para si. Poderia ter feito para Ryan também, já que sabia que ele não sabe cozinhar. No entanto, ela preferiu deixá-lo por si só, morrendo de fome. Quando ele chegou de onde quer que fosse a viu comendo sentada no sofá.

— Existe uma mesa para comer, se sujar o sofá você vai limpar. — Ela revirou os olhos e voltou a olha para a TV, alguns minutos depois ele apareceu na frente dela a olhando sério. — Isso é sério? Você fez pra você, mas não pra mim?

— Você tem duas mãos não tem?

— Kristin, eu não sei cozinhar, por favor faz pra mim.

— O que vou ganhar em troca?

— Isso é sério? Eu já te dei um celular, ele pelo menos vale três anos de você preparando comida pra mim.

— Isso não é justo.

— É justíssimo, por favor. — Ela pensou um pouco.

— Só porque eu sou boa de coração.

— Muito. 

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