Casada com a Fera
Casada com a Fera
Por: Lili Marques
Prólogo

Sophie

Eu já estava pronta, enquanto esperava meu tio Charles conversando com o seu advogado, ficava olhando meu primo brincando do lado de fora da casa, Louis corria gritando e rindo com os amigos que eu não conhecia, fazia muito tempo que eu não os via, meu pai tinha brigado com tio Charles e mesmo ele sendo irmão da mamãe nunca mais nos vimos.

Estava ali sendo entregue ao tio Charles, para que ele fosse meu guardião até eu completar vinte e um anos. E tudo isso porque meus pais tinham morrido em um acidente de barco. Era difícil acreditar que eles haviam partido para sempre, há uma semana eles tinham saído de férias para a Europa, pra comemorar o aniversário de casamento e eu fiquei com minha babá.

Eles achavam que eu ainda não entendia o que estava acontecendo ali, o porquê me levaram pra casa do meu tio, mas eu tinha escutado as conversas, uma criança de nove anos escuta muita coisa, disso eu tenho certeza.

— Sophie querida, você tem que comer um pouco. — minha babá chegou insistindo pela decima vez para que eu comesse, mas eu detestava peixe e tudo o que tinha para o almoço era frutos do mar.

— Porque meus pais tinham que morrer, Jenny?

— Ai minha querida, eu lamento muito pelo que aconteceu aos seus pais. Mas foi um acidente e acidentes acontecem, isso pode acontecer com qualquer um. — ela tentou me confortar, mas não conseguiu.

— Mas não aconteceu com qualquer um, aconteceu comigo.

— Você ainda é uma menina de muita sorte, seu tio Charles vai cuidar de você agora, até que possa tomar conta das empresas do seu pai. — eu queria gritar, dizer que não queria meu tio, queria meus pais, mas ao invés disso baixei a cabeça concordando com ela.

Eu não tinha muitas lembranças do tio Charles, ou do porque o filho dele não chamava a tia Magie de mãe, mas agora teríamos que aprender a conviver já que eu estaria presa ali.

— Querida, porque não vai brincar com seu primo? — ergui a cabeça olhando pra ela novamente. — Talvez você aprenda a gostar daqui.

Eu duvidava muito, mas para ser uma boa menina como ela tinha repetido várias vezes eu me levantei e fui até o gramado. Eles estavam atirando uma bola de futebol americano, que caiu bem perto de onde eu estava.

— J**a a bola pirralha! — um dos meninos que estavam com meu primo gritou sorrindo.

— Posso brincar com vocês? — perguntei acanhada quando peguei a bola, estava tentando como Jenny falou, tudo começa com um primeiro passo.

— Não! Porque você é menina e meninas são chatas e fracas! — foi meu primo que gritou enquanto seu amigo correu até onde eu estava.

— Vai brincar de bonecas sua idiota! — ele puxou a bola das minhas mãos com força e por pouco eu não parti pra bater nele.

Os outros começaram a rir e no mesmo instante eu corri para os braços de Jenny, me escondendo no único lugar que ainda era familiar para mim.

Mas ali era só o começo do meu inferno pessoal, o começo do meu tormento.

Patrick

Estava terminando de arrumar minha gravata borboleta quando Cris surgiu atrás de mim no reflexo do espelho.

— Você tem certeza que quer fazer isso? Ainda posso te ajudar a fugir cara, de verdade, tenho um carro nos fundo só esperando sua ordem e te tiramos daqui.

Empurrei meu melhor amigo pra longe dando risada de sua insistência em me fazer desistir do casamento.

— Emily é a melhor garota que eu podia conhecer, linda, rica, gostosa, vem de uma boa família como a minha. O que mais eu podia querer?

— Sei lá cara, quem sabe esperar uns dez anos mais? Você só tem vinte e cinco anos, tem uma vida toda pela frente!

— Uma vida que eu quero dividir com a mulher mais perfeita que eu conheci. — ele revirou os olhos se afastando e eu não consegui deixar de rir da expressão idiota em seu rosto. — Um dia você vai entender Cris, te garanto.

Ele fez o sinal da cruz se afastando em busca das alianças, que estavam na cômoda.

— Te garanto que isso não vai acontecer. Mas não vou mais insistir que fuja dessa loucura enquanto é tempo, já que você está meloso de mais pro meu gosto, vai acabar dizendo mais bobagens românticas.

Me voltei para a janela encarando as pessoas no jardim, tudo ali tinha sido escolha da minha futura esposa, ela não pediu minha opinião em nada, mas acredito que todas as mulheres são assim, afinal é o dia delas.

Nunca imaginei que poderia ser tão feliz, não até esse dia, até o momento em que colocaria o anel no dedo dela e declararia para o mundo que ela é só minha!

— Vamos, está na hora. — foi a voz do meu pai que invadiu o quarto me tirando do transe. — Ainda está certo disso filho? Tenho certeza que ela ainda te esperaria daqui há um ano ou mais.

— Até você pai? — perguntei conferindo minha aparência uma última vez no espelho. — Estou mais do que certo, ela é a mulher que eu amo e não quero perder mais nenhum dia sem tê-la como minha mulher.

Eu só não tinha ideia que estava cometendo o maior erro da minha vida naquele dia.

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