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Capítulo VI - Patrick

Fiquei o resto do dia enfiado no escritório e mesmo que dissesse que estava lendo um contrato, na verdade ainda estava preso na primeira página há muito tempo.

E tudo era culpa de Sophie, eu não conseguia desviar meus pensamentos dela, por mais que eu tentasse sempre acabava voltando ao momento na biblioteca. Os gemidos dela invadiam meu pensamento, a sensação de sua pele macia se arrepiando com meu toque e então o calor que emanava de sua intimidade, molhada e apertada contra meu dedo e lá estava eu de novo com uma ereção dolorida e perdido em pensamentos.

Eu não podia continuar com aquilo, tinha que tirar ela da cabeça ou não conseguiria fazer nada até que me enterrasse em sua boceta apertada.

Não era minha intenção ligar para o meu pai só para reclamar disso, mas tomado pelo desejo e a frustração de saber que não poderia tê-la, eu acabei discando o número dele e colocando tudo para fora.

— Acham mesmo que vou fazer filhos com uma tonta? É melhor arranjarem outra, muito promiscua de preferência, ou nada de netos!

A linha ficou em silêncio e eu torci para que eles estivessem cogitando a ideia de cancelar tudo.

Mas parte de mim queria que eu a beijasse de novo, até que nos esquecessemos do motivo para estarmos casados, meu corpo queria fazer ela queimar por mim até que implorasse para que eu a fizesse minha.

Porém eu não podia ceder a isso, era apenas a necessidade de sexo falando mais alto e quando passasse eu me arrependeria de ter tocado nela, por trazer uma inocente para essa vida de merda a que eu estava preso.

— Bem, para uma tonta ela parece ter mesmo entrado em seu sistema. — meu pai provocou me pegando de surpresa.

— Eu estou irritado, apenas isso. Foram vocês que vieram com essa ideia de casamento por contrato, mas não tiveram a noção de arrumar uma mulher que soubesse o que estamos fazendo aqui. A garota vai acabar se apaixonando e quebrando o coração quando ver que não é correspondida.

— Você parece se importar com ela afinal. — a voz complacente do meu pai dizia que ele não ia mesmo desistir de me fazer ficar feliz com ela.

— Então é isso? É o que vocês querem, que eu não só viva infeliz, mas que também arraste uma garota com a vida pela frente pra minha infelicidade?

— Filho, porque você ao menos não tenta dar a essa jovem uma chance? — mamãe questionou com a voz doce. — Porque não tenta se entender com ela? Vocês podem ser felizes juntos se tentar.

Bufei ouvindo a ladainha sobre felicidade e amor que ela tentava me fazer engolir. Mas a verdade é que desde Emily eu nunca mais seria capaz de acreditar no amor, aquela vadia tinha feito um excelente trabalho em me fazer rever tudo o que eu acreditava saber desde pequeno.

Eu tinha sido criado em um lar amoroso, tive uma vida regada do bom e do melhor, dinheiro, viagens, carinho, tudo o que eu queria era entregue em minha mãos de forma fácil. Mas foi só casar com aquela diaba para descobrir o que a vida era de verdade e então eu finalmente acordei começando a ver fora da bolha.

Descobri da pior forma que na verdade as pessoas são mesquinhas e egoísta, sanguessugas sedentas por dinheiro e querendo suprir seus próprios desejos.

— Vocês me ouviram, cancelem esse contrato e arrumem outra mulher se quiserem mesmo um neto!

Apertei o botão colocando um fim na ligação e me joguei na cadeira novamente. Sophie e eu não podíamos nos envolver mais do que já nos envolvemos, tinha sido um erro tremendo e teria sido bem pior se eu tivesse levado ela pra cama. A garota tinha que ir embora dessa casa e para longe de mim.

Minha respiração ficou descompassada, com o mero pensamento de Sophie indo embora. Logo ela encontraria um homem da idade dela que poderia dar todas as baboseiras que ela sonhava, como John disse não tinham meninas como ela solteiras por aí e ela não demoraria a ocupar a cama de alguém.

Voltei meus olhos para a tela do computador voltando a ler o contrato e só no fim da tarde consegui finalizar aquela merda. Meus pensamentos ficaram indo e vindo na conversa que tive com meus pais, em especial as últimas palavras da minha mãe: "Porque não tenta se entender com ela? Vocês podem ser felizes juntos se tentar."

Como eu poderia fazer alguém feliz se eu passava todos os dias me sentindo infeliz por ter deixado uma mulher estragar minha vida.

Antes que me desse conta eu abri o programa de vigilância e comecei a olhar as câmeras procurando por ela. Passei cada uma delas tentando encontrar os cabelos longos castanhos, o corpo pequeno escondido em algum lugar, mas não achei ela.

Onde ela podia ter ido? Tinha câmeras em todos os lugares, até mesmo no quarto dela, onde ela poderia ter ido?

Sai de lá indo atrás de Holly, ela com certeza poderia me dizer onde Sophie tinha se escondido.

— Holly, você sabe onde Sophie está? Preciso ter uma conversa com ela, mas não a encontro. — perguntei quando entrei na cozinha, mas a mulher não se virou nem se dignou a responder, continuou remexendo nas panelas. — Holly? Holly o que foi agora?

— Senhor me diga a hora que deseja que o jantar seja servido, não vai ter problemas em fazer a sua vontade já que é o único a jantar em casa essa noite.

O deboche e a irritação no tom dela não passaram despercebidos, mas o que chamou minha atenção foi ela dizer que eu seria o único a jantar hoje.

— Onde Sophie está? Para onde John foi que não me avisou nada? E o que aconteceu para te deixar tão irritada? — perguntei, mas o que mais me incomodava era a primeira coisa, onde Sophie estava.

— A resposta pra todas elas é a mesma, você continua a destruir suas chances de felicidade e não vê que está destruindo a de pessoas a sua volta também.

Oh céus, do que ela estava falando agora? E porque todos tinham tirado o dia para falar sobre felicidade?

— Holly agora não é a hora de falar em enigmas, preciso saber onde ela está!

— John a levou para a cidade. — não acreditava que ele tinha feito isso sem me falar, minha expressão deve ter me entregado pois ela continuou. — Sophie implorou para que ele a levasse o mais rápido possível.

— E porque isso? Porque ela implorou e mais importante, porque ele a levou sem consultar? — rosnei as palavras já sentindo meu sangue ferver só de imaginar o que poderiam estar fazendo longe daqui.

Não deveria sentir ciúmes, especialmente porque John não faria nada com ela, mas isso não impedia que eu ficasse possesso imaginando ela longe.

— Provavelmente porque ela se deu ao trabalho de preparar dois pratos e subir até seu escritório para almoçar com você, mas voltou minutos depois chorando. — Holly se virou para mim, cruzando os braços e com os olhos transbordando de raiva.

— Ela não foi até o escritório... — minhas palavras morreram quando me dei conta que ela podia ter escutado toda a discussão com meus pais.

Porra não podia ser isso! Se Sophie tivesse mesmo escutado o que eu falei ela com certeza já estaria longe, iria colocar a maior distância entre nós dois e ainda daria um jeito de levar o dinheiro do contrato.

Então meu pensamento formou a imagem dela com outro homem já, se divertindo na cidade já que entendeu que eu não a queria. Um gosto amargo preencheu minha boca no mesmo instante, meu dia não tinha mesmo como piorar.

— Patrick! Patrick! — ouvi John gritando e fui em direção a ele, antes mesmo que ele alcançasse a escada eu o parei.

— O que diabos estava pensando quando levou Sophie pra fora daqui sem me falar? — bradei sem deixar que ele dissesse nada.

— Chefe, eu te explico tudo depois, mas primeiro precisamos correr, pois Sophie está perdida na floresta! — ele exclamou afobado e eu engoli em seco, um frio se instaurou na boca do meu estômago quando medo me tomou.

— Como isso aconteceu? Como foi que deixou ela se perder na floresta?

— Ela... Nós estávamos... Sophie bebeu mais do que devia e quando voltamos ela começou a falar umas coisas estranhas, ela tentou...

— Porra John, fale de uma vez seu idiota! — meu tom alto reverberou pelas paredes da sala de estar.

— Ela queria transar comigo! — ele cuspiu as palavras e eu vi vermelho, dei duas passadas largas e o puxei pelo colarinho. — Mas eu não fiz, não fiz e ela correu! — John se apressou em dizer. — Sophie começou a falar que precisava perder a virgindade, porque você não queria uma mulher inocente e ela precisava dar um jeito nisso.

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