Joaquim estava em sua fazenda, quando foi surpreendido pela visita de Augusto. :- Augusto??? Ti, por aqui? - Surpreso em me ver? Creio que sim, senhor Joaquim. Eu precisava vê-lo. - O que houve? Algum problema com a fazenda? - Não, com a fazenda não. - Não entendo! - Quero lhe falar, com respeito a sua esposa, Matilda. - O que tem Matilda? - Responda-me, pretende abandona-la para sempre? Não vai mais vê-la? Vai deixa-la de vez? - Mais o que o senhor tem a ver com isso? - Matilda foi expulsa do convento! - Expulsa, mais por que? - Por minha causa. Confesso Joaquim, estou completamente apaixonado por Matilda, eu a amo! - Ora seu...como ousa? Ela é minha esposa. - Não é. Ela é apenas uma mulher, linda, maravilhosa que está desamparada nesta vida, desamparada por ti, que foi cruel o bastante de abandona-la sozinha, e ainda tirar seus filhos de seus braços, não sabe como ela sente falta deles. - Ora seu maldito, não admito que tenha essa intimidade com minha esposa. - Não
Joaquim ia ansioso pelo caminho, não via a hora de rever Matilda. Quando chegou a cidade, logo encontrou o endereço da pensão em que estava Matilda. Chegando lá, procurou por Matilda, e indicaram o lugar em que ela estava, nos fundos da casa num pequeno rio, lavando as roupas. Quando Matilda o viu, surpreendeu-se muito, empalideceu, ficou tremula, mal podia crer que era Joaquim até ouvir sua voz: - Matilda! - Joaquim... - Como estais? - Bem… (sua voz ficou embargada, e as lágrimas se derramaram).Joaquim impressionou-se em ver Matilda, seu semblante estava decaído, cansado, estava triste, suja. - Não chore, meu amor, não chore. - Joaquim, diga-me, como estão meus filhos? Diga-me, por favor. - Todos nos estamos muito infelizes, sozinhos sem ti. - Joaquim, sei que não tenho direito algum de lhe pedir nada. Talvez sua única intenção em vir aqui, seja a de me humilhar, mais eu lhe imploro, deixe-me rever meus filhos! Ao menos mais uma vez... Joaquim, se ajoelhou perante Matild
Joaquim, que já havia recebido o dinheiro total do negócio, voltava para a fazenda a cavalo, vinha a galope, pensando em Matilda: - “será que ela o havia perdoado?”; “será que Matilda, ainda o amava?”. Ele estava tão distraído, que nem percebeu que fora cercado por três homens, também montados a cavalo. Os homens, percebendo a elegância de Joaquim, logo imaginaram que ele tinha dinheiro. Joaquim foi surpreendido pelas costas: - Muito bem, imbecil, nos dê todo o dinheiro que possui, agora! Joaquim, percebendo a gravidade da situação, fugiu galopando, um dos homens, mais que depressa atirou nas costas de Joaquim, o que o fez cair desmaiado no meio da estrada, e os ladrões aproveitando-se, da oportunidade, fugiram levando consigo, todo o dinheiro que Joaquim possuía consigo, a última parte da venda da fazenda. Fugiram, e deixaram Joaquim desmaiado, sem socorro. Matilda sentiu um forte arrepio, como um pressentimento ruim, ela sabia que alguma coisa havia acontecido com Joaquim. Neste
Ao despertar, viu Matilda cuidando dele, ela estava abrindo a janela, para que Joaquim tomasse um pouco de sol. :- Matilda, meu amor! - Joaquim, meu querido, graças a Deus vós despertastes! Como se sente? - Muito bem. Como não me sentiria bem, se ao abrir os olhos, encontro uma princesa a cuidar de mim. - Vejo que esta bem, esta até a brincar. - Não estou brincando, minha florzinha. Ficamos longe por tanto tempo, que nem sequer me lembrava mais do quanto tu eis linda! Tão bela, que fazes inveja aos lírios do vale, que são as mais belas flores. - Há quanto tempo, não ouvia os elogios do senhor meu marido! - Fica feliz em ouvir meus elogios? - Sim! Fico imensamente feliz, quando os ouço. - Apesar de toda essa tragédia, sinto-me muito feliz em tela junto a mim novamente. - Não sabe, o quanto senti sua falta senhor meu marido. - Como é bom ouvir isso Matilda, meu amor. Esse tempo que ficamos longe, foi para mim uma eternidade, porém só fez com que meu amor por vós, aumentasse a
A paz reinava novamente entre o casal. Enquanto seus outros filhos brincavam no jardim, Celina que era apenas uma menina, gostava de ficar na alcova de Matilda, ajudando a cuidar de Joaquim, apesar de não saber que ele era seu pai, Celina era muito ligada a ele. Ambos ficavam conversando durante horas: - Senhor Joaquim, é verdade que o senhor não pode andar? - É Celina, assim como seus lindos olhos não refletem a luz, as minhas pernas não se movem. - O senhor sabe me dizer por que não posso ver? - Não sei ao certo Celina, mas vós já nascestes assim. - Será que um dia eu verei a luz do sol? - Talvez, minha querida. - Sabe, senhor Joaquim, eu queria muito ver minha tia Matilda, ela é muito boa, e também deve ser muito bonita. - Sim Celina, sua tia é belíssima, assim como vós, que é uma menininha muito linda. Matilda gostava muito de vê-los conversando, pois não queria que Celina tivesse a mesma sorte de Euvira, que sofreu muito com a rejeição e os maus tratos dados por seu próp
Como o passar do tempo, seus filhos foram crescendo. Celina apesar de cega, era uma menina muito feliz, pois recebia o amor de seu pai e o carinho de sua tia. A menina, que nem sequer havia conhecido a mãe, conversava sempre com a tia a respeito dela: - Tia, como era minha mãe? - Sua mãe...Sua mãe era maravilhosa, alegre, meiga, assim como vós . Nos éramos grandes amigas, assim como vós e a Marina. Corríamos por toda a fazenda de nosso pai, fazíamos muitas travessuras juntas. Nos gostávamos muito. - Minha mãe era bonita, tia? - Muito, ela tinha olhos verdes, da cor dos seus. Tinha os cabelos negros encaracolados. Era uma mulata, que causava inveja a muitas sinhazinhas. - Ela era cega como eu? - Não, minha querida. Euvira podia ver. - Tia... - Fale Celina. - Se minha mãe, ainda estivesse viva, ela teria me amado? - Sim Celina. Ela teria a amado muito. O sonho de Euvira era ter um filho. - À tia, como queria ter minha mãe ao meu lado! - Mas ela está do seu lado Celina. Lá
Matilda temia muito ao ver seu filho Julio César, conversando a sois com Joaquim. Por isso sempre procurava aproximar-se dos dois: - Joaquim, o que está falando com o menino? - Estou lhe preparando, pois ele sendo meu filho mais velho, um dia cuidará de toda essa fazenda. - É mamãe, meu pai me disse, que um dia tudo isso será meu e de meus irmãos. Joaquim percebendo a aflição da esposa pediu a seu filho: - Julio César, meu filho, vá brincar com seus irmãos dentro de casa, para que eu e sua mãe, conversemos um pouco. - Sim papai! - Matilda, sempre que fico sozinho com Julio César, vós se aproxima depressa. Por quê? - Confesso, que temo muito por Julio. Talvez, por ele não ser seu filho, vós sintais raiva dele. - Jamais, Matilda! Eu amo Julio César, como se ele fosse meu filho. - Joaquim...Eu sei que depois de vós saber da verdade, jamais conversamos sobre o assunto. Mas quero lhe dizer, o porque não contei a vós, assim que nos casamos, que esperava um filho de outro homem...
Os anos passavam depressa, porém o sofrimento não. Albertina de tanto trabalhar aos poucos foi envelhecendo, Aurora sua filha já, se tornara uma bela donzela, há poucos dias completará dezesseis primaveras. Passou-se muito tempo, tempo esse que não foi suficiente para que Albertina esquecesse toda a desilusão que sofrerá com o marido, por isso ela jamais se casou novamente, ela vivia sozinha com a filha, trabalhava muito para seu sustento e o da filha, e tentava quitar a grandiosa divida do marido, (a única lembrança deixada por ele), ainda assim, ela não conseguiu pagar a divida, pelo contrario, apesar dos muitos anos de trabalho, Albertina apenas conseguiu quitar parte da divida. Todas as tardes, mãe e filha saiam pelo povoado vendendo doces, costuravam, lavavam, faziam de tudo para receber poucos tostões, para assim tentar uma vida melhor. O maior desgosto de Albertina, era o de ver a filha, a bela jovem Aurora nessa vida miserável, o prazer da mãe, seria sem duvida o de ver a fi