Com os anos se passando, Joaquim e Matilda, envelheceram um pouco. Julio César já era um homem, bonito refinado e elegante, tinha um carinho muito grande por Celina, ele sentia necessidade de protegê-la, pelo fato de ela ser cega. Marina e Celina, tornaram-se moças lindíssimas, assim como suas mães, as duas tornaram-se grandes amigas. Matilda tornou-se para ela como uma mãe, Joaquim a queria muito bem, porém João Manoel, o mais moço, que ainda era um rapazola, maltratava muito Celina, a desprezava pelo fato de ela ter nascido escrava, ele era diferente dos irmãos, era mesquinho, arrogante, humilhava Celina constantemente com palavras, mesmo sabendo que ela era sobrinha de sua mãe: - Vós pretendeis um dia casar-se Celina? - Sim, senhor João Manoel. Sonho com esse dia. - Mais isso não passará de um sonho vão, escravinha. Ti além de seres escrava, ainda és cega. Com certeza, nunca conseguirá casar-se com um bom partido, o Maximo que conseguirá, é casar-se com um daqueles negrinhos
Na fazenda, Joaquim e Matilda estavam aflitos, Joaquim já havia mandado Julio César e João Manoel a procura das duas. Mesmo assim, ele e sua esposa não agüentavam mais tanta espera, e a preocupação aumentava a cada minuto. Foi quando bateram na porta, eram elas: - Oh céus! Celina minha filha o que houve? Rapaz, por favor, traga Marina até sua alcova, para que eu possa cuidar dela. (Falou Matilda desesperada). O rapaz colocou Marina em sua alcova, e a deixou aos cuidados de sua mãe, e desceu a sala conversar com Joaquim e Celina: - Celina, conte-me o que houve. - Tio Joaquim, eu e Marina saímos para passear juntas, estávamos tão distraídas, que perdemos a noção do tempo, quando fomos surpreendidas pela chuva, Marina teve uma recaída e desmaiou... - Eu vinha passando pela estrada, e vi Celina gritando desesperada por ajuda, desci de meu coche a fim de ajudá-las. - Eu sou-lhe muito grato meu rapaz por ajudar minha sobrinha e minha filha. Mais me perdoe, não o conheço não é? -
Já se sentindo mais à vontade, Diogo dirigiu-se a cozinha a fim de beber um copo d’água, ali se deparou com Celina. :- Olá, senhorita, como vai? Diogo beijou a mão de Celina. Neste momento, João Manoel que os observava, aproximou-se dos dois. :- Ora meu primo, ela não é uma senhorita. É apenas uma escrava qualquer. - Uma escrava? - Sim. Não se lembra de Celina, aquela escravinha cega? - Sim. Lembro-me. Devo reconhecer o quanto esta lindíssima. - Meu primo, não diga asneira a essa escrava inútil. A tola a de dar credito as suas palavras, e pode vir a se apaixonar. (Risos) É de seu costume, querer para si, coisas de fidalgos. Já tem vestidos, uma boa educação, agora a de querer roubar o pretendente de sua senhora. (Ele riu-se mais ainda). Celina retirou-se envergonhada, e muito ofendida. - Pare de perturbar a pobre João! - Gosto de perturbar essa escrava! - João Manoel, eu sempre soube que Celina, apesar de suas origens, jamais foi considerada uma escrava. - Tolice, ela sem
Passados dois dias, Doutor Rafael foi à fazenda visitar Marina. Para sua surpresa a encontrou de pé, passeando pelo jardim. :- Olá, senhorita Marina como está? - Muito bem Doutor Rafael. - Vejo que já esta bem melhor, esta até passeando pelo jardim. - Sim. Sinto-me muito bem. O senhor ajudou-me tanto, e eu pouco sei de sua vida. - Bem, sou um médico recém formado. Nasci aqui mesmo no Brasil, porém quando pequeno, após a morte de meus pais, foi levado por meus tios para a Alemanha, lá cresci e me criei. Só agora, aos vinte anos, voltei para o Brasil, aprender um pouco mais de minha profissão. - Sua vida me parece um livrinho de surpresas. Gostaria de conhecê-lo melhor. - Talvez não tenhamos tempo. Daqui a dois meses partirei novamente para a Alemanha. - Por que tão depressa? O senhor tem noiva lá na Alemanha? - Não. Vou, por que ao termino das convenções dos médicos realizadas aqui no Brasil, mais nada me prenderá aqui. Neste momento, os dois se entreolharam. Rafael sentiu um
O tempo passava e Rafael refletia nas palavras de Matilda. No dia de sua partida, ele decidiu:- “a verei, mesmo que pela ultima vez”. Na fazenda, Marina que ficara tristonha pensando em seu amor, se alegrou ao vê-lo. Ela correu ao seu encontro: - Senhorita Marina, não poderia partir sem vê-la. - Doutor Rafael, por favor não vá! - Tenho de ir. Ao ficar aqui, só estou causando sofrimento a meu coração. Sei que jamais a terei, eis impossível para mim. - Por dizes isso? - Seu pai jamais aceitaria nossa união. - Não quero que parta, eu preciso de ti. Não se vá, eu imploro! - Não posso ficar minha amada. - Vais embora, mesmo sabendo que deixas dilacerado meu coração? - Para que eu fique, precisaria ao menos de ter a certeza de que sou correspondido em meu amor. - Fique certo disso, pois eu o amo. Se partir, levaras consigo meu coração. - É serio o que dizes? - Acha acaso que mentiria eu? Julga-me uma mentirosa? - Não, de jeito algum. Apenas não creio ser digno de tão formoso
Diogo, que estava confuso, saiu para o jardim, para tomar um pouco de ar puro. No jardim se deparou com Celina: - Celina. - Senhor Diogo? - Sim, sou eu. - Senhor Diogo, quero dizer que lamento muito o que aconteceu. - Não lamente Celina...Diogo olhou profundamente nos olhos verde esmeralda de Celina. E reparou no quanto ela era bonita. - O senhor em breve achará uma senhorita, que o ame. - Celina, já lhe disseram o quanto es linda? Ela abaixou a cabeça encabulada. - Seus olhos são tão belos. Mais parece duas esmeraldas. - Esmeraldas? - Não sabe o que são esmeraldas? - Na verdade, não. - Esmeraldas, são pedras preciosas, difíceis de se encontrar. São brilhantes, verdes. Possuem um encanto raro, assim como os teus olhos, minha cara. - Nunca havia antes, ouvido falar em esmeraldas. - Eu lhe comprarei um anel de esmeraldas, lhe darei de presente, minha jóia. - Não diga isso senhor. - Possuís uma beleza tão grande, e tão fascinante, que poderia admirá-la o dia todo, sem me
Com o casamento já tão próximo, Joaquim mandou avisar os pais de Diogo, seu irmão e sua cunhada Rosana. Na fazenda do Conde Diogo: - Rosana, nosso filho a de se casar daqui a um mês. Veja, que maravilha! - Para falar sinceramente ao senhor meu marido, a noiva, Marina não me agrada muito. A julgo meio sonsa, creio que essa moça não está à altura de nosso filho. No entanto, já que é para manter a fortuna entre as famílias. Fazer o que? Deixe que se casem. - Cale-se mulher! O Conde Diogo se indignou. Rosana não concordava que seu filho se casa-se com Marina, que era uma linda senhorita, que receberá a melhor educação, possuía um grande dote, ainda mais quando descobri-se que a noiva, não se tratava de Marina, mais sim de Celina, que tinha sangue escravo. Dentro de poucos dias, o Conde Diogo chegou a fazenda de Joaquim acompanhado por sua esposa, a Condessa Rosana. Estavam todos reunidos na sala, a espera dos dois: - Meu irmão, senhora dona Rosana, que prazer recebe-los em minha c
Pela manhã, assim que raiou o dia, Diogo foi à alcova de Celina, conversar com ela: - Meu anjo, como vós estais? - Bem Diogo. Estou bem, mas ainda dói muito. - Não sabe o quanto sofro ao vê-la assim. Meu Deus, como eu a amo! Meu anjo, eu lhe juro, ao meu lado, jamais permitirei que sofra, quero fazê-la muito feliz. - Sabe Diogo, apesar de todos os pesares, me alegrei muito em saber, que na verdade tio Joaquim, é meu pai. Agora entendo o carinho tão grande que sente por mim. - É verdade. Isso explica o carinho e o amor imenso que sente por vós... Neste momento Joaquim entrou na alcova e interrompeu seu sobrinho: - Vós tendes razão, meu sobrinho, o amor que sinto por Celina, é um amor de pai. - Tio Joaquim... - Celina minha filha, como estais? - Estou bem, tio Joaquim. - Celina, como gostaria de ouvi-la me chamando de pai. - Meu pai... Como eu o amo! - Eu também minha filha, a amo muito. Minha filha, quero que me perdoe. - Perdoa-lo meu pai? Perdoá-lo por que? - Por não t