Na fazenda, Joaquim e Matilda estavam aflitos, Joaquim já havia mandado Julio César e João Manoel a procura das duas. Mesmo assim, ele e sua esposa não agüentavam mais tanta espera, e a preocupação aumentava a cada minuto. Foi quando bateram na porta, eram elas: - Oh céus! Celina minha filha o que houve? Rapaz, por favor, traga Marina até sua alcova, para que eu possa cuidar dela. (Falou Matilda desesperada). O rapaz colocou Marina em sua alcova, e a deixou aos cuidados de sua mãe, e desceu a sala conversar com Joaquim e Celina: - Celina, conte-me o que houve. - Tio Joaquim, eu e Marina saímos para passear juntas, estávamos tão distraídas, que perdemos a noção do tempo, quando fomos surpreendidas pela chuva, Marina teve uma recaída e desmaiou... - Eu vinha passando pela estrada, e vi Celina gritando desesperada por ajuda, desci de meu coche a fim de ajudá-las. - Eu sou-lhe muito grato meu rapaz por ajudar minha sobrinha e minha filha. Mais me perdoe, não o conheço não é? -
Já se sentindo mais à vontade, Diogo dirigiu-se a cozinha a fim de beber um copo d’água, ali se deparou com Celina. :- Olá, senhorita, como vai? Diogo beijou a mão de Celina. Neste momento, João Manoel que os observava, aproximou-se dos dois. :- Ora meu primo, ela não é uma senhorita. É apenas uma escrava qualquer. - Uma escrava? - Sim. Não se lembra de Celina, aquela escravinha cega? - Sim. Lembro-me. Devo reconhecer o quanto esta lindíssima. - Meu primo, não diga asneira a essa escrava inútil. A tola a de dar credito as suas palavras, e pode vir a se apaixonar. (Risos) É de seu costume, querer para si, coisas de fidalgos. Já tem vestidos, uma boa educação, agora a de querer roubar o pretendente de sua senhora. (Ele riu-se mais ainda). Celina retirou-se envergonhada, e muito ofendida. - Pare de perturbar a pobre João! - Gosto de perturbar essa escrava! - João Manoel, eu sempre soube que Celina, apesar de suas origens, jamais foi considerada uma escrava. - Tolice, ela sem
Passados dois dias, Doutor Rafael foi à fazenda visitar Marina. Para sua surpresa a encontrou de pé, passeando pelo jardim. :- Olá, senhorita Marina como está? - Muito bem Doutor Rafael. - Vejo que já esta bem melhor, esta até passeando pelo jardim. - Sim. Sinto-me muito bem. O senhor ajudou-me tanto, e eu pouco sei de sua vida. - Bem, sou um médico recém formado. Nasci aqui mesmo no Brasil, porém quando pequeno, após a morte de meus pais, foi levado por meus tios para a Alemanha, lá cresci e me criei. Só agora, aos vinte anos, voltei para o Brasil, aprender um pouco mais de minha profissão. - Sua vida me parece um livrinho de surpresas. Gostaria de conhecê-lo melhor. - Talvez não tenhamos tempo. Daqui a dois meses partirei novamente para a Alemanha. - Por que tão depressa? O senhor tem noiva lá na Alemanha? - Não. Vou, por que ao termino das convenções dos médicos realizadas aqui no Brasil, mais nada me prenderá aqui. Neste momento, os dois se entreolharam. Rafael sentiu um
O tempo passava e Rafael refletia nas palavras de Matilda. No dia de sua partida, ele decidiu:- “a verei, mesmo que pela ultima vez”. Na fazenda, Marina que ficara tristonha pensando em seu amor, se alegrou ao vê-lo. Ela correu ao seu encontro: - Senhorita Marina, não poderia partir sem vê-la. - Doutor Rafael, por favor não vá! - Tenho de ir. Ao ficar aqui, só estou causando sofrimento a meu coração. Sei que jamais a terei, eis impossível para mim. - Por dizes isso? - Seu pai jamais aceitaria nossa união. - Não quero que parta, eu preciso de ti. Não se vá, eu imploro! - Não posso ficar minha amada. - Vais embora, mesmo sabendo que deixas dilacerado meu coração? - Para que eu fique, precisaria ao menos de ter a certeza de que sou correspondido em meu amor. - Fique certo disso, pois eu o amo. Se partir, levaras consigo meu coração. - É serio o que dizes? - Acha acaso que mentiria eu? Julga-me uma mentirosa? - Não, de jeito algum. Apenas não creio ser digno de tão formoso
Diogo, que estava confuso, saiu para o jardim, para tomar um pouco de ar puro. No jardim se deparou com Celina: - Celina. - Senhor Diogo? - Sim, sou eu. - Senhor Diogo, quero dizer que lamento muito o que aconteceu. - Não lamente Celina...Diogo olhou profundamente nos olhos verde esmeralda de Celina. E reparou no quanto ela era bonita. - O senhor em breve achará uma senhorita, que o ame. - Celina, já lhe disseram o quanto es linda? Ela abaixou a cabeça encabulada. - Seus olhos são tão belos. Mais parece duas esmeraldas. - Esmeraldas? - Não sabe o que são esmeraldas? - Na verdade, não. - Esmeraldas, são pedras preciosas, difíceis de se encontrar. São brilhantes, verdes. Possuem um encanto raro, assim como os teus olhos, minha cara. - Nunca havia antes, ouvido falar em esmeraldas. - Eu lhe comprarei um anel de esmeraldas, lhe darei de presente, minha jóia. - Não diga isso senhor. - Possuís uma beleza tão grande, e tão fascinante, que poderia admirá-la o dia todo, sem me
Com o casamento já tão próximo, Joaquim mandou avisar os pais de Diogo, seu irmão e sua cunhada Rosana. Na fazenda do Conde Diogo: - Rosana, nosso filho a de se casar daqui a um mês. Veja, que maravilha! - Para falar sinceramente ao senhor meu marido, a noiva, Marina não me agrada muito. A julgo meio sonsa, creio que essa moça não está à altura de nosso filho. No entanto, já que é para manter a fortuna entre as famílias. Fazer o que? Deixe que se casem. - Cale-se mulher! O Conde Diogo se indignou. Rosana não concordava que seu filho se casa-se com Marina, que era uma linda senhorita, que receberá a melhor educação, possuía um grande dote, ainda mais quando descobri-se que a noiva, não se tratava de Marina, mais sim de Celina, que tinha sangue escravo. Dentro de poucos dias, o Conde Diogo chegou a fazenda de Joaquim acompanhado por sua esposa, a Condessa Rosana. Estavam todos reunidos na sala, a espera dos dois: - Meu irmão, senhora dona Rosana, que prazer recebe-los em minha c
Pela manhã, assim que raiou o dia, Diogo foi à alcova de Celina, conversar com ela: - Meu anjo, como vós estais? - Bem Diogo. Estou bem, mas ainda dói muito. - Não sabe o quanto sofro ao vê-la assim. Meu Deus, como eu a amo! Meu anjo, eu lhe juro, ao meu lado, jamais permitirei que sofra, quero fazê-la muito feliz. - Sabe Diogo, apesar de todos os pesares, me alegrei muito em saber, que na verdade tio Joaquim, é meu pai. Agora entendo o carinho tão grande que sente por mim. - É verdade. Isso explica o carinho e o amor imenso que sente por vós... Neste momento Joaquim entrou na alcova e interrompeu seu sobrinho: - Vós tendes razão, meu sobrinho, o amor que sinto por Celina, é um amor de pai. - Tio Joaquim... - Celina minha filha, como estais? - Estou bem, tio Joaquim. - Celina, como gostaria de ouvi-la me chamando de pai. - Meu pai... Como eu o amo! - Eu também minha filha, a amo muito. Minha filha, quero que me perdoe. - Perdoa-lo meu pai? Perdoá-lo por que? - Por não t
O tempo passou-se muito depressa, era chegado o dia do casamento de Celina e Marina, ambas estavam felizes e emocionadas. Os convidados chegavam a igreja,todos estavam presentes, fazendeiros da região, alguns escravos mais chegados, a mais alta sociedade, a família de Joaquim, menos João Manoel, que havia ido embora, e nem sabia sequer para onde. Os noivos Rafael e Diogo, esperavam ansiosos a chegada das noivas. Rosana sentia-se amargurada, o dia daquele casamento que tanto lhe causava indignação, era chegado, e ela não poderia fazer nada para impedir. Ela estava no altar, junto a seu marido o Conde, com o rosto sorria para os convidados, os quais julgava tão importantes, porém em seu coração, ela clamava de raiva, queria que tudo desse errado, que Celina desistisse, ou que seu filho caísse em si, e visse o absurdo que ela julgava ser aquele casamento. Porém nada disso aconteceria. Enfim, era um dia de grande festa, Marina e Celina estavam prontas, vestiam vestidos lindos, de linh