Em meados do ano de 1732, numa época cruel, no qual predominava as rédeas da escravidão, num país sem justiça, em que brancos eram senhores, negros meros escravos, em uma fazenda, não em qualquer uma, mas na fazenda do Senhor Coronel Germano, um dos mais brutais senhores de escravos da região, muito conhecido por seu pulso firme de fúria e injustiças, e claro por sua falta de humanismo. Um homem que impunha sua vontade inconseqüentemente. Um coronel, sem escrúpulos, mesquinho, só se importava consigo mesmo, e visava atingir seus objetivos a qualquer custo. Pois bem, justamente nessa fazenda, de rédeas severas, e ordens inflexíveis, acontecia um fato estranho, uma grande amizade entre uma sinhazinha e uma simples escrava.... A sinhá Matilda, filha daquele vil senhor de escravos, e uma das escravas, a escrava Euvira, que dentre todas, era a mais especial, na visão da doce e meiga Matilda, que tinha um gênio totalmente contrario ao de seu pai, aquela nobre senhora, fora criada junto com
O que a pobre desconhecia, é que seu pai, planejava as escuras, seu casamento com o filho de um rico fazendeiro, amigo seu de longa data, o Coronel Sebastião, que tinha um filho de nome Joaquim. Joaquim era um rapaz genioso como o pai, conhecido por sua falta de caráter, o rapaz vivia atrás de raparigas, era um vadio, que por varias vezes metia-se em balburdias, criava os mais diversos pandemônios, era mestre em fazer sofrer moçoilas, que iludia com sua lábia insana. Já César, ele sim era digno do amor da bela moça, era um rapaz talentoso que amava seu dom, o dom de salvar vidas. O rapaz, vinha varias vezes a fazenda, do Coronel Germano, tratar de dona Margarida. Sempre que vinha deparava-se com Matilda, e logo se apaixonou por ela, pareciam serem feitos sob medida, um para o outro. Os dois através de Euvira, trocavam cartas e versos de amor, sonhos de casamento. :- Euvira, meu amado, à de falar com meu pai hoje, quando vier a fazenda, ele quer me fazer à corte. - Sinhá, a de se mu
Os dois se beijaram apaixonadamente, pois desconheciam que o Coronel assistia a cena da janela de sua casa. Percebendo o amor dos dois, o Coronel Germano tomou uma decisão. Mandou uma mensagem para o Coronel Sebastião, para que ele e seu filho comparecessem a sua fazenda o mais breve possível, ele planejava marcar a data do casamento. Passados dois dias, lá estavam o Coronel Sebastião e seu filho na sala da casa grande conversando: - Coronel Sebastião, que satisfação ter o compadre aqui em minha casa. - Olá compadre. Chamastes-me aqui para tratar daquele nosso assunto? - Sim compadre, o chamei para marcarmos a data do casamento. Que tal lhe parece para daqui a dois meses? - Parece-me ótimo. Quanto mais rápido melhor e mais lucrativo. Vamos juntar nossas fortunas, e já é certo que juntos venderemos muito mais safras de café... Euvira, que ouvira toda a conversa por destras da porta, subiu e comunicou Matilda sobre a decisão do Coronel Sebastião: - Matilda... - O que foi Euvira
As semanas foram se passando, Matilda ficava cada dia mais indignada. Quando visitada pelo noivo, ela dava desculpas torpes, de maus estares repentinos, o rapaz sentia-se desolado, pois por varias vezes nas muitas visitas, partia sem conseguir por os olhos na ninfa com que sonhava todas as noites. Das muitas vezes que o casal passeava juntos, Matilda não media esforços para se afastar de Joaquim, principalmente com ofensas. Num desses passeios, Matilda estava tão distante, não conseguia parar de pensar em seu amado César, quando fora interrompida por Joaquim: - O que há contigo, minha querida? Nem estais a ofender-me como de costume. - Não quero perder meu precioso tempo, falando convosco. - Não fale assim, ti sereis minha esposa. - Nunca! Não vou me casar contigo. - Que dizes? Isso já é mais do que certo. - Prefiro a morte! - Não admito que digas isto! Nosso casamento já esta próximo, já é tempo de ti se conformar com isso. - Não quero me conformar. Não vou me conformar. Jam
Os dias foram passando-se depressa. Faltava apenas uma semana pra o grande dia, o dia do casamento. O que aumentara ainda mais a angústia de Matilda: - Euvira, me sinto mal. - O que sente sinhazinha? - Ânsia, mal estar... - Oia sinhá, isso só acontece, quando...Não, isso não pode ser. Matilda, que não contara a ninguém o acontecido, confessou tudo a Euvira: - Euvira, eu me entreguei ao Doutor César. - Meu Deus sinhá! Mas me diga, a suas regras já vieram? - Não, e fazem muitos dias. - Ai sinhá, acho milhor, nois conversa com a sinhá Margarida, sua mãe. Ela há de saber o que fazer. Já na alcova de Dona Margarida: - Mãe, estou muito aflita... - É sinhá nois tamu em desespero! - Eu sei... Matilda, vós esperas em seu ventre uma criança. Um bebê filho do Doutor César. - Mas como à senhora sabe? - Ora minha filha, eu percebi as mudanças em sua postura. Além disso, já reparei a muito tempo seus olhares para o doutor, e os deles para ti. - Mamãe, como eu o amo! - Filha, o amor
Passados dois dias, César foi às escondidas, a fazenda do Coronel Germano. Euvira deu um jeito para o casal se encontrar sem serem vistos: - Matilda, soube da morte repentina de sua mãe. - Sim, César, foi horrível! - Eu sinto muito. Os dois se abraçaram forte, enquanto Matilda chorava. :- Preciso, confessar-lhe algo. - O que minha querida. - É que desde, aquele dia em que nos amamos, espero em meu ventre uma criança, um filho seu. César reagiu radiante a noticia, e maravilhado, abraçava e beijava Matilda. O Coronel, percebendo a ausência de Matilda, mandou que seu capataz, seu Irineu os procura-se. E para infelicidade dos apaixonados, os encontrou. E não se deixando ser visto, ouviu toda a conversa: - Meu amor, precisamos fugir, o mais rápido possível. - Sim, minha querida, vamos fugir amanhã. Quando seu pai, for acertar os detalhes para o suposto casamento, fugiremos eu ti, e nosso filho. - Sim, seremos felizes, vamos criar nosso filho bem longe daqui. Quero levar conosco
Chegou o dia do casamento. Euvira, foi tirada do tronco, e a levaram para a senzala, a jogaram numa sela, e da mesma forma em que caiu, ela permaneceu imóvel, sentia tantas dores no corpo, que nem se mexia. Na alcova de Matilda, as escravas a vestiam para o casamento, Matilda estava pálida, mal comia nos dias anteriores, pois tamanho foi o choque que levará com tudo o que aconteceu. Matilda estava sem reação, não chorava, não gritava, apenas afogava sua dor dentro em si. A gravidez, já tomava aspectos, foi preciso disfarçar a saliência do ventre com um espartilho apertado. Na hora, de entrar na igreja, o Coronel Germano se impressionou com a filha, que continuou sem reação, como se estivesse em estado de choque, sua única expressão de dor, foi uma lagrima que desceu pelo seu lindo olho azul. Ela entrou na igreja arrastada por seu pai, até o altar. E lá ele a entregou a Joaquim, Matilda não conseguia sequer olhar para Joaquim, ela o via como um monstro. Na hora de dizer sim, seu co
De manhã bem cedo, Euvira que já se sentia melhor, subiu à alcova de Matilda: - Minha amiga, como ti estais? Estais muito machucada? - Se aquiete Matilda, já estou mio, mais e ocê? - Não tive escolha, tive de me casar. E o pior hoje irei para a fazenda dele, mais vou leva-la comigo. - Eu irei. - Sabe, ontem me livrei daquele crápula. - Mais hoje, ocê não vai conseguir sinhá. - Vou sim Euvira. Eu jamais cederei a ele. - Pelo contrario Matilda. Ocê tem de ceder. Logo sua barriga começará a crescer. Como ocê vai se explicar? O senhor Joaquim tem de pensar que esse filho é dele... - Não Euvira, isso nunca! - Sinhá, é pro seu bem e o bem de seu foi, se ele descobre ele mata ocê, ou pior o senhor Joaquim é capaz de matar o seu fio quando nascer. - Não, eu não vou permitir, eu amo essa criança e para que ela viva, eu farei qualquer coisa. Assim que Joaquim acordou, quis ir embora para sua fazenda, ele a esposa e Euvira, partiram bem cedo. Joaquim estava tão enfurecido que mal ol