Ao despertar, viu Matilda cuidando dele, ela estava abrindo a janela, para que Joaquim tomasse um pouco de sol. :- Matilda, meu amor! - Joaquim, meu querido, graças a Deus vós despertastes! Como se sente? - Muito bem. Como não me sentiria bem, se ao abrir os olhos, encontro uma princesa a cuidar de mim. - Vejo que esta bem, esta até a brincar. - Não estou brincando, minha florzinha. Ficamos longe por tanto tempo, que nem sequer me lembrava mais do quanto tu eis linda! Tão bela, que fazes inveja aos lírios do vale, que são as mais belas flores. - Há quanto tempo, não ouvia os elogios do senhor meu marido! - Fica feliz em ouvir meus elogios? - Sim! Fico imensamente feliz, quando os ouço. - Apesar de toda essa tragédia, sinto-me muito feliz em tela junto a mim novamente. - Não sabe, o quanto senti sua falta senhor meu marido. - Como é bom ouvir isso Matilda, meu amor. Esse tempo que ficamos longe, foi para mim uma eternidade, porém só fez com que meu amor por vós, aumentasse a
A paz reinava novamente entre o casal. Enquanto seus outros filhos brincavam no jardim, Celina que era apenas uma menina, gostava de ficar na alcova de Matilda, ajudando a cuidar de Joaquim, apesar de não saber que ele era seu pai, Celina era muito ligada a ele. Ambos ficavam conversando durante horas: - Senhor Joaquim, é verdade que o senhor não pode andar? - É Celina, assim como seus lindos olhos não refletem a luz, as minhas pernas não se movem. - O senhor sabe me dizer por que não posso ver? - Não sei ao certo Celina, mas vós já nascestes assim. - Será que um dia eu verei a luz do sol? - Talvez, minha querida. - Sabe, senhor Joaquim, eu queria muito ver minha tia Matilda, ela é muito boa, e também deve ser muito bonita. - Sim Celina, sua tia é belíssima, assim como vós, que é uma menininha muito linda. Matilda gostava muito de vê-los conversando, pois não queria que Celina tivesse a mesma sorte de Euvira, que sofreu muito com a rejeição e os maus tratos dados por seu próp
Como o passar do tempo, seus filhos foram crescendo. Celina apesar de cega, era uma menina muito feliz, pois recebia o amor de seu pai e o carinho de sua tia. A menina, que nem sequer havia conhecido a mãe, conversava sempre com a tia a respeito dela: - Tia, como era minha mãe? - Sua mãe...Sua mãe era maravilhosa, alegre, meiga, assim como vós . Nos éramos grandes amigas, assim como vós e a Marina. Corríamos por toda a fazenda de nosso pai, fazíamos muitas travessuras juntas. Nos gostávamos muito. - Minha mãe era bonita, tia? - Muito, ela tinha olhos verdes, da cor dos seus. Tinha os cabelos negros encaracolados. Era uma mulata, que causava inveja a muitas sinhazinhas. - Ela era cega como eu? - Não, minha querida. Euvira podia ver. - Tia... - Fale Celina. - Se minha mãe, ainda estivesse viva, ela teria me amado? - Sim Celina. Ela teria a amado muito. O sonho de Euvira era ter um filho. - À tia, como queria ter minha mãe ao meu lado! - Mas ela está do seu lado Celina. Lá
Matilda temia muito ao ver seu filho Julio César, conversando a sois com Joaquim. Por isso sempre procurava aproximar-se dos dois: - Joaquim, o que está falando com o menino? - Estou lhe preparando, pois ele sendo meu filho mais velho, um dia cuidará de toda essa fazenda. - É mamãe, meu pai me disse, que um dia tudo isso será meu e de meus irmãos. Joaquim percebendo a aflição da esposa pediu a seu filho: - Julio César, meu filho, vá brincar com seus irmãos dentro de casa, para que eu e sua mãe, conversemos um pouco. - Sim papai! - Matilda, sempre que fico sozinho com Julio César, vós se aproxima depressa. Por quê? - Confesso, que temo muito por Julio. Talvez, por ele não ser seu filho, vós sintais raiva dele. - Jamais, Matilda! Eu amo Julio César, como se ele fosse meu filho. - Joaquim...Eu sei que depois de vós saber da verdade, jamais conversamos sobre o assunto. Mas quero lhe dizer, o porque não contei a vós, assim que nos casamos, que esperava um filho de outro homem...
Os anos passavam depressa, porém o sofrimento não. Albertina de tanto trabalhar aos poucos foi envelhecendo, Aurora sua filha já, se tornara uma bela donzela, há poucos dias completará dezesseis primaveras. Passou-se muito tempo, tempo esse que não foi suficiente para que Albertina esquecesse toda a desilusão que sofrerá com o marido, por isso ela jamais se casou novamente, ela vivia sozinha com a filha, trabalhava muito para seu sustento e o da filha, e tentava quitar a grandiosa divida do marido, (a única lembrança deixada por ele), ainda assim, ela não conseguiu pagar a divida, pelo contrario, apesar dos muitos anos de trabalho, Albertina apenas conseguiu quitar parte da divida. Todas as tardes, mãe e filha saiam pelo povoado vendendo doces, costuravam, lavavam, faziam de tudo para receber poucos tostões, para assim tentar uma vida melhor. O maior desgosto de Albertina, era o de ver a filha, a bela jovem Aurora nessa vida miserável, o prazer da mãe, seria sem duvida o de ver a fi
Com os anos se passando, Joaquim e Matilda, envelheceram um pouco. Julio César já era um homem, bonito refinado e elegante, tinha um carinho muito grande por Celina, ele sentia necessidade de protegê-la, pelo fato de ela ser cega. Marina e Celina, tornaram-se moças lindíssimas, assim como suas mães, as duas tornaram-se grandes amigas. Matilda tornou-se para ela como uma mãe, Joaquim a queria muito bem, porém João Manoel, o mais moço, que ainda era um rapazola, maltratava muito Celina, a desprezava pelo fato de ela ter nascido escrava, ele era diferente dos irmãos, era mesquinho, arrogante, humilhava Celina constantemente com palavras, mesmo sabendo que ela era sobrinha de sua mãe: - Vós pretendeis um dia casar-se Celina? - Sim, senhor João Manoel. Sonho com esse dia. - Mais isso não passará de um sonho vão, escravinha. Ti além de seres escrava, ainda és cega. Com certeza, nunca conseguirá casar-se com um bom partido, o Maximo que conseguirá, é casar-se com um daqueles negrinhos
Na fazenda, Joaquim e Matilda estavam aflitos, Joaquim já havia mandado Julio César e João Manoel a procura das duas. Mesmo assim, ele e sua esposa não agüentavam mais tanta espera, e a preocupação aumentava a cada minuto. Foi quando bateram na porta, eram elas: - Oh céus! Celina minha filha o que houve? Rapaz, por favor, traga Marina até sua alcova, para que eu possa cuidar dela. (Falou Matilda desesperada). O rapaz colocou Marina em sua alcova, e a deixou aos cuidados de sua mãe, e desceu a sala conversar com Joaquim e Celina: - Celina, conte-me o que houve. - Tio Joaquim, eu e Marina saímos para passear juntas, estávamos tão distraídas, que perdemos a noção do tempo, quando fomos surpreendidas pela chuva, Marina teve uma recaída e desmaiou... - Eu vinha passando pela estrada, e vi Celina gritando desesperada por ajuda, desci de meu coche a fim de ajudá-las. - Eu sou-lhe muito grato meu rapaz por ajudar minha sobrinha e minha filha. Mais me perdoe, não o conheço não é? -
Já se sentindo mais à vontade, Diogo dirigiu-se a cozinha a fim de beber um copo d’água, ali se deparou com Celina. :- Olá, senhorita, como vai? Diogo beijou a mão de Celina. Neste momento, João Manoel que os observava, aproximou-se dos dois. :- Ora meu primo, ela não é uma senhorita. É apenas uma escrava qualquer. - Uma escrava? - Sim. Não se lembra de Celina, aquela escravinha cega? - Sim. Lembro-me. Devo reconhecer o quanto esta lindíssima. - Meu primo, não diga asneira a essa escrava inútil. A tola a de dar credito as suas palavras, e pode vir a se apaixonar. (Risos) É de seu costume, querer para si, coisas de fidalgos. Já tem vestidos, uma boa educação, agora a de querer roubar o pretendente de sua senhora. (Ele riu-se mais ainda). Celina retirou-se envergonhada, e muito ofendida. - Pare de perturbar a pobre João! - Gosto de perturbar essa escrava! - João Manoel, eu sempre soube que Celina, apesar de suas origens, jamais foi considerada uma escrava. - Tolice, ela sem