Passados três longos meses, Matilda recebeu uma visita inesperada, era nhã Clotilde, uma velha escrava, que ajudara na criação de Matilda, e por isso a tinha como a uma neta. :-Matirda, minha fia. Como é que oce está, meu bem? - Apesar de tudo nhã. (Ela respirou fundo) Estou bem. - Minha fia, infelizmente, não trago noticias boas para ocê não. - O que houve nhã? Aconteceu algo com meus filhos? - Não Matirda, o pobrema é com o senhor seu pai. - O que tem, meu pai? - Ele ficou muito doente. E morreu há alguns dias. Era mais uma grande perda na vida de Matilda. Ela chorava abafado dentro de si, nos braços de nhã Clotilde. : - Minha fia, eu perciso lhe conta uma coisa. - O que nhã? Mais alguma noticia ruim? - Não fia, agora a noticia é boa, ocê vai gostar de saber. - Enfim uma noticia boa nhã! - Ocê gostava muito de Euvira, num é? - É nhã Clotilde, ela era como uma irmã para mim. - Ela não era como uma irmã procê, ela era sua irmã. - Minha irmã, mais como? - Era fia do se
Os meses foram se passando lentamente, e a tortura de Matilda aumentava cada vez mais, ela não conseguia esquecer seu marido, sentia muita falta de seus filhos. Será que um dia ela os veria de novo? Joaquim, que era um homem feliz, foi se tornando um homem amargo. Não conseguia esquecer Matilda, e não conseguia perdoa-la. Seus filhos sentiam muita a falta da mãe. As crianças,mal podiam brincar, sentiam medo do pai, que se tornava a cada dia mais rabugento. Fazia quase um ano, que Matilda estava no convento, ela pensava muito em seu filho João Manoel, que era apenas um recém nascido quando ela o deixou, ela sequer pode amamentar. Pensava em Julio César; : - Será que Joaquim, descontava sua raiva no meu pequenino Julio César, filho bastardo, que tive com outro homem? Pensava em Marina sua doce e frágil menininha, e também Celina (a escravinha filha de Euvira) sua sobrinha. : - Pobre Celina, seus olhos não podem ver a luz, como ela deve estar sofrendo. Enquanto Matilda, se perdia e
Joaquim, sentia-se entristecido, e com muita amargura de alma, após perceber que quem precisava perdoa-lo era Matilda, e não o contrario, percebeu o quanto havia sido injusto com suas atitudes monstruosas para com Matilda, pensou no quanto havia feito sofrer aquela a qual ela tanto amava. Joaquim, desejava vê-la desesperadamente, implorar seu perdão, e ter sua amada Matilda de volta, não agüentava mais de tantas saudades, seu coração clamava pela presença de Matilda, porém a imensa vergonha e receio que sentia, insistia em prevalecer. No outro dia bem cedo, Augusto decidiu visitar Matilda novamente, naquele convento. :- Matilda. - Diga, Heloisa, que se passa? - Aquele homem, que esteve aqui a sua procura ontem, veio visitá-la novamente. - Meu Deus! Mais para que? - Não sei. Venha comigo, e descobriremos. Já na presença de Augusto: - Olá, senhorita Matilda, como está? - Muito bem, obrigada. Mais o que o senhor faz aqui? Não tenho mais nada a tratar com o senhor. - Estive o
Com o passar dos dias Augusto tornou-se visita diária naquele convento. Matilda percebendo a insistência de Augusto, e percebendo a presença inevitável dele, aos poucos ela passou a confiar nele, a ponto de muitas vezes desabafar na presença dele. Falava de Joaquim, da saudade que tinha dos filhos, do pai, da maldade do pai. Ele procurava apóia-la em tudo. :- Não sofra, minha querida, estou aqui ao seu lado, para apóia-la. - Eu sei disso Augusto, mas não entendo o por que. Porque se interessa tanto por mim, pela minha vida? - Não sei se devo confessar. - Fale, deposito tanta confiança em ti Augusto, ti tornou-se para mim um grande amigo, quase um irmão, será que não mereço nem um pouco de confiança de sua parte? - Claro que merece. Desde a primeira vez que a vi, me impressionei muito contigo. Desde então passei a interessar-me por tudo que diz respeito a ti, passei a querer protege-la a qualquer custo, a querer estar ao seu lado, a ouvi-la... - Eu sei disso Augusto, mais por
Augusto sentia-se desolado, queria ter Matilda, queria casar-se com ela, não poderia deixar de vê-la, porém sabia que Joaquim ainda era um grande rival em sua vida. Apesar da distância e do desprezo de Matilda, o rapaz persistente, visitava Matilda todos os dias, ela sempre se recusava a vê-lo. Passavam-se dias e dias, Augusto sempre se via cercado por uma imensa tristeza, que insistia em conturbar seu coração apaixonado. Com a insistência de Augusto, Matilda decidiu vê-lo: - Matilda, não agüentava mais de vontade de vê-la, não sabe o quanto senti sua falta. - Augusto, não deveria ter vindo aqui, mais já que veio, quero lhe pedir, não venha mais aqui, por favor, isso só causará tua tristeza. Não posso ama-lo, meu coração pertence a outro. - Matilda, ti podes me pedir tudo, menos me pedir para afastar-me. Eu jamais suportaria, a amo, como jamais pensei amar alguém, a amo com loucura, não sabe como desejo te-la ao meu lado, não sabe do imenso desejo que tenho de toca-la, de beija
Joaquim estava em sua fazenda, quando foi surpreendido pela visita de Augusto. :- Augusto??? Ti, por aqui? - Surpreso em me ver? Creio que sim, senhor Joaquim. Eu precisava vê-lo. - O que houve? Algum problema com a fazenda? - Não, com a fazenda não. - Não entendo! - Quero lhe falar, com respeito a sua esposa, Matilda. - O que tem Matilda? - Responda-me, pretende abandona-la para sempre? Não vai mais vê-la? Vai deixa-la de vez? - Mais o que o senhor tem a ver com isso? - Matilda foi expulsa do convento! - Expulsa, mais por que? - Por minha causa. Confesso Joaquim, estou completamente apaixonado por Matilda, eu a amo! - Ora seu...como ousa? Ela é minha esposa. - Não é. Ela é apenas uma mulher, linda, maravilhosa que está desamparada nesta vida, desamparada por ti, que foi cruel o bastante de abandona-la sozinha, e ainda tirar seus filhos de seus braços, não sabe como ela sente falta deles. - Ora seu maldito, não admito que tenha essa intimidade com minha esposa. - Não
Joaquim ia ansioso pelo caminho, não via a hora de rever Matilda. Quando chegou a cidade, logo encontrou o endereço da pensão em que estava Matilda. Chegando lá, procurou por Matilda, e indicaram o lugar em que ela estava, nos fundos da casa num pequeno rio, lavando as roupas. Quando Matilda o viu, surpreendeu-se muito, empalideceu, ficou tremula, mal podia crer que era Joaquim até ouvir sua voz: - Matilda! - Joaquim... - Como estais? - Bem… (sua voz ficou embargada, e as lágrimas se derramaram).Joaquim impressionou-se em ver Matilda, seu semblante estava decaído, cansado, estava triste, suja. - Não chore, meu amor, não chore. - Joaquim, diga-me, como estão meus filhos? Diga-me, por favor. - Todos nos estamos muito infelizes, sozinhos sem ti. - Joaquim, sei que não tenho direito algum de lhe pedir nada. Talvez sua única intenção em vir aqui, seja a de me humilhar, mais eu lhe imploro, deixe-me rever meus filhos! Ao menos mais uma vez... Joaquim, se ajoelhou perante Matild
Joaquim, que já havia recebido o dinheiro total do negócio, voltava para a fazenda a cavalo, vinha a galope, pensando em Matilda: - “será que ela o havia perdoado?”; “será que Matilda, ainda o amava?”. Ele estava tão distraído, que nem percebeu que fora cercado por três homens, também montados a cavalo. Os homens, percebendo a elegância de Joaquim, logo imaginaram que ele tinha dinheiro. Joaquim foi surpreendido pelas costas: - Muito bem, imbecil, nos dê todo o dinheiro que possui, agora! Joaquim, percebendo a gravidade da situação, fugiu galopando, um dos homens, mais que depressa atirou nas costas de Joaquim, o que o fez cair desmaiado no meio da estrada, e os ladrões aproveitando-se, da oportunidade, fugiram levando consigo, todo o dinheiro que Joaquim possuía consigo, a última parte da venda da fazenda. Fugiram, e deixaram Joaquim desmaiado, sem socorro. Matilda sentiu um forte arrepio, como um pressentimento ruim, ela sabia que alguma coisa havia acontecido com Joaquim. Neste