Já se passavam das quatro da tarde e Noah ainda não havia chegado em casa. Todos estavam tão preocupados, que até os preparativos do aniversário de Eloá ficaram a cargo dos funcionários da casa. Noah ignorava as ligações.Elisa andava de um lado para o outro, angustiada, sem saber onde encontrá-lo. Sem pensar duas vezes, pegou o carro do pai escondido e dirigiu pela estrada da vila, ligando para Noah insistentemente, até ele atender.— Noah, onde você esta? Está todo mundo preocupado com você.— Digam para não se preocupar, eu vou voltar para casa quando me sentir melhor.— Eu não vou dizer nada a ninguém, para te falar a verdade, nesse momento estou ao volante. Acabei de pegar o carro do papai escondido e se não me disser exatamente onde posso te encontrar, eu pegarei a estrada para a capital e tentarei te achar.— Elisa, você está louca? — Perguntou preocupado. — Você nem sabe dirigir direito. Para essa carro agora e liga para seu pai ir te buscar.— Eu não vou voltar para casa, enq
Já passavam das dezoito horas, quando minha mãe chegou de frente ao portão de casa gritando. — Aurora, Aurora! — Apareci mais que depressa, ela carregava diversas sacolas em mãos. — Anda logo menina burra, não vê que está pesado? Minha mãe estava com a cara de péssimo humor, como sempre, Sandro devia ter feito ou falado algo que não tenha gostado, e com certeza, no final de tudo, ela iria descontar em mim sua frustração. — Estas são as compras do mês, arrume tudo no devido lugar, sabe que o Sandro odeia bagunça, e mais uma coisa! Não pegue nada sem permissão, quando tiver fome, me avisa que separo algo para você. — Nossa, não posso pegar algo sozinha para comer em minha própria casa? — Cala a boca, menina, ou quebro seus dentes, por conta dessas suas piadinhas. Sabe que aqui nestas compras não tem um centavo seu, você não ajuda em nada nesta casa. — Quero trabalhar, mas acabo tendo que olhar a Alice para você. De repente, só sinto um tapa no meio do rosto. As garras de minha mãe
— Aurora, acorda! — Minha mãe gritava em meu quarto. — Ainda são cinco da manhã, não é minha hora de sair. — Falei assustada, olhando as horas no relógio do celular. — Você não vai sair hoje, Alice está com febre, você ficará com ela, porque Sandro sozinho não consegue dar conta dela doente. — Mas fiquei de encontrar a Isa hoje. — Na próxima semana você a encontra, Alice é mais importante. — Disse não se importando com o que falei. — Mãe é que… — Escuta aqui. — Ela já veio para cima de mim, segurando meu pescoço. — Você vai ficar olhando sua irmã e não sairá do quarto dela para nada, entendeu? — Entendi — Minha resposta saiu como um sussurro, por falta dor ar que faltava em meus pulmões, porque suas mãos apertavam forte meu pescoço. — Não quero você e o Sandro conversando nada que não seja sobre a Alice. Nada de gracinhas, menina! — Parece que a senhora gosta mais dele do que de mim. — Não é hora de discussão nem drama, vá para o quarto dela e deite lá do lado da cama. — A
— Aurora, Aurora! Olhei para o lado e vi minha amiga Isadora. Ela estava com um vestido azul-celeste longo, seu cabelo loiro estava solto e caminhava acenando para mim. — Pensei que não viria Rora! — Me abraçou. — Isa, você não tem ideia do que acabou de acontecer, aquele sem vergonha do Sandro tentou me estuprar. — Disse chorando, me lembrando da cena daquele maldito tocando meu corpo. — O quê? — Ela respondeu desacreditada. Contei o que havia acontecido, ela me abraçou e chorou comigo. — Vamos dar um jeito, Rora, naquela casa você não volta mais. Já sei o que fazer! — O que você tem em mente? — Tenho a autorização assinada por meus pais para viajar e minha passagem já foi comprada, você só precisa entrar no ônibus em meu lugar. — Está louca? Você perderá a sua viagem! — Compro outra e viajo amanhã, além disso, as aulas na faculdade só vão começar na próxima semana. — E o que seus pais vão dizer? — Perguntei preocupada, tinha meus problemas, mas não queria que minha amiga a
Naquele momento, meu coração gelou, errando as batidas. Eu seria testemunha de um suicídio se não fizesse nada. Meu instinto fez com que eu chamasse a atenção daquele homem e tentasse impedir que ele cometesse uma besteira. — Moço! — Gritei para me ouvir. — Por favor, não faz isso! — Na mesma hora, vi que ele virou o rosto para mim. Estava tudo escuro e a chuva caía mais fraca, entretanto ela ainda estava lá. Mesmo assim, com a escuridão, vez ou outra via a silhueta apenas de seu corpo, já que ele estava de capuz. — Quem é você? — Nesta hora me arrepiei completamente, aquele homem gritou tão alto com uma voz tão estridente que me fez ter calafrios. — Eu não sou ninguém, mas sei que independente do que você esteja passando, esta não é a solução! — Como tem tanta certeza assim? — Continuou dizendo alto e raivoso. — Eu não tenho! — Na verdade, não sabia o que falar. — Mas sei que você também que isso que pretende não resolverá seus problemas. — Que diabos… De onde você veio? Rapid
— Senhor Oliver, quantos dias de vida ele tem? — Dois. — Ele já fez o teste do pezinho? — Perguntei curiosa. — O quê? — Respondeu como se não soubesse do que se tratava. — É um exame essencial, feito nos primeiros dias de vida do recém-nascido, ele diagnóstica precocemente algumas doenças. — Faremos assim, hoje compramos o que estamos precisando, amanhã iremos fazer todos os exames médicos necessários, tudo bem? — Respondeu sem paciência. — Tudo bem. O resto do caminho foi em silêncio, quando chegamos à capital, a primeira loja que passamos foi para comprar o bebê conforto e o berço. Depois fomos ao cartório, me sentei próximo à porta de saída, olhava a rua enquanto o homem aguardava ser atendido, até pensei que a mãe da criança aparecia para registrar o filho, mas nada! Havia três pessoas para serem atendidas antes dele, então tive a incrível ideia enquanto esperava. Havia avistado uma loja de roupas femininas ao lado do cartório, resolvi ir lá comprar algumas peças para
Às seis da manhã, me levantei e me vesti. Estava arrumando algumas gavetas quando alguém bateu na porta do quarto. Logo abri. Era o homem que havia descarregado as coisas do carro ontem, quando cheguei da capital com o bebê e o Oliver. — Bom dia, senhorita Aurora, me chamo Joaquim. Sou o motorista do senhor Oliver e vim dizer que o carro está preparado para irmos à capital no momento em que a senhorita quiser sair. Estarei encarregado de levá-la ao hospital para fazer todos os exames do bebê. — Ah, o senhor Oliver não irá? — Perguntei curiosa. — Não, hoje ele saiu muito cedo. — Tudo bem, irei arrumar o bebê e já desço para irmos. Fechei a porta do quarto e fui dar banho no bebê, que parecia muito confortável na banheira. — Você parece tão confortável agora, pequenino, se você fosse meu, te chamaria de Noah. Após arrumar aquele pedacinho de gente, organizei sua bolsa, desci e tomei café enquanto o bebê estava no carrinho. Após isso, o peguei no colo e fomos para o carro, a
— Demitida? — Meu coração chegou a errar as batidas. — O que houve, senhor, o que fiz de errado? — Achou mesmo que sou burro, menina? — Levantou-se nervoso e veio em minha direção. — Aurora, mora na capital, tem dezoito anos e um Pinscher possuído pelo demônio. — Senti minhas pernas tremerem. — Achou mesmo que colocaria dentro da minha casa alguém sem saber as procedências? Fui descoberta. — Me desculpa, senhor, eu menti, devia ter falado a verdade desde o começo. — Tarde demais! — gritou. — Sabe o que mais me impressionou? A sua capacidade e rapidez de inventar mentiras! — Eu estava precisando muito desse emprego e... — Cala a boca! — Gritou outra vez. — Se tem algo que odeio nesse mundo, é a mentira, sabia? Quero que arrume suas coisas e saia da minha casa imediatamente! — Mas está de noite. Nesse momento ele se encostou tão próximo a mim que fiquei com medo de sua reação, até parecia um déjà vu. — E o que tenho a ver com isso? — Abaixou a voz. — Não é você que gosta de fica