Capítulo II

Meses atrás

Tinha acabado de entrar na boate e já tinha avisado várias mulheres no lugar, mas eu não gostava de ser apressado, a noite estava só começando tinha tempo de sobra pra escolher bem a garota que ia comigo pra casa essa noite, ou as garotas.

Eu sabia que as pessoas me viam como um tremendo cafajeste, mas cá entre nós elas adorariam estar no meu lugar e viver a minha vida.

Amar e ser amado é coisa que não cabia pra mim, se entregar daquela forma era uma coisa estúpida a se fazer e diferente do que sempre falam em filmes e em livros, você pode sim escolher não amar.

Basta só algumas coisas como: não ligar no outro dia, pegar a melhor amiga, chamar a garota pelo nome de outra, não atender as ligações e nem responder a mensagem.

E é assim que você se torna um cafajeste!

Mas eu tinha orgulho disso, diferente do meu amigo Charles que parecia ter se cansado da boa vida e decidido se entregar para outra garota.

Esse foi meu pensamento assim que o avistei dançando agarradinho com Lise.

Ela balançava a bunda contra o quadril dele, os dois envolvidos naquela bolha romântica. Mal sabiam que aquilo era uma armadilha, uma forca enfeitada.

Lise ergueu a cabeça e seu olhar se encontrou com o meu, sorri pra ela e assisti seu corpo se forçar mais contra o dele, Lise segurou as mãos de Charles subindo a que estava em sua barriga até seu seio e a outra descendo até sua coxa.

Eu sabia que ela gostava de mim, Emma tinha dito isso em uma festa e eu não fazia ideia do motivo, já que nunca ficamos, nem mesmo lhe dei esperanças disso.

Não demorou para que ela se virasse de frente pra ele, fugindo do meu olhar. Era até engraçado de ver, mas tratei de esquecer a cena quando uma loira sentou no meu colo.

Os seios dela quase saltavam para fora do vestido brilhoso, os lábios vermelhos se abriram em um sorriso sedutor antes que ela dissesse qualquer coisa.

— Está sozinho bonitão? — a voz manhosa, não fazia muito meu tipo, mas não me importei.

— Agora não mais!

Ela começou a puxar uma conversa fiada, mas eu não estava muito a fim de papo hoje. Então coloquei um fim em todo o falatório puxando-a pela nuca e unindo nossos lábios.

Nossas línguas se enrroscaram e eu puxei seu cabelo, querendo intensificar nosso beijo.

Mas bastou ouvir a voz de Charles me chamando para que me distanciar dela.

— E aí cara, não sabia que vinha hoje. — ele e Lise se sentaram a minha frente. Ela agora não tinha nem a sombra de um sorriso nos lábios carnudos. — Você tá com uma coisinha aqui.

Charles apontou pra minha boca e eu passei a mão vendo o tom vermelho pintar a ponta dos meus dedos.

Praguejei me levantando e murmurando que já voltava, mas para ninguém em específico, quem sabe a senhorita boca de palhaço fosse embora enquanto eu estivesse limpando aquela bagunça.

Entrei no banheiro na área VIP e vi a obra de arte que tinha virado minha cara. Era uma péssima forma de começar a noite.

Talvez eu nem devesse ter saído de casa hoje, tinha tanta coisa na minha cabeça desde que comecei a ajudar os federais.

Aquela coisa toda de ajudar a desbaratinar uma quadrilha parecia excitante, mas até agora estava sendo apenas estressante. Eu não costumava ser um estraga prazeres, mas minha cabeça estava cheia de mais.

— Ei conseguiu se livrar de toda maquiagem? — Charles me questionou me pegando de surpresa.

Estava tão concentrado nos meus pensamentos que nem ao menos tinha me dado conta dele parado atrás de mim.

— Quase tudo. A garota ainda está lá?

— Não, umas amigas apareceram e puxaram ela pra outro lugar.

— Graças a Deus, preciso dar o fora daqui. Não estou com cabeça pra nada hoje, achei que sair iria me ajudar, mas não foi o caso.

Ele entrou em uma das cabines, mas eu sai querendo ir direto para fora dali.

— Eu já falei que não! Me larga seu idiota! — ouvi uma mulher gritando e isso me fez parar no mesmo instante, me virando a procura de quem quer que fosse.

— Qual é gatinha, para de se fazer de difícil.

No mesmo instante eu avistei Lise gritando com um homem que a segurava pelo braço, ela se sacudia tentando se livrar do aperto e todos em volta pareciam alheios de mais para prestar atenção nela.

Atravessei as mesas com fúria, eu via vermelho nesse momento, meu coração disparou e eu só queria acertar a cara do desgraçado.

— Oh babaca! Acho que ela disse pra você largar o braço dela!

Nem consegui chegar perto, pois Lise acertou uma joelhada no saco do homem, fazendo ele cair de joelhos no chão.

— Isso é pra você aprender seu idiota.

— Ela saiu andando enquanto o homem choramingava e eu fiz sinal para os seguranças que ficavam na porta.

— Lise você está bem? — questionei correndo atrás dela, empurrando as pessoas em meu caminho até que alcancei seu cotovelo e a puxei para mim. — Você está bem?

— Estou ótima e não precisava de você ali! — ela bradou erguendo o queixo de forma altiva, mas nem tentou afastar o braço do meu toque.

— Eu vi que você soube se defender muito bem, mas isso não quer dizer que eu não me preocupe com seu bem estar.

Lise piscou rápido duas vezes, parecendo chocada com minhas palavras e eu vi o segundo em que suas barreiras foram ao chão.

Aproveitei que ela tinha se acalmado e subi minha mão por seu braço nu, senti os pelos finos se arrepiando com meu toque e porra, aquilo era bom!

Os seios dela começaram a subir e descer quando me aproximei ainda mais, sua respiração descompassada fazia aquilo e eu desejei que aquele tomara que caia caísse de uma vez por todas.

— Você é um cafajeste, não se importa com as mulheres. — ela murmurou tentando ser forte, mas fechou os olhos em apreciação quando subi meus dedos por seu pescoço, contornando a curva do ombro até sua nuca.

— Eu tenho uma irmã Lise. — me curvei sobre ela até que minha boca pairasse em sua orelha. — Posso ser um cafajeste, mas respeito os desejos das mulheres. — ela estremeceu e eu deslizei a outra mão em sua cintura, puxando seu corpo ainda mais contra o meu. — Gosto ainda mais de realizar esses desejos.

Ouvi ela suspirar, uma de suas mãos agarrou a camisa social que eu usava, me mantendo perto dela.

Mas antes que pudesse ir adiante vi Charles vindo na nossa direção e dei um passo para trás.

— Ei o que aconteceu? Um dos seguranças disseram que um cara te atacou.

— Eu estou bem, não foi nada de mais. — Lise abraçou ele de volta e murmurou algo baixo de mais para que eu conseguisse ouvir sobre toda a música alta.

— Ela foi mais rápida do que qualquer um e derrubou o babaca com uma joelhada.

Charles segurou o rosto dela com as duas mãos e deu um beijo rápido nela. Franzi o cenho quando constatei que poderia ser eu ali beijando ela nesse momento.

Eu sei que ele era meu amigo de infância, mas porra ela gostava de mim não dele!

— Você pode Chris? — a voz dele me fez voltar a conversa rapidamente. — Você falou que estava indo pra casa, pode deixar Lise no apartamento dela? Eu iria com o maior prazer, mas tem dois investidores que estão vindo conhecer a boate e eu vou precisar fazer sala pra eles.

— Não precisa...

— Claro! — exclamei interrompendo o protesto dela. — Claro que eu levo, fica no meu caminho.

Ele sussurrou algo no ouvido dela e os dois se beijaram, um beijo longo de mais.

Me despedi de Charles e segurei ela pela mão, Lise estava prestes a reclamar quando jurei que era apenas para não nos perdermos um do outro no meio de toda a gente, mas a verdade é que eu queria sentir aquela sensação de novo.

Eu já tinha tocado nela em festas de família, na floricultura da mamãe, mas dessa vez foi algo diferente. Senti como se nossos corpos se conversassem.

— Você não precisa me levar, não quero estragar sua noite, posso pedir um carro no aplicativo.

— Nem pensar! E você não está estragando minha noite, eu estava indo direto pra casa.

Entramos no carro e o silêncio pesou entre nós, eu sabia que se abrisse minha boca seria para flertar e mesmo que ela fosse uma tentação, estava com meu amigo, não podia fazer isso com Charles.

Liguei o rádio e deixei que a música nos envolvesse enquanto atravessavamos São Paulo.

Mas meus pensamentos não saíram dela. Seria errado dormir com Lise, se ela já gosta de mim? Não seria como fazer uma boa ação?

E eu podia unir o útil ao agradável, nunca estive com uma mulher que gosta de mim sem que tivéssemos sequer beijado.

— Aqui está ótimo. Obrigada por me trazer. — fiquei observando o prédio que não tinha uma portaria, aquilo não era nada seguro pra ela.

— Quer que eu entre com você? É meio perigoso andar sozinha até seu apartamento a essa hora.

— Christian eu moro aqui, ando pelo prédio a qualquer hora. — ela já tinha tirado o cinto e segurado a maçaneta da porta quando eu decidi agarrar seu pulso. — O que você quer?

— Você! — falei em um impulso. — Porra eu quero você, Lise!

Agarrei sua nuca e grudei nossos lábios, levou apenas um segundo para que seu corpo relaxasse e ela correspondesse o beijo.

Suguei seu lábio inferior fazendo ela abrir a boca e me deixar enfiar a língua ali.

Porque beijá-la parecia tão certo? Dava pra dizer que parecia um encaixe perfeito entre nossas bocas, nossos toques eram quase sincronizados como se já tivessemos feito aquilo antes.

Lise gemeu contra minha boca e eu joguei toda racionalidade para o espaço! Foda-se todo mundo, eu precisava me enterrar nela essa noite!

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