Podíamos estar confinados na propriedade de Gael há duas semanas, completamente isolados do mundo, mas eu estava adorando cada minuto que passava com Lise longe de tudo e de todos. Nós dois finalmente estávamos começando nos conhecer de verdade, tínhamos tempo de sobra para discutir e fazer as pazes.Gael tinha até mesmo conseguido todo tipo de aparelho, para que pudéssemos monitorar a gravidez de perto. Mas por sorte faltava pouco para o dia da audiência e então finalmente estaríamos livres, ou Lise enlouqueceria de passar mais uma comemoração longe dos nossos amigos e do pai dela, já bastava a virada do ano.— Acho que James é um nome apropriado para o nosso garoto. — falei circulando a barriga dela e sabendo que logo ela estaria fugindo de mim, porque era sempre assim quando começávamos a falar dos nomes para o bebê.— Chris, eu já disse que não vamos escolher um nome, não até sairmos daqui. Agora fica quieto e me deixar tomar sol direito. — ela deu um tapa retirando minha mão de s
Aquilo não podia estar acontecendo, não podia ser verdade, eu encarava as imagens no tablet sentindo meu estômago se afundar enquanto via o pai de Lise amarrado a uma cadeira, o rosto machucado e sangrando, ele estava desacordado com a cabeça pendurada e eu só me sentia ainda pior por ele.— Isso não pode ser verdade, Lise nunca vai me perdoar por isso. — murmurei ainda perdido no vídeo, onde um homem que não aparecia continuava a falar.— Entreguem esse rato mentiroso e tudo isso acaba, o velho vai ser deixado no hospital assim que nos mandarem o verme!— Tente não pensar na Lise agora, não vamos contar isso a ela. — Gael tomou o aparelho das minhas mãos o desligando. — Eles enviaram isso a sede da polícia e encaminharam para o meu e-mail.— Nós temos que fazer alguma coisa, Gael! Não podemos deixar que esse homem morra por minha causa ou Lise vai me odiar para o resto da vida e nunca vai me deixar chegar perto da nossa menina.Ele bufou mexendo freneticamente no celular e dando a vo
As coisas estavam estranhas, Chris tinha passado o último dia calado, sempre distraído e inquieto, estava claro que havia acontecido alguma coisa e os dois não queriam me contar nada. Como me arrependia de estar sem meu celular, poderia tentar falar com Emma, ou dar uma pesquisada sobre os homens que estavam atrás dele.Eu tinha acordado a alguns segundos depois de ter um pesadelo, mas não quis me virar porque sabia que ele não estava ali, do contrário seus braços estariam envolvendo meu corpo.Bufei criando coragem de me virar e encarei o outro lado da cama vazio, sentindo meu coração se afundar em apreensão, mais uma noite que ele passava longe e eu tinha a confirmação que algo de muito ruim tinha acontecido.Me levantei devagar dando passos lentos até a porta, querendo ser capaz de ouvir alguma coisa na casa, mas tudo estava silencioso de um jeito estranho.Um arrepio subiu por minhas costas, mas eu decidi ignorá-lo e me virei indo para o banheiro. Esfregando os olhos para afastar
Eu sai da casa de Gael nas montanhas sentindo meu coração se apertar a cada quilômetro que ficávamos mais longe dela. Escrever aquela carta acabou comigo, porque eu não tinha nenhuma esperança de que iria voltar vivo, por isso entreguei o anel que iria usar para pedi-la em casamento quando esse inferno acabasse, ele pertencia a Lise, assim como o meu coração.— Ela vai ficar bem, está mais protegida lá do que em qualquer outro lugar. — ele tentou me tranquilizar, mas mesmo repetindo isso eu não me sentia melhor, a sensação de sufoco não me deixava.— Não consigo parar de pensar que a estou decepcionando novamente. Jurei que nunca mais a deixaria e é exatamente isso o que estou fazendo. — murmurei ainda olhando para fora da janela, mesmo que tudo ao nosso redor fosse mata.— Nós dois sabemos que você nunca contaria a verdade a ela sobre o motivo de estar se entregando...— Jamais a faria escolher entre eu e o pai. — o interrompi falando o que vinha insistindo nos últimos dias.— E Lise
— A cavalaria chegou! — Gael gritou pulando para fora do carro com um sorriso largo no rosto. — Vamos levar seu sogro para o hospital e ir encontrar Lise antes que ela acorde.— Você ainda vai me matar de infarto, não estou mentindo seu filho da mãe. — resmunguei quando ele chegou mais perto e apoiou o outro lado do homem. — Esteve armando pelas minhas costas esse tempo todo?— Claro, você não ia concordar com nenhum plano que colocasse a vida dele no mínimo risco e eu não podia deixar você morrer. — alguns homens passaram correndo para dentro do estacionamento, me deixando confuso. — O chefe deles fugiu antes que disparássemos, parece que o infeliz notou as luzes e entendeu o que estava prestes a acontecer. Mas vão pegá-lo.Colocamos o pai de Lise dentro de um dos carros que correria com ele para o hospital, enquanto eu iria atrás da minha amada. Mas assim que atei seu cinto o pai dela me segurou pelo colarinho.— Eu achei que você era um mimado cretino... mas estou vendo que a minha
Eu acordei ouvindo o barulho do mar e me mexi na cama sentindo o braço forte me segurar me impedindo de ir a qualquer lugar. Chris não me deixava ir a lugar nenhum desde aquela noite e eu não podia dizer que não gostava daquilo.Havia se passado um mês meses e eu estava adorando cada dia com ele, vendo o meu cafajeste se moldando a nossa nova realidade.Brigamos longamente aquela noite depois que voltamos para a casa de Gael, eu odiei o medo que senti quando li a carta e imaginei o pior, ainda mais quando aquele localizador mostrou alguém próximo a casa. Meu coração estava disparado, mas eu tinha que imaginar o pior cenário para proteger o meu bebê e foi pensando nisso que eu peguei a arma na gaveta de Gael e conferi as balas, antes de seguir para fora da propriedade.Talvez fosse burrice minha andar no meio de todas aquelas árvores no meio da noite, mas eu precisava me adiantar e garantir que não invadiram o único lugar seguro naquele momento. Quando avistei o carro de Gael eu respir
Já parou pra pensar em como sua vida pode se transformar da noite para o dia com apenas uma escolha?Foi assim comigo, cada escolha que fiz me levou exatamente para onde eu estava naquele momento.Poderia me arrepender de algumas delas sim, mas como meu cunhado gostava de dizer: se eu tivesse escolhido diferente não teria as coisas maravilhosas que a vida me trouxe.Foram minhas escolhas que trouxeram Lise para a minha vida, assim como a nossa filha. E eu não iria querer perder isso de jeito nenhum.Posso até ter começado do jeito errado, irritando as pessoas a minha volta. Mas agora eu finalmente tinha tudo aquilo que sempre quis e nem sabia que precisava.Então o melhor era aprender a lidar com as consequências. Mesmo que uma delas fosse um assassino apontando uma arma pra minha cabeça.— E então, suas últimas palavras? — meu carrasco perguntou, aparentemente se divertindo com meu desespero.Olhei para Gael, desacordado agora, com uma bala no abdômen. É meu amigo, nossa jornada foi
Eu estava cansado de esperar, não podia ficar escondido mais nem um dia sequer.Ver minha família e amigos chorando em meu funeral foi difícil, mas eu me consolei em saber que eles estavam mais seguros com a minha morte fingida.Com o passar dos meses me tranquilizei em saber que eles estavam seguindo com suas vidas, voltando a viver aos poucos.Meu pai tinha voltado para a cadeira da presidência, dando uma pausa em sua aposentadoria.Mamãe estava se reerguendo aos poucos, imaginei que seria mais difícil pra ela não ter seu caçula por perto, mas ela voltou a cuidar da loja que tanto amava.Emma me encheu de orgulho quando decidiu destruir as correntes que a prendiam impedindo que ela vivesse de verdade. Minha irmã tinha voltado a não ter medo da vida, se arriscando e fazendo o que seu coração mandasse.Pela primeira vez em anos ela estava se permitindo novamente.Eu me contentei aqueles meses em passar alguns dias vigiando a vida deles de longe, ouvindo o que os policiais me contavam