POV: ARCHER— Ela perdeu muito sangue. — A médica explicou em um tom grave. — Tivemos complicações durante o parto, e estamos tentando estabilizá-la com fluidos intravenosos, mas o quadro é delicado. O sangue dela é raro e estamos com dificuldades para...Ela parou, e eu vi a incerteza nos seus olhos, como se ela estivesse tentando encontrar uma maneira menos cruel de me dar a notícia que eu tanto temia. O mundo ao redor parecia desacelerar, enquanto o pânico crescia dentro de mim como uma maré prestes a me engolir.— Talvez o senhor deva se preparar para... — Ela começou.— Não! — Gritei, incapaz de conter o grito de negação que rasgou minha garganta. — Você não vai dizer isso. Avril é forte, ela vai sair dessa. Ela não vai me deixar sozinho, criando nosso filho. Eu sou um idiota arrogante, mas ela nunca me abandonaria. Volte lá e faça o que for preciso. Faça ela ficar bem!A médica tentou manter a compostura, mas a seriedade de seu olhar me fez perceber o quanto a situação era críti
POV: AVRIL— Estou aqui com vocês, meu amor. — A voz de Archer parecia distante, ecoando em meio à confusão dos meus pensamentos. — Vocês ficarão bem.Senti suas palavras se esvaindo conforme o escuro me envolvia, engolindo tudo ao meu redor. Era uma escuridão profunda e fria, quase tangível. Um vento gélido me arrepiava a pele, e então, o som de um choro de criança rompeu o silêncio, crescendo, puxando-me de volta. Meu corpo parecia flutuar, minha mente perdida em um limbo entre a realidade e o desconhecido.Abri os olhos, mas tudo o que vi foi escuridão. Estava deitada em algo molhado, sentindo a umidade penetrar na minha pele. Tentei me levantar, cambaleando, e percebi que estava em meio a poças d'água que refletiam pequenos lampejos de luz fraca e distorcida.— Onde estou? — Murmurei, desorientada, tentando entender o que estava acontecendo.O choro da criança ecoava ao longe, e meu coração apertou no peito. A cada passo, o som ficava mais alto, mais urgente. Comecei a caminhar em
POV: ARCHEREu estava sentado naquela poltrona dura, sentindo o peso do mundo nas minhas costas, enquanto olhava para o corpo frágil de Avril estendido na cama. Seus cabelos estavam desarrumados, espalhados sobre o travesseiro, e seu rosto, pálido, contrastava com os lençóis brancos do hospital. A sala estava quieta, exceto pelo leve bip do monitor cardíaco ao lado da cama, que era a única coisa que me dava a certeza de que ela ainda estava ali, lutando.As últimas horas tinham sido um pesadelo. Primeiro, a morte da mãe dela. Eu vi o desespero nos olhos de Avril quando ela segurou o corpo inerte da mãe, pedindo para ela voltar. Depois, o sangramento, o parto prematuro, e a tensão insuportável de esperar por notícias. Nosso filho havia nascido, mas estava na UTI neonatal, lutando pela vida. E agora, era a vez de Avril lutar.Ela estava imóvel há horas, e cada minuto que passava sem que ela acordasse me corroía por dentro. Eu já havia perdido muito, mas a ideia de perder Avril era insup
POV: ACHERAlguns dias haviam se passado, e embora o peso de tudo o que vivemos ainda estivesse sobre nós, havia uma luz, um sopro de esperança que eu segurava com todas as forças: nosso filho. Avril ainda se recuperava da cesariana de emergência, e apesar de tudo o que enfrentamos, ele estava bem. Os médicos estavam surpresos com a sua força. Nosso pequeno guerreiro. Hoje ele finalmente receberia alta da UTI neonatal.A pediatra entrou no quarto, trazendo-o nos braços com um sorriso suave.— Um verdadeiro guerreiro! — Ela exclamou, colocando-o com cuidado em meus braços. — Apoie bem a cabecinha dele.Minhas mãos, grandes e desajeitadas, tentavam segurar aquela pequena vida com a delicadeza que ele exigia. Meu coração acelerou ao sentir seu corpo frágil contra o meu, como se tudo naquele momento se concentrasse em
POV: ARCHERNesse instante, nosso pequeno começou a chorar, interrompendo o momento de ternura entre nós. Avril sorriu, ainda mais encantada.— Acho que ele está com ciúmes de você. — Ela comentou, brincando, enquanto eu esfregava meu nariz no dela em um gesto carinhoso.— E faminto, pelo que parece. — Acrescentei, rindo baixinho.Com cuidado, a enfermeira se aproximou, instruindo Avril sobre como amamentar o bebê. Eu observei atentamente enquanto ela, com delicadeza e paciência, ajustava nosso filho em seus braços, dando-lhe o conforto que ele precisava. O pequeno se acalmou quase imediatamente, seus olhinhos se fechando enquanto se alimentava, protegido e amado.A cena diante de mim era perfeita. Ver Avril nesse novo papel, como mãe, enchia meu coração de uma felicidade que eu não sabia q
POV: AVRILEu segurava Nicolas em meus braços enquanto caminhava pelos corredores do hospital. Cada passo parecia pesar mais do que o anterior, a expectativa e o receio crescendo em meu peito. Willow havia pedido para me ver, e, por mais que eu quisesse que aquele momento fosse de esperança e reconciliação, algo na voz dela ao telefone sugeria que não seria assim. Ela soava cansada, derrotada, como se soubesse que o tempo estava se esgotando.Quando cheguei à porta de seu quarto, respirei fundo. Nicolas, tranquilo e saudável, estava aninhado em meus braços, completamente alheio ao que estava prestes a acontecer. Entrei no quarto, e os olhos de Willow imediatamente recaíram sobre ele. O sorriso que se formou em seu rosto era um misto de felicidade e tristeza, algo que me fez sentir um nó na garganta.— Posso segurá-lo? — Willow pediu, sua voz fraca
POV: ARCHERO dia do enterro de Willow chegou rápido demais, trazendo consigo uma dor pesada e uma série de questões que eu sabia que iriam nos assombrar. Eu nunca pensei que as coisas terminariam assim. Mesmo com tudo o que havia acontecido entre nós, eu não desejava a morte dela. O peso do que estava por vir, o confronto inevitável com Neandra, a dor de perder Willow e a injustiça que Avril enfrentaria, estavam todos pesando em meus ombros.Eu me vesti em silêncio, o terno escuro como um reflexo da tempestade que eu sentia por dentro. Avril, ao meu lado, estava visivelmente abalada. Ela ainda se recuperava do parto, e a morte de sua mãe somada à de Willow parecia ter drenado toda a sua energia. Ela estava pálida, com o olhar distante, mas ainda segurava nosso filho, como se ele fosse a única coisa mantendo-a firme.— Você não precis
POV: AVRILParei de caminhar, o coração batendo acelerado enquanto olhava por cima dos ombros. Neandra me encarava com uma expressão de puro ódio, o rosto crispado pela dor e pela raiva. Eu senti o peso de tudo aquilo me esmagar mais uma vez. Soltei o ar de forma pesada, sentindo Archer apertar minha mão, seu toque tentando me ancorar naquele turbilhão.— Isso não está certo. — Murmurei, mais para mim mesma do que para ele. O nó no meu peito crescia, e o desconforto de ser acusada tão injustamente me corroía.— Não, não está... — Archer respondeu em um tom calmo, mas firme, acariciando o dorso da minha mão. — Mas Neandra está sofrendo. Ela precisa culpar alguém para dar sentido à perda dela, mesmo que esteja sendo injusta. Vamos para casa.Olhei para Archer e p