POV: ACHER
Alguns dias haviam se passado, e embora o peso de tudo o que vivemos ainda estivesse sobre nós, havia uma luz, um sopro de esperança que eu segurava com todas as forças: nosso filho. Avril ainda se recuperava da cesariana de emergência, e apesar de tudo o que enfrentamos, ele estava bem. Os médicos estavam surpresos com a sua força. Nosso pequeno guerreiro. Hoje ele finalmente receberia alta da UTI neonatal.
A pediatra entrou no quarto, trazendo-o nos braços com um sorriso suave.
— Um verdadeiro guerreiro! — Ela exclamou, colocando-o com cuidado em meus braços. — Apoie bem a cabecinha dele.
Minhas mãos, grandes e desajeitadas, tentavam segurar aquela pequena vida com a delicadeza que ele exigia. Meu coração acelerou ao sentir seu corpo frágil contra o meu, como se tudo naquele momento se concentrasse em
POV: ARCHERNesse instante, nosso pequeno começou a chorar, interrompendo o momento de ternura entre nós. Avril sorriu, ainda mais encantada.— Acho que ele está com ciúmes de você. — Ela comentou, brincando, enquanto eu esfregava meu nariz no dela em um gesto carinhoso.— E faminto, pelo que parece. — Acrescentei, rindo baixinho.Com cuidado, a enfermeira se aproximou, instruindo Avril sobre como amamentar o bebê. Eu observei atentamente enquanto ela, com delicadeza e paciência, ajustava nosso filho em seus braços, dando-lhe o conforto que ele precisava. O pequeno se acalmou quase imediatamente, seus olhinhos se fechando enquanto se alimentava, protegido e amado.A cena diante de mim era perfeita. Ver Avril nesse novo papel, como mãe, enchia meu coração de uma felicidade que eu não sabia q
POV: AVRILEu segurava Nicolas em meus braços enquanto caminhava pelos corredores do hospital. Cada passo parecia pesar mais do que o anterior, a expectativa e o receio crescendo em meu peito. Willow havia pedido para me ver, e, por mais que eu quisesse que aquele momento fosse de esperança e reconciliação, algo na voz dela ao telefone sugeria que não seria assim. Ela soava cansada, derrotada, como se soubesse que o tempo estava se esgotando.Quando cheguei à porta de seu quarto, respirei fundo. Nicolas, tranquilo e saudável, estava aninhado em meus braços, completamente alheio ao que estava prestes a acontecer. Entrei no quarto, e os olhos de Willow imediatamente recaíram sobre ele. O sorriso que se formou em seu rosto era um misto de felicidade e tristeza, algo que me fez sentir um nó na garganta.— Posso segurá-lo? — Willow pediu, sua voz fraca
POV: ARCHERO dia do enterro de Willow chegou rápido demais, trazendo consigo uma dor pesada e uma série de questões que eu sabia que iriam nos assombrar. Eu nunca pensei que as coisas terminariam assim. Mesmo com tudo o que havia acontecido entre nós, eu não desejava a morte dela. O peso do que estava por vir, o confronto inevitável com Neandra, a dor de perder Willow e a injustiça que Avril enfrentaria, estavam todos pesando em meus ombros.Eu me vesti em silêncio, o terno escuro como um reflexo da tempestade que eu sentia por dentro. Avril, ao meu lado, estava visivelmente abalada. Ela ainda se recuperava do parto, e a morte de sua mãe somada à de Willow parecia ter drenado toda a sua energia. Ela estava pálida, com o olhar distante, mas ainda segurava nosso filho, como se ele fosse a única coisa mantendo-a firme.— Você não precis
POV: AVRILParei de caminhar, o coração batendo acelerado enquanto olhava por cima dos ombros. Neandra me encarava com uma expressão de puro ódio, o rosto crispado pela dor e pela raiva. Eu senti o peso de tudo aquilo me esmagar mais uma vez. Soltei o ar de forma pesada, sentindo Archer apertar minha mão, seu toque tentando me ancorar naquele turbilhão.— Isso não está certo. — Murmurei, mais para mim mesma do que para ele. O nó no meu peito crescia, e o desconforto de ser acusada tão injustamente me corroía.— Não, não está... — Archer respondeu em um tom calmo, mas firme, acariciando o dorso da minha mão. — Mas Neandra está sofrendo. Ela precisa culpar alguém para dar sentido à perda dela, mesmo que esteja sendo injusta. Vamos para casa.Olhei para Archer e p
POV: AVRILAquelas palavras eram como facas afiadas, mas Archer, firme ao meu lado, respondeu com uma calma calculada.— Eu não a amava, Neandra. — Ele começou soltando um longo suspiro, mas sem desviar o olhar. — Nunca a iludi com sentimentos falsos. Sempre insisti para que ela segue em frente, encontrasse alguém que pudesse lhe proporcionar uma relação verdadeira. — Sua voz era firme, mas havia uma dor contida ali. — Tudo o que fizemos foi estritamente comercial. Willow sabia disso desde o início, ela nunca foi minha esposa de verdade.Ele parou, olhando para o caixão de Willow, e eu pude ver seus olhos marejados. Um nó se formou na minha garganta ao sentir a gravidade daquele momento.— Will sempre foi uma grande amiga, a melhor que eu poderia ter. — Confessou Archer, sua voz trêmula por um breve momento. Ele
POV: AVRILLongos meses se arrastaram desde o falecimento de minha mãe e de Willow, e Neandra Collen parecia ter desaparecido completamente. O silêncio sobre ela era perturbador. A mídia não demorou a criar teorias, muitas delas ligando seu sumiço à família Stone, mais uma especulação em meio ao caos. O império empresarial ainda estava fragilizado, e Archer, impossibilitado de acessar os escritórios devido às investigações, geria os negócios de casa. Mesmo assim, ele mantinha um semblante tranquilo, sempre iluminado por um sorriso sincero ao ver nosso filho.— Tem certeza de que precisa ir? — Archer perguntou, com uma nota de preocupação em sua voz. Ele se inclinou, depositando um beijo suave em meus lábios, cheio de ternura. — Não me sinto seguro com você saindo sozinha assim.Nos
POV: AVRILO arrepio que percorreu meu corpo foi imediato, como se cada célula tivesse despertado ao som de suas palavras. Minha pele se eriçou, e eu suspirei, inalando profundamente o aroma familiar de Archer, uma mistura de madeira e especiarias que sempre me trazia uma sensação de conforto e desejo. Lentamente, ergui os olhos para encontrar os dele, que me encaravam com uma intensidade quase hipnotizante.— Não lembro de ter aceitado você como marido — retruquei, mordendo o canto dos lábios, tentando manter a provocação em meu tom, embora soubesse que minha resistência estava enfraquecendo.— Ah, mas eu me lembro muito bem — respondeu ele com ousadia, um brilho perigoso dançando em seus olhos. Sua mão firme me puxou para mais perto, e sua voz ficou ainda mais baixa, carregada de insinuações. — Me lembro de t
POV: AVRILAssim que chegamos, os seguranças desceram primeiro, com a postura sempre vigilante. Eles se espalharam ao redor do perímetro, inspecionando cada detalhe antes de se posicionarem ao lado da minha porta. Quando um deles a abriu, fiz uma última respiração profunda antes de sair.Meu pai estava na entrada, os braços cruzados firmemente sobre o peito, e o cenho franzido, uma expressão que conhecia muito bem. Ele não estava de bom humor. Sua postura rígida e o olhar descontente já denunciavam isso.— Precisa mesmo de tudo isso? — reclamou ele, com uma pontada de sarcasmo na voz, apontando para os seguranças ao redor. — Não acha que seu namorado está exagerando? Eu não preciso de uma babá!— Concordo, papai — disse, tentando suavizar seu mau humor com um sorriso, enquanto me i