POV: AVRIL
— Não, ela prometeu que sempre estaria aqui... — Minha voz saiu em um grito trêmulo, meus olhos inchados e vermelhos se voltando para cada médico na sala, como se estivessem todos contra mim. Como se fossem eles os culpados. — Por que todos estão desistindo dela?
Meus olhos, agora cheios de raiva e desespero, se fixaram em Archer, que me olhava com compaixão, mas aquilo só me enfurecia mais. Eu precisava de ação, precisava de vida. Não de condolências.
— Por que você quer que eu desista dela? — Minhas palavras saíram como um rosnado, um misto de dor e incredulidade. — Eu não posso, Archer... Minha voz se partiu, meus lábios tremendo incontrolavelmente. — Eu não aguento...
Voltei meus olhos para minha mãe, ignorando tudo ao redor, como se o mundo tivesse d
POV: ARCHERPousei Avril cuidadosamente na maca que prepararam para ela, meu coração acelerado e pesado, cada batida parecendo uma explosão de medo e preocupação. Seus olhos estavam úmidos, as lágrimas ainda escorrendo silenciosas pelo canto de seu rosto. Eu as enxuguei delicadamente, mas outras logo surgiam, como um reflexo da angústia que ela estava sentindo. Curvei-me, pressionando um beijo suave em sua testa, tentando transmitir toda a força que ela precisava naquele momento.— Vocês vão ficar bem, meu amor... eu prometo. — Murmurei, minha voz embargada de emoções que eu tentava controlar. Eu queria que minhas palavras fossem uma verdade incontestável, mas o pavor no fundo da minha alma não me deixava esquecer da realidade cruel que enfrentávamos. Você e nosso bebê... fiquem comigo.Observei enquanto os médicos e enfermeiros se aproximavam rapidamente, suas expressões sérias e focadas. Eles pareciam organizados, mas nada me tirava a sensação de que tudo estava escapando do meu con
POV: ARCHER— Ela perdeu muito sangue. — A médica explicou em um tom grave. — Tivemos complicações durante o parto, e estamos tentando estabilizá-la com fluidos intravenosos, mas o quadro é delicado. O sangue dela é raro e estamos com dificuldades para...Ela parou, e eu vi a incerteza nos seus olhos, como se ela estivesse tentando encontrar uma maneira menos cruel de me dar a notícia que eu tanto temia. O mundo ao redor parecia desacelerar, enquanto o pânico crescia dentro de mim como uma maré prestes a me engolir.— Talvez o senhor deva se preparar para... — Ela começou.— Não! — Gritei, incapaz de conter o grito de negação que rasgou minha garganta. — Você não vai dizer isso. Avril é forte, ela vai sair dessa. Ela não vai me deixar sozinho, criando nosso filho. Eu sou um idiota arrogante, mas ela nunca me abandonaria. Volte lá e faça o que for preciso. Faça ela ficar bem!A médica tentou manter a compostura, mas a seriedade de seu olhar me fez perceber o quanto a situação era críti
POV: AVRIL— Estou aqui com vocês, meu amor. — A voz de Archer parecia distante, ecoando em meio à confusão dos meus pensamentos. — Vocês ficarão bem.Senti suas palavras se esvaindo conforme o escuro me envolvia, engolindo tudo ao meu redor. Era uma escuridão profunda e fria, quase tangível. Um vento gélido me arrepiava a pele, e então, o som de um choro de criança rompeu o silêncio, crescendo, puxando-me de volta. Meu corpo parecia flutuar, minha mente perdida em um limbo entre a realidade e o desconhecido.Abri os olhos, mas tudo o que vi foi escuridão. Estava deitada em algo molhado, sentindo a umidade penetrar na minha pele. Tentei me levantar, cambaleando, e percebi que estava em meio a poças d'água que refletiam pequenos lampejos de luz fraca e distorcida.— Onde estou? — Murmurei, desorientada, tentando entender o que estava acontecendo.O choro da criança ecoava ao longe, e meu coração apertou no peito. A cada passo, o som ficava mais alto, mais urgente. Comecei a caminhar em
POV: ARCHEREu estava sentado naquela poltrona dura, sentindo o peso do mundo nas minhas costas, enquanto olhava para o corpo frágil de Avril estendido na cama. Seus cabelos estavam desarrumados, espalhados sobre o travesseiro, e seu rosto, pálido, contrastava com os lençóis brancos do hospital. A sala estava quieta, exceto pelo leve bip do monitor cardíaco ao lado da cama, que era a única coisa que me dava a certeza de que ela ainda estava ali, lutando.As últimas horas tinham sido um pesadelo. Primeiro, a morte da mãe dela. Eu vi o desespero nos olhos de Avril quando ela segurou o corpo inerte da mãe, pedindo para ela voltar. Depois, o sangramento, o parto prematuro, e a tensão insuportável de esperar por notícias. Nosso filho havia nascido, mas estava na UTI neonatal, lutando pela vida. E agora, era a vez de Avril lutar.Ela estava imóvel há horas, e cada minuto que passava sem que ela acordasse me corroía por dentro. Eu já havia perdido muito, mas a ideia de perder Avril era insup
POV: ACHERAlguns dias haviam se passado, e embora o peso de tudo o que vivemos ainda estivesse sobre nós, havia uma luz, um sopro de esperança que eu segurava com todas as forças: nosso filho. Avril ainda se recuperava da cesariana de emergência, e apesar de tudo o que enfrentamos, ele estava bem. Os médicos estavam surpresos com a sua força. Nosso pequeno guerreiro. Hoje ele finalmente receberia alta da UTI neonatal.A pediatra entrou no quarto, trazendo-o nos braços com um sorriso suave.— Um verdadeiro guerreiro! — Ela exclamou, colocando-o com cuidado em meus braços. — Apoie bem a cabecinha dele.Minhas mãos, grandes e desajeitadas, tentavam segurar aquela pequena vida com a delicadeza que ele exigia. Meu coração acelerou ao sentir seu corpo frágil contra o meu, como se tudo naquele momento se concentrasse em
POV: ARCHERNesse instante, nosso pequeno começou a chorar, interrompendo o momento de ternura entre nós. Avril sorriu, ainda mais encantada.— Acho que ele está com ciúmes de você. — Ela comentou, brincando, enquanto eu esfregava meu nariz no dela em um gesto carinhoso.— E faminto, pelo que parece. — Acrescentei, rindo baixinho.Com cuidado, a enfermeira se aproximou, instruindo Avril sobre como amamentar o bebê. Eu observei atentamente enquanto ela, com delicadeza e paciência, ajustava nosso filho em seus braços, dando-lhe o conforto que ele precisava. O pequeno se acalmou quase imediatamente, seus olhinhos se fechando enquanto se alimentava, protegido e amado.A cena diante de mim era perfeita. Ver Avril nesse novo papel, como mãe, enchia meu coração de uma felicidade que eu não sabia q
POV: AVRILEu segurava Nicolas em meus braços enquanto caminhava pelos corredores do hospital. Cada passo parecia pesar mais do que o anterior, a expectativa e o receio crescendo em meu peito. Willow havia pedido para me ver, e, por mais que eu quisesse que aquele momento fosse de esperança e reconciliação, algo na voz dela ao telefone sugeria que não seria assim. Ela soava cansada, derrotada, como se soubesse que o tempo estava se esgotando.Quando cheguei à porta de seu quarto, respirei fundo. Nicolas, tranquilo e saudável, estava aninhado em meus braços, completamente alheio ao que estava prestes a acontecer. Entrei no quarto, e os olhos de Willow imediatamente recaíram sobre ele. O sorriso que se formou em seu rosto era um misto de felicidade e tristeza, algo que me fez sentir um nó na garganta.— Posso segurá-lo? — Willow pediu, sua voz fraca
POV: ARCHERO dia do enterro de Willow chegou rápido demais, trazendo consigo uma dor pesada e uma série de questões que eu sabia que iriam nos assombrar. Eu nunca pensei que as coisas terminariam assim. Mesmo com tudo o que havia acontecido entre nós, eu não desejava a morte dela. O peso do que estava por vir, o confronto inevitável com Neandra, a dor de perder Willow e a injustiça que Avril enfrentaria, estavam todos pesando em meus ombros.Eu me vesti em silêncio, o terno escuro como um reflexo da tempestade que eu sentia por dentro. Avril, ao meu lado, estava visivelmente abalada. Ela ainda se recuperava do parto, e a morte de sua mãe somada à de Willow parecia ter drenado toda a sua energia. Ela estava pálida, com o olhar distante, mas ainda segurava nosso filho, como se ele fosse a única coisa mantendo-a firme.— Você não precis