POV: ARCHERAo subir as escadas, fui direto para o quarto e bati a porta com força. Avril Fox sabia exatamente como tirar qualquer homem da racionalidade, e sua teimosia me deixava louco de raiva.— Que inferno! — praguejei, indo para o banheiro. Peguei as toalhas dobradas das prateleiras e entrei no chuveiro. A água quente era uma desculpa para aquecer o corpo, mas, na verdade, eu esperava que ela aliviasse a tensão que Avril me causava. — Essa cláusula também não facilita.Encostei a testa no azulejo frio, fechando os olhos enquanto ponderava a situação como um todo. A imagem do rosto lindo de Avril, zangada e determinada, preenchia minha mente. Sua roupa, levemente transparente por causa da chuva, fazia meu corpo vibrar de desejo. Avril não tinha noção de sua própria beleza e intensidade.— Teimosa... — sussurrei com um leve sorriso, lembrando do tempo em que namorávamos. — Isso nunca muda.Saí do banho e me troquei rapidamente, indo para a sala. Lá, encontrei Avril sentada no chão,
POV: AVRILFiquei remoendo aquela cláusula enquanto secava os cabelos com o secador que encontrei na gaveta da pia. Cada palavra do contrato ecoava em minha mente, criando uma tempestade de dúvidas e medos. Vestida com um roupão, caminhei até o guarda-roupa, onde encontrei uma seleção de roupas femininas e masculinas. Peguei um suéter e uma calça de ginástica, sentindo-me um pouco mais preparada para enfrentar Archer Stone. A ideia de ser barriga de aluguel era insuportável, e eu sabia que não poderia prosseguir com aquilo. Ele teria que compreender.Desci as escadas com determinação, mas ao chegar à porta da cozinha, parei, arqueando as sobrancelhas ao ver Archer estagnado no lugar. A panela fervente transbordava, derrubando água no fogão. Corri para desligar o fogo, chamando sua atenção distante.Algumas alfinetadas depois
POV: ARCHERAvril empalideceu, seu semblante endurecendo enquanto seus olhos se arregalavam, como se o mundo ao redor tivesse congelado com aquele telefonema. Até sua respiração parecia suspensa, como se o ar se recusasse a entrar.— O que isso significa? — Ela perguntou, lançando-me um olhar furtivo antes de se levantar apressadamente. Seus passos ecoaram pela escada, e a porta se fechou com um estrondo.Ficou claro que era algo que ela não queria que eu soubesse. Virei a taça de vinho, sentindo o peso da tensão entre nós. Éramos dois estranhos, apesar de toda a história que tínhamos. O que teria acontecido conosco se tivéssemos continuado juntos desde a faculdade? Talvez tivéssemos tido um filho, eu o ensinaria a ser um homem empoderado ou uma garota forte. O sexo da criança parecia irrelevante se fosse de Avril Fox; pelo me
POV: AVRIL— O café de vocês até que é um muquifo agradável. — A voz masculina do outro lado da linha soou fria e desdenhosa, como se estivesse falando de algo insignificante.Um arrepio percorreu minha espinha, o pressentimento de que algo muito errado estava acontecendo. Archer me encarava, mas eu não conseguia sustentar seu olhar. Sem pensar duas vezes, corri escada acima, apertando o telefone contra o ouvido. Eu sabia que aquela ligação não trazia boas notícias.A voz do outro lado me fez estremecer, um misto de ironia e ameaça explícita. Eu conhecia bem aquele tom.— Avril Fox, há quanto tempo. — Ele disse com uma familiaridade assustadora.— Sr. Corand? — Meu coração disparou, e minha mão socou a porta do quarto antes de eu começar a caminhar de um lado para o outro. — Por que está me ligando? Onde conseguiu meu número?— Ora, Avril, seu pai é meu cliente mais antigo. É fácil conseguir acesso a você através dele. — A risada dele era debochada, como se isso fosse algo trivial.—
POV: AVRIL— Não está muito cedo para suas alfinetadas? — Retruquei, torcendo o nariz e revirando os olhos. — A propósito, que horas são?— Um pouco mais que sete da manhã. — Respondeu ele, colocando as coisas na mesa com uma tranquilidade que me irritava. — Sente-se, o café está servido!Passei por ele, pegando um copo d’água e ignorando completamente o que ele havia preparado.— Onde estão os papéis do acordo? Preciso partir e, se não quer ficar sem carro, levante-se logo e vamos!Archer me observou, encostado na cadeira, com um olhar divertido.— Você é uma mulher sem coração, sabia? — Disse, tombando a cabeça de lado. — Não se priva um homem de um bom café.Minha paciência estava no limite.— Olha aqui, já perdi tempo demais com você negociando. Preciso ir embora. Me dê o contrato e vamos logo! — Minha voz saiu mais alta do que pretendia, nervosa, ele empurrou a cadeira com os pés.Ele, no entanto, entrelaçou as mãos e ergueu o queixo em um gesto desafiador.— Sente-se, tome o seu
POV: ARCHER— Volta aqui com o meu carro... Alô, merda! — Gritei, com o nome Avril queimando em meus lábios quando ela abruptamente desligou a ligação. Meu coração martelava no peito, uma mistura de raiva e incredulidade pulsando em cada batida. — Não acredito que você fez isto.Cocei as têmporas, tentando controlar a tempestade que rugia dentro de mim. Era quase impossível de acreditar que eu, o grande CEO do império Stone, havia acabado de ter meu carro roubado. E não por qualquer um, mas pela minha ex-namorada, aquela mulher esquentada que sempre soube como me tirar do sério. O espaço vazio onde meu carro deveria estar parecia zombar de mim, um lembrete cruel do que acabara de acontecer.Meu rosto estava contorcido, a raiva fervendo sob a superfície, enquanto o choque ainda se fazia presente em cada célula do meu corpo. A calma, que eu tanto prezava em situações de crise, havia me abandonado por completo. Sentia o sangue fervendo em minhas veias, cada músculo tenso, pronto para exp
POV: AVRILFui conduzida até o último andar, em direção a uma sala grande de vidro, onde era possível ver toda a boate. A música alta e as luzes piscantes criavam um contraste surreal com a tensão dentro de mim.— Avril Fox, a que devo a honra? — Com um sorriso falso estampado no rosto, Conrad vinha com os braços abertos em minha direção. Dei um passo para trás, colocando minhas mãos entre nós.— Sem falsidades, Conrad. Sabe por que estou aqui. Vamos acabar logo com isso. — Puxei minha bolsa, pegando a carteira. — Quanto meu pai te deve?— Ah, querida, ele não te disse? — Conrad olhou para os seus capangas, que o acompanharam em uma gargalhada sinistra. — Eu acho que desta vez não terá como você quitar a dívida do velhote!— Quanto? — falei mais alto, percebendo que seu semblante havia mudado. Abaixei o tom, engolindo em seco. — Por favor, Conrad, não quero confusão. Apenas me diga o valor da dívida.— 80 mil dólares — disse ele firme, se afastando e enchendo dois copos com bebidas. E
POV: AVRILTomei o cigarro de sua boca e joguei-o pela janela.— Foi indelicado de sua parte. — disse ele, com um tom de desagrado.— Indelicado é você invadir meu carro, me assustar, especular sobre seja lá o que for isso e ainda querer fumar aqui dentro com esse seu bafo de cachaça! — gritei, semicerrando os olhos, passando as mãos pelos cabelos. — Sai fora, já tive desgastes demais para um dia!— Irei em breve, mas antes, me diga... O que seu ex-namorado queria com você? — Henry inclinou-se para frente, me avaliando minuciosamente. — Parece que a visita dele não a agradou muito.— O que você realmente quer comigo, investigador? — Cruzei os braços, afastando-me para mais perto do volante. — Tive um dia longo, só quero ir para casa.— Eu quero uma aliada. — ele piscou divertido.— Aliada para quê? — Arqueei uma sobrancelha, questionadora.— Para derrubar a família Stone e fazê-los pagar por tudo o que nos fizeram! — Seus olhos brilharam com um misto de raiva e satisfação, como se já