Uma semana havia passado sem que houvesse progresso no caso. Período no qual outras quatro vítimas haviam sido feitas por aquele que ficou conhecido como "o assassino de belas donzelas". Na aldeia, um clima de medo e revolta tomava conta dos cidadãos que exigiam da rainha uma solução.
No salão de jantar da ala leste do castelo, a mesa destinada a refeição dos oficiais direto da corte encontrava-se cheia, como era costume a esta hora da tarde. O clima pesado da aldeia refletia entre as paredes do castelo, um desconforto compartilhado pelos que cuidavam diretamente do caso. E a aparente morosidade para solucionar o mistério começava a abalar algumas relações.
Sentados á grande mesa de madeira encabeçada por Zen'har, Derewolf, Honor, Goh e Bihon faziam sua refeição em silêncio. Apenas o som dos talheres e cruzava o ambiente onde olhares trocados eram t&ati
30 outonos atrásAo ver Hatark desaparecer, fugindo pela floresta, Garred voltou sua atenção para o pai ao chão. Largou a espada e debruçou sobre ele, buscando algum sinal de vida. Furtado de uma última despedida, abraçou-se ao corpo sem vida do homem e chorou silenciosamente. A vida nunca lhes deu momentos de verdadeira relação paternal. E embora tenha sempre encontrado no pai um afastamento desnaturado, nutria um imenso respeito e admiração no reflexo do que pretendia ser como soldado. Desde cedo acreditou que destacar-se no serviço real seria o caminho para o desejoso reconhecimento paterno. Via, entretanto, sua oportunidade desaparecer com aquele cruel assassinato. Foi tomado por um misto de incapacidade, frustração e dor. Mas por fim prevaleceu o ódio daquele que um dia chamou de amigo. E do ódio nasceu uma incontrolável necessidade de v
Com um grito alto, Garred Derewolf investiu contra o Lican, espada em punho prestes a golpeá-lo quando foi interrompido por vultos que cruzaram entre as árvores e os cercaram. O iminente perigo fez com que tanto Garred quanto Hatark alterassem seu foco. Os dois sabiam que estavam cercados. E que seus novos inimigos eram fortes demais para que derrotassem sozinhos. Em um acordo tácito, os dois deram-se as costas, preparando-se para o ataque iminente. Então, cientes de que já haviam sido notados, dentre as árvores da floresta revelou-se uma Alcateia de três Licans brancos. – Finalmente o encontramos, traidor. – O maior, que parecia ser o alfa, dirigiu suas agressivas palavras para Hatark. – Soubemos que virou animal de estimação dos humanos. E veja aí um!Os dois permaneciam quietos, atentos a qualquer ofensiva. Enquanto isso, os Licans circundav
Na aldeia da Ordem do Capuz, as guerreiras sobreviventes haviam acabado de enterrar as guerreiras tombadas e estavam prestes a deixar o local em busca de uma nova morada. E enquanto as outras recolhiam tudo, Ni'La permanecia diante do túmulo de sua mentora, chorando por sua morte e questionando o significado de tudo aquilo.– Ni'La – Dai'Ha repousou a mão em seu ombro. – Precisamos ir.– Eu não vou. – Respondeu surpreendendo a amiga. – Preciso resolver isso de uma vez por todas.– Podemos ir com você e caçar este Lican...– Não. – Interrompeu-a. – Nossa aldeia está fragilizada e precisa de vocês. Além disso, este assunto só diz respeito a mim.– Tudo bem, irmã. Eu entendo. – As duas se abraçaram em despedida e se separaram.Tudo já estava pronto e as guerreiras de partida q
Oculta no entretempo, em um pedaço fora da realidade conhecido ali como REM, uma sala reunia um conselho secreto de uma alta cúpula, cujo mistério transcendia o tempo e a tarefa guardava a mais elevada importância para aquele e os demais universos. Seu conhecimento vasto era ilimitado e o que faziam com este conhecimento poderia ser facilmente confundido com atos divinos enquanto eram eles quem moviam as peças e moviam as cordas invisíveis de toda Fábula e além.A pequena fada cruzou apressada a teia da realidade, sacudindo suas asas e pousando sobre a entrada do salão. Suspirou fundo e entrou, sendo encarada pelos três já presentes, sentados em três das cinco cadeiras dispostas. Ignorando os olhares ela caminhou sobre a mesa até o centro, carregando consigo todos os olhares. E foi ela mesma quem começou a falar.– Está feito. As peças já estã
Ah, faça-me o favor! Só mesmo em Fábula pra um escritor explicar ao fim o que deveria ter sido esclarecido no começo. Mas enfim (ou em começo, já não sei) vamos fazê-lo entender a loucura dos universos e expandir seus conhecimentos. Pra começar: esqueça tudo o que sabe sobre o universo. Sim, você foi enganado desde sempre. A verdade é esta aqui:Teoria PoliversalNosso universo não é único. Vários universos coexistem no mesmo tempo e espaço. A todo momento estes universos se cruzam, mas como são formados por energias e matérias diferentes, eles nunca se chocam. Eles se cruzam imperceptíveis e inconscientes da existência um do outro. Um universo atravessa o outro de forma imaterial, intangível e invisível. O chamado “efeito fantasma”. Isso quer dizer que neste momento u
PINÓQUIOEra uma vez um velho carpinteiro chamado GepetoNunca teve filhos, ocupado cada dia com um novo inventoE de tudo o que criava, fazer bonecos era o que mais o agradavaAté que um dia construiu um tão belo que da perfeição se aproximavaTão logo terminou, encarou seus olhinhos pintados– Serás o filho que não tive – pensou alto encantado– E claro, precisas de um nome! Mas que nome eu te darei?De tanto pensar decidiu: – Pinóquio, assim o chamarei!E ao deitar-se Gepeto as estrelas pediuQue o boneco virasse um menino de verdadeE ainda pedindo virou-se e dormiuSem saber da visita que viria mais tardeFada Azul ouviu seu pedido, decidindo então atende-lo Disse: – Vou-te dar vida, boneco. Da pontinha do pé ao fio de cabeloE prometo mais do que isso: Em poucos
Uma folha vermelha se desprendeu da frondosa árvore que me refugiava sombra. Por trás da montanha o sol se despedia, sangrando o azul celeste e convidando o anoitecer. Desviando o olhar para a passagem há alguns metros de mim, senti meu rosto se transformar em um sorriso tímido. A grama se estendia entre ela e eu, formando um tapete verde sombreado pelas copas das muitas árvores que se projetavam ao céu. Mas naquele momento só me importava aquele vulto que se projetava, anunciando a chegada da donzela tão aguardada.A jovem me observou por um instante, retribuindo meu tímido sorriso com um mais largo e atrevido. Seu rosto alvo de pele sedosa rosava pelo esforço através do dificultoso trajeto. Ela ergueu-se assim que conseguiu sair do buraco, sacudiu o vestido azul fazendo voar alguns pedaços de grama e, após ajeitar os cachos dourados, apressou-se em minha direção.
"O som alto e rítmico do machado ecoava por toda a floresta, espantando os animais que buscavam abrigo. Os musculosos braços do incansável guerreiro tremiam ante a força dos seus próprios golpes. E apesar de toda a sua truculência, a criatura permanecia imóvel, firme e aparentemente inabalável. O inimigo era gigante, muitas vezes maior e parecia ser bem mais forte. Era evidente que travava uma batalha desigual. Mas então alguns potentes golpes acompanhados de grunhidos pareceram surtir algum efeito. O monstro balançou, primeiro quase que imperceptivelmente. Mas mesmo aquela sutil fraquejada foi suficiente para que o guerreiro reunisse toda a força que lhe restava em um último golpe devastador. Foi o suficiente para seu imenso inimigo gemer e tombar vagarosamente como qualquer gigante que se preze. E então ele finalmente encontrou o chão, fazendo toda floresta tremer e os pássaros mais distantes partirem em revoada, sob o alto grito do vitorioso guerreiro:" - MADEIRAAAA!!!