***ANDRÉ BURCK*** No gramado ao lado dos túmulos há uma toalha xadrez estendida no chão e sobre ela uma pequena cesta com flores, velas e fotos das duas pessoas mais preciosas que perdi. Além disso, uma garrafa térmica, que eu suponho ter alguma bebida quente, duas xícaras e uns biscoitos amanteigados. — Uau, Gaya... Nem sei o que dizer! — Você odiou, não é? Eu não sei porque aceitei a sugestão da maluca da Ceci. Ela esconde o rosto com as mãos, fica constrangida e eu sem reação. — Me perdoa? — pede fazendo uma careta engraçada. — Sei que não parece coisa de gente normal pensar em um piquenique no meio do cemitério. Mas eu queria que elas soubessem que não foram esquecidas, que ainda são amadas e lembradas com alegria pelo tempo que estiveram aqui e não apenas pela tristeza que deixaram ao partir. Num primeiro momento a ideia parece absurda, contudo, os argumentos de Gaya são totalmente plausíveis. Mesmo não sendo a hora e nem lugar, repentinamente me dá um ataque de riso. — I
***GAYA MATARAZZO*** O clima tenso com a chegada repentina de Amélia, mãe de Cíntia. Após o encontro na praia eu não tive mais notícias dela, no entanto, aqui estamos, frente a frente. Só espero que não estrague o progresso emocional que consegui de André hoje. Aproveitando que ficamos momentaneamente sem palavras, a mulher começa a se explicar. — Perdoem-me se os assustei. — ela parece claramente constrangida. — Vi vocês aqui, pensei em protestar por esse estranho piquenique. Num primeiro momento me pareceu algum tipo de deboche, profanação da memória da minha filha e da minha neta. Mas eu escutei parte da conversa… e, me desculpem por isso. — ela pede, parecendo verdadeira em suas palavras. — Depois, decidi esperar que fossem embora, então me escondi ali atrás. No entanto, sinto que já é hora de aceitar os fatos e me desculpar com vocês. Principalmente com você, André. — Você tem todo o direito de estar aqui. — afirmo com sinceridade e estendo minha mão a ela. — Venha, se junte
***GAYA MATARAZZO*** As questões emocionais de André já não são empecilho para a nossa felicidade. De tudo, o que me incomoda mesmo é ainda ser casada legalmente com Cláudio. Meu advogado está fazendo o possível para acelerar o processo de divórcio litigioso e afirmou não haver grandes problemas, visto que não temos filhos e nosso casamento é em comunhão parcial de bens, o que não dá a Cláudio o direito a herança que recebi enquanto eu estiver viva. — No que você tanto pensa, minha flor de lótus? — André senta ao meu lado no terraço, alcançando-me uma taça de vinho. Faz uma semana desde que reencontramos Amélia e estamos compartilhando dias de paz e serenidade plena. — Nada de mais, apenas desejando que esse divórcio saia logo. — respondo recebendo um sorriso de tirar o fôlego em resposta. — E então você vai se casar comigo… — Quem te disse? — provoco e ele fecha a cara. — Nem faz essa cara de cachorro abandonado. Não posso aceitar sem um pedido oficial. — Ah, não seja por isso
***GAYA MATARAZZO***André tenta, sem sucesso, abrir minha camisa. Ele ri da minha cara de espanto quando perde a paciência com os botões e, num puxão, todos eles voam para longe. — Oh! Alguém tá com pressa… Me deve uma camisa nova, senhor promotor.— Quantas você quiser, amor. — sorri com malícia.Enquanto continua a explorar cada centímetro do meu corpo, Déco se inclina sobre mim no sofá, como um lobo faminto, devorando meus mamilos com mordidas, sugando-os e lambendo-os com ganância voraz. Suas mãos não descansam nem por um segundo, explorando cada célula e pedaço de mim, arrancando gemidos despudorados.Aproveito o encaixe de sua perna entre as minhas e permito que o calor do contato se torne uma dança provocante. O roçar suave alivia a ardente excitação que me consome. André se farta sem miséria, como se eu fosse a refeição proibida após uma longa abstinência.Seus lábios se aproximam do lugar onde mais necessito. Ele levanta minha saia até a cintura e observa minha calcinha minú
***ANDRÉ BURCK***A noite com Gaya foi deliciosamente surpreendente.Por tudo que ela passou, nunca imaginei que aceitaria tão facilmente esse meu lado selvagem. Sempre gostei de sexo intenso. Não que eu seja adepto de BDSM, longe disso. Nem conhecimento suficiente do assunto eu tenho. No entanto, gosto dessa pegada mais firme e dominante.Desde o início do relacionamento, quando ela confessou não ter tido boas experiências sexuais, imaginei que seria difícil chegar a esse nível entre nós e optei por conter meus impulsos. Porém, ver ela tão entregue a mim, sentindo prazer com isso, foi o ponto alto da noite.Como hoje é sábado, dormimos um pouco mais e resolvemos passar o resto do final de semana na fazenda.Aproveitamos a tarde ensolarada para passear a cavalo e nadar na cachoeira.Daniel chegou ao cair da noite, ele está de folga e Cecília viajando a trabalho, só por isso a turma do deboche não está completa.Para passar o tempo, ao invés de cada um ficar com a cara enfiada no própr
***GAYA MATARAZZO*** Nossa madrugada foi insone. Mesmo que André tentasse transparecer calma e tranquilidade, a preocupação estava estampada em seu rosto. Ficamos na fazenda até a equipe de investigação colher todos os depoimentos e terminar o trabalho no local. Ainda estamos todos apreensivos, por isso foi difícil convencer meu namorado de que eu precisava vir ao escritório hoje. Mas, no fundo, o que eu realmente queria era sair daquele ambiente tenso. Conversar com Maurício está me fazendo bem. Ele sabe de tudo pelo que estamos passando, então fiz um resumo dos acontecimentos. — Poxa, Gaya! A coisa ficou bem feia mesmo. Como ficou sua sogra e os outros? — Depois de muita conversa com os filhos, junto com Kiara e Beta, dona Vilma concordou em passar uns dias na cidade com a gente. A cobertura tem três quartos vagos, todas estão confortavelmente instaladas. Bruno, o rapaz que me salvou, também veio e está com Daniel no apartamento dele, que é no mesmo prédio. — Bom, acredito que
***GAYA MATARAZZO***— Bom dia, Betinha! — digo assim que entro na cozinha e vejo Beta preparando o café da manhã.— Bom dia, querida! — ela responde e deixo um beijo carinhoso em sua bochecha.Há dois meses, desde o ataque à fazenda, ela passou a morar definitivamente comigo e André. Dona Vilma e Kiara ficaram conosco por duas semanas. Quando elas decidiram voltar, Beta, já completamente recuperada fisicamente, optou por permanecer junto a mim. O que é um alívio, pois estou podendo cuidar dela como eu desejava.Eu abro a geladeira em busca de um algo refrescante. Ultimamente, é o único remédio para acalmar a ardência e desconforto no estômago. O alívio ao beber o líquido gelado me faz soltar um suspiro de prazer e quando me viro, vejo Beta me encarando com curiosidade.— O que foi? Por que tá me olhando assim?— Conseguiu dormir? Ainda tá ruim do estômago?— Dormi melhor depois do chazinho que fez pra mim, obrigada. Mas ainda sinto aquele desconforto. Ela solta um estalinho com a lí
***GAYA MATARAZZO***Fico em silêncio por alguns minutos tentando digerir que essa estranha é a pessoa que deveria ter sido a minha mãe. Embora esteja apenas nos documentos da adoção, tenho certeza que não se chama Talitha.— Como pode Mariana Matarazzo ser Talitha Kruel? Isso é falsidade ideológica, é crime. — digo, tentando raciocinar e sair do estado de inércia.— Não, querida. Mariana Talitha Kruel é meu nome de solteira. Ao me casar, aderi ao meu primeiro nome e ao sobrenome do marido. Quando nos divorciamos, voltei a usar o nome de solteira. E, no mundo dos negócios, sou conhecida apenas como Talitha.— Ok, Talitha— deixo as formalidades de lado. — De qualquer maneira, a sua proposta é completamente descabida. Não vou retirar queixa alguma, Larissa tem que pagar pelos crimes que cometeu. Muito menos passarei parte da minha empresa pra você. Qualquer possibilidade de negócios entre nós acabou. O sorriso cínico dela se esvai. A máscara de mulher de negócios, séria e imperturbáve