07/2072 – Dois anos após o acidente. Lino estava de olhos fechados em sua cama. O apetite voraz fez os olhos se abrirem. Eles eram preto e vermelho. Drak Nazar ansiava por saciar a sede que poderia gradualmente trazer de volta seus poderes e finalmente assumir sua verdadeira forma. Capítulo 50 07/2072 – Dois anos após o acidente. Widsom havia convidado Diego para ser seu assistente assim que ele retornou à Terra. Os dois estavam mais próximos, o que fazia Diego querer aproveitar para conseguir mais espaço dentro da AEB, e possivelmente alguma tarefa explorando sua ligação com a Abin. — Vamos aprender mais sobre eles? Esses seres? — Diego perguntou. — Daqui a alguns anos você irá aprender. — Widsom respondeu sereno. — O que mais vocês escondem de nós? — Diego insistiu. Widsom acreditava que deveria incentivar que Diego continuasse interessado, soltando pistas que o guiassem para tarefas em que ele pudesse ser útil no futuro. — Naquele dia você chegou em casa e contou para o seu
PRÓLOGOAndrômeda, Comando Superior do planeta Evíluto.Passados trinta anos do término de sua terceira guerra, o planeta que ainda se recuperava era visto a quatrocentos quilômetros abaixo da sua respectiva estação do Comando Superior.— Este foi o último? — Jonas Forth perguntou.— Certamente, todos os demais já passaram pelo processo e alcançaram o ponto desejado. — Drak Nazar respondeu presunçoso.O encontro era privado apenas aos dois líderes das galáxias destinadas a se unirem. Os dois caminhavam na direção de um lago próximo.— E na sua? — O cabelo escuro de Drak alongava-se nas costas acima do sobretudo preto, a veste longa tremulava nos calcanhares ao ritmo lento dos seus passos. — No último levantamento existiam atrasos consideráveis.Jonas estava pensativo, mas sabia que era inegável, Andrômeda já estava décadas à frente no progresso necessário para a unificação.— Nosso conselho conseguiu induzir grandes avanços, em conjunto com a Ordem que inicialmente se recusou a receber
— Sinceramente, não vejo outra alternativa, Hâmsala. A não ser que tenha algum plano que queira compartilhar conosco. — Parece que você foi contaminado com as más ações de Drak Nazar durante sua longa visita. Aliás, poderia nos explicar por que levou tanto tempo? — Hâmsala provocava. — O que vi em Andrômeda foi realmente encorajador, e não permito que se dirija desta forma ao Líder que tem realizado ótimos trabalhos. — Estão vendo? Ele fala como se fosse um deles, desde que voltou parece ter desistido de todo o projeto que temos elaborado há anos. — Hâmsala olhava para cada membro do conselho buscando angariar apoiadores. — Desistido? Acha que chamei todo o conselho para declarar o fim do projeto? — Jonas estava inconformado. — E o que a brilhante mente acha que vai provocar descendo lá e se tornando evidente para todos que ainda não estão preparados? — Hâmsala criticava rispidamente. — Sugiro que mude a forma de se referir a mim, Hâmsala. Precisamos focar... — Ora vejam só, ago
07/2070 – Momentos após o acidente.Assustada, a gestante não se lembrava de nada ocorrido durante seu parto, nem sequer dos momentos de dor que antecederam a chegada dos gêmeos bivitelinos, no exato momento em que a queda de um objeto causou todo o caos naquela manhã, que tinha tudo para ser um dia típico na rotina de Abner, o médico responsável pelo parto.— Como está Brenda? — Algo acabou confundindo a memória de Abner, ele não se lembrava de como fez os procedimentos após o segundo gêmeo nascer, lembrava claramente de ter removido o primeiro e cerca de dez minutos depois o segundo bebê começava a apontar.— Ela está em uma sala neste andar, está em perfeito estado, você fez um ótimo trabalho. – Verônica era a coordenadora do corpo de médicos.— Eu fiz? Mas eu só removi um bebê, o outro está dentro dela! Ela não pode estar bem. — Abner falava preocupado.— Você está confuso, por isso te trouxemos para cá e aplicamos o sedativo, quando retomar os sentidos se lembrará de tudo que fez.
07/2070 – Momentos após o acidente. Como nações aliadas, era comum o contato entre elas em casos de eventos que exigiam total sigilo. Os demais países pertencentes à Ordem também desejavam saber os detalhes das possíveis causas daquele incidente que suspeitosamente não teria sido provocado por um erro no acoplamento em uma das estações de construção da cúpula. “Para o progresso é necessário praticar o desapego, acima de tudo, do poder. Solicito que o pratiquem. Para o vosso bem. Aproveitemos o momento para saudar a memória, relembrando as orientações contidas em uma das primeiras mensagens enviadas pela líder anterior, Olória Law. Absorvendo os conhecimentos nela contidos, cada um de vocês perceberá possuírem a lealdade necessária perante o cetro Dimfloat, pois sei que a bravura é mútua às duas “dimensões”. Portanto, declaro que a advertência está feita, e que o próximo passo será uma intervenção direta no sistema que se instaurou. Do seu líder, Jonas Forth” — A mensa
— Eu acho que descobri uma coisa, meu professor de física... Te explico, quando você chegar, vou pegar o ônibus, tchau. Ele sabia que se não desligasse iam surgir as mesmas perguntas que passou pela sua cabeça até entender o que tinha acabado de acontecer. Difícil seria explicar para seu pai. — Entendeu? Ele vai “empurrar” a corrente, e quando não aguentar mais, volta tudo pro indutor. — Diego tentava explicar de maneira simples e didática aquilo que envolvia princípios físicos difíceis de se explicar para alguém que não teve o mesmo nível de escolaridade. — Então tem como tirar energia dessa coisa, e dá pra usar isso para o que a gente quiser? Até pra carregar o celular? — É bem isso, mas o funcionário da escola disse pra eu não falar pra ninguém. — Também acho, muito menos pra sua mãe. — Ué, mas se eu falei pra você, não pensei que teria problema falar pra ela o que aconteceu e explicar como o circuito funciona. — Não sei... Talvez... Ela pode não gostar. — Roger
07/2070 – Dias após o acidente. O dia amanhecia, mas os raios de sol que passavam pela cortina ainda não eram fortes o bastante para fazer com que Diego despertasse. Assim que o relógio marcou cinco e meia, o despertador o acordou. Saindo de casa sem tomar café da manhã, seguiu pela rua do valão, que àquela hora ainda estava parcialmente escuro e coberto por uma leve neblina, ele percorria o trajeto ainda sonolento sem se dar conta das coisas que passavam à sua volta. Uma curva à esquerda, a grande reta levava ao ponto terminal. Cerca de cinco pessoas estavam em frente ao ônibus que seria o próximo a partir. Assim que Diego entrou na fila o motorista chegou convidando para que todos entrassem. A primeira cadeira sozinha logo atrás do motorista era a favorita de Diego, que certamente dormiria durante todo o percurso. Após cerca de sessenta paradas, ele acordou no ponto exato em que deveria se levantar e preparar-se para descer. Seus rituais diários, com o tempo, tornaram sua ro
10/2070 – Três meses após o acidente.Saindo de casa. Era hora de passar pela rua que cercava o escuro valão. Uma curva à esquerda, uma longa reta. Ele chegava ao ponto e entrava no ônibus que o levaria para seu destino. Dormir era inevitável, ele já nem se preocupava em acordar cedo o bastante a tempo de se preparar para desembarcar. Curvas e mais curvas, um engarrafamento ou outro entre elas.A rotina por horas entediante tinha tudo para ser a mesma.Lá vinha ele, o ponto de Diego chegava e nem sinal de movimento para se levantar. Tarde demais. O ônibus prosseguia e o ponto lotado ficava para trás.Estávamos indo rumo ao centro da cidade. Rumo a mais caos, mais aglomerado de gente, mais pessoas seguindo para seus destinos cumprir suas tarefas. Quanto mais nos aproximávamos do centro, maior era o número de pessoas cumprindo suas ordinárias tarefas diárias.— Droga.Após acordar e perceber que provavelmente não chegaria cedo o bastante para assistir os dois primeiros tempos de aula, vi