Capítulo 06

Caos.

A sede das Joalherias Calisto estava um caos.

Havia tantas pessoas circulando pelo andar principal que eu quase não consegui chegar no setor desejado.

O gestor, o diretor, toda a assessoria, os designers, e todo o marketing estavam caminhando de um lado para o outro, com papéis nas mãos, com caixinhas que portavam jóias, e com mais mil coisas que eu nem sequer gostaria de pensar.

A pré-exposição daria um trabalhão, podia sentir isso logo de cara.

— Ah, Hope. Aí está você! — Carly se aproximou com um bocado de papéis. — Os novos designs chegaram e o Benedict disse que você precisa aprovar cada um deles.

Franzi as sobrancelhas ao ouvir o que a moça disse.

— Eu?

— Sim. Ele disse que se não houver aprovação da sua parte, os modelos não poderão ser desenvolvidos nem apresentados na pré-exposição — contou com ingenuidade.

— Certo. E onde está o responsável designado para fazer isso? Aquele que decidimos na reunião? — Cruzei os braços já querendo gritar para ela não me encher com coisas que não eram da minha área.

— Bom, não foi decidido quem faria isso na reunião, então o Scott disse que você deveria fazer.

— Scott? — perguntei um tanto confusa. O pai de Benedict não costumava decidir tantas coisas assim. Não mais.

— Sim! Ele e Chloe disseram que você seria a melhor para escolher.

Deus meu!

Eu não tinha tempo nem para organizar a lista vip de convidados e teria que escolher os modelos a serem expostos?

Faça-me o favor! Puta merda.

— Hope, onde é que você estava?

Olhei para trás e avistei Benedict caminhando em minha direção com uma cara não muito agradável.

Carly limpou a garganta me fazendo olhar para ela de novo, e sem paciência, recolhi a pilha de papéis e comecei a andar em direção ao elevador, sabendo que meu chefe me seguiria.

Apertei o botão e enquanto aguardava, Benedict parou ao meu lado, me olhando feio e lhe lancei o mesmo tipo de olhar por ter que carregar toda aquela papelada que era sinônimo de mais um problema nas minhas costas.

— Já falei com o Tyler. Acho que temos a solução daquele seu problema, que sejamos sinceros, foi de grande irresponsabilidade sua, não? — O encarei com certo repúdio e ele pareceu ficar envergonhado.

— Não acredito que você viu aquilo — resmungou entrando junto a mim no elevador.

Ao invés de parar ao meu lado, Benedict ficou em minha frente mas ainda assim conseguiu apertar o botão para subirmos até a cobertura.

— O que você acha que eu faria? Só acreditaria que ele tinha coisas em mãos sem nem saber o que era, e então cederia aos seus subornos? — Estampei uma feição de irritação enquanto ajeitava a pilha de papéis em meus braços.

— Não, mas também não precisava ver tudo aquilo — retrucou, achando que era o dono da razão.

— Benedict, não vou discutir com você sobre ter transado com três garotas que tinham idades para ser suas irmãs. Eu também já fiquei com homens mais velhos, no entanto, não deixei que ninguém registrasse isso. E não, eu não estou passando pano para seus atos, mas elas aparentemente estavam bem sãs quando abriram as pernas pra você e chuparam seu pau.

Bene arregalou os olhos e ficou quieto só digerindo minhas palavras.

Não, eu não passaria a mão na cabeça dele mesmo, mas era um fato que quando tinha uns quinze ou dezesseis, também tive curiosidade e fiquei com um homem de trinta e poucos.

A questão é que de um jeito ou de outro, ele com três garotas menores de idade soaria muito, muito errado, e eu também concordava que ele poderia ter ficado com três mulheres de verdade ao invés de transar com três meninas.

Enfim.

Esse era um segredo que precisávamos manter em sigilo eterno se quiséssemos que a Calisto continuasse íntegra.

Toda a concorrência sempre estava de olhos bem abertos, sempre esperando por algum podre que viesse da família tão correta que eram os Legards.

Tínhamos que manter absolutamente tudo em ordem para não afetar nem a Calisto, nem a Hayans, e muito menos os membros da família.

Saímos do elevador quando ele alcançou a cobertura e Lauren sorriu para nós assim que caminhamos para a sala de Benedict.

Tive que arrumar uma outra secretária quando fui promovida à sombra de meu chefe e ela era perfeita para o cargo.

Caminhando com passos apressados na frente do homem, abri a porta de sua sala e já cheguei me sentando na cadeira à frente de sua grandiosa poltrona, deixando a pilha enorme de papéis ali para aliviar meus braços.

Benedict fechou a porta e também se sentou, cruzando os braços e esperando que eu contasse sobre a conversa, no entanto, nem sequer me deixou dar as primeiras palavras.

— Tyler acabou de ligar para todos os acionistas e cancelou a reunião, dizendo que se exaltou por uma bobagem de irmãos — contou, apreensivo. — O que ele quer, e o que você negociou?

Sorri triunfante, deixando meu ego ser inflado ao saber que ao menos salvar a diretoria eu já havia conseguido.

— Ele está no prejuízo diante à concorrência por não poder publicar nada sobre Carl Terris... Precisa que você, como melhor amigo de faculdade, o convença a permitir que a Hayans volte a escrever sobre os Terris e as empresas deles.

Achei que meu chefe ficaria aliviado ao saber o quão fácil seria, no entanto, Benedict pareceu entrar em desespero com as palavras proferidas.

— Isso não pode ser sério — sussurrou, pousando os cotovelos na mesa de madeira rústica, levando as mãos aos fios escuros. — Ele não pode estar brincando assim comigo.

— Qual o problema? — questionei confusa. — Vocês eram melhores amigos. Não vai ser difícil conversar com o Carl e implorar um pouquinho para ter a autorização dele. Você pode oferecer exclusividade sobre algumas jóias, tenho certeza que a mulher dele vai amar um mimo assim. E podemos também falar com sua irmã e oferecer algo relacionado à Grife. Eles são riquíssimos, mas sempre é bom um patrocínio vindo da Hayans e da Calisto.

Benedict balançou a cabeça de um lado para o outro e me olhou envergonhado.

— Nós fomos muito amigos um dia, mas deixamos de ser, Hope. Se não falo com ele atualmente, por incrível que pareça não é por culpa de Tyler.

Bom, isso era verdade.

Benedict nunca havia comentado sobre ser amigo de Carl Terris. Não que eu me lembrasse.

— Então por quê? Caminhos diferentes? Coisas demais para dar conta, ou…?

Bene suspirou como se estivesse cansado e olhou para os teclados de seu computador sem ter a coragem de me encarar.

Que aquilo estava começando a me dar medo era um fato. Tyler já tinha feito muita merda ao publicar mentiras sobre o homem, e se Benedict me dissesse que já havia feito algo parecido, inventado histórias que não existiam, dificilmente conseguiríamos alguma coisa de boa vontade vindo de Carl.

— Fomos muito amigos quando estudamos juntos, mas deixamos de ser quando eu fui um merda e transei com a namorada dele na nossa festa de formatura.

Quase engasguei com a simples saliva da minha boca.

Ah não! Não, não, e não! Só podia ser brincadeira.

Tinha mais essa agora?

Ok, talvez eu devesse começar a pensar em pedir arrego e demissão.

Ou não... As coisas poderiam ficar bem interessantes dali em diante, certo?

Certo!

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