Se você tem alguém a quem chama de melhor amiga, precisa entender que se quiser apenas respirar, tem que contar a ela.Eu não contei. Não disse nada sobre o término com Joshua há dias atrás e não falei sobre a bagunça que estava minha vida. Isso foi motivo de um surto, de irritação, de gritos histéricos, mas também de alegria. Até porque, Arti odiava meu ex e nunca escondeu isso. Não tinha um motivo sólido para esse tal ódio existir então eu pensava ser apenas por ciúmes de mim.Não tinha como negar que após Josh entrar na minha vida, passei a ficar mais tempo longe da minha melhor amiga. Acontece. O tempo dele era limitado e o meu também, juntando isso, eu tinha pouco tempo para quem realmente importava.— E então ele disse que não confiava em mim, e sendo sincera, se ele não tinha logo a porra da confiança então que fosse pra casa do caralho com aquele jeito todo amoroso e aquela boca maravilhosa. — Deixei o corpo cair no sofá em um completo desânimo e óbvio que Arti notou.— V
Ri do argumento usado por Arti mas fiz isso sem muita emoção, visto que, se alguma coisa saísse fora dos eixos, eu realmente seria uma sem teto. E pior, teria que tirar o sustento de não sei aonde para me manter estável e também, manter minha mãe o mais longe possível. Não tinha o direito de sequer me dar ao luxo de perder o emprego. — Podemos marcar alguma coisa para depois da exposição? — perguntei já saindo à procura da minha bolsa.— Só se você me der um convite especial para a degustação — disse referindo-se ao evento próximo.— Está reservado desde o início — informei o óbvio. Era claro que eu não deixaria minha amiga de fora do evento que eu ajudei cinquenta por cento a realizar. — Nos vemos em breve!Capturei a bolsa em cima da mesa e sem muita enrolação, voltei até Arti, dei um beijo em sua testa e me apressei para sair. Tinha pouco tempo e muita coisa para pensar. Os saltos voltaram a torturar meus pés, o batom voltou a pintar meus lábios, e o beijo que minha amiga jogo
Intacta.Era como Chloe estava ao ouvir toda a história sendo contada por seu filho.A mulher em um vestido caríssimo da Hayans, atentamente ouvia o que Benedict dizia. Permanecia sentada tranquilamente na cadeira à frente da poltrona de meu chefe, cadeira essa onde eu havia passado as últimas horas do meu dia só fazendo ligação atrás de ligação para resolver detalhes da pré-exposição.Ao lado esquerdo do escritório nem tão grande, estava eu encostada em um armário imenso onde o homem deixava boa parte dos documentos importantes da empresa. Queria dizer que minha postura e minha paciência eram as melhores, mas estava eu e elas tão péssimas quanto todas as palavras que Benedict proferia.— E então estamos nesse impasse... Precisamos encontrar alguém para ser minha namorada até o dia da convenção de preferência, para assim, ser convidado para o jantar e conseguir negociar com o Carl um pouco além do que o desejado inicialmente — concluiu, ansioso por um veredicto de sua mãe.No fim, t
Fazia anos que Benedict não namorava, muito mais de dez para se ter uma ideia. Então, era bem lógico que quando ele decidisse apresentar alguém para sua família e para o mundo, daria uma repercussão muito grande do tipo que se eu fosse a cobaia, ia dar merda no final.Meu mundo ia girar tantas e tantas vezes que eu levaria anos para ajeitar tudo e deixar no lugar exato e correto. Sem contar que minha relação com meu chefe jamais seria a mesma. E sim, eu sabia que seria tudo de mentira, mas o fato de as pessoas pensarem que seria verdade já transformaria tudo em caos, e não podíamos ser cegos negando isso.— Olha, eu andei pensando em algumas garotas. Talvez uma modelo em ascensão possa cumprir bem o papel que queremos — indaguei incerta, quebrando o silêncio que se instalou após as palavras da mais velha.— Não, Hope. Se há alguém que fará o melhor, esse alguém é você. E ponto. É só uma mentira que vocês podem sustentar por poucos dias, tranquilamente. Tenho certeza que não vai ser
"Não! Eu não entendo porque não confia em mim. Caralho! Eu confio em você até de olhos fechados, surdo, mudo, cego por completo. Eu confio, Hope. Então é tão difícil assim ser algo recíproco?"Foram as fodidas palavras que ele disse e que grudaram na minha cabeça.Porra! Por que era tão difícil decepcionar Benedict?Se não fosse pela maluca da mãe dele, não estaríamos com mais esse problema agora. Eram tantos que minha cabeça parecia querer explodir com o acúmulo de coisas.Primeiro, não podia deixar as fotos serem expostas para salvar a empresa e a diretoria.Segundo, tinha que lidar com Tyler e suas constantes ameaças que chegavam em meu celular em formato de mensagens que ele e sua funcionária metida enviavam.Terceiro, arrumar a maldita namorada para conseguir o convite.Quarto, deveria conseguir também algo para chantagear Carl Terris caso fosse necessário e depois, convencer Carl Terris.E quinto, o mais importante e que passava por cima de tudo... A pré-exposição. A porra da
Benedict andando de um lado para o outro me deixava extremamente nervosa, mais do que já estava. Chloe se mantinha calma enquanto eu voltava ao velho hábito de roer as unhas, por pura tolice.Não era de se estranhar que Tyler se atrasaria muito. Marcamos de nos encontrar às oito, mas já beirava as nove da noite e ele ainda não havia aparecido na mansão de seus pais. Chloe até dispensou os funcionários para não haver vazamento de nenhuma palavra sequer dita ali, só que uma das peças chave não apareceu no horário marcado.Como eu disse, não era novidade alguma.— Se Tyler não vai vir, vamos começar a bolar isso sem ele — manifestei em resposta à caminhada de dez quilômetros que Benedict estava fazendo dentro da enorme sala.— Eu disse que era uma péssima ideia apenas tentar envolver ele nisso. Primeiro porque ele não é confiável de forma alguma, e segundo, ele não tem compromisso com absolutamente nada fora da Hayans.Chloe, sentada com sua postura inabalável, apenas observou o peque
— Você não é expert em fuçar a vida das pessoas e achar o segredo mais sujo delas? Então, começa a cavar para ver o que acha sobre o Terris. Algo que não seja só fruto da sua imaginação fértil, como foi na última vez que publicou sobre ele e tomou no rabo — Benedict enfim abriu a boca, mas permaneceu parado no cantinho em que estava.— Olha as palavras, Benedict!— Deixa, mãe. Ele tenta esconder o lado feio dele, mas é impossível ficar se fazendo de moço puritano o tempo todo.E as provocações começaram.— Olha só — me levantei para ter toda a atenção dos três —, você só precisa achar alguma coisa ruim que o Carl fez, de verdade. Você é muito bom nisso, basta se esforçar um pouco. Se ele não se convencer a deixar a Hayans cobrir o evento apenas com as palavras do Benedict, eu uso o seu método de chantagem e faço a revista entrar naquele jantar por bem ou por mal.O homem pensou por alguns segundos, como se estivesse tendo que decidir entre o sim e o não. Como se tivesse alguma escol
O reflexo no espelho era estranho.Eu queria me convencer de que estava normal, como sempre, mas não estava. Era a pré-exposição, um dia muito aguardado por mim, por Benedict, e por todos da Calisto. Era também o grande dia, o dia em que todo o plano deveria ser posto em ação.Para começar, a pré-exposição era um evento exclusivo onde só convidados especiais iam para ver com antecedência as novas peças da coleção anual mais aguardada da Calisto. As mulheres que iam sempre levavam para casa uma peça especial como brinde, e isso fazia com que enchessem a boca para falar bem da Joalheria.Depois disso vinha a exposição principal, um evento onde muitas pessoas podiam entrar e admirar as novas jóias. Podíamos dizer que o evento se igualava ao jantar dos Terris, tendo presenças muito importantes. Mesmo.E tirando o foco de toda essa parte do trabalho, onde me envolvi como maluca, ainda tive que fazer aula de etiqueta com Chloe. Aula de etiqueta. Como se fosse uma plebéia que não sabe