CAMINHOS CRUZADOS | O CEO E EU
CAMINHOS CRUZADOS | O CEO E EU
Por: Silly Roberts
PRÓLOGO

Prólogo

Abigail Wilson

Beaufort, Texas

Assim que coloco o pé esquerdo nos longos corredores do colégio a música alta e animada me recebe. É possível também escutar as pessoas cantando e vibrando no ritmo da música. Mal posso acreditar que estou aqui, na festa de formatura. Apesar de eu não fazer parte do grupo dos formandos a direção informou que todos os alunos da escola estavam convidados, se eu não estivesse atrasada nos estudos esse ano também estaria terminando o ensino médio, mas por causa das frequentes mudanças de residência eu acabei perdendo o ano.

Olho mais uma vês para o vestido que estou vestindo, e meus lábios se esticam em sorriso genuíno, foi com muito esforço e dedicação que juntei cada dólar para comprá-lo, tia Katy me ajudou com os sapatos e também fez minha maquiagem, todo os dias agradeço a Deus por ter ela na minha vida, apesar de ser uma pessoa muito rigorosa. Porque ela é a única que cuida de mim a mais ou menos dois anos, apesar de ser uma pessoa rigorosa às vezes ela é muito bondosa comigo. Se não fosse por ela com certeza eu estaria em algum orfanato ou nas ruas do estado do Texas, tudo isso porque minha mãe não me quis, eu nunca vou entender o porquê de ela ter me abandonado.

Afasto essa névoa de tristeza que se aproxima de mim e entro de uma vez no salão de festas da escola, na verdade é o campo de basquetebol que virou o salão. Se eu realmente não soubesse que esse lugar é um espaço esportivo do colégio nunca acreditaria se me dissessem que é.

O lugar está deslumbrante, as mesas e cadeiras estão assimetricamente distribuídas pelo ambiente e no centro se encontra uma mesa totalmente diferente das outras, ela é completamente de vidro e nela contém um grande bolo, no teto lindos candelabros artesanais nos proporcionam um verdadeiro show de luzes.

Balões das mais diversificadas cores estão espalhados em todos os cantos até mesmo pelo chão. Alguns casais rodopiam ao ritmo da linda música calma na pista de dança, professores, alunos, e vários outros funcionários da secretaria e do setor pedagógico também se divertem, conversando, bebendo e comendo seus aperitivos. Eu me encontro sentada numa das mesas isolada dos outros, não que eu goste de me isolar mas todos me evitam por saber quem eu sou a neta rejeitada dos Jackson.

Me distraí um pouco conversando com alguns professores e finalmente decidi que estava na hora de ir embora, daqui até nossa casa é uma boa distância, principalmente sendo que moramos distante da cidade.

Saio dos portões do colégio e caminho em direção a estrada principal, talvez lá eu encontre algum táxi.

Fiquei andando por mais de trinta minutos e não achei nenhum táxi, por Beaufort ser uma cidade pequena as coisas encerram cedo, tanto o comércio, super mercados e até os transportes. E pelos vistos eu não saí a tempo.

Decido caminhar até em casa mesmo, senão ficarei no meio da rua até o amanhecer, se tivesse levado minha bicicleta minha vida estaria facilitada nesse momento. Praguejo internamente por isso. Enquanto caminho á passos largos o vento fraco vindo do oeste balança meu cabelo e traz um frescor delicioso ao meu rosto, o som dos meus saltos médios são o único som que se ouve na ampla estrada abatida, misturado aos sons gritantes dos grilos torna essa situação ainda mais assustadora. A iluminação nessa área é praticamente inexistente, mas com as luz do luar é possível percorrer o caminho desejado sem sobressaltos.

De repente sinto um aperto no coração e essa sensação me faz aumentar ainda mais os passos, não só por causa do pressentimento ruim mas também porquê vou levar a maior bronca da tia Katy por ter demorado tanto. Depois de dez minutos de uma longa caminhada na estrada de terra que com certeza irá me deixar toda suja de poeira viro no cruzamento que separa os inúmeros ranchos e sítios que se encontram distribuídos na região. Aprecio o céu estrelado e nesse momento o desejo de estar no meio do campo deitada e apreciando as mesmas chega a ser desejável, saio de meus devaneios quando chega aos meus ouvidos o som tocante do motor de um carro. Tomara que não seja a polícia, eles com certeza não iam achar de bom feito uma adolescente de quase dezoito anos andando em plena meia noite sozinha.

A cada passo não cessado que dou o carro também vai se aproximando. Isso não parece o carro da polícia caso contrário estaria ouvindo o barulho ensurdecedor das sirenes me mandando parar. E nesse momento todo meu corpo muda a temperatura de quente moderado para gelado ao extremo, tão gelado que meus dentes batem, sendo que a temperatura marcada para hoje em graus Celsius é de 34 de máxima.

Meu subconsciente me alerta a começar a correr, mas meu bom senso me diz que é só alguém que frequenta o mesmo caminho que eu. Minhas suspeitas são sanadas quando uma pick-up cuja cor é impossível designar por causa da escuridão para ao meu lado. É impossível ver quem a dirige, pois seus vidros são escuros.

Sem saber o que fazer continuo andando e o carro também entra em movimento, estou praticamente correndo, quando olho para trás o carro sumiu me dando um certo alívio, mas isso durou apenas alguns segundos porque voltei a ouvir o roncar do motor bem atrás de mim, me ajuda meus Deus.

—Entra no carro — uma ordem dada por uma voz bem alta quase gritando e de timbre forte e agudo. Quem é esse homem?

— Não obrigada, eu continuo a pé estou quase chegando. — Minhas palavras saem bem mais medrosas do que eu esperava. O vidro do carro já foi arreado mais é impossível definir os traços do seu rosto, ele ainda é uma incógnita para mim.

— Entra na porra do carro! — grita batente no volante e isso me apavora tanto que em disparada saio correndo na direção ao caminho de casa. Nem se eu pudesse gritar pedindo socorro ninguém me ouviria, estou entregue a própria sorte.

Sinto como se meu peito fosse se rasgar devido ao esforço físico que estou fazendo misturado ao meu estado emocional do momento, não sei quanto tempo corri, mas meus sapatos ficaram para trás,  para mim tudo o que importa nesse momento é escapar e chegar em casa sã e salva.

Meus olhos marejados não estão ajudando muito no processo por isso sem querer caio numa cratera cheia de lama e posso jurar que cheguei a ouvir meu tornozelo estalar, da minha boca saio um grito que expressa toda dor que estou sentindo no momento, eu mal consigo me levantar pois a dor latente que estou sentindo não permite.

De longe vejo aquele homem se aproximando em meio a escuridão seus passos fortes fazem com que uma névoa de poeira o acompanhe, ele parece uma sombra e de novo mal consigo ver seu rosto.

— Por..por favor não faz nada comigo. Prometo não constar para ninguém. — Meus protestos e súplicas são em vão pois seus enormes braços me seguram e elevam a força o meu corpo para um lugar desconhecido. Quando vi eu já estava deitada na cama velha dentro da cabana abandonada que fica na beira da estrada, e meu atual pesadelo se despia me olhando no meio das sombras, apenas tive o vislumbre de seus olhos verdes brilhantes e intensos.

E sem nenhum pudor o homem das sombras tirou minha inocência e quebrou qualquer tipo de ilusão que eu tive sobre uma vida melhor, afinal sempre foi assim, sempre fui escrava da vida.

Em meio a gritos que quase acabaram com minha voz ele quebrou a barreira que provavelmente poderia me tornar uma mulher feliz, ele tirou de mim a única coisa que eu podia usar para provar para as pessoas que eu não sou uma vadia como dizem que foi minha mãe, por mas que pareça algo utópico, mas sempre foi assim eu vivo nas sombras de uma mulher que desconheço.

— Tão gostosa e cheirosa como a vadia quebra corações da sua mãe. Aquela mulher é uma bruxa e ela acabou com a minha vida, isso é culpa dela — aí eu tive a certeza que nesse momento começava mais uma fase da minha vida, mas um martírio para eu levar pelo resto da minha vida, mas uma vez a vida me chicoteou sem piedade nenhuma.

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