Bem complicado, explicar em alguns minutos o que levamos 40 capítulos para ver. Coitada dessa psicóloga!
HENRYDepois de nossa conversa com a psicóloga, Deena se manteve quieta durante todo aquele dia, como se tivesse tomado um soco ou algo assim. Era obvio que éramos nós que precisávamos de terapia e não a pobre da menina.A primeira coisa que fiz naquela terça-feira, foi ligar para a srta. Madders solicitando uma outra pessoa para supervisionar meus trabalhos, preciso ao menos retirar esse peso dos ombros da minha garota.Hoje já é quinta e Deena ainda não voltou a falar comigo novamente. Estou lavando a louça do jantar enquanto ela etiqueta e guarda alguns potes de comida para a semana no freezer.— O ensopado estava maravilhoso! — quebrei o silêncio.— Hum, hum... — ela confirma distraidamente,— Vamos ter para amanhã? — pergunto, me aproximando dela, que logo dá um passo para o lado e cruza os braços.— Vamos. Sobrou bastante.— Deena... — digo em um suspiro. Ela também suspira sem olhar para mim.— Henry, o que você quer? — sua voz é fria e cortante. Fico confuso sobre o que ela qu
DEENAAssim que o vejo saindo com as malas, um buraco se abre dentro do meu peito e, por um momento, sinto que não consigo respirar. Antes de atravessar a porta ele olha pra mim com os olhos cheios de mágoa. Desvio o olhar para os meus pés, envergonhada.A porta se fecha com um baque surdo, então soluço, deixando que as lágrimas explodam pelos meus olhos. Me sinto fraca, me sento no chão abraçando as minhas pernas. Meu rosto é uma confusão de fluídos e meu peito está cada vez mais vazio. O conto de fadas acabou....Disse para Eve que Henry precisou viajar e nos últimos dias ela tem enchido a minha paciência perguntando, ao menos dez vezes por dia, quando Henry irá voltar e hoje, estou em frangalhos. Não é que eu me arrependa do que fiz, eu sei que foi o mais correto para aquele momento, porém, não há como escapar da dor que tudo isso tem me causado.Sinto que está faltando algo o tempo todo e o pior de tudo é saber que ele está tão perto. Coloquei na minha cabeça que ele realmente est
HENRYNunca pensei que diria isso, mas os dias sem Deena e Eve estão sendo insuportáveis, os piores da minha vida.Quando voltei para o meu apartamento, não me senti em casa. Senti falta das cores, dos brinquedos espalhados e do cheiro de pão e bolo assando, senti falta da mistura que o cheiro de xampu de flores com o doce dos cremes que ela usa causa em mim, senti falta da dormência no braço, após dormirmos abraçados a noite toda e até mesmo, das cócegas no nariz que me fazem espirrar por causa de seus cabelos quando estamos de conchinha.— O que deseja para o jantar, Sr. Dennis? — Margot, minha governanta dispara ao irromper em meu quarto. Ela é muito velha mentalmente, mas é uma mulher de trinta e seis anos muito bonita. Cabelos crespos, sempre presos em um coque muito comportado, terninhos sóbrios e sem graça e sempre sapatos de saltos baixos e quadrados. Cuida da minha vida como se fosse uma mãe e sempre achei isso muito bom por nunca ter que me preocupar com nada, mas hoje me si
DEENAApós alguns minutos me afasto dele. “Que droga! O que há comigo?”Limpo minhas lágrimas com as costas das minhas mãos.— Deena... — ele começa.— Tudo bem, “tá” tudo bem! Não temos tempo para isso. Vamos pegar Eve.Digo enquanto já caminho silenciosamente, ouço seus passos nas folhas úmidas pelo chão, entretanto, não olho para trás, não consigo olhar para ele. Neste momento eu me odeio tremendamente por ser sempre essa figura vulnerável quando estou perto dele e fico remoendo a situação e me repreendendo por tanto tempo que acabo me esquecendo do verdadeiro motivo de estarmos ali, com tanta pressa. O que deve ter acontecido com Welma? Será algo grave? A preocupação com a Sra. Paterson volta a me assolar, por isso, aperto o passo ainda mais.— Ah! Srta. Hoyth, o que aconteceu com a Sra. Paterson? Estamos todos aqui, muito preocupados e as informações chegam todas pela metade. — é a recepcionista da Convivência que me bombardeia de perguntas, assim que abro a porta.Henry se adian
Capítulo 46HENRYEla me leva até a porta e eu imploro para que me deixe ficar.— Henry, por favor, não torne as coisas mais difíceis.— Nós podemos pelo menos conversar? — insisto.— Henry... — sua voz sai em meio a um suspiro. Após alguns segundos de reflexão, ela aponta a cozinha.Como uma criança ansiosa, me sento em uma das cadeiras de madeira clara.Ela suspira novamente enquanto despeja café em duas canecas. Desliza uma delas sobre a mesa em minha direção e sorve um longo gole da outra encostada ao balcão da ilha.— Não vai se sentar? — pergunto, puxando a cadeira ao meu lado.— Não. — diz friamente.— Deena, eu quero ficar com você.— Já sabemos disso. Vamos parar de andar em círculos?Me surpreendo com essa resposta. Não deveria ter forçado a barra, ela deve estar muito cansada do hospital e de toda essa confusão.— Eu sei que eu não deveria ter me mudado para cá, que eu deveria tê-la conquistado com calma, mas calma é uma palavra que não existe no meu vocabulário, só que o q
HENRYO quê? Meus ouvidos não acreditam no que estão ouvindo. Não quero mais falar, não quero mais me exaltar.— Tudo bem! Você está certa! Talvez eu esteja mesmo, apenas, perdendo meu tempo e energia com você. Com licença, tenho mais o que fazer, Deena.Saio daquele escritório bagunçado sem nem olhar para trás.A culpa é minha que tenho rastejado por ela como um cãozinho fazendo-a pensar que pode me tratar como quiser. Eu entendo todas as suas questões, mas essa mania que ela tem de desqualificar meus sentimentos me irrita profundamente. Ando a passos largos em direção ao galinheiro, pois me deram a incumbência de forrar os poleiros a moda antiga, com feno.As galinhas cacarejam apavoradas correndo de mim, assim que abro a porta e entro com o feno, talvez estejam sentindo a minha irritação. Jogo, ajeito e afofo o feno com o forcado com movimentos exagerados e brutos. Estou descontando no feno.— O que está acontecendo aqui? — escuto a voz feminina as minhas costas.— Ah, você é a vet
DEENA Pela primeira vez, desde que Eve veio ao mundo, a vejo muito quieta. Ficou quieta durante todo o caminho de volta, quando chegou, seguiu direto para a sala, ligou a televisão e está lá, afundada no sofá até agora.Henry está na varanda conversando com alguém no telefone. Queria poder expulsá-lo para sempre da minha vida, não aguento esse nó na garganta todas as vezes em que o vejo, sabe, essa vontade de pular em seu abraço, ao mesmo tempo que gostaria de ver uma bigorna caindo em sua cabeça, como nos desenhos animados. Estou tão confusa... o que mais me irrita é o fato de ele não ter nem se dado ao trabalho de me explicar o que aconteceu no galinheiro. Ele nem toca no assunto. Doeu tanto vê-los sorrindo daquela maneira tão íntima. Será que estavam rindo de mim? Será que sou uma piada entre eles?Estou terminando de guardar o último pacote de bolachas no armário quando escuto o clic da porta sendo fechada no hall. Como uma piada de mau-gosto, as batidas do meu coração sob
HENRYA vida muda mesmo e de repente começamos a fazer coisas que nunca pensamos em fazer. Quando que eu pensei que estaria no meio de um monte de crianças fantasiadas, fazendo papel de pai, ou de bobo, como queira, recolhendo doces e ainda se divertindo com tudo isso?— Quantos doces você pegou, Bonequinha? Sua abóbora está quase cheia!— A sua também, papai! — ela responde sorrindo.— Obrigado por encher uma abóbora para mim. Vem cá!Pego os dois baldinhos em formato de abóbora e a puxo para um banco feito de tronco de árvore.— Olha, você tem marshmellows? Eu tenho Kit kat e... — enfio a mão até o fundo da abóbora de plástico e encontro o que estou procurando. — Uma maçã! — digo com a fruta na altura dos olhos dela, que gargalha jogando a cabecinha para trás.— Credo! — ela diz, finalmente.— Credo, nada! Você está com inveja da minha maçã. — finjo estar chateado e ela gargalha ainda mais.— Vejo que estão se divertindo, não é? — escuto a voz de Deena acima de mim.— Mais do que vo