HENRYTento confortá-la, dizendo que somos capazes de passar por isso, abraçando-a, mas seus braços permanecem imóveis, enquanto seus olhos se arregalam em pânico. Deve ser muito difícil para uma mulher passar por um parto traumático como esse. Não sei o que dizer para tranquilizá-la, se meu coração também está em pedaços....Segui normalmente, com o plano original do aniversário de Eve, decoramos o parquinho com balões azuis, que era o que ela havia pedido, bandeirolas com as letras de seu nome e uma mesa redonda e azul com o bolo em um prato alto e cheia de guloseimas em volta.As crianças correram e brincaram, enquanto meu coração estava em chamas, eu sabia que havia algo errado, queria acabar com a festa rapidamente, mas de um jeito que não alarmasse Eve, por isso, eu e Judith coordenamos umas cinco brincadeiras e partimos para o Parabéns, tiramos fotos e assim que os convidados começaram a ir embora, deixei Judith e duas das filhas de Koren arrumando a bagunça, enquanto corri pa
DEENAMeu bebê está vivo e só isso que importa. A Dra. Wins está falando alguma coisa sobre o meu útero e minha cirurgia, mas eu não quero ouvir, quero ver meu filho.— Onde está Dean? Quero ver meu filho!— Ele ainda está se recuperando, não poderá pegá-lo...— Eu pre-ci-so ver meu filho, agora! Preciso saber que ele está bem.Henry segura firme uma das minhas mãos.— Se existe uma maneira de vermos nosso filho, gostaria que fosse agora. — ele reitera. O Dr. McDowell levanta uma sobrancelha e troca um olhar com a obstetra.— Vamos ver o que podemos fazer. Assim que terminamos a avaliação de vocês e for mais propício, vocês vão ver o pequeno Dennis.O Pequeno Dennis? Isso foi tão estranho!— Bom, se precisar de ajuda psicológica com relação a Histerectomia e ao parto de Dean, podemos marcar uma consulta com a Doutora...— Já tenho um terapeuta. Está tudo bem, só quero ver meu filho.— Ok. — ela diz, um pouco antes de sair.Assim que eles fecham a porta, Henry afasta as cânulas presas
HENRY— Podemos ir a um lugar mais reservado? — minha mãe pergunta ao me ver me sentar na sala de espera.— Olha, eu não vou me distanciar da minha mulher e do meu filho, só para ouvir merda vinda de você.Me arrependo no minuto em que termino de falar, afinal de contas, ela é a minha mãe. Espero uma resposta sarcástica, porém o que vem depois disso, me pega totalmente despreparado. Ela se senta, apoia os cotovelos nos joelhos, a cabeça nas mãos e chora convulsivamente.Ah, não! Ela quer transformar o meu momento, no momento dela. Viro as costas e sigo para o quarto de Deena.— Filho... espera!Escuto as minhas costas. Paro sem olhar para trás.— Só... só me escuta um pouco, por favor!Dou mais alguns passos em direção ao quarto.— Só... me deixe me desculpar com você.Droga! Volto alguns passos e a encaro de frente.— Se desculpar sobre o quê? Sobre o casamento com Katiana? Sobre atrasar a minha felicidade, maltratar a minha mulher? Sobre o quê?— Tudo! — ela diz em um grito sufocado
DEENA— Mamãe!!! — Eve vem gritando me abraçar. Coloco as mãos na barriga, para proteger a cirurgia do choque. Assim que ela percebe, seu rostinho muda para uma expressão surpresa e frustrada. Me sinto muito mal por isso, mas a levo pela mãozinha até o sofá. Ela se senta ao meu lado, movendo o maxilar de um lado para o outro. Sei que está rangendo os dentes, sempre faz isso quando fica ansiosa.Levanto a minha blusa e abaixo um pouco o cós da calça para que ela veja.— Olha aqui, tiveram que me cortar para tirar seu irmãozinho.Ela toca de leve a marca, mas logo tira a mãozinha, como se a cicatriz a queimasse.— Cadê ele? — ela pergunta, olhando em volta. — Seu pai está trazendo. Você sabe como ele é, está tendo dificuldades com a cadeirinha.Não é verdade, é só que eu queria conversar com ela antes. Ela olha para fora, curiosa.— Enquanto eles não entram, queria te dar uma coisa. — tiro uma caixinha azul do bolso das minhas calças largas de moletom. Azul é sua cor favorita. — Vamos l
HENRYPara um dia de Outono, está bem ensolarado, Deena escolheu a data certinha. Temos os tons terrosos da estação, mas algum resquício do calor do Verão.As cadeirinhas brancas estão dispostas em duas fileiras, com uma linda passagem no meio, um tapete vermelho que leva a uma plataforma enfeitada de flores e folhas amarelas e brancas e vermelhas. A decoração foi presente das mulheres da fazenda. Claro, que eu sugeri empresas muito mais experientes, mas Deena ficou muito brava comigo em todas as vezes que abri a minha boca. Disse que o valor afetivo não tem preço. Por isso temos flores amarelas, vermelhas e brancas. Eu disse a ela que era melhor escolher um dos tons com branco, quando ela me mandou parar de ser tão Dennis, que homens da fazenda não se metem em decorações de casamento.A verdade é que não me importa as cores das plantas, desde que eu a leve para a Lua de Mel esta noite e tire o vestido dela, não importa as cores das plantas se ninguém nunca mais possa nos separar, não
DEENAClaro que eu não conseguiria fazer uma viagem de lua de mel tranquilamente, sabendo que meu bebê de dois meses estaria tão longe de mim, por isso, escolhemos um resort a quatro horas de distância da fazenda, o que também foi muito difícil de aceitar, mas Henry me prometeu que deixaria um helicóptero a disposição, em caso de urgência.O lugar é um paraíso de tranquilidade, bem do jeito que eu gosto, só que no litoral. Da grande varanda que sai das portas de vidro da suíte presidencial, posso ver o mar em toda a sua bravura e imponência, o céu todo em azul Royal.— No que está pensando, meu amor? — Henry diz enlaçando a minha cintura e me aconchegando com o calor do seu corpo as minhas costas.— Só na beleza que é tudo isso... queria que Eve pudesse ver isso também.— Eve vai ter todo o tempo do mundo para vir aqui, mas hoje, Boneca, somos só eu e você.Me afasto dele, para o encarar.— Nós também vamos ter todo o tempo do mundo.— Você não me quer? — ele choraminga.É claro que eu
DEENA— Isso mesmo, meu amor, cave mais! — digo para minha filhinha Eve, enquanto a ajudo a abrir espaço na terra para plantarmos uma batata.— Assim, mamãe? — ela pergunta com a mãozinha no ar, apertando a terra úmida entre os dedos. Sorrio afirmando com um movimento de cabeça.— Isso mesmo, querida. Agora vamos colocar essa batata velha para dormir aqui e cobri-la com toda essa terra que tiramos. — vou dizendo enquanto minhas mãos trabalham. Eve bate com as mãozinhas sobre a terra várias vezes animadamente, ela ama plantar e eu amo vê-la assim, tão feliz.Olhar para ela tão contente me dá ainda mais certeza de que eu fiz a escolha certa ao vir para Red Springs. Aqui, Anton não pode me encontrar.Eve tem três anos e é a coisa mais linda da minha vida, pena ela ser fruto de uma relação tão conturbada.Conheci Anton quando trabalhava em um supermercado em New Jersey, eu tinha dezessete anos e ele vinte e dois. Ele me prometeu tantas coisas que pensei que ele realmente fosse o príncipe
HENRY— Está falando comigo? — pergunto a mulher de cabelos loiros, sujos e desgrenhados a minha frente. Por que aquela mulher coberta de terra estava falando comigo como se me conhecesse? Ela abre a boca, mas não ouço som nenhum sair dos seus lábios.— Sr. Henry Denis, essa é a senhorita Deena Hoyth e ela vai acompanhá-lo durante o cumprimento de sua sentença. Todos os dias, das seis da manhã às duas da tarde. — a assistente comunica, já passando entre nós dois para nos deixar.Me dirijo a escrivaninha e me sento a cadeira mais próxima. A loira continua em pé, em choque, junto a porta.— Bom dia... — começo para que repita o seu nome. Não é que eu não tenha ouvido, é só que eu quero saber como ela prefere ser chamada.— Deena. — responde sem olhar para mim.— Então, Deena... o que eu tenho que fazer por aqui?— Muitas coisas. — ela diz saindo pela porta. Me levanto para segui-la, mas ela sai correndo. Que mulher maluca! O que eu estou pensando? Todas as mulheres são doidas! Por isso